RESUMO
Racional: Feridas crônicas em pacientes diabéticos muitas vezes se tornam incuráveis devido à produção prolongada e excessiva de citocinas inflamatórias. A utilização de probióticos modifica a microbiota intestinal e modula reações inflamatórias.
Objetivo: Avaliar a influência da suplementação perioperatória com probióticos no processo de cicatrização cutânea em ratos diabéticos.
Método: Quarenta e seis ratos foram divididos em quatro grupos (C3, P3, C10, P10) conforme tratamento (P=probiótico ou C=controle, via oral) e dia de eutanásia: 3o ou 10o dia de pós-operatório. Todos os ratos foram induzidos ao diabete melito 72 h antes de iniciar o experimento com aloxana. A suplementação foi iniciada cinco dias antes da operação e mantida até a eutanásia. Foi realizada incisão com bisturi guiada por molde de 2x2 cm e a ferida foi deixada para cicatrizar por segunda intenção. As feridas foram medidas digitalmente. A densitometria de colágeno foi determinada com coloração picrosirius red. A histologia foi avaliada por coloração com H&E.
Resultados: A contração da ferida foi maior no grupo P10, o que resultou em menor área cruenta (p=0,011). Houve aumento do colágeno tipo I do 3o para o 10o dia de pós-operatório no grupo P10 (p=0,016), o que não ocorreu no grupo controle (p=0,487). A análise histológica mostrou melhor grau de cicatrização no grupo P10 (p=0,005), com menos polimorfonucleares (p<0,001) e mais neovasos (p=0,001).
Conclusões: A suplementação perioperatória de probióticos promove aceleração da cicatrização cutânea em ratos diabéticos, possivelmente por atenuar a resposta inflamatória e aumentar a neovascularização e a deposição de colágeno tipo I.
DESCRITORES: Probióticos; Diabete melito; Cicatrização; Aloxano