Resumo
Fundamento
A associação entre resposta exagerada da pressão arterial sistólica ao exercício (REPASE) e isquemia miocárdica é controversa e pouco estudada em indivíduos com síndrome coronariana crônica estabelecida ou suspeita.
Objetivo
Verificar a relação entre isquemia miocárdica e REPASE em indivíduos submetidos à ecocardiografia sob estresse físico (EEF).
Métodos
Trata-se de estudo transversal com 14.367 indivíduos submetidos à EEF, de janeiro de 2000 a janeiro de 2022, divididos em dois grupos: G1 – composto por pacientes cuja pressão sistólica de pico apresentou incremento ≥ 90 mmHg (valor correspondente ao percentil 95 da população estudada) –, e G2 – formado por indivíduos que não apresentaram resposta hipertensiva exagerada. Os grupos foram comparados mediante os testes t de Student e qui-quadrado. Foram considerados significativos os valores de p < 0,05. Realizou-se, também, regressão logística para identificação de fatores de risco independentes para isquemia miocárdica, REPASE, queixa de precordialgia típica prévia ao exame e angina durante o teste.
Resultados
Dos 14.367 pacientes, 1.500 (10,4%) desenvolveram REPASE e 7.471 (52,0%) eram do sexo feminino. Os percentuais de queixa prévia de precordialgia típica, angina durante o teste e isquemia miocárdica dos pacientes com REPASE foram de 5,8%, 2,4% e 18,1% contra 7,4%, 3,9% e 24,2%, em indivíduos sem REPASE, respectivamente (p = 0,021, p = 0,004, p < 0,001). Na análise multivariada, a REPASE foi associada, independentemente, a uma menor probabilidade de isquemia miocárdica (odds ratio: 0,73; intervalo de confiança de 95%: 0,58 a 0,93; p = 0,009).
Conclusão
O incremento exagerado da pressão arterial sistólica durante a EEF pode ser um marcador de exclusão de isquemia miocárdica.
Pressão Arterial; Ecocardiografia sob Estresse; Teste de Esforço; Doença da Artéria Coronariana; Isquemia Miocárdica