Resumo
Fundamento:
Ainda há debate sobre a relação de alterações da repolarização ventricular ao eletrocardiograma de superfície e a gravidade da cirrose.
Objetivo:
Estudar a relação entre variáveis relacionadas à repolarização ventricular e a gravidade clínica da doença cirrótica.
Métodos:
Foram selecionados 79 sujeitos com cirrose hepática, classificados segundo os critérios Child-Pugh-Turcotte (Child A, B e C). Foram medidos intervalos QT e QT corrigido (QTc), o intervalo entre o ápice e o final da onda T (TpTe) e identificados os respectivos valores mínimos, máximos e médios nas 12 derivações do eletrocardiograma. Foram calculados também as dispersões dos intervalos QT (DQT) e QTc (DQTc).
Resultados:
Em 12 meses de acompanhamento clínico, nove sujeitos foram submetidos a transplante hepático (Child A: 0 (0%); Child B: 6 (23,1%); Child C: 3 (18,8%); p=0,04) e 12 faleceram (Child A: 3 (12,0%); Child B: 4 (15,4%); Child C: 5 (31,3%); p=0,002). Não foram observadas diferenças significativas entre os grupos cirróticos relacionadas aos valores mínimos, máximos e médios dos intervalos QT, QTc, TpTe, DQT e DQTc. O intervalo TpTe mínimo ≤50ms foi preditor de desfecho composto de óbito ou transplante hepático com sensibilidade de 90% e especificidade de 57% (p=0,005).
Na análise multivariada de Cox, grupos Child e TpTe mínimo ≤50ms foram preditores independentes de desfechos compostos.
Conclusão:
Os intervalos QT, QTc, DQT, DQTc e TpTe apresentam distribuições semelhantes entre diferentes estágios de gravidade da doença cirrótica. O intervalo TpTe mostra-se marcador prognóstico em sujeitos cirróticos, independente da gravidade da doença. (NCT01433848).
Palavras-chave:
Cirrose Hepática / etiologia; Cirrose Hepática / mortalidade; Cardiomiopatias / fisiopatologia; Eletrocardiografia; Prognóstico; Disfunção Ventricular Esquerda / fisiopatologia