Resumo
Fundamento:
Somente uma pequena proporção dos pacientes com suspeita de doença arterial coronariana (DAC), encaminhados para realizarem angiografia coronária, tem o diagnóstico de DAC obstrutiva confirmado pelo exame. Por isso, outras estratégias de estratificação de risco são necessárias.
Objetivo:
Investigar a relação da presença de QRS fragmentado (QRSf) no eletrocardiograma na admissão com DAC detectada por angiografia e gravidade da DAC em pacientes sem diagnóstico de doenças vasculares, ou fibrose miocárdica, submetidos à primeira angiografia coronária de diagnóstico.
Métodos:
Recrutamos 336 pacientes consecutivos que se submeteram à angiografia coronária por suspeita de DAC. Os pacientes foram divididos em dois grupos de acordo com a presença ou ausência de QRSf na admissão. Nós comparamos os grupos quanto à presença e gravidade de DAC.
Resultados:
Setenta e nove (23,5%) pacientes apresentaram QRSf na admissão. Não houve diferença estatisticamente significativa entre pacientes com QRSf (41.8%) e sem QRSf (30,4%) (p = 0,059) quanto à presença de DAC. No entanto, houve uma diferença estatisticamente significativa entre pacientes com e sem QRSf quanto à presença de DAC (40.5% vs. 10.5%, p < 0,001) e de doença de múltiplos vasos (25,3% vs. 5,1%, p < 0,001). A frequência de QRSf foi significativamente maior em pacientes com escore SYNTAX > 22 em comparação a pacientes com escore SYNTAX ≤ 22.
Conclusões:
Nossos achados sugerem que o QRSf pode ser um indicador de danos iniciais no miocárdio antecedendo o aparecimento de fibrose e cicatrização, e pode ser usado para estratificação de risco em pacientes submetidos à primeira angiografia coronária de diagnóstico.
Palavras-chave:
Doença Arterial Coronariana; Angiografia Coronária; Eletrocardiografia; Fibrose Endomiocárdica; Arritmias Cardíacas / fisiopatologia