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Pesquisar é preciso

EDITORIAL

Pesquisar é preciso

"Tempo virá em que uma pesquisa diligente e contínua esclarecerá aspectos que agora permanecem escondidos...Tempo virá em que os nossos descendentes ficarão admirados de que não soubéssemos particularidades tão óbvias a eles... Muitas descobertas estão reservadas para os que virão, quando a lembrança de nós estiver apagada. O nosso universo será um assunto sem importância, a menos que haja uma coisa a ser investigada a cada geração... A natureza não revela seus mistérios de uma só vez".

Sêneca, Problemas Naturais Livro 7, Século I.

Esse texto, escrito há cerca de 2.000 anos nos impressiona pela atualidade e pode nos levar a inúmeras reflexões sobre os desafios de desvendar os mistérios da natureza, ou seja, de pesquisar. Na área das ciências biológicas e médicas, somos testemunhas e participantes de um momento histórico em que inúmeras descobertas podem beneficiar (ou não...) nossos pacientes; porém também somos conscientes da imensidão de desafios que ainda temos pela frente. Nossa especialidade possui diversas ramificações e faz interface com praticamente todas as áreas da medicina, além de obviamente dispor de uma fantástica facilidade de acesso investigativo ao órgão a que se dedica. Temos, portanto, a felicidade de atuar num setor destinado a crescer cada vez mais em pesquisa, o que efetivamente vem ocorrendo no mundo inteiro. No Brasil, apesar de todas as dificuldades que já conhecemos no setor de ensino e pesquisa, somos fonte de produção científica de qualidade e exportadores de "cérebros" nas diversas áreas do conhecimento. Ao mesmo tempo em que necessitamos de reconhecer nossos valores, também é de fundamental importância a visão clara de que, de maneira geral, estamos ainda muito longe de um padrão de excelência, o que só conseguiremos com investimento pessoal, privado e público prioritário, envolvendo várias gerações. Se na época do domínio mundial de Portugal e Espanha se poderia dizer que "Navegar é preciso, viver não é preciso", hoje poderíamos afirmar: "Pesquisar é preciso, publicar também", atitude revolucionária ao produzir independência cultural e intelectual, e atitude de colaboração, necessidades maiores nos dias atuais.

É nesse contexto que os Anais Brasileiros de Dermatologia desempenham a importante tarefa de publicar e divulgar a produção de conhecimento na dermatologia nacional, refletindo nossas excelências e também nossas dificuldades. Neste segundo número de 2003, na seção Educação Médica Continuada, temos a oportunidade de atualizar nossos conhecimentos na paracoccidioidomicose, doença de importância indiscutível em nosso país; investigações sobre temas diversos, como acne, eritema crônico migratório, melanoma cutâneo e terapêutica fotodinâmica são apresentadas; relatos de casos interessantes com revisão de literatura complementam de maneira indispensável nossa revista, cuja leitura certamente será muito proveitosa.

Paulo Roberto Lima Machado

Editor Associado

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Jun 2008
  • Data do Fascículo
    Abr 2003
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