Resumo
Fundamento:
A presença de dislipidemia e os aspectos comportamentais são fatores determinantes do risco cardiovascular, sobretudo na infância e adolescência.
Objetivos:
Verificar possíveis relações entre dislipidemia, fatores culturais e aptidão cardiorrespiratória (APCR) em escolares.
Métodos:
São sujeitos deste estudo transversal 1.254 crianças e adolescentes do Sul do Brasil, sendo 686 do sexo feminino, com idade entre 7 e 17 anos. Foi considerada dislipidemia a presença de níveis aumentados em pelo menos um dos parâmetros do perfil lipídico: triglicerídeos (TG), colesterol total (CT) e frações de alta (HDL-c) e baixa densidade (LDL-c). Os aspectos culturais foram avaliados por meio de questionário autorreferido pelo escolar. Os dados foram analisados pela regressão logística, considerando os valores de razão de chances (odds ratio; OR) e intervalos de confiança (IC) para 95%.
Resultados:
Foi encontrada elevada prevalência de dislipidemia (41,9%), a qual esteve associada com o sexo feminino (OR: 1,56; IC: 1,24-1,96) e com a presença de sobrepeso/obesidade (OR: 1,55; IC: 1,20-2,00). Quando os componentes do perfil lipídico foram avaliados de forma separada, observou-se que altos níveis de LDL-c se associaram ao deslocamento sedentário para a escola (OR: 1,59; IC: 1,20-2,09). Escolares com sobrepeso/obesidade apresentam maiores chances de elevação nos níveis de CT (OR: 1,40; IC: 1,07-1,84) e TG (OR: 3,21; IC: 1,96-5,26). O HDL-c apresentou associação com o elevado tempo em frente à televisão (OR: 1,59; IC: 1,00-2,54).
Conclusão:
A presença de alteração nos parâmetros lipídicos associa-se com fatores culturais, especialmente voltados ao sedentarismo e baixos níveis de APCR.
Palavras-chave:
Dislipidemias/fisiopatologia; Criança; Adolescente; Estilo de Vida; Fatores de Risco; Aterosclerose