Resumo
In June of 1997 the prevalence of antibodies to bluetongue virus was between 3.94 and 4.82% in 137 bovine serum samples from 12 herds in Paraiba State, Brazil. This is the first report of antibodies to bluetongue virus in Paraiba State herds.
Bovine; bluetongue; antibody
Bovine; bluetongue; antibody
Bovino; língua-azul; anticorpo
COMUNICAÇÃO
Communication
Anticorpos contra o vírus da língua azul em bovinos do sertão da Paraíba
(Antibodies to bluetongue virus in bovines of Paraíba State, Brazil)
C.B. Melo1, A.M. Oliveira2, E.O. Azevedo3, Z.I.P. Lobato1, R.C. Leite1
1Escola de Veterinária da UFMG
Caixa postal 567
30123-970 - Belo Horizonte, MG
2Laboratório de Referência Animal LARA / MAARA, Pedro Leopoldo MG.
3Universidade Federal da Paraíba Campus VII, DMV - CSTR, Patos PB.
Recebido para publicação em 14 de julho de 1999.
E-mail: cristo12@starmedia.com
A língua azul (LA) é uma enfermidade causada por um orbivírus, transmitido por mosquitos do gênero Culicoides, e infecta ruminantes domésticos e selvagens. A doença manifesta-se basicamente em ovinos, mas os bovinos podem eventualmente apresentar os sinais clínicos da enfermidade. Em bovinos, a sintomatologia pode se manifestar como aborto, teratogenia, febre, lesões ulcerativas na mucosa da língua, lábios, palato dental e focinho, claudicação ou até mesmo passar como uma infecção inaparente (Radostits et al., 1994).
A doença tem sido relatada em países de clima tropical e subtropical (Gibbs & Greiner, 1988). No Brasil, a LA foi primeiramente relatada por Silva (1978) que descreveu anticorpos contra o vírus da língua azul (VLA) em ovinos e bovinos no Estado de São Paulo. Trabalhos posteriores mostraram que o VLA está amplamente disseminado entre as várias espécies de ruminantes criadas no país (Moreira et al., 1980; Abreu, 1982; Abreu et al., 1984; Cunha et al., 1987; Castro et al., 1992). Entretanto, na região Nordeste do Brasil há apenas o relato de Brown et al. (1989), registrando anticorpos contra LA em um caprino no Ceará, e o de Melo et al. (1999), registrando anticorpos contra a LA em bovinos de Sergipe. Na Paraíba, a presença da língua azul nunca foi relatada em bovinos e nem em outras espécies de ruminantes. Este trabalho relata a prevalência de anticorpos precipitantes contra o VLA em bovinos do sertão da Paraíba.
Em junho de 1997 foram coletadas 137 amostras de soro bovino provenientes de três municípios do sertão da Paraíba (Tab. 1). Foram amostrados bezerros e animais adultos de aptidões leiteira e de corte, pertencentes a 12 rebanhos. Para a pesquisa de anticorpos contra o VLA, as amostras foram submetidas ao teste de imunodifusão em gel-ágar (IDGA), segundo OIE (1992), com antígeno [Antígeno Ames - partida 638102]e soro positivo padrões. O número mínimo de amostras de soro (n=96) foi determinado utilizando prevalência crítica de 50%, intervalo de confiança de 95% e margem de erro de 10% (Thrusfield, 1986).
Das 137 amostras testadas, apenas seis (4,38%) foram positivas e os animais pertenciam a duas propriedades, ambas no município de São José do Bomfim. Numa, de 15 animais, cinco foram positivas e na outra, de 14, uma foi positiva. Nos municípios de Patos e São Mamede, nenhum dos rebanhos apresentou soropositividade (Tab. 1). O intervalo de confiança para a prevalência de anticorpos precipitantes contra o VLA em bovinos no sertão da Paraíba, em junho de 1997, foi de 3,94% a 4,82%.
Esse resultado foi inferior aos encontrados por Moreira et al. (1980), Abreu (1982) e Melo et al. (1999). Moreira et al. (1980) encontraram 74% de soropositividade em bovinos dos estados de Minas Gerais e São Paulo e Abreu (1982) encontrou soropositividade que variou de 15,97% a 32,5% em bovinos de vários estados da Região Norte do Brasil. Melo et al. (1999), em bovinos de matadouro do Estado de Sergipe, encontraram 89% de soropositividade. No entanto, Cunha et al. (1987) encontraram 1,2% de soropositividade em bovinos do Rio Grande do Sul, taxa inferior à descrita neste trabalho.
A temperatura e a umidade do sertão dificultam a proliferação do mosquito, o que representa, provavelmente, a melhor explicação para a baixa prevalência de anticorpos encontrada. A presença do Culicoides sp. nunca foi registrada na região amostrada. A importação e o intenso trânsito de animais podem ter, provavelmente, contribuído para a presença do VLA em regiões nordestinas. Entretanto, maiores estudos devem ser realizados com o propósito de esclarecer a importância da doença nesses rebanhos, bem como a presença de mosquitos vetores no sertão da Paraíba.
Palavras-chave: Bovino, língua-azul, anticorpo
ABSTRACT
In June of 1997 the prevalence of antibodies to bluetongue virus was between 3.94 and 4.82% in 137 bovine serum samples from 12 herds in Paraiba State, Brazil. This is the first report of antibodies to bluetongue virus in Paraiba State herds.
Keywords: Bovine, bluetongue, antibody
Referências bibliográficas
- ABREU, V.L. Prevalęncia de bovídeos reagentes ŕ prova de imunodifusăo para a língua azul na regiăo norte do Brasil. Belo Horizonte: Escola de Veterinária da UFMG, 1982, 45p (Dissertaçăo, Mestrado).
- ABREU, V.L.V., GOUVEIA, A.M.G., MAGALHĂES, H.H. et al. Prevalęncia de anticorpos para língua azul em caprinos do Estado do Rio de Janeiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA VETERINÁRIA, 19, 1984, Belém, Anais... Belém: Soc. Bras. Med. Vet.. 1984. p.178.
- BROWN, C.C., OLANDER, H.J., CASTRO et al. Prevalence of antibodies in goats in north-eastern Brazil to selected viral and bacterial agents. Trop. Anim. Hlth. Prod, v.21, p.167-169, 1989.
- CASTRO, R.S., LEITE, R.C., ABREU, J.J. et al. Prevalence of antibodies to selected viruses in bovine embryo donors and recipients from Brazil, and its implication in international embryo trade. Trop. Anim. Hlth. Prod, v.24, p.173-176, 1992.
- CUNHA, R.G., SOUZA, D.M., PASSOS, W.S. Anticorpos para o vírus da língua azul em soros de bovinos do Estado de Săo Paulo e da regiăo Sul do País. Rev. Bras. Med. Vet, v.9, p.121-124, 1987.
- GIBBS, E.P., GREINER, E. Bluetongue and epizootic hemorragic disease. In: Monath, T.P. (ed) The arbovirus: epidemiology and ecology, vol II, Flórida: CRC Press inc. 1988, p 39-70.
- MELO, C.B., OLIVEIRA, A.M., CASTRO, R.S. et al. Anticorpos precipitantes contra o vírus da língua azul em bovinos de Sergipe. Cięnc. Vet. Trop., v.2, p.125-127, 1999.
- MOREIRA, E.C., SILVA, J.A., VIANA, F.C. et al. Teste de imunodifusăo para língua azul em alguns municípios do Brasil. In: ENCONTRO DE PESQUISA DA ESCOLA DE VETERINÁRIA DA UFMG, 9, 1980, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: Núcleo de Acessoramento ŕ Pesquisa, 1980.p.83.
- OIE, Manual of standards for diagnostic tests and vaccines. 2.ed. Paris: Office International des Epizooties, 1992. 783p.
- RADOSTITS, O M., BLOOD, D.C., GAY, C.C. Veterinary Medicine; a textbook of the diseases of cattle, sheep, pigs goats and horses. 8.ed. London: Bailliere Tindall, 1994. cap.21: Diseases caused by viruses and chlamydia I, p.1028-1033.
- SILVA, F.J.F. Estudos de ocorręncia da língua azul em Săo Paulo: Comissăo de estudos do Ministério da Agricultura, fev. 1978. Portaria Ministerial n.150 (relatório).
- THRUSFIELD, M. Veterinary epidemiology London: Buttereworths, 1986. cap.14, p.153-165.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
14 Ago 2000 -
Data do Fascículo
Fev 2000
Histórico
-
Recebido
14 Jul 1999