Open-access Dinâmica folicular ovariana em novilhas mestiças Holandês-Zebu

Ovarian follicular dynamics in crossbred Holstein-Zebu heifers

Resumos

O estudo do crescimento folicular ovariano foi realizado em 26 novilhas mestiças Holandês-Zebu, por meio de acompanhamento ultra-sonográfico diário a partir do dia do estro, por um ou dois ciclos estrais consecutivos. Foram medidos os diâmetros do maior e segundo maior folículos presentes em cada ovário, detectando-se predominância de ciclos com três ondas de crescimento folicular (58,3%) sobre ciclos com duas ondas (33,3%). O início das ondas foi detectado nos dias 0,4 e 9,7 para os ciclos com duas ondas e nos dias 0,4, 8,2 e 15,9 para os ciclos com três ondas de crescimento folicular. Os diâmetros máximos dos folículos dominantes nos ciclos de duas ondas foram de 12,7 e 13,3mm e de 12,2, 10,0 e 11,7mm para os ciclos com três ondas. Para os folículos subordinados, os diâmetros médios foram de 7,0mm, independente do número de ondas. As taxas de crescimento folicular foram de 1,1 e 1,0mm/dia, e as taxas de atresia foram de 1,1 e 1,2mm/dia para os folículos dominantes e subordinados, respectivamente. Um animal apresentou quatro ondas de crescimento folicular, enquanto dois animais apresentaram um ciclo estral com apenas uma onda folicular.

Bovino; onda folicular; folículo dominante


Twenty-six crossbred heifers were used to study daily ovarian follicular growth by ultrasonography from the estrus, for one or two consecutive estrous cycles. The follicle diameters of the first and second large follicles were determined for each ovary. The follicular dynamic in crossbred heifer was characterized by the predominance of three follicular waves (58.3%), over the two waves (33.3%). For cycles with three waves, the waves 1, 2 and 3 could be detected on days 0.4, 8.2 and 15.9 and for cycles with two waves, the waves 1 and 2 begun, on average, on days 0.4 and 9.7. The dominant follicle maximum diameters were 12.7 and 13.3mm, and 12.2, 10.0 and 11.7mm, in the estrous cycles with two and three waves, respectively. The maximum diameter reached by the second largest follicle (subordinate) was 7.0mm, in the estrous cycle with two or three follicular waves. The growth rates (mm/day) for dominant and subordinate follicles were 1.1 and 1.0, and the atresia rates were 1.1 and 1.2, respectively. One heifer exhibited four follicular waves, while two others presented just one follicular wave.

Bovine; follicular wave; dominant follicle


Dinâmica folicular ovariana em novilhas mestiças Holandês-Zebu

[Ovarian follicular dynamics in crossbred Holstein-Zebu heifers]

Á.M. Borges1, C.A.A. Torres2, J.R.M. Ruas3*, V.R. Rocha Júnior1, G.R. Carvalho2

1Aluno de Doutorado – Universidade Federal de Viçosa

2Universidade Federal de Viçosa

Av. PH Holfs, s/ no, Campus Universitário

36570-000 – Viçosa, MG

3Pesquisador da EPAMIG – Viçosa

Recebido para publicação, após modificações, em 28 de junho de 2001

RESUMO

O estudo do crescimento folicular ovariano foi realizado em 26 novilhas mestiças Holandês-Zebu, por meio de acompanhamento ultra-sonográfico diário a partir do dia do estro, por um ou dois ciclos estrais consecutivos. Foram medidos os diâmetros do maior e segundo maior folículos presentes em cada ovário, detectando-se predominância de ciclos com três ondas de crescimento folicular (58,3%) sobre ciclos com duas ondas (33,3%). O início das ondas foi detectado nos dias 0,4 e 9,7 para os ciclos com duas ondas e nos dias 0,4, 8,2 e 15,9 para os ciclos com três ondas de crescimento folicular. Os diâmetros máximos dos folículos dominantes nos ciclos de duas ondas foram de 12,7 e 13,3mm e de 12,2, 10,0 e 11,7mm para os ciclos com três ondas. Para os folículos subordinados, os diâmetros médios foram de 7,0mm, independente do número de ondas. As taxas de crescimento folicular foram de 1,1 e 1,0mm/dia, e as taxas de atresia foram de 1,1 e 1,2mm/dia para os folículos dominantes e subordinados, respectivamente. Um animal apresentou quatro ondas de crescimento folicular, enquanto dois animais apresentaram um ciclo estral com apenas uma onda folicular.

Palavras-chave: Bovino, onda folicular, folículo dominante

ABSTRACT

Twenty-six crossbred heifers were used to study daily ovarian follicular growth by ultrasonography from the estrus, for one or two consecutive estrous cycles. The follicle diameters of the first and second large follicles were determined for each ovary. The follicular dynamic in crossbred heifer was characterized by the predominance of three follicular waves (58.3%), over the two waves (33.3%). For cycles with three waves, the waves 1, 2 and 3 could be detected on days 0.4, 8.2 and 15.9 and for cycles with two waves, the waves 1 and 2 begun, on average, on days 0.4 and 9.7. The dominant follicle maximum diameters were 12.7 and 13.3mm, and 12.2, 10.0 and 11.7mm, in the estrous cycles with two and three waves, respectively. The maximum diameter reached by the second largest follicle (subordinate) was 7.0mm, in the estrous cycle with two or three follicular waves. The growth rates (mm/day) for dominant and subordinate follicles were 1.1 and 1.0, and the atresia rates were 1.1 and 1.2, respectively. One heifer exhibited four follicular waves, while two others presented just one follicular wave.

Keywords: Bovine, follicular wave, dominant follicle

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos a ultra-sonografia transretal tem sido freqüentemente utilizada nos estudos do crescimento e regressão de estruturas ovarianas de bovinos. As informações obtidas sobre o desenvolvimento folicular são importantes para o entendimento das particularidades da fisiologia reprodutiva, de maneira que possam ser usadas para melhorar o desempenho reprodutivo dos animais.

O acompanhamento diário das estruturas ovarianas por ultra-sonografia tem mostrado que os bovinos apresentam ondas de crescimento folicular durante o ciclo estral. Vacas e novilhas podem ter duas (Figueiredo et al., 1995) ou três (Sirois & Fortune, 1988) ondas por ciclo, com um folículo tornando-se dominante em cada uma delas. Por isso, uma população de pequenos, médios e grandes folículos é encontrada em cada ovário, durante todos os dias do ciclo estral.

O número de ondas parece estar associado com o comprimento do ciclo e com a duração da fase luteínica (Fortune, 1994). As ondas de crescimento folicular podem ser detectadas nos dias 0 e 9 ou 0, 9 e 16 para os ciclos com duas ou três ondas, respectivamente (Kastelic, 1994), e é composta por um folículo dominante e seus subordinados.

O folículo dominante normalmente cresce por cerca de seis dias e, ao atingir seu diâmetro máximo, persiste estático por alguns dias e inicia sua regressão ou ovula, caso seja o folículo dominante da última onda (Ginther et al., 1989).

A maioria dos trabalhos publicada caracteriza a dinâmica folicular de animais das raças européias e zebuínas. Todavia, poucos são realizados com animais mestiços. Por isso, a proposta deste estudo foi o de caracterizar a dinâmica folicular ovariana de novilhas mestiças Holandês-Zebu, durante o ciclo estral natural.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa, no período de setembro de 1997 a fevereiro de 1998.

Vinte e seis novilhas mestiças Holandês-Zebu, de condição corporal boa ou muito boa, com escores 4 ou 5 (1 = muito magra, 5 = muito gorda), peso vivo acima de 300kg, ciclando regularmente, previamente submetidas a exame ginecológico por meio de palpação retal e vaginoscopia, vermifugadas (Aldazol Co – Vallée) e vacinadas contra leptospirose, foram mantidas confinadas em currais onde recebiam feno de coast-cross triturado (7kg/animal/dia) e concentrado (3kg/animal/dia), durante todo o período experimental. Uma mistura mineral (Fosbovi 30 – Tortuga) foi fornecida à vontade na proporção de 1kg para cada kg de sal, e a água esteve disponível em bebedouros instalados nos currais. Para detecção de cio os animais foram observados diariamente, pela manhã e à tarde, com o auxílio de rufião.

Os exames ultra-sonográficos foram realizados por via transretal utilizando-se um aparelho portátil da marca ALOKA, modelo SSD-500, acoplado a um transdutor linear de 5MHz. Efetuaram-se medições diárias a partir do estro por um ou dois períodos interovulatórios, total de 36 períodos, registrando-se os diâmetros máximos do maior e do segundo maior folículos presentes em cada ovário. Os valores foram tabulados para representação gráfica da dinâmica folicular dos animais.

Os intervalos estral e ovulatório (dias) foram definidos como o número de dias entre dois estros ou duas ovulações consecutivas, caracterizados pelo desaparecimento do folículo de maior diâmetro e pela formação do corpo lúteo (Rhodes et al., 1995).

A emergência da onda folicular foi estabelecida como o primeiro dia em que se encontrou um folículo com diâmetro entre 4 e 5mm. Cada onda foi dividida em fases de crescimento, estática e de regressão. Considerou-se como fase de crescimento o período entre o dia de detecção do folículo e o dia de término do seu crescimento. Como fase estática, o período entre o último dia de crescimento e o dia de início de redução do diâmetro do folículo, e como fase de regressão, o período entre o último dia do diâmetro estático até atingir o diâmetro inicial de 4 ou 5mm (Ginther et al., 1989).

O folículo dominante (FD) de cada onda foi o de maior diâmetro e excedeu o diâmetro de todos os outros folículos da onda. Considerou-se apenas um folículo subordinado em cada onda, classificado como um dos que apareceram simultaneamente ao folículo dominante, porém de diâmetro imediatamente inferior ao FD e superior aos demais folículos, além de menor persistência.

Os diâmetros dos folículos dominante e subordinado foram medidos pela maior distância (mm) entre dois pontos da cavidade antral dos folículos a partir de 4mm. Quando o folículo atingiu seu diâmetro máximo, obteve-se a duração (dias) e calculou-se a taxa de crescimento (mm/dia) pela diferença entre os diâmetros final e inicial, dividido pelo número de dias. Similarmente, obtiveram-se a duração (dias) e a taxa de atresia ou de regressão, definida como a diferença dos diâmetros atribuída à redução diária nas medidas foliculares (mm) até um valor entre 4 e 5mm.

A duração da onda de crescimento folicular correspondeu ao número de dias entre sua emergência e a regressão do folículo dominante até o diâmetro de 4 ou 5 mm. O dia da divergência folicular foi definido como o dia em que os folículos dominante e subordinado diferiram (continuar crescendo ou regredir) em suas curvas de crescimento.

Na análise estatística utilizou-se o programa SAEG 7.0, aplicando-se análise de variância, a fim de verificar possíveis diferenças entre as variáveis estudadas. Quando presentes, as diferenças foram testadas utilizando-se o teste de médias de Student Newman Keuls (SNK).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A dinâmica folicular em novilhas mestiças Holandês-Zebu foi caracterizada pela ocorrência de duas ou três ondas de crescimento folicular, com predominância de ciclos com três ondas (21 ciclos estrais; 58,3%; Fig. 1) em relação aos ciclos de duas ondas (12 ciclos estrais; 33,3%; Fig. 2). Duas novilhas exibiram apenas uma onda de crescimento (5,6%; Fig. 3), enquanto outra exibiu quatro ondas (2,8%; Fig. 4).





Os padrões de crescimento folicular encontrados são semelhantes aos relatados para raças européias e zebuínas, com predominância de duas (Pierson & Ginther,1988; Figueiredo et al., 1995) e três ondas foliculares (Ginther et al., 1989; BO et al., 1993). Os ciclos com uma e quatro ondas foliculares raramente são observados (Sirois & Fortune, 1988).

Onze novilhas foram acompanhadas por dois ciclos estrais consecutivos e a maioria (72,7%; n=8) apresentou o mesmo padrão de crescimento folicular no primeiro e segundo ciclos (seis animais repetiram o padrão de três ondas e dois animais o padrão de duas ondas), e apenas dois animais variaram o número de ondas de um ciclo para outro (um animal mostrou duas e três ondas, enquanto o outro mostrou três e duas ondas foliculares, respectivamente, para o primeiro e segundo ciclos). Essa variação no padrão de desenvolvimento folicular ocorrida no mesmo animal também foi encontrada por Knopf et al. (1989) e Figueiredo et al. (1997), porém suas causas não estão bem esclarecidas (Lucy et al., 1992).

O número de ondas por ciclo parece estar associado com a duração do ciclo estral e com a duração da fase luteínica (Fortune,1993). Isto pode ser demonstrado pelo surgimento de novas ondas de crescimento folicular quando se prolonga a fase luteínica pela administração de progesterona exógena (Fortune et al., 1991). O folículo dominante presente na fase em que ocorre a luteólise torna-se ovulatório.

Algumas características das ondas de crescimento folicular de novilhas mestiças são apresentadas na Tab. 1.

A duração média dos períodos interestrais e interovulatórios das novilhas apresentou menores valores (P<0,05) para ciclos com duas ondas, quando comparado com ciclos com três ondas de crescimento folicular. Dados semelhantes foram encontrados por Ginther et al. (1989).

Os dias de detecção da primeira e da segunda onda foram 0,4±0,7 e 9,7±1,6, respectivamente, para os ciclos de duas ondas de crescimento folicular, semelhante aos resultados de Ginther et al. (1989), que detectaram o surgimento das ondas nos dias 0,2±0,1 e 9,6±0,2 em novilhas da raça Holandesa. Contudo, ocorreu mais precocemente que o relatado em novilhas da raça Nelore, dias 1,5±0,2 e 12,0±0,9 (Figueiredo et al., 1997). A duração da primeira onda folicular foi maior que a encontrada por Figueiredo et al. (1997) na raça Nelore (14,8±0,7 dias) e por Sávio et al. (1988) em animais mestiços Holandês x Hereford (14,3±2,9 dias). Em todos os trabalhos, a primeira onda foi significativamente mais prolongada que a segunda.

A duração da primeira onda folicular não diferiu nos ciclos de duas ou de três ondas. A onda de ocorrência da ovulação sempre foi mais curta que as demais, porém mais longa nas novilhas que apresentaram duas ondas de crescimento folicular (Tab. 1).

Para os animais com três ondas de crescimento folicular, elas foram detectadas próximas aos dias 0, 9 e 16 relatados por Kastelic (1994), e as durações de cada onda bem próximas às relatadas por Figueiredo et al. (1997) na raça Nelore, de 13,0±0,7, 11,5±0,4 e 6,9±0,5. A duração da terceira onda correspondeu aos 6,1±0,7 dias de novilhas da subespécie Bos taurus taurus (SAVIO et al., 1988).

As características dos folículos dominantes de animais com padrão de duas e três ondas são apresentadas na Tab. 2.

O diâmetro máximo dos folículos dominantes observados em novilhas mestiças foram semelhantes aos de novilhas da raça Nelore (9,4 ± 0,3 a 12,1 ± 0,3mm; Figueiredo et al., 1997) e inferiores aos de animais da subespécie Bos taurus taurus (13 a 18mm; Ginther et al., 1989). O maior diâmetro foi alcançado nos dias 7,4 e 18,0 para os ciclos com duas ondas e nos dias 6,1, 13,8 e 21,3 para os ciclos de três ondas de crescimento folicular.

A duração do crescimento do folículo ovulatório nos ciclos de duas ondas foi superior aos de novilhas da raça Nelore e da subespécie Bos taurus taurus (8,7±0,7 e 7,5±1,2 dias; Figueiredo et al., 1997 e Savio et al., 1988, respectivamente) e inferior aos 10,9±0,4 encontrado por Ginther et al. (1989). Para os ciclos de três ondas, o valor foi inferior ao de novilhas Nelore (7,0±0,5 dias) e semelhante aos de animais Bos taurus taurus (5,9±0,3dias).

A taxa de crescimento dos folículos dominantes variou de 1,0 a 1,4 mm/dia, valores que se aproximam dos de animais da raça Nelore (0,9 mm/dia; Figueiredo et al., 1997) e inferiores aos de animais taurinos, cuja variação foi de 1,4mm/dia (Knopf et al., 1989) a 5,5mm/dia (Savio et al.,1988). Essa menor taxa de crescimento folicular para os animais mestiços Holandês-Zebu resulta em menor diâmetro de seus folículos dominantes em relação aos de animais de raças taurinas. O folículo dominante da segunda onda (10,0±1,4mm) foi menor que o da primeira (12,2±3,6mm) e terceira (11,8±1,3mm) ondas (P<0,05).

Uma possível explicação para a diferença nos diâmetros foliculares é a concentração plasmática de progesterona, na qual a primeira onda folicular coincide com a baixa concentração (corpo lúteo em formação), insuficiente para efetuar um feedback negativo hipotalâmico-hipofisário satisfatório que impeça a liberação de hormônio luteinizante (LH) (a concentração de hormônio folículo estimulante é modulada pelo estradiol e inibina secretados pelo folículo dominante; Adams et al., 1992), permitindo, assim, o crescimento folicular. Pulsos de baixa freqüência de LH (entre 2 e 3ng/ml), observados durante a fase lútea do ciclo estral, determinam a regressão do folículo dominante e o início de novas ondas foliculares (Sávio et al., 1992). A segunda onda inicia-se na presença de um corpo lúteo totalmente formado e que secreta elevada concentração de progesterona, suficiente para inibir a liberação de LH. A terceira onda coincide com a redução da secreção de progesterona pelo corpo lúteo e pelo aumento de estradiol, resultando no aumento da secreção de LH (2 a 4ng/ml até o pico de 30 a 35ng/ml) e retornando ao nível basal dentro de 10 a 12 horas. Nessa fase verificam-se rápido crescimento folicular e ovulação.

As características dos folículos subordinados de animais com padrão de duas e três ondas de crescimento folicular são apresentadas na Tab. 3. Os folículos subordinados atingem diâmetro menor que os folículos dominantes, independentemente do número de ondas foliculares. O diâmetro máximo dos folículos subordinados variou de 6,2 a 7,1mm e se aproxima daqueles encontrados em animais das raças Nelore (Figueiredo et al., 1997) e Holandesa (Fortune, 1994).

O menor crescimento dos folículos subordinados possivelmente se deveu à inibição exercida pelo folículo dominante, via insuficiente aporte de gonadotrofinas (Driancourt, 1991). Essa inibição pode ser feita de forma passiva (redução nas concentrações plasmáticas de FSH) e ativa (redução da sensibilidade ao FSH). O estradiol e a inibina produzidos pelas células da granulosa do folículo dominante reduzem a liberação de FSH a um limiar insuficiente para manter o desenvolvimento dos folículos subordinados. Além disso, o folículo dominante produz fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-I), ativina e TGFb que o torna mais sensível à menor concentração de FSH, o que possibilita crescimento continuado, mesmo com baixa concentração hormonal (Adams et al., 1992; Fortune, 1994). Também, o folículo dominante parece mudar sua dependência gonadotrófica do FSH para o LH por meio da síntese de receptores para este hormônio, além da provável alteração na expressão da enzima aromatase (Ginther et al., 1996). Entretanto, a atividade autócrina do folículo subordinado (produção de EGF, FGF e TGF-a) impossibilita-o de crescer sob baixa concentração de FSH, tornando-o atrésico (Driancourt, 1991).

O diâmetro máximo do folículo ovulatório (13,3 ± 1,4mm) não foi diferente do diâmetro do folículo dominante da primeira onda (12,7 ± 1,8mm) para ciclos com duas ondas de crescimento folicular. Todavia, para ciclos com três ondas, o diâmetro do folículo ovulatório (11,8 ± 1,3mm) diferiu do folículo da segunda onda (10,0 ± 1,4mm), mas não quanto ao da primeira onda (12,2 ± 3,6mm) de crescimento folicular. O folículo ovulatório atingiu diâmetro máximo mais rapidamente nos ciclos com duas ondas e, como conseqüência, os intervalos estral e interovulatório foram mais curtos nestes animais (Tab. 1).

A atresia dos folículos subordinados ocorreu, em média, de 3 a 5 dias após a emergência da onda, como verificado por Ginther et al. (1989). As taxas de crescimento e atresia não diferiram entre os folículos dominantes e subordinados dos ciclos com duas ou três ondas de crescimento folicular (Tab. 2 e 3), confirmando os resultados de Figueiredo et al. (1997).

A divergência folicular, ou seja, o momento em que ocorre a mudança nas taxas de crescimento entre os folículos dominante e subordinado (Ginther et al., 1996), está representada na Fig. 5. O dia da divergência folicular não variou entre os ciclos com duas ou três ondas de crescimento folicular e ocorreu, em média, quatro dias após a emergência dos folículos.


Um animal apresentou quatro ondas foliculares em um ciclo estral de 36 dias, com o surgimento das ondas em intervalos médios de nove dias. Os diâmetros máximos dos folículos dominantes de cada onda foram de 14, 11, 12 e 14mm e encontrados nos dias 10, 17, 28 e 36 após a ovulação (Fig. 4). O maior número de ondas foliculares durante o ciclo estral pode ter acontecido em função da maior duração de seu ciclo estral (fase luteal longa), permitindo, assim, o surgimento de nova onda, tal como acontece ao se administrar progesterona exógena ao animal (Fortune et al., 1991).

CONCLUSÕES

A dinâmica folicular de novilhas mestiças Holandês-Zebu possui perfil semelhante ao de animais de raças zebuínas e taurinas, sendo caracterizada por duas ou três ondas de crescimento folicular. A freqüência de ciclos estrais com uma e quatro ondas foliculares também é baixa em animais cruzados.

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    Autor para correspondência
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      18 Jun 2002
    • Data do Fascículo
      Out 2001

    Histórico

    • Recebido
      28 Jun 2001
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