RESUMO
Racional:
Atualmente, entende-se que o vírus SARS-CoV-2 é capaz de infectar diretamente células-alvo por acoplamento ao receptor da enzima conversora de angiotensina 2 (ECA 2), por isso tecidos que contêm altos níveis de ECA 2 estão mais suscetíveis a infecção, como as células epiteliais dos alvéolos pulmonares, os enterócitos do intestino delgado, os colangiócitos e o endotélio vascular.
Objetivo:
Levando em consideração as manifestações atípicas da COVID-19 e a dificuldade na suspeita diagnósticaprecoce, esta revisão busca apresentar aspossíveis complicações gastrointestinais da doença.
Método:
A busca foi realizada com o descritor“Gastrointestinal complication of COVID” nas bases de dados PubMed, Medline e SciELO e dada à natureza heterogênea dos textos adicionados a esta revisão, optou-se pela realização uma síntese qualitativa narrativa dos dados disponíveis.Foram selecionados 28 artigos para análise qualitativa sobre o tema, sendo principalmente relatos e séries de casos, além de duas coortes retrospectivas e um caso-controle.Os estudos tratavam de complicações hemorrágicas, trombóticas, isquêmicas, perfurativas, além de pancreatite aguda e pneumatose intestinal.
Resultados:
Diversos autores sugerem que o vírus tenha um papel direto no dano às células da mucosa gastrointestinal. Os estudos relatam casos de hemorragia gastrointestinal, assim como fenômenos trombóticos e isquêmicos, reforçando o papel do SARS-CoV-2 nos distúrbios de coagulação. Casos de perfuração intestinal e pancreatite também foram associados à COVID-19.
Conclusão:
Uma vez que a relação entre altos níveis de ECA 2 no trato gastrointestinal e a sua maior suscetibilidade a infecção direta pelo vírus SARS-CoV-2 esteja estabelecida, é importante estar atento para as diferentes manifestações e complicações gastrointestinais e serem elas diagnosticadas e tratadas precocemente.
DESCRITORES:
Infecções por coronavirus; SARS-CoV; Trato gastrointestinal; Hemorragia; Isquemia; Pancreatite