Resumo
Fundamento:
A evolução do paciente chagásico após implante de cardiodesfibrilador implantável (CDI) é tema ainda controverso.
Objetivo:
Comparar a evolução clínica pós-implante do CDI em pacientes com cardiopatia chagásica crônica (CCC) e cardiopatia isquêmica (CI).
Métodos:
Trata-se de um estudo prospectivo histórico de uma população de 153 pacientes portadores de CDI, sendo 65 com CCC e 88 com CI. Os dispositivos foram implantados entre janeiro de 2003 e novembro de 2011, tendo-se comparado a taxa de sobrevida e a sobrevida livre de eventos entre essas populações.
Resultados:
Os grupos foram similares na predominância do sexo masculino, classe funcional e fração de ejeção. Os pacientes isquêmicos são em média 10 anos mais velhos que os chagásicos (p < 0,05). Os pacientes chagásicos apresentavam escolaridade e renda mensal mais baixa do que os isquêmicos (p < 0,05). Foi demonstrado que o número de terapias apropriadas nos pacientes com CCC é 2,07 vezes maior do que naqueles com CI. A incidência de choque apropriado é maior na CCC (p < 0,05). As taxas de mortalidade anual nos dois grupos foram similares, assim como a incidência de tempestade elétrica. Não houve nenhuma morte súbita nos pacientes com CCC e apenas uma nos pacientes com CI. Não houve diferença estatisticamente significativa no tempo de sobrevida entre os dois grupos (p = 0,720) nem na sobrevida livre de eventos (p = 0,143).
Conclusão:
A CCC duplica o risco de receber terapias apropriadas em relação à CI, mostrando assim maior complexidade das arritmias nos pacientes chagásicos.
Palavras-chave:
Desfibriladores Implantáveis; Doença de Chagas; Isquemia Miocárdica; Evolução Clínica