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9. Ecocardiografia nas doenças sistêmicas

ECOCARDIOGRAFIA NAS DOENÇAS SISTÊMICAS

9. Ecocardiografia nas doenças sistêmicas

9.1 - Insuficiência renal crônica

A indicação da ecocardiografia nas doenças sistêmicas depende da prevalência de cardiopatia associada, das características peculiares ao comprometimento cardíaco em cada situação e da suspeita clínica de envolvimento cardíaco. Por exemplo, o exame é mandatório em indivíduos portadores de doenças sistêmicas potencialmente causadoras de miocardiopatia restritiva que apresentem sinais e sintomas de insuficiência cardíaca na evolução clínica. Algumas doenças sistêmicas, onde a indicação do exame deve ser considerada, estão descritas a seguir.

Alterações morfofisiológicas do ventrículo esquerdo (como hipertrofia, dilatação e disfunção sistólica) são comuns em pacientes com insuficiência renal crônica e predizem pior prognóstico1. Diretrizes norte-americanas recomendam o eco para todos os pacientes de diálise de um a três meses após início da terapia renal substitutiva e em intervalos de três anos, subsequentemente, a despeito dos sintomas2.

9.2 - Amiloidose

O envolvimento cardíaco pela deposição amiloide pode ocorrer como parte da amiloidose sistêmica (mais comum) ou fenômeno isolado. Achados ecocardiográficos sugestivos incluem espessamento das paredes do VE (especialmente na ausência de hipertensão arterial), aumento da ecogenicidade miocárdica e disfunção diastólica (particularmente o padrão restritivo), além de disfunção sistólica (em fases mais tardias), espessamento de valvas e septo interatrial, e derrame pericárdico3.

9.3 - Sarcoidose

É importante pesquisar a presença de comprometimento cardíaco na sarcoidose (doença granulomatosa de origem desconhecida), pois esta é uma condição potencialmente fatal. Entre as diversas alterações ecocardiográficas que podem ser encontradas, são mais frequentes: disfunção ventricular esquerda, alterações da contratilidade segmentar (incluindo aneurismas), não obedecendo a distribuição territorial coronariana clássica e espessura anormal do septo (espessamento ou afilamento)4.

9.4 - Neoplasias

O ecocardiograma pode detectar metástases pericárdicas silenciosas em alguns tipos de neoplasia (como mama e pulmão) e monitorar o efeito cardiotóxico de agentes quimioterápicos.

9.5 - Colagenoses

O exame pode diagnosticar alterações associadas ao lúpus, como derrame pericárdico e vegetações estéreis, e à esclerodermia, como a hipertensão pulmonar.

  • 1. Barberato SH, Pecoits Filho R. Alterações ecocardiográficas em pacientes de hemodiálise. Arq Bras Cardiol. 2009; in press
  • 2. HK/DOQI clinical practice guidelines for cardiovascular disease in dialysis patients. Am J Kidney Dis. 2005; 45: S1-153.
  • 3. Selvanayagam JB, Hawkins PN, Paul B, Myerson SG, Neubauer S. Evaluation and management of the cardiac amyloidosis. J Am Coll Cardiol. 2007; 50: 2101-10.
  • 4. Kim JS, Judson MA, Donnino R, Gold M, Cooper LT Jr, Prystowsky EN, et al. Cardiac sarcoidosis. Am Heart J. 2009; 157: 9-21.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Jul 2010
  • Data do Fascículo
    Dez 2009
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