Análise Comparativa do ECG com o Holter na avaliação da Frequência Cardíaca na Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Reduzida e Ritmo Sinusal

Camazzola, Fabio Eduardo; Schwartzmann, Pedro Vellosa; Sabedotti, Marcelo; Massuti, Rafael; Zortea, Tulio; Chen, Vitoria; Maggi, Ana Carolina Guimarães; Souza, Francine Fonseca de; Cardoso, Andressa da Silva; Selistre, Luciano da Silva

doi:10.36660/abc.20230771

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Sumário

Artigo Original • Arq. Bras. Cardiol. 121 (8) • Ago 2024 • https://doi.org/10.36660/abc.20230771 copiar

Análise Comparativa do ECG com o Holter na avaliação da Frequência Cardíaca na Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Reduzida e Ritmo Sinusal

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Figura Central
: Análise Comparativa do ECG com o Holter na avaliação da Frequência Cardíaca na Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Reduzida e Ritmo Sinusal

Análise comparativa da FC no ECG versus Holter. ECG: eletrocardiograma; FC: frequência cardíaca; FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo; IC: intervalo de confiança; ICFER: insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida.

Resumo

Fundamento

A frequência cardíaca (FC) na insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFEr) e ritmo sinusal apresenta valor prognóstico. Entretanto, o método de mensuração é debatido na literatura.

Objetivos

Comparar em pacientes com ICFEr e ritmo sinusal a FC no Holter com três eletrocardiogramas de repouso: ECG1, ECG2 e ECG3.

Metodologia

Estudo transversal com 135 pacientes portadores de insuficiência cardíaca com fração de ejeção ≤ 40% e ritmo sinusal. A FC foi avaliada por ECG e Holter. Análises incluíram o coeficiente de correlação intraclasse (CCI), regressão robusta, raiz do erro quadrático médio, Bland-Altman e a área sobre a curva ROC. Adotou-se nível de significância de 0,05 e o ajuste de Bonferroni-Holm para minimizar erros tipo I.

Resultados

As medianas [intervalo interquartil] de idade e fração de ejeção foram de 65 anos [16] e 30% [11], respectivamente. O CCI dos 3 ECG foi de 0,922 (intervalo de confiança de 95%: 0,892; 0,942). Os coeficientes de regressão robusta para ECG1 e ECG3 foram 0,20 (intervalo de confiança de 95%: 0,12; 0,29) e 0,21 (intervalo de confiança de 95%: 0,06; 0,36). O R² robusto foi de 0,711 (intervalo de confiança de 95%: 0,628; 0,76). Na análise de concordância de Bland-Altman, os limites de concordância foram de −17,0 (intervalo de confiança de 95%: −19,0; −15,0) e 32,0 (intervalo de confiança de 95%: 30,0; 34,0). A área sob a curva ROC foi de 0,896 (intervalo de confiança de 95%: 0,865; 0,923).

Conclusão

A FC do ECG mostrou alta concordância com a FC do Holter, validando seu uso clínico em pacientes com ICFEr e ritmo sinusal. Contudo, a concordância foi subótima em um terço dos pacientes com FC inferior a 70 bpm pelo ECG, devendo ser considerada a realização de Holter neste contexto.

Frequência Cardíaca; Insuficiência Cardíaca; Eletrocardiografia; Eletrocardiografia Ambulatorial

Idade, anos	65 [IQR: 16]
Sexo masculino, n (%)	85 (63%)
Etnia, n (%)	Branco – 112 (83%)
Etnia, n (%)	Afrodescendente – 23 (17%)
NYHA, n (%)	I – 20 (14,8%)
	II – 69 (51,1%)
	III – 40 (29,6%)
	IV – 6 (4,4%)
Fração de ejeção, %	30% [IQR:11]
Etiologia isquêmica, n (%)	73 (54,1%)
BRE, n (%)	31 (29,8%)
Hospitalização, 6 meses, n (%)	66 (49,6%)
IMC, kg/m²	27,04 [IQR: 6,2]
HAS, n (%)	88 (65,2%)
DM, n (%)	50 (37%)
Dislipidemia, n (%)	67 (49,6%)
Tabagismo, n (%)	21 (26,1%)
NT-pro-BNP, pg/mL	1.345 [IQR: 2.348,2]
Creatinina, mg/dL	1,1 [IQR: 0,49]
TFG, mL/min/1,73 m²	66,2 [IQR: 33,2]
Potássio, mEq/L	4,5 [IQR: 0,8]
Sódio, mEq/L	139 [IQR: 3]
Hemoglobina, g/dL	13,8 [IQR: 2,6]
Hematócrito, %	40,9 [IQR: 7,6]
Holter, bpm	76 [IQR: 17]
ECG1, bpm	79 [IQR:28]
ECG2, bpm	80 [IQR: 28]
ECG3, bpm	81 [IQR: 30]
Medicação utilizada
Sacubitril/valsartan, n (%)	47 (34,8%)
IECA, n (%)	57 (42,3%)
BRA, n (%)	17 (12,6%)
Betabloqueador, n (%)	127 (94%)
Espironolactona, n (%)	98 (72,6%)
iSGLT2, n (%)	88 (65,2%)
Ivabradina, n (%)	11 (8,1%)
Digoxina, n (%)	11 (8,1%)
Furosemida, n (%)	74 (54,8%)
Hidralazina, n (%)	7 (5,2%)
Nitrato, n (%)	10 (7,4%)

	Variável dependente
	Holter
ECG1	0,20 (IC 95%: 0,12; 0,29) ^‡
ECG2	0,13 (IC 95%: –0,03; 0,28)
ECG3	0,21 (IC 95%: 0,06; 0,36) ^‡
Constante	30,7 (IC 95%: 25,8; 34,5) ^‡
R ² robusto	0,711 (IC 95%: 0,628; 0,769)
RMSE	7,2 (IC 95%: 6,8; 7,7)
Diferença média	7,4 (IC 95%: 6,2; 8,7)
Limite inferior de concordância 2,5%	–15,0 (IC 95%: –19,0; –17,0)
Limite superior de concordância 97,5%	32,0 (IC 95%: 30,0; 34,0)

Parâmetros métricos	Valores
Área sob a curva	0,896 (IC 95%: 0,865; 0,923)
Sensibilidade	0,978 (IC 95%: 0,953; 1,000)
Especificidade	0,767 (IC 95%: 0,716; 0,817)
Acurácia	0,837(IC 95%: 0,836; 0,838)
Valor preditivo positivo	0,677 (IC 95%: 0,611; 0,743)
Valor preditivo negativo	0,986 (IC 95%: 0,970; 1,000)
Razão probabilidade positiva	4,190 (IC 95%: 3,371; 5,201)
Razão probabilidade negativa	0,029 (IC 95%: 0,009; 0,089)
Coeficiente de correlação intraclasse	0,922 (IC 95%: 0,892; 0,942)

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[1] Correspondência: Fabio Eduardo Camazzola • Universidade de Caxias do Sul (UCS) – Medicina – Rua Francisco Getúlio Vargas, 1130. CEP 95070-560, Caxias do Sul, RS – Brasil. E-mail: fecamaz1@ucs.br