RESUMO
A atividade física acarreta diversas mudanças no sistema cardiovascular dos cães, dependendo das características do exercício realizado e do condicionamento físico do animal. Pouco se sabe sobre as alterações cardiovasculares causadas pelo treinamento de busca, resgate e salvamento. Objetivou-se, com este estudo, avaliar as respostas cardiovasculares após uma sessão desse tipo de treino, a fim de diferenciar essas alterações de casos de exaustão ou de alguma possível patologia. Foram utilizados nove cães saudáveis em treinamento de busca, resgate e salvamento há pelo menos um ano, sendo sete da raça Pastor Alemão e dois da raça Pastor Belga Malinois. Os cães foram submetidos a dois momentos de avaliação: M0 imediatamente antes do exercício e M1 imediatamente após um treinamento de 20 minutos. Em cada avaliação, foram realizados os exames eletrocardiográfico e ecocardiográfico e a aferição da pressão arterial sistólica sistêmica. Apenas a frequência cardíaca foi avaliada em três momentos, em M0, M1 e após cinco minutos do término da atividade física (M2). Os resultados obtidos indicam que o treinamento causa um aumento na demanda de oxigênio, provocando um aumento significativo no débito cardíaco, no volume ventricular esquerdo em diástole e no diâmetro da artéria aorta, assim como um aumento em um dos parâmetros de contratilidade cardíaca (movimento anular de mitral), sem causar prejuízo às funções cardíacas sistólicas e diastólicas. Os valores da FC imediatamente após e cinco minutos após o exercício foram similares aos valores basais. A PASS e os parâmetros eletrocardiográficos não se alteraram após o treinamento. Os achados encontrados indicam um bom desempenho cardíaco ao esforço físico dos cães de busca, resgate e salvamento, reduzindo-se as chances de má performance e de ocorrência de morte súbita causada pelo exercício, em resposta ao padrão da atividade realizada.
Palavras-chave:
cão de trabalho; ecocardiografia; eletrocardiografia; fisiologia do exercício; pressão arterial