Racional:
O jejum perioperatório prolongado pode prejudicar estado nutricional do paciente e sua recuperação. Em contrapartida, estudos mostram que abreviação do jejum pode melhorar a resposta ao trauma e diminuir o tempo de internação.
Objetivo:
Investigar se o tempo de jejum perioperatório prescrito e praticado pelos pacientes se encontra em conformidade com os protocolos multimodais atuais e identificar os principais fatores associados.
Métodos:
Estudo transversal com 65 pacientes, submetidos às operações eletivas do aparelho digestivo ou parede abdominal. Foi investigado o tempo de jejum no período perioperatório, relatos de fome e sede, classificação do estado físico, diagnóstico de diabete, tipo de operação e de anestesia.
Resultados:
Os pacientes tinham entre 19 e 87 anos, sendo a maioria do sexo feminino (73,8%). O procedimento mais realizado foi colecistectomia (47,69%) e a anestesia geral a mais usada (89,23%). A orientação mais frequente foi jejum a partir de meia noite para líquidos e sólidos e a maior parte dos pacientes recebeu classificação II (64,6%) para o estado físico. O tempo médio de jejum real foi 16 h (9,5-41,58) sendo maior que o prescrito (11 h; 6,58-26,75) com p<0,001. Aqueles que realizaram a operação no período da tarde ficaram mais tempo de jejum do que aqueles do período matutino (p<0,001). A intensidade de fome e sede aumentou no período de jejum pós-operatório (p=0,010 e 0,027). O período de jejum médio pós-operatório foi 18,25 h (3,33-91,83) e apenas 23,07% reiniciou a alimentação no mesmo dia.
Conclusão:
Os pacientes permaneceram em jejum por tempo prolongando, ainda maior que o tempo prescrito e a intensidade dos sinais de desconforto como fome e sede aumentaram ao longo do tempo. Para melhor recuperação e bem-estar do paciente, faz-se necessário instituir um protocolo de abreviação do jejum perioperatório.
Jejum; Cuidados perioperatórios; Procedimentos cirúrgicos eletivos; Suporte nutricional