Fundamento:
Os tumores do coração são infrequentes, em sua maioria benignos e com alto potencial embólico.
Objetivo:
Correlacionar o tipo histológico do tumor cardíaco com seu potencial embólico, com o sítio de implantação e analisar a evolução tardia destes pacientes submetidos à cirurgia.
Métodos:
No período de dezembro de 1986 a setembro de 2011 foram retrospectivamente analisados 186 pacientes operados (119 do sexo feminino e idade média de 48 ± 20 anos). Foram 145 tumores de átrio esquerdo (77%), 72% dos pacientes assintomáticos e 19,8% com embolização prévia. O diagnóstico foi confirmado por ecocardiograma, ressonância magnética e exame histológico.
Resultados:
A maioria dos tumores situava-se nas câmaras esquerdas. O mixoma foi o mais frequente (72,6%), seguido dos fibromas (6,9%), trombos (6,4%) e sarcomas (6,4%). Seus tamanhos variaram de 0,6cm a 15 cm (média de 4,6 ± 2,5cm). Houve 37 embolizações prévias à operação (10,2% AVC, 4,8% IAM e 4,3% periférica). Foram 5,4% de óbito hospitalar, com predomínio nos tumores malignos (40% p < 0,0001). O tipo histológico foi preditor de mortalidade (rabdomioma e sarcomas p = 0,002) e de evento embólico (sarcomas, fibroelastoma e lipoma p = 0,006), porém não de recidiva. O tamanho tumoral, a fibrilação atrial, a cavidade e valva acometida não apresentaram relação com o evento embólico. Durante o seguimento (média de 80 ± 63 meses), houve 2 óbitos (1,1%) e duas recidivas tumorais 1 e 11 anos após a operação, ambas para a mesma cavidade.
Conclusão:
O tipo histológico foi preditor de óbito e de evento embólico pré-operatório, enquanto o sítio de implantação não.
Neoplasias Cardíacas / mortalidade; Neoplasias Cardíacas / cirurgia; Embolia / complicações