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Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, Volume: 58, Número: 2, Publicado: 2014
  • Endocrinologia feminina – Do que se trata? Editorial

    Pardini, Dolores; Clapauch, Ruth
  • Menopausa e síndrome metabólica Revisões

    Meirelles, Ricardo M. R.

    Resumo em Português:

    A incidência de doença cardiovascular aumenta consideravelmente após a menopausa. Um dos motivos para o crescente risco cardiovascular parece ser determinado pela síndrome metabólica, da qual todos os componentes (obesidade visceral, dislipidemia, hipertensão arterial e distúrbio do metabolismo glicídico) se associam à maior incidência de coronariopatia. Após a menopausa, a síndrome metabólica é mais prevalente do que na pré-menopausa, podendo ter importante papel na ocorrência de infarto do miocárdio e outras morbidades ateroscleróticas e cardiovasculares. A obesidade, componente primordial da síndrome metabólica, se associa ainda ao aumento da incidência de câncer de mama, endométrio, intestino, esôfago e rim. O tratamento da síndrome metabólica se baseia na mudança de hábitos de vida e, quando necessário, no emprego de medicação dirigida aos seus componentes. Na presença de sintomas de síndrome do climatério, a terapia hormonal, quando indicada, concorrerá também para a melhora da síndrome metabólica.

    Resumo em Inglês:

    The incidence of cardiovascular disease increases considerably after the menopause. One reason for the increased cardiovascular risk seems to be determined by metabolic syndrome, in which all components (visceral obesity, dyslipidemia, hypertension, and glucose metabolism disorder) are associated with higher incidence of coronary artery disease. After menopause, metabolic syndrome is more prevalent than in premenopausal women, and may plays an important role in the occurrence of myocardial infarction and other atherosclerotic and cardiovascular morbidities. Obesity, an essential component of the metabolic syndrome, is also associated with increased incidence of breast, endometrial, bowel, esophagus, and kidney cancer. The treatment of metabolic syndrome is based on the change in lifestyle and, when necessary, the use of medication directed to its components. In the presence of symptoms of the climacteric syndrome, hormonal therapy, when indicated, will also contribute to the improvement of the metabolic syndrome.
  • Hirsutismo: diagnóstico e tratamento Revisões

    Hohl, Alexandre; Ronsoni, Marcelo Fernando; Oliveira, Mônica de

    Resumo em Português:

    O hirsutismo é definido como o excesso de crescimento terminal de pelos em áreas dependentes de andrógenos no corpo de mulheres, com crescimento em um padrão de distribuição tipicamente masculino. O hirsutismo é um problema clínico comum em mulheres, e o tratamento depende da causa. A condição está geralmente associada com a perda de autoestima. O hirsutismo reflete a interação entre as concentrações de andrógenos circulantes, concentrações locais de andrógenos e a sensibilidade do folículo capilar aos androgênios. A síndrome dos ovários policísticos e o hirsutismo idiopático são as causas mais comuns do transtorno. O histórico e o exame físico são particularmente importantes na avaliação do excesso de crescimento de pelos. A maioria das mulheres com hirsutismo possui a variedade idiopática, e o diagnóstico é feito por exclusão. Uma concentração sérica de testosterona > 200 ng/dL é altamente sugestiva de tumor ovariano ou de adrenal. O tratamento do hirsutismo deve ser baseado no nível de excesso de crescimento dos pelos e a fisiopatologia do transtorno. O tratamento inclui alterações no estilo de vida, supressão de andrógenos, bloqueio periférico de andrógenos e tratamentos cosméticos. A presente revisão discute definição, patogênese, fisiopatologia, diagnóstico diferencial e estratégias de diagnóstico e tratamento.

    Resumo em Inglês:

    Hirsutism is defined as excessive terminal hair growth in androgen-dependent areas of the body in women, which grows in a typical male distribution pattern. Hirsutism is a common clinical problem in women, and the treatment depends on the cause. The condition is often associated with a loss of self-esteem. Hirsutism reflects the interaction between circulating androgen concentrations, local androgen concentrations, and the sensitivity of the hair follicle to androgens. Polycystic ovary syndrome and idiopathic hirsutism are the most common causes of the condition. A woman’s history and, physical examination are particularly important in evaluating excess hair growth. The vast majority of women with hirsutism have the idiopathic variety, and the diagnosis is made by exclusion. Serum testosterone level > 200 ng/dL is highly suggestive of adrenal or ovarian tumor. Treatment of hirsutism should be based on the degree of excess hair growth presented by the patient and in the pathophysiology of the disorder. Treatment includes lifestyle therapies, androgen suppression, peripheral androgen blockage, and cosmetic treatments. The current review discusses definition, pathogenesis, physiopathology, differential diagnosis, diagnostic strategies, and treatment.
  • Avanços na etiologia, no diagnóstico e no tratamento da puberdade precoce central Revisões

    Macedo, Delanie B.; Cukier, Priscilla; Mendonca, Berenice B.; Latronico, Ana Claudia; Brito, Vinicius Nahime

    Resumo em Português:

    O início da puberdade caracteriza-se pelo aumento de amplitude e frequência dos pulsos do hormônio secretor de gonadotrofinas (GnRH) após um período de relativa supressão hormonal durante a infância. A reemergência da secreção pulsátil do GnRH resulta em aumento na secreção de gonadotrofinas, hormônio luteinizante (LH) e folículo estimulante (FSH), pela hipófise anterior e consequente ativação gonadal. A ativação prematura do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal resulta em puberdade precoce dependente de gonadotrofinas, também conhecida como puberdade precoce central (PPC), e se caracteriza pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários antes dos 8 anos nas meninas e 9 anos nos meninos. O início do desenvolvimento puberal provém da interação complexa de fatores genéticos, nutricionais, ambientais e socioeconômicos. O diagnóstico clínico da PPC baseia-se em reconhecimento de desenvolvimento puberal progressivo, concentrações púberes de LH em condição basal e/ou após estímulo com GnRH e avanço de idade óssea. A ressonância magnética de encéfalo é útil no estabelecimento de diagnóstico diferencial entre as formas orgânica ou idiopática. Os análogos de GnRH de ação prolongada representam o tratamento de escolha da PPC. O componente genético da PPC foi recentemente fortalecido pela evidência de mutações no gene MKRN3, localizado no braço longo do cromossomo 15, em crianças com PPC familial. Nessa revisão, dados clínicos e terapêuticos da PPC serão amplamente discutidos, visando à atualização e à conduta criteriosa dessa condição clínica de grande relevância na endocrinologia pediátrica.

    Resumo em Inglês:

    The onset of puberty is first detected as an increase in the amplitude and frequency of pulses of gonadotropin-releasing hormone (GnRH) after a quiescent period during childhood. The reemergence of pulsatile GnRH secretion leads to increases in the secretion of the gonadotropins, luteinizing hormone (LH), and follicle-stimulating hormone (FSH) by the pituitary gland, and the consequent activation of gonadal function. Early activation of the hypothalamic–pituitary–gonadal axis results in gonadotropin-dependent precocious puberty, also known as central precocious puberty (CPP), which is clinically defined by the development of secondary sexual characteristics before the age of 8 years in girls and 9 years in boys. Pubertal timing is influenced by complex interactions among genetic, nutritional, environmental, and socioeconomic factors. CPP is diagnosed on the basis of clinical signs of progressive pubertal development before the age of 8 years in girls and 9 years in boys, pubertal basal and/or GnRH-stimulated LH levels, and advanced bone age. Magnetic resonance imaging of the central nervous system is essential for establishing the CPP form as organic or idiopathic. Depot GnRH-analogues represent the first-line of therapy in CPP. Very recently, the genetic component of CPP was demonstrated by the evidence that the deficiency of the MKRN3 gene, located on long arm of chromosome 15, causes familial CPP in humans. In this current review, clinical and therapeutic aspects of the CPP will be discussed, contributing to adequate diagnosis and criterious approach of this relevant condition of pediatric endocrinology.
  • Prolactinoma Revisões

    Glezer, Andrea; Bronstein, Marcello D.

    Resumo em Português:

    Os prolactinomas são os adenomas de hipófise mais comuns e frequentemente afetam mulheres jovens, em faixa etária de fertilidade. A hiperprolactinemia causa hipogonadismo, irregularidade menstrual ou amenorreia em mulheres, níveis baixos de testosterona sérica em homens e infertilidade e disfunção sexual em ambos os gêneros. Macroprolactinomas podem causar cefaleia, aliteração visual e hipopituitarismo. O tratamento clínico com agonista dopaminérgico é o padrão-ouro, sendo a cabergolina a droga de escolha por sua maior eficácia e tolerabilidade. Em cerca de 20% dos casos, o tratamento é parcial ou totalmente ineficaz, situação na qual a cirurgia, em geral por via transesfenoidal, está indicada. A radioterapia é indicada somente para controle de crescimento tumoral em casos invasivos/agressivos. Nos macroprolactinomas invasivos, a abordagem em geral necessária é a de diversas modalidades terapêuticas combinadas, incluindo debulking e drogas recém-aprovadas como a temozolamida. Com relação à gestação, a droga de escolha para induzir a ovulação ainda é a bromocriptina. Nos casos de microprolactinomas e de macroprolactinomas intrasselares, o agonista dopaminérgico pode ser suspenso após a confirmação da gestação. Nos macroprolactinomas, o manejo deve ser individualizado.

    Resumo em Inglês:

    Prolactinomas are the most common pituitary adenomas that affect young women at fertile age. Hyperprolactinemia causes hypogonadism, menstrual irregularities or amenorrhea in women, low serum testosterone levels in men, and infertility and sexual dysfunction in both men and women. Macroprolactinomas may cause cephalea, visual disturbance, and hypopituitarism. Clinical treatment with dopamine agonists is the gold standard, with cabergoline as the first choice due to its greater efficiency and tolerability. In about 20% of the cases, treatment is partially or completely ineffective, a situation in which surgery, in general by transsphenoidal route, is indicated. Radiotherapy is indicated only in the control of tumor growth in invasive/aggressive cases. In invasive macroprolactinoma, the necessary approach, in general, is the combination of several therapeutic modalities, including debulking and recently-approved drugs, such as temozolamide. As for pregnancy, the drug of choice to induce ovulation still is bromocriptine. In the cases of microprolactinomas and intrasselar macroprolactinomas, the treatment with dopaminergic agonists may be suspended after pregnancy is confirmed. In macroprolactinomas, management should be individualized.
  • Hiperplasia adrenal congênita em mulheres adultas: manejo de antigos e novos desafios Revisões

    Costa-Barbosa, Flávia A.; Telles-Silveira, Mariana; Kater, Claudio E.

    Resumo em Português:

    Graças ao significativo avanço na conduta e no tratamento de pacientes com as diversas formas de hiperplasia adrenal congênita por deficiência de 21-hidroxilase (D21OH) durante a infância e a adolescência, essas mulheres puderam atingir a idade adulta. Dessa maneira, o manejo nessa fase tornou-se ainda mais complexo, originando novos desafios. Tanto a exposição continuada à corticoterapia (pelo uso de doses muitas vezes suprafisiológicas), quanto ao hiperandrogenismo (pelo tratamento irregular ou uso de doses insuficientes), pode causar resultados pouco favoráveis à saúde e à qualidade de vida dessas mulheres, como: osteoporose, complicações metabólicas com risco cardiovascular, prejuízos cosméticos, infertilidade e alterações psicossociais e psicossexuais. No entanto, há poucos estudos de seguimento de longo prazo nas pacientes adultas. Nessa revisão procuramos abordar alguns aspectos importantes e mesmo controversos no seguimento de mulheres adultas com D21OH, recomendando a adoção de terapia individualizada e de caráter multidisciplinar, enquanto novos estudos não proponham atitudes mais bem definidas e consensuais visando à melhora da qualidade de vida dessas mulheres.

    Resumo em Inglês:

    Due to major improvements in the management and therapy of patients with congenital adrenal hyperplasia owing to 21-hydroxylase deficiency (21OHD) along childhood and adolescence, affected women are able to reach adulthood. Therefore, management throughout adult life became even more complex, leading to new challenges. Both the protracted use of corticosteroids (sometimes in supraphysiologic doses), and excess androgen (due to irregular treatment and/or inadequate dosage) may impair the quality of life and health outcomes in affected adult women, causing osteoporosis, metabolic disturbances with high cardiovascular risk, cosmetic damage, infertility, and psychosocial and psychosexual changes. However, long-term follow-up studies with 21OHD adult women are still required. In this review, we discuss some important and controversial aspects of the follow-up of adult women with 21OHD, and recommend the use of a customized multi-disciplinary therapeutic approach while further studies with these patients do not provide distinct understanding and well-defined attitudes towards better quality of life.
  • Falência ovariana precoce Revisões

    Assumpção, Carmen Regina Leal de

    Resumo em Português:

    Este artigo irá rever os diversos aspectos da falência ovariana prematura (FOP), definida como o desenvolvimento de hipogonadismo em mulheres antes dos 40 anos, desde a etiopatogenia, com discussões sobre as causas autoimunes, iatrogênicas, ou anormalidades do cromossomo X assim como manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento. A maioria das mulheres com essa condição não possui uma história menstrual, específica do desenvolvimento da FOP, mas a infertilidade associada ao diagnóstico é o aspecto mais problemático da doença. Arq Bras Endocrinol Metab. 2014;58(2):132-43

    Resumo em Inglês:

    This article is a review on different aspects of premature ovarian failure (POF) defined as the development of hypogonadism in women before 40 years of age. The review will discuss the etiopathogeny, autoimmune and iatrogenic causes, abnormalities of chromosome X, as well as clinical manifestations, diagnosis, and treatment. Most of the women with this disorder do not have menstrual history, specific of POF development, but infertility associated with the diagnosis is the most problematic aspect of the disease. Arq Bras Endocrinol Metab. 2014;58(2):132-43
  • Infertilidade feminina de origem endócrina Revisões

    Weiss, Rita Vasconcellos; Clapauch, Ruth

    Resumo em Português:

    A infertilidade é definida como uma falha na concepção, sem anticoncepcionais, após um ano de relações sexuais regulares em mulheres com menos de 35 anos e após seis meses em mulheres com mais de 35 anos. Foi feita uma revisão das causas, manejo e tratamento das causas endócrinas causadoras de infertilidade feminina. Os dados epidemiológicos sugerem que cerca de 10% a 15% dos casais são inférteis. Os problemas de anovulação são responsáveis por 25% a 50% das causas de infertilidade feminina. A idade avançada, a obesidade e as drogas têm um efeito negativo na fertilidade. Diferentes transtornos hipotalâmicos, pituitários, tireoideanos, adrenais e ovarianos também podem afetar a fertilidade. A infertilidade é um fenômeno cada vez mais comum nas sociedades desenvolvidas. Fornecemos aqui informações sobre como identificar pacientes endocrinológicos com disfunções ovulatórias. As mulheres devem ser aconselhadas a evitar fatores limitadores de forma a proteger sua fertilidade. Arq Bras Endocrinol Metab. 2014;58(2):144-52

    Resumo em Inglês:

    Infertility is defined as the failure to conceive, with no contraception, after one year of regular intercourse in women < 35 years and after 6 months in women > 35 years. A review on causes, management and treatment of endocrine causes of was performed. Epidemiological data suggest that around 10% to 15% of couples are infertile. Anovulatory problems are responsible from 25% to 50% of causes of . Advanced age, obesity, and drugs, have a negative effect on fertility. Different hypothalamic, pituitary, thyroid, adrenal, and ovarian disorders may affect fertility as well. Infertility is a growing phenomenon in developed societies. We here provide information about how to identify endocrine patients with ovulatory dysfunction. Women must be advised about limiting factors to be avoided, in order to protect their fertility. Arq Bras Endocrinol Metab. 2014;58(2):144-52
  • Efeitos dos desreguladores endócrinos no desenvolvimento do trato reprodutivo feminino Revisões

    Costa, Elaine Maria Frade; Spritzer, Poli Mara; Hohl, Alexandre; Bachega, Tânia A. S. S.

    Resumo em Português:

    As diversas agências de controle ambiental têm identificado um crescente número de contaminantes ambientais que apresentam atividade de desregulador endócrino e estes poderão se tornar um dos maiores problemas de saúde pública. Sugere-se que os Desreguladores Endócrinos (EDCs) poderiam justificar o aumento na prevalência de algumas doenças não transmissíveis acima do esperado, como, por exemplo, obesidade, diabetes, doenças tireoidianas e alguns tipos de cânceres. Vários EDCs, como pesticidas, bisfenol A, ftalatos, dioxinas e fitoestrógenos, podem interagir com o sistema reprodutivo feminino e levar à desregulação endócrina. Inicialmente, supunha-se que os EDCs exercessem seus efeitos através da ligação com receptores hormonais e fatores de transcrição, mas, atualmente, sabe-se que também podem alterar a expressão de enzimas envolvidas na síntese ou no catabolismo dos esteroides. Estudos de biomonitoramento têm identificado esses compostos em adultos, crianças, gestantes e em fetos. Entre as patologias do trato reprodutor feminino associadas à exposição aos EDCs, destacam-se: puberdade precoce, síndrome dos ovários policísticos e falência ovariana prematura. As diversas populações estão expostas a um grande número de substâncias químicas, através de diferentes vias de contaminação. Apesar dos diferentes estudos disponíveis, ainda permanece uma grande dúvida sobre o efeito aditivo de uma mistura de EDCs com similar mecanismo de ação.

    Resumo em Inglês:

    Environmental agencies have identified a growing number of environmental contaminants that have endocrine disrupting activity, and these can become a major public health problem. It is suggested that endocrine disruptors could account for the higher-than-expected increase in the prevalence of some non-communicable diseases, such as obesity, diabetes, thyroid diseases, and some cancers. Several endocrine Disrupting Chemicals (EDCs), such as pesticides, bisphenol A, phthalates, dioxins, and phytoestrogens, can interact with the female reproductive system and lead to endocrine disruption. Initially, it was assumed that EDCs exert their effects by binding to hormone receptors and transcription factors, but it is currently known that they may also alter the expression of enzymes involved in the synthesis or catabolism of steroids. Biomonitoring studies have identified these compounds in adults, children, pregnant women, and fetuses. Among the diseases of the female reproductive tract associated with EDCs exposure are the following: precocious puberty, polycystic ovary syndrome, and premature ovarian failure. The different populations of the world are exposed to a great number of chemicals through different routes of infection; despite the various available studies, there is still much doubt regarding the additive effect of a mixture of EDCs with similar mechanisms of action.
  • Uma visão geral sobre o tratamento da osteoporose pós-menopausa Revisões

    Maeda, Sergio Setsuo; Lazaretti-Castro, Marise

    Resumo em Português:

    A osteoporose é um problema de saúde mundial relacionada com o envelhecimento da população e muitas vezes é subdiagnosticada e subtratada. Relaciona-se à significativa morbidade, mortalidade e redução da qualidade de vida. A deficiência de estrogênio é o principal fator que contribui para a perda óssea após a menopausa. O risco de fratura a partir dos 50 anos de idade é de cerca de 50% em mulheres. O objetivo do tratamento da osteoporose é a prevenção de fraturas. O tratamento não farmacológico envolve uma dieta saudável, prevenção de quedas e de programas de exercícios físicos. O tratamento farmacológico inclui cálcio, vitamina D e medicação ativa em tecido ósseo, tais como antirreabsortivos (SERMs, terapia de substituição hormonal, bifosfonatos, denosumabe), formadores de osso (PTH e análogos) e agentes mistos (ranelato de estrôncio). Os bisfosfonatos (alendronato, risedronato, ibandronato e zoledronato) são os mais utilizados agentes antirreabsortivos para o tratamento da osteoporose. A baixa aderência, a intolerância medicamentosa e os efeitos adversos podem limitar os benefícios do tratamento. Com base no conhecimento da sinalização entre as células ósseas, novos medicamentos foram desenvolvidos e estão sendo avaliados em ensaios clínicos.

    Resumo em Inglês:

    Osteoporosis is a worldwide health problem related to the aging of the population, and it is often underdiagnosed and undertreated. It is related to substantial morbidity, mortality and impairment of the quality of life. Estrogen deficiency is the major contributing factor to bone loss after menopause. The lifetime fracture risk at 50 years of age is about 50% in women. The aim of the treatment of osteoporosis is to prevent fractures. Non-pharmacological treatment involves a healthy diet, prevention of falls, and physical exercise programs. Pharmacological treatment includes calcium, vitamin D, and active medication for bone tissue such, as anti-resorptives (i.e., SERMs, hormonal replacement therapy, bisphosphonates, denosumab), bone formers (teriparatide), and mixed agents (strontium ranelate). Bisphosphonates (alendronate, risedronate, ibandronate, and zoledronate) are the most used anti-resorptive agents for the treatment of osteoporosis. Poor compliance, drug intolerance, and adverse effects can limit the benefits of the treatment. Based on the knowledge on bone cells signaling, novel drugs were developed and are being assessed in clinical trials.
  • Terapia de reposição hormonal na menopausa Revisões

    Pardini, Dolores

    Resumo em Português:

    Embora o estrógeno já esteja disponível para venda há mais de seis décadas, as mulheres ainda permanecem confusas quanto ao risco e aos benefícios da terapia hormonal na menopausa (THM), terapia estrogênica isolada ou associada a progestágenos. A publicação de estudos controlados, randomizados, como o Heart and Estrogen/progestin Replacement Study (HERS) e Women’s Health Initiative (WHI), intensificou essa controvérsia risco/benefício. Milhares de mulheres são tratadas com THM para alívio dos sintomas menopausais, incluindo sintomas vasomotores e sudorese, principal indicação da estrogenoterapia. Outras podem persistir no tratamento na esperança de prevenir doenças crônicas. A manutenção da massa óssea e a prevenção de fraturas são efeitos do estrógeno já bem estabelecidos. Estudos observacionais dos efeitos metabólicos e vasculares do estrógeno sugerem um benefício em potencial na redução do risco de doenças vasculares, mas estudos randomizados e controlados não demonstraram nenhuma evidência de que a terapia hormonal pudesse beneficiar as mulheres com doença vascular previamente instalada ou em mulheres aparentemente saudáveis. O aumento do risco de câncer de mama e doença tromboembólica tem se confirmado nesses estudos. A incidência em números absolutos de efeitos adversos é baixa e o risco individual no primeiro ano de tratamento é muito baixo. Os riscos são cumulativos com o tempo de uso. A relação risco/benefício deve ser individualizada.

    Resumo em Inglês:

    Although estrogen has been clinically available for more than six decades, women have been confused by different opinions regarding the risks and benefits of menopausal hormone therapy (HT), estrogen therapy (ET), and estrogen-progestin therapy (EPT). The publication of randomized controlled trials (RCTs), notably, the Heart and Estrogen/progestin Replacement Study (HERS) and Women’s Health Initiative (WHI), has intensified the risk vs. benefit controversy. Millions of women are treated with HT for relief of menopausal symptoms, including vasomotor flushes and sweats, for which estrogen is uniquely and highly effective. Others may continue longer-term treatment in the hope that HT will help to prevent chronic disease. The preservation of bone mass with continuing estrogen therapy and reduction of subsequent risk of fracture is well established. Observational studies of the metabolic and vascular effects of estrogens have suggested a potential benefit in reducing the risk of vascular disease, but recently published randomized controlled trials demonstrated no evidence of benefit in women with established vascular disease or in apparently healthy women. The increased risks of breast cancer and thromboembolic disease have been confirmed in these trials, with evidence of increased risk of stroke. The absolute incidence of an adverse event is low, and the risk of stroke in an individual woman in a single year is very small, but with long-term use, the risks are cumulative over time. The risk-benefit balance needs to be individualized for each woman.
  • Síndrome dos ovários policísticos: revisando o diagnóstico e o manejo dos distúrbios metabólicos Revisões

    Spritzer, Poli Mara

    Resumo em Português:

    A síndrome dos ovários policísticos (PCOS) é um distúrbio frequente em mulheres em idade reprodutiva, associado com disfunção reprodutiva e metabólica. Os critérios diagnósticos atuais para PCOS incluem pelo menos dois dos três seguintes: hiperandrogenismo, irregularidade menstrual e aparência policística dos ovários à ultrassonografia (PCO), após exclusão de outras causas de hiperandrogenismo e anovulação. Com base nesses critérios diagnósticos, os fenótipos mais comuns são “PCOS clássico”– hiperandrogenismo e oligomenorreia, com ou sem PCO; o “fenótipo ovulatório” – hiperandrogenismo e PCO em mulheres ovulatórias; e o “fenótipo não hiperandrogênico”– no qual ocorrem oligomenorreia e PCO sem hiperandrogenismo evidente. A presença de obesidade pode exacerbar os distúrbios metabólicos e reprodutivos associados com a síndrome. Além disso, mulheres com PCOS apresentam maior risco para diabetes tipo 2 e maior prevalência de fatores de risco cardiovascular, que parecem estar associados com o fenótipo clássico. As principais intervenções para minimizar riscos metabólicos e cardiovasculares em PCOS são mudanças de estilo de vida, tratamento farmacológico e cirurgia bariátrica. O tratamento com metformina melhora a sensibilidade à insulina, reduz a glicemia e os níveis de androgênios. Esses efeitos são mais evidentes quando a metformina é associada às mudanças de estilo de vida. Em conclusão, além das anormalidades reprodutivas, a PCOS tem sido associada com comorbidades metabólicas ligadas à obesidade. Fatores confundidores, como a falta de critérios diagnósticos padronizados, heterogeneidade da apresentação clínica e presença de obesidade, tornam difícil o manejo clínico de PCOS. Assim, a abordagem das anormalidades metabólicas deve ser individualizada para os riscos e objetivos terapêuticos de cada mulher.

    Resumo em Inglês:

    Polycystic ovary syndrome (PCOS) is a common condition in women at reproductive age associated with reproductive and metabolic dysfunction. Proposed diagnosed criteria for PCOS include two out of three features: androgen excess, menstrual irregularity, and polycystic ovary appearance on ultrasound (PCO), after other causes of hyperandrogenism and dysovulation are excluded. Based on these diagnostic criteria, the most common phenotypes are the “classic PCOS” – hyperandrogenism and oligomenorrhea, with or without PCO; the “ovulatory phenotype” – hyperandrogenism and PCO in ovulatory women; and the “non-hyperandrogenic phenotype”, in which there is oligomenorrhea and PCO, without overt hyperandrogenism. The presence of obesity may exacerbate the metabolic and reproductive disorders associated with the syndrome. In addition, PCOS women present higher risk for type 2 diabetes and higher prevalence of cardiovascular risk factors that seems to be associated with the classic phenotype. The main interventions to minimize cardiovascular and metabolic risks in PCOS are lifestyle changes, pharmacological therapy, and bariatric surgery. Treatment with metformin has been shown to improve insulin sensitivity, lowering blood glucose and androgen levels. These effects are more potent when combined with lifestyle interventions. In conclusion, besides reproductive abnormalities, PCOS has been associated to metabolic comorbidities, most of them linked to obesity. Confounders, such as the lack of standard diagnostic criteria, heterogeneity of the clinical presentation, and presence of obesity, make management of PCOS difficult. Therefore, the approach to metabolic abnormalities should be tailored to the risks and treatment goals of each individual woman.
  • Manejo clínico de sujeitos transexuais Revisões

    Costa, Elaine Maria Frade; Mendonca, Berenice Bilharinho

    Resumo em Português:

    Transexualismo masculino refere-se ao indivíduo 46,XY com fenótipo masculino normal que deseja viver e ser aceito como membro do sexo feminino, já o transexualismo feminino refere-se ao indivíduo 46,XX com fenótipo feminino normal que deseja viver e ser aceito como membro do sexo masculino. Há 16 anos os procedimentos médicos clínicos e cirúrgicos necessários para o tratamento de pacientes transexuais estão autorizados e regulamentados no nosso país, desde que os Serviços onde forem realizados tais procedimentos contem com equipe multidisciplinar composta por psicólogo, assistente social, psiquiatra, endocrinologista e cirurgiões (ginecologistas, plásticos e urologistas). Para serem submetidos à cirurgia, os pacientes devem ter de 21 a 75 anos, devem ter realizado hormonioterapia por pelo menos um ano e psicoterapia por pelo menos dois anos. Os indivíduos transexuais buscam desenvolver características físicas pertencentes ao sexo desejado e devem ser submetidos a um regime de tratamento efetivo e seguro com o objetivo de reabilitá-los como membros da sociedade no gênero com o qual eles se identificam. A testosterona é o principal hormônio utilizado para induzir o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários masculinos nos transexuais femininos e o estrógeno é o hormônio utilizado para induzir os caracteres sexuais secundários femininos no transexual masculino. Com base na experiência do nosso serviço, podemos afirmar que doses fisiológicas desses hormônios são capazes de produzir os efeitos desejados sem causar efeitos colaterais importantes.

    Resumo em Inglês:

    Transsexual subjects are individuals who have a desire to live and be accepted as a member of the opposite sex, usually accompanied by a sense of discomfort with, or inappropriateness of, one’s anatomic sex, and a wish to have surgery and hormonal treatment to make one’s body as congruent as possible with one’s preferred sex. They seek to develop the physical characteristics of the desired gender, and should undergo an effective and safe treatment regimen. The goal of treatment is to rehabilitate the individual as a member of society in the gender he or she identifies with. Sex reassignment procedures necessary for the treatment of transsexual patients are allowed in our country, at Medical Services that have a multidisciplinary team composed of a psychologist, a social worker, a psychiatrist, an endocrinologist and surgeons (gynecologists, plastic surgeons, and urologists). Patients must be between 21 to 75 years old and in psychological and hormonal treatment for at least 2 years. Testosterone is the principal agent used to induce male characteristics in female transsexual patients, and the estrogen is the chosen hormone used to induce the female sexual characteristics in male transsexual patients. Based on our 15 years of experience, we can conclude that testosterone and estradiol treatment in physiological doses are effective and safe in female and male transsexual patients, respectively.
  • Reavaliação do estado glicêmico 6 a 12 semanas após o diabetes melito gestacional: uma coorte brasileira Artigo Original

    Weinert, Letícia Schwerz; Mastella, Livia Silveira; Oppermann, Maria Lúcia Rocha; Silveiro, Sandra Pinho; Guimarães, Luciano Santos Pinto; Reichelt, Angela Jacob

    Resumo em Português:

    Objetivos: Os objetivos foram estimar a taxa de reavaliação de diabetes pós-parto em mulheres com diabetes melito gestacional (DMG) e identificar fatores associados ao retorno e à persistência das alterações glicêmicas. Sujeitos e métodos: Coorte prospectiva de mulheres com DMG atendidas em ambulatório de pré-natal especializado, de novembro de 2009 a maio de 2012. Todas foram orientadas a agendar o teste oral de tolerância à glicose (TOTG) a partir da sexta semana pós-parto. Resultados: Das 209 mulheres arroladas na gestação, 108 (51,7%) foram avaliadas após o parto: 14 com glicemia de jejum, 93 com o TOTG e uma com glicemia ao acaso. O retorno para reavaliação foi associado com menor paridade (2 vs. 3, p < 0,001) e com glicemia de 2-h mais elevada no TOTG diagnóstico (165 vs. 155 mg/dL, p = 0,034). Diabetes foi diagnosticado em quatro mulheres (3,7%) e pré-diabetes em 22 (20,4%). Análise multivariada evidenciou que a história familiar de diabetes (risco relativo – RR 2,41, p = 0,050), a glicemia de 2 horas no TOTG da gestação (RR 1,01, p = 0,045), o uso de insulina na gestação (RR 2,37, p = 0,014) e a taxa de cesariana (RR 2,61, p = 0,015) foram os fatores associados à persistência da hiperglicemia. Conclusões: O retorno para reavaliação foi baixo, embora as alterações glicêmicas tenham sido frequentes. Como não houve fatores que indiquem quais mulheres retornarão, estratégias para aumentar a adesão são necessárias, especialmente quando há história familiar ou o DMG foi mais grave. Arq Bras Endocrinol Metab. 2014;58(2):197-204

    Resumo em Inglês:

    Objectives: The aims of this study were to estimate the local rate of postpartum diabetes screening after gestational diabetes mellitus (GDM) pregnancies, and to identify clinical variables associated with retesting rates and with the persistence of decreased glucose tolerance. Subjects and methods: Prospective cohort of GDM women with prenatal delivery at a specialized center, from November 2009 to May 2012. All women were advised to schedule a 6 weeks postpartum 75-g oral glucose tolerance test (OGTT). Results: Of the 209 women included, 108 (51.7%) returned to be tested with fasting plasma glucose (n = 14), OGTT (n = 93) or random glucose (n = 1). Return was associated with lower parity rate (2 vs. 3, p < 0.001) and higher pregnancy 2-h OGTT (165 vs. 155 mg/dL, p = 0.034), but not with socio-demographic characteristics. Four women (3.7%) had diabetes, 22 (20.4%) had impaired fasting glucose or impaired glucose tolerance. Persistent hyperglycemia was associated with a positive family history of diabetes (relative risk - RR 2.41, p = 0.050), diagnostic 2-h OGTT in pregnancy (RR 1.01, p = 0.045), insulin use during pregnancy (RR 2.37, p = 0.014), and cesarean section (RR 2.61, p = 0.015). Conclusions: Even though postpartum abnormalities were frequent in GDM, rates of postpartum diabetes screening were undesirably low. As no specific clinical profile defines who will adhere to postpartum testing, it is essential to encourage all women to reevaluate their glucose status, particularly those with a family history of diabetes and more severe hyperglycemia. Arq Bras Endocrinol Metab. 2014;58(2):197-204
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