Fundamento:
O sistema cardiovascular materno sofre adaptações progressivas durante a gestação, acarretando flutuações da pressão arterial. Entretanto, não há consenso sobre a variação pressórica normal na gravidez saudável.
Objetivo:
Descrever a variação da pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) durante a gravidez e no pós-parto imediato segundo o índice de massa corporal (IMC) no início da gravidez.
Métodos:
A PAS e a PAD foram medidas no 1º, 2º e 3º trimestres gestacionais e aos 30-45 dias pós-parto em uma coorte prospectiva de 189 mulheres com idade entre 20 e 40 anos. O IMC (kg/m2) foi aferido até a 13a semana e classificado como normal (< 25,0) ou excessivo (≥ 25,0). Modelos longitudinais de efeitos mistos foram utilizados para a análise estatística.
Resultados:
Observou-se diminuição da PAS e da PAD do primeiro para o segundo trimestre (βPAS=-0,394; IC95%:-0,600- -0,188 e βPAD=-0,617; IC95%:-0,780- -0,454) e subsequente aumento de ambas até 30-45 dias após o parto (βPAS=0,010; IC95%:0,006-0,014 e βPAD=0,015; IC95%:0,012-0,018). As mulheres com IMC excessivo apresentaram média de PAS maior em todos os trimestres, e de PAD maior no primeiro e no terceiro trimestres. O IMC excessivo no início da gestação esteve positivamente associado com mudanças na PAS (βPAS=7,055; IC95%:4,499-9,610) e na PAD (βPAD=3,201; IC95%:1,136-5,266).
Conclusão:
A PAS e a PAD diminuíram do primeiro para o segundo trimestre e aumentaram do segundo trimestre até o pósparto. Mulheres com IMC excessivo no início da gestação apresentaram valores mais elevados de PAS e PAD ao longo da gravidez, mas não no pós-parto, quando comparadas às de IMC normal.
Pressão Arterial; Gestantes; Gravidez; Índice de Massa Corporal; Estudos de Coortes