Resumo
Fundamento A infecção do sítio cirúrgico (ISC) é uma importante complicação no pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica associada ao aumento da morbimortalidade.
Objetivos Identificar fatores de risco para a ISC após cirurgias cardíacas para correção de malformações congênitas.
Métodos Este estudo caso-controle incluiu 189 pacientes com um ano completo e 19 anos e 11 meses, submetidos à cirurgia cardíaca em hospital universitário terciário de cardiologia de janeiro de 2011 a dezembro de 2018. Foi realizado registro e análise de dados pré, intra e pós-operatórios. Para cada caso foram selecionados dois controles, conforme o diagnóstico da cardiopatia e cirurgia realizada em um intervalo de até 30 dias para minimizar diferenças pré e/ou intraoperatórias. Para a análise dos fatores de risco foi utilizado o modelo de regressão binária logística. Significância estatística definida como valor de p<0,05.
Resultados O estudo incluiu 66 casos e 123 controles. A incidência de ISC variou de 2% a 3,8%. Fatores de risco identificados: faixa etária de lactentes (OR 3,19, IC 95% 1,26 – 8,66, p=0,014), síndrome genética (OR 6,20, IC 95% 1,70 – 21,65, p=0,004), RACHS-1 categorias 3 e 4 (OR 8,40, IC 95% 3,30 – 21,34, p<0,001), o valor da proteína C reativa (PCR) de 48 horas pós-operatórias foi demonstrado como fator protetor para esta infecção (OR 0,85, IC 95% 0,73 – 0,98, p=0,023).
Conclusão Os fatores de risco identificados não são variáveis modificáveis. Vigilância e medidas preventivas contínuas são fundamentais para reduzir a infecção. O papel do PCR elevado no pós-operatório foi fator protetor e precisa ser melhor estudado.
Fatores de risco; Cardiopatias congênitas; Complicações pós-operatórias; Procedimentos cirúrgicos cardíacos; Infecção da ferida cirúrgica