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Compacidade-espraiamento e padrões de crescimento urbano: abordagem por métricas espaciais

Compactness-sprawl and urban growth patterns: a spatial metrics approach

Resumo

A expansão desordenada das cidades é um desafio global que afeta o desenvolvimento urbano. Neste estudo, é analisado o crescimento urbano em uma cidade média durante cinco décadas, com enfoque na forma urbana e aplicação de mais de 20 métricas espaciais associadas à mensuração da geometria da expansão físico-territorial no ambiente construído. Os padrões de crescimento são analisados à luz do fenômeno espraiamento urbano e sob a perspectiva da teoria de Difusão-Coalescência. São discutidas as limitações inerentes às métricas existentes, assim como elencadas alternativas que as superam por mensuração das propriedades de Compacidade, Fragmentação, Complexidade e Dispersão concomitantemente. Os resultados demonstraram a ocorrência de fases distintas no crescimento urbano ao longo das décadas: Difusão de uma forma inicialmente compacta em partes menores nas periferias; e Transição para crescimento com agrupamento dessas partes, elevando a compacidade. Essa oscilação sugere aderência à teoria da Difusão-Coalescência, com ocorrência de espraiamento urbano (entre 1966 e 1976) seguida de aumento da compacidade nas décadas subsequentes (1976-2006). Após 2006 os resultados são ambíguos, possivelmente associados a fatores intervenientes de planejamento. A discussão dos resultados destaca a relevância da quantificação do crescimento urbano por meio de métricas, e traz conceitos importantes atualmente limitados à literatura internacional.

Palavras-chave:
Métricas espaciais; Crescimento urbano; Espraiamento urbano; Difusão-coalescência

Abstract

The disorderly expansion of cities is a global challenge that impacts urban development. In this paper, we analyse the urban growth in a medium-sized city over five decades, focusing on urban form and employing more than 20 spatial metrics associated with the geometry of physical-territorial expansion in the built environment. We examine the growth patterns in the context of the urban sprawl phenomenon and the Diffusion-Coalescence theory perspective. We discuss the inherent limitations of existing metrics and raise alternatives that simultaneously address the properties of Compactness, Fragmentation, Complexity, and Dispersion. The results reveal distinct phases in urban growth over the decades, from diffusion of an initially compact form into smaller parts on the periphery; to a transition towards more compact growth. This oscillation suggests adherence to the Diffusion-Coalescence theory, with urban sprawl occurring between 1966 and 1976, followed by increased compactness in subsequent decades (1976-2006). After 2006, the results became ambiguous, possibly due to intervening planning factors. The discussion of the findings underscores the importance of quantifying urban growth using metrics and introduces concepts that have been hitherto limited to international literature.

Keywords:
Spatial metrics; Urban growth; Urban sprawl; Coalescence-diffusion

Introdução

Atualmente, mais da metade da população mundial vive em cidades e, nas últimas décadas, foram observados declínios nas densidades urbanas, com a expansão territorial superando o crescimento populacional. Estudos realizados em centenas de cidades do mundo evidenciam um predomínio de expansão físico-territorial com menores densidades populacionais (Seto; Guneralp; Hutyra, 2012SETO, K. C.; GUNERALP, B.; HUTYRA, L. R. Global forecasts of urban expansion to 2030 and direct impacts on biodiversity and carbon pools. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 109, n. 40, p. 16083-16088, 2012.; Mahtta; Mahendra; Seto, 2019MAHTTA, R.; MAHENDRA, A.; SETO, K. Building up or spreading out? Typologies of urban growth across 478 cities of 1 million+. Environmental Research Letters, v. 14, 124077, 2019.; Chakraborty et al., 2022CHAKRABORTY, S. et al. In pursuit of sustainability: spatio-temporal pathways of urban growth patterns in the world's largest megacities. Cities, v. 131, 103919, 2022b.a; Novotný; Chakraborty; Maity, 2022NOVOTNÝ, J., CHAKRABORTY, S., MAITY, I. Urban expansion of the 43 worlds’ largest megacities: A search for unified macro-patterns. Habitat International, v. 129, 102676, 2022.), mais intenso em cidades de países menos desenvolvidos, onde a população urbana dobrou entre 1990 e 2015, mas suas áreas urbanizadas se expandiram na proporção de 3,5 vezes (Angel et al., 2016ANGEL, S. et al. (org.). Atlas of urban expansion: the 2016 edition volume 1 areas and densities. New York: Lincoln Institute of Land Policy, 2016.).

O termo espraiamento urbano (urban sprawl) é frequentemente empregado na descrição desse fenômeno - embora ambíguo, sem consenso e definição universal (Chettry, 2023CHETTRY, V. A critical review of urban sprawl studies. Journal of Geovisualization and Spatial Analysis, v. 7, n. 28, p. 1-13, 2023.) -, sendo associado a baixas densidades populacionais e expansão urbana difusa. Via de regra, esses processos exigem maiores extensões de solo cultivável ou natural (Novotný; Chakraborty; Maity, 2022NOVOTNÝ, J., CHAKRABORTY, S., MAITY, I. Urban expansion of the 43 worlds’ largest megacities: A search for unified macro-patterns. Habitat International, v. 129, 102676, 2022.), à medida que a infraestrutura preexistente permanece subutilizada, resultando em maior consumo de combustíveis fósseis, emissão de gases de efeito estufa e aumento da poluição do ar (Ewing, 2008EWING, R. H. Characteristics, causes, and effects of sprawl: a literature review. In: MARZLUFF, J. et al. (ed.). Urban ecology. Berlin: Springer, 2008.; Frenkel; Ashkenazi, 2008FRENKEL, A.; ASHKENAZI, M. Measuring urban sprawl: how can we deal with it? Environment and Planning B-Planning & Design, v. 35, n. 1, p. 56-79, 2008.; Mahendra; Seto, 2019MAHENDRA, A.; SETO, K. C. Upward and outward growth: managing urban expansion for more equitable cities in the global south. World Resources Institute. Washington, 2019. Disponível em: Disponível em: https://files.wri.org/d8/s3fs-public/upward-outward-growth_2.pdf . Acesso em: 15 dez. 2020.
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), degradação e poluição do solo (Güneralp; Perlstein; Seto, 2015GÜNERALP, B.; PERLSTEIN, A.; SETO, K. Balancing urban growth and ecological conservation: a challenge for planning and governance in China. Ambio, v. 44, p. 532-543, 2015.; Güneralp et al., 2020) e degeneração das funções ecossistêmicas (Jaeger et al., 2010JAEGER, J. A. G. et al. Suitability criteria for measures of urban sprawl. Ecological Indicators, v. 10, p. 397-406, 2010.; Jia et al., 2020JIA, M. et al. Public policy change and its impact on urban expansion: an evaluation of 265 cities in China. Land Use Policy, v. 97, p. 1-14, 2020.), impulsionando as mudanças climáticas globais (Oke, 1989OKE, T. R. The micrometeorology of the urban forest. Philosophical Transactions of the Royal Society of London. Series B, Biological Sciences, v. 324, n. 1223, p. 335-349, 1989.; Rockström et al., 2009ROCKSTRÖM, J. et al. A safe operating space for humanity. Nature, v. 461, p. 472-475, 2009.; Gunawardena; Wells; Kershaw, 2017GUNAWARDENA, K. R.; WELLS, M. J.; KERSHAW, T. Utilising green and bluespace to mitigate urban heat island intensity. Science of The Total Environment, v. 584-585, p. 1040-1055, 2017.).

Por outro lado, um modelo de crescimento urbano mais compacto, que prioriza o preenchimento de vazios urbanos (conhecido como infill), pode ajudar a mitigar a conversão de áreas naturais ou seminaturais em áreas urbanizadas, aproveitando melhor o espaço urbano disponível (Güneralp et al., 2020GÜNERALP, G. et al. Trends in urban land expansion, density, and land transitions from 1970 to 2010: a global synthesis. Environmental Research Letters, v. 15, n. 4, 044015, 2020.; Chakraborty et al., 2022aCHAKRABORTY, S. et al. Building in or out? Examining urban expansion patterns and land use efficiency across the global sample of 466 cities with million+ inhabitants. Habitat International, v. 120, 102503, 2022a. , 2022bCHAKRABORTY, S. et al. In pursuit of sustainability: spatio-temporal pathways of urban growth patterns in the world's largest megacities. Cities, v. 131, 103919, 2022b.). Quando planejada adequadamente, uma cidade mais compacta pode reduzir a dependência do transporte individual motorizado, favorecendo o uso do transporte público e dos modos ativos na mobilidade urbana (Souza et al., 2020SOUZA, A. C. da S. et al. Isovistas aplicadas à localização de unidades de informação para mobilidade de pedestres. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 20, n. 4, p. 407-421, out./dez. 2020.).

No entanto, apesar da importância dos temas compacidade e espraiamento urbano, análises quantitativas detalhadas sobre a geometria da forma urbana ainda são escassas. Métodos quantitativos de classificação ou análise da configuração urbana surgiram mais recentemente, representados por métricas espaciais que descrevem características físicas da paisagem urbana (Huang; Lu; Sellers, 2007HUANG, J.; LU, X. X.; SELLERS, J. A global comparative analysis of urban form: applying spatial metrics and remote sensing. Landscape and Urban Planning, v. 82, p. 184-197, 2007.). Nesse contexto, “configuração urbana” refere-se à geometria e à composição do ambiente urbano construído, incluindo suas características físico-territoriais e heterogeneidade - em que espraiamento urbano é associado a formas complexas, dispersas, fragmentadas e menos compactas, bem como a usos do solo segregados e homogêneos (Frenkel; Ashkenazi, 2008FRENKEL, A.; ASHKENAZI, M. Measuring urban sprawl: how can we deal with it? Environment and Planning B-Planning & Design, v. 35, n. 1, p. 56-79, 2008.).

Neste estudo, foram utilizadas métricas espaciais disponíveis na literatura e compatíveis com dados espaciais vetoriais, com foco na Compacidade como uma propriedade geométrica relacionada a outras três: Fragmentação, Complexidade e Dispersão. Essas métricas foram aplicadas a cenários representativos do crescimento físico-territorial urbano observado em uma cidade de porte médio do interior paulista (Araraquara), ao longo de aproximadamente cinco décadas. Os resultados foram organizados por propriedade geométrica analisada, com o objetivo de identificar tendências e relações significativas, buscando distinguir a incidência do fenômeno do espraiamento urbano1 1 Nesse sentido, Araraquara é um objeto de estudo relevante pois já foi demonstrado em pesquisas anteriores que a cidade passou por uma transição de padrões mais compactos para formas urbanas mais espraiadas no decorrer de seu crescimento urbano (Peres, 2012; Gonçalves, 2022). Todavia, o uso de métricas espaciais como indicadores, nesta cidade, ainda não foi realizado com o aprofundamento aqui proposto. .

Não obstante as motivações inerentes ao espraiamento urbano, que podem ser sociais, econômicas, de governança e planejamento, etc. (Chettry, 2023CHETTRY, V. A critical review of urban sprawl studies. Journal of Geovisualization and Spatial Analysis, v. 7, n. 28, p. 1-13, 2023.) - excedendo o escopo deste estudo -, a aplicação de métricas espaciais oferece potencial para caracterizar esse fenômeno. Pode, também, auxiliar na compreensão da teoria de Difusão-Coalescência de Dietzel et al. (2005DIETZEL, C. et al. Diffusion and coalescence of the Houston Metropolitan Area: evidence supporting a new urban theory. Environment and Planning B: Planning and Design, v. 32, p. 231-246, 2005.). Essa teoria descreve dois processos cíclicos no crescimento urbano:

  1. o crescimento de uma mancha urbana inicialmente compacta por meio da difusão de manchas secundárias ou pela criação de novas centralidades urbanas mais afastadas; e

  2. paralelamente a esse processo de difusão, ocorre o crescimento orgânico no entorno das manchas secundárias ou das centralidades mais afastadas, resultando em seu adensamento e preenchimento de vazios urbanos (coalescência) e, por fim, em um ambiente urbano construído mais compacto.

Deste modo, as análises aqui alçadas - escassas e geralmente restritas, principalmente, à literatura internacional - são uma contribuição relevante, pois os próprios autores dessa teoria reconhecem a importância de testá-la em outros contextos.

Configurações urbanas e métricas espaciais

Segundo Herold, Goldstein e Clarke (2003HEROLD, M.; GOLDSTEIN, N.; CLARKE, K. The spatiotemporal form of urban growth: measurement, analysis and modeling. Remote Sensing of Environment, v. 86, n. 3, p. 286-302, 2003.), assim como Aguilera, Valenzuela e Botequilha-Leitão (2011AGUILERA, F.; VALENZUELA, L. M.; BOTEQUILHA-LEITAO. Landscape metrics in the analysis of urban land use patterns: a case study in a Spanish metropolitan area. Landscape and Urban Planning, v. 99, n. 3/4, p. 226-238, 2011.), o termo “métrica da paisagem” é explicitamente relacionado a funções ecológicas, à medida que o termo “métrica espacial” está mais associado à caracterização de formas urbanas, inclusive por meio da aplicação de métricas da paisagem. As métricas espaciais são medidas quantitativas e agregadas, derivadas de análises de mapas temáticos categóricos, que representam a heterogeneidade espacial em uma escala específica, e proporcionam um resumo descritivo das partes constituintes e características do ambiente urbano construído (Herold; Goldstein; Clarke, 2003).

Baseadas nas propriedades geométricas de Compacidade, Fragmentação, Complexidade e Dispersão, e aplicáveis às múltiplas partes que compõem o ambiente construído, as métricas espaciais são ferramentas úteis para mensuração dos processos de crescimento urbano, e muito relevantes para planejadores que buscam melhor compreender e caracterizar esses processos e suas consequências (Aguilera; Valenzuela; Botequilha-Leitão, 2011AGUILERA, F.; VALENZUELA, L. M.; BOTEQUILHA-LEITAO. Landscape metrics in the analysis of urban land use patterns: a case study in a Spanish metropolitan area. Landscape and Urban Planning, v. 99, n. 3/4, p. 226-238, 2011.; Sun et al., 2013SUN, C. et al. Quantifying different types of urban growth and the change dynamic in Guangzhou using multi-temporal remote sensing data. International Journal of Applied Earth Observation and Geoinformation, v. 21, p. 409-417, 2013.), além de descrever quantitativamente a configuração urbana em relação a propriedades espaciais inerentes à manifestação do fenômeno espraiamento urbano.

Compacidade representa uma das propriedades mais importantes de uma forma (Angel; Parent; Civco, 2010ANGEL, S.; PARENT, J.; CIVCO, D. L. Ten compactness properties of circles: measuring shape in geography. The Canadian Geographer, v. 54, n. 4, p. 441-461, 2010.; Li; Goodchild; Church, 2013LI, W.; GOODCHILD, M.; CHURCH, R. An efficient measure of compactness for two-dimensional shapes and its application in regionalization problems. International Journal of Geographical Information Science, v. 27, p. 1227-1250, 2013.). Na geometria, a forma de um círculo é usada como referência, pois é considerada a mais compacta possível. A compacidade geométrica pode ser definida como uma medida que indica o quão diferente uma forma é em relação a um círculo perfeito. Duas abordagens principais (Wirth, 2004WIRTH, M. A. Shape analysis & measurement. department of computing and information science. University of Guelph, 2004. Disponível em: Disponível em: http://www.cyto.purdue.edu/cdroms/micro2/content/education/wirth10.pdf . Acesso em: 19 jun. 2020.
http://www.cyto.purdue.edu/cdroms/micro2...
) são usadas para analisar e classificar formas:

  1. convexidade: essa abordagem avalia o quão irregular é o perímetro de uma forma em comparação com uma forma convexa. Uma forma convexa é aquela em que qualquer par de pontos dentro dela possui uma linha reta que está contida na forma. Convexidade considera as irregularidades do perímetro; e

  2. circularidade: a circularidade quantifica o quão similar uma forma é a um círculo perfeito, considerando a diferença relativa entre a forma e sua região convexa delimitada por um Menor Círculo Envolvente (MEC). Circularidade não considera as irregularidades do perímetro.

Assim, formas mais irregulares (Complexidade) ou com presença de vazios intersticiais (porosas), são consideradas menos compactas. A mesma lógica pode ser aplicada para formas compostas por múltiplas partes (Fragmentação), em que a relação entre os somatórios dos perímetros de partes diversas, ou a ocorrências de espaços vazios entre estes fragmentos (Dispersão), implicam menores valores de Compacidade, como mostrado na Figura 1.

Fragmentação representa a divisão de uma classe em várias partes (Malinverni, 2011MALINVERNI, E. Change detection applying landscape metrics on high remote sensing images. Photogrammetric Engineering & Remote Sensing, v. 77, 2011.). Em um contexto de crescimento urbano, fragmentação retrata o grau de desagregação das partes constituintes. Isso se manifesta por meio de manchas urbanas imbricadas a usos não-urbanos do solo (Schneider; Woodcock, 2008SCHNEIDER, A.; WOODCOCK, C. E. Compact, dispersed, fragmented, extensive? A comparison of urban growth in twenty-five global cities using remotely sensed data, pattern metrics and census information. Urban Studies, v. 45, n. 3, p. 659-692, 2008.), como áreas naturais, cultiváveis e agropastoris, por exemplo.

Complexidade descreve a irregularidade da forma de uma mancha urbana (Huang; Lu; Sellers, 2007HUANG, J.; LU, X. X.; SELLERS, J. A global comparative analysis of urban form: applying spatial metrics and remote sensing. Landscape and Urban Planning, v. 82, p. 184-197, 2007.), por meio de relações entre área e perímetro (Malinverni, 2011MALINVERNI, E. Change detection applying landscape metrics on high remote sensing images. Photogrammetric Engineering & Remote Sensing, v. 77, 2011.). Além disso, duas formas podem ter diferentes graus de fragmentação e complexidade (Saura; Carballal, 2004SAURA, S.; CARBALLAL, P. Discrimination of native and exotic forest patterns through shape irregularity indices: An analysis in the landscapes of Galicia, Spain. Landscape Ecology, v. 19, p. 647-662, 2004.). Na Figura 2 são ilustradas duas formas, sendo a da esquerda mais fragmentada e menos complexa; e a da direita mais complexa, porém menos fragmentada.

Dispersão representa o distanciamento entre as múltiplas partes que compõem o ambiente urbano construído, e descreve a proximidade entre as manchas secundárias e a mancha principal (geralmente o núcleo urbanizado) ao nível do ambiente urbano construído como um todo - escala macro (Schneider; Woodcock, 2008SCHNEIDER, A.; WOODCOCK, C. E. Compact, dispersed, fragmented, extensive? A comparison of urban growth in twenty-five global cities using remotely sensed data, pattern metrics and census information. Urban Studies, v. 45, n. 3, p. 659-692, 2008.). Na Figura 3 são ilustrados diferentes níveis de dispersão.

Considerando que os padrões de crescimento físico-territorial associados ao espraiamento urbano envolvem aumentos na Dispersão, Fragmentação (aumento de partes/manchas urbanas mais periféricas) e Complexidade (agrupamentos de forma não-contígua, especialmente nas periferias), impactando diretamente nas medidas de Compacidade (formas que pouco se assemelham ao círculo), a aplicação de métricas espaciais relacionadas a essas propriedades geométricas pode contribuir para identificar esse fenômeno. Além disso, essas análises podem ser relevantes à luz da teoria2 2 Inicialmente proposta a partir de quatro métricas da paisagem e aprofundadas para doze métricas espaciais, aplicadas sobre dados matriciais. Das doze métricas utilizadas por Dietzel et al. (2005), apenas três não foram utilizadas neste estudo, em função da utilização de dados vetoriais (ao invés de matriciais) e suas especificidades inerentes. da Difusão-Coalescência de Dietzel et al. (2005DIETZEL, C. et al. Diffusion and coalescence of the Houston Metropolitan Area: evidence supporting a new urban theory. Environment and Planning B: Planning and Design, v. 32, p. 231-246, 2005.), que propõe uma perspectiva única sobre padrões de crescimento físico envolvendo fases oscilatórias de expansão e agrupamento ao longo do tempo - representando, assim, uma abordagem que vai além do discurso tradicional de espraiamento urbano.

Para quantificar aspectos relacionados à Compacidade, Fragmentação, Complexidade e Dispersão do crescimento3 3 Neste estudo, as análises de crescimento urbano se concentram na geometria do crescimento físico-territorial, sem considerar os aspectos econômicos, sociais, ambientais, etc. urbano a partir de dados espaciais vetoriais, foram selecionadas métricas espaciais explícitas (que descrevem resultados diretamente a partir das formas analisadas) e agregadas (que integram múltiplas partes das formas), amplamente reconhecidas na literatura acadêmica (Reis; Silva; Pinho, 2015REIS, J.; SILVA, E.; PINHO, P. Spatial metrics to study urban patterns in growing and shrinking cities. Urban Geography, v. 37, 2015.). Algumas métricas não-explícitas, como Densidade Populacional Urbana (DU), Desvio Padrão (PSSD) e Coeficiente de Variação (PSCOV) de Manchas urbanas, também podem ser relevantes, pois descrevem aspectos importantes (Herold; Couclelis; Clarke, 2005HEROLD, M.; COUCLELIS, H.; CLARKE, K. The role of spatial metrics in the analysis and modeling of urban land use change. Computers, Environment and Urban Systems, v. 29, n. 4, p. 369-399, 2005.). O Quadro 1 apresenta as métricas espaciais selecionadas, suas equações, variáveis, propriedades geométricas, descrições e referências relevantes na literatura acadêmica.

A mensuração das propriedades de Fragmentação, Complexidade, Dispersão e Compacidade raramente ocorre simultaneamente por meio de métricas. Embora existam vários métodos disponíveis na literatura, eles geralmente se limitam a métricas que analisam parcialmente essas propriedades geométricas. Nesse contexto, Chettry (2023CHETTRY, V. A critical review of urban sprawl studies. Journal of Geovisualization and Spatial Analysis, v. 7, n. 28, p. 1-13, 2023.) enfatiza a necessidade de aplicar múltiplas métricas correlacionadas para análises espaço-temporais de crescimento urbano, devido às complexidades inerentes às mudanças na ocupação do solo. Além disso, conforme demonstrado por Menzori (2021MENZORI, I. D. Dinâmicas territoriais e métricas espaciais: avaliação de expansão urbana em cidade de porte médio. São Carlos, 2021. 258 f. Tese (Doutorado em Engenharia Urbana) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2021.), diferentes métricas (explícitas e agregadas, inclusive) têm limitações distintas na descrição das quatro propriedades geométricas.

Por exemplo, métricas como o Índice de Compacidade (CI), Relação de Compacidade (CR) e Coeficiente Isoperimétrico (IPQ), não consideram a Dispersão, resultando em descrições idênticas para formas multipartes semelhantes, mas com diferentes graus de afastamento entre os fragmentos. Da mesma forma, métricas como Compacidade e Circularidade (CCM) e Compacidade Digital (DCM) não abordam as propriedades de Complexidade e Fragmentação. Isso ressalta limitações nas abordagens tradicionais de mensuração de Compacidade, que podem ter sido superadas pelas métricas M1, M2 e M3 propostas por Menzori (2021MENZORI, I. D. Dinâmicas territoriais e métricas espaciais: avaliação de expansão urbana em cidade de porte médio. São Carlos, 2021. 258 f. Tese (Doutorado em Engenharia Urbana) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2021.) e aplicadas neste estudo conforme Menzori (2024MENZORI, I. D. Material complementar de pesquisa sobre métricas espaciais do crescimento urbano: Apêndice A. São Carlos, 05 abr. 2024. Disponível em: Disponível em: http://dx.doi.org/10.13140/RG.2.2.14671.09125 . Acesso em: 5 abr. 2024.
http://dx.doi.org/10.13140/RG.2.2.14671....
, p. 1), as quais consideram de maneira mais abrangente essas propriedades geométricas e representam contribuições relevantes.

Figura 1 -
Exemplos da descrição de compacidade

Figura 2 -
Exemplos de Fragmentação e Complexidade

Figura 3 -
Exemplos de descrição da dispersão

Quadro 1 -
Métricas espaciais adotadas

Objeto de estudo, materiais e métodos

Araraquara como objeto de estudo

Localizada na região administrativa central do Estado de São Paulo (sendo a capital regional da mesma), e a 270 km de São Paulo capital, Araraquara possuía população estimada em 228.664 habitantes em 2016, com taxa de urbanização estimada em 97% (IBGE, 2020aINSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Estimativas da população. Disponível em: Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/sociais/populacao/9103-estimativas-de-populacao.html . Acesso em: 15 jun. 2020a.
https://www.ibge.gov.br/estatisticas-nov...
; SEADE, 2020SISTEMA ESTADUAL DE ANÁLISE DE DADOS. Perfil dos municípios brasileiros. Disponível em: Disponível em: https://perfil.seade.gov.br/ . Acesso em: 15 set. 2020.
https://perfil.seade.gov.br/...
). Na Figura 4 está ilustrada a localização da cidade.

A evolução da ocupação do solo no município ocorreu de maneira simultânea aos processos de formação econômica em que, após a década de 1960, especialmente na década de 1970, Araraquara demonstrou um grande crescimento econômico impulsionado pelo “boom da laranja”4 4 O Grupo Cutrale, localizado em Araraquara, se tornou proeminente na década de 1960 quando geadas constantes prejudicaram a produção de laranja na Florida (EUA). Uma estimativa recente indicou que o Grupo Cutrale detinha aproximadamente 1/3 do mercado mundial de suco de laranja (Parra-Bernal, 2014). e o Programa Proálcool. Este desenvolvimento foi acompanhado de intensivos processos de expansão urbana a partir da década de 1970 (Baeninger, 1995BAENINGER, R. Região administrativa central: região de governo de araraquara e região de governo de São Carlos. Campinas: UNICAMP, Núcleo de Estudos de População, 1995.), e um desenvolvimento mais acentuado do setor imobiliário com desvios evidentes da legislação urbanística municipal, contribuindo para uma expansão territorial pouco planejada e desordenada em decorrência do chamado "milagre econômico brasileiro".

Para Gonçalves (2022GONÇALVES, L. M. Os vazios urbanos como elemento estruturador do planejamento urbano. In: ROSA, N.C. et al. (org.). Open Science Research XI. São Paulo: Editora Científica, 2022.) e Peres (2012PERES, R. B. O planejamento regional e urbano e a questão ambiental: análise da relação entre o plano de bacia hidrográfica Tietê-Jacaré e os planos diretores municipais de Araraquara e São Carlos, SP. São Carlos, 2012. 370 f. Tese (Doutorado em Engenharia Urbana) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2012.), houve uma transição nos processos de crescimento urbano, com padrões que deixaram de ser contíguos à mancha urbana principal e passaram direcionar a expansão para as periferias, tendo como motivação interesses imobiliários estritamente especulativos. Na Figura 5 são ilustrados os cenários de crescimento da mancha urbana entre 1966 e 2016.

Figura 4 -
Brasil, Estado de São Paulo e Araraquara

Figura 5 -
Manchas urbanas de Araraquara (1966 - 1976 - 1986 - 2006 - 2016) e seus menores círculos envolventes

Materiais e métodos

As métricas espaciais selecionadas, apresentadas no Quadro 1, oferecem uma descrição quantitativa das características do crescimento urbano. Elas são aplicáveis a dados vetoriais e consideram variáveis geométricas, como área construída, perímetro e distâncias entre partes/manchas urbanas, obtidas por meio de geoprocessamento. Os cenários analisados abrangem as décadas de 1960, 1970 e 1980, e anos 2006 e 2016, com as respectivas populações correspondentes. É importante ressaltar que os cenários das três décadas iniciais são tratados como representativos dos anos de 1966, 1976 e 1986, respectivamente, para facilitar a comparação em decênios. Além disso, o ano de 2006 é de grande relevância devido à implementação do primeiro Plano Diretor e Política de Desenvolvimento Ambiental de Araraquara (PDPDA), promulgado em dezembro de 2005 (PMA, 2005PREFEITURA MUNICIPAL DE ARARAQUARA. Lei Complementar nº 350, de 27 de Dezembro de 2005, Plano Diretor de Desenvolvimento e Política Ambiental de Araraquara (PDDPA). 2005.). Este plano estabeleceu estratégias de planejamento ambiental urbano, incluindo a delimitação de Cinturões e Corredores Verdes para mitigar o espraiamento urbano (Menzori; Falcoski, 2017MENZORI, I. D.; FALCOSKI, L. A. N. Mapeamento e análise das áreas de preservação permanente e dos corredores de integração ecológica de Araraquara, SP. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 17, n. 2, p. 7-20, abr./jun. 2017.).

As análises foram conduzidas em um Sistema de Informações Geográficas (SIG), utilizando o software QGIS versão 3.2.0, e complementadas pelo software AutoCAD LT 2021 para medições de áreas e perímetros planimétricos a partir de dados vetoriais nos formatos shapefile e drawing exchange format. Para a representação georreferenciada, adotou-se a projeção Universal Transversa de Mercator (UTM), Datum SAD/69 fuso 22S, com cálculos de áreas e distâncias planimétricas. As métricas espaciais listadas no Quadro 1 foram aplicadas para medir a Compacidade, Fragmentação, Complexidade e Dispersão nos cenários mencionados, bem como calcular as variações percentuais padronizadas em CAGR - Compound Annual Growth Rate ou Taxa de Crescimento Anual Composta, conforme Menzori (2024MENZORI, I. D. Material complementar de pesquisa sobre métricas espaciais do crescimento urbano: Apêndice A. São Carlos, 05 abr. 2024. Disponível em: Disponível em: http://dx.doi.org/10.13140/RG.2.2.14671.09125 . Acesso em: 5 abr. 2024.
http://dx.doi.org/10.13140/RG.2.2.14671....
, p. 2).

A fim de compreender os dados coletados e relacionar os resultados da amostra, foram realizadas análises estatísticas descritivas e inferenciais. Foram aplicados Testes de Normalidade e de Hipótese (Menzori, 2024MENZORI, I. D. Material complementar de pesquisa sobre métricas espaciais do crescimento urbano: Apêndice A. São Carlos, 05 abr. 2024. Disponível em: Disponível em: http://dx.doi.org/10.13140/RG.2.2.14671.09125 . Acesso em: 5 abr. 2024.
http://dx.doi.org/10.13140/RG.2.2.14671....
, p. 4) com um nível de significância de 5%, utilizando o software PAST 4.02 (Hammer; Harper; Ryan, 2001HAMMER, Ø.; HARPER, D.A.T.; RYAN, P. D. PAST: paleontological statistics software package for education and data analysis. Palaeontologia Electronica, v. 4, n. 1, art. 4, 2001.), bem como Coeficientes de Correlação Produto-Momento, r de Pearson (Menzori, 2024MENZORI, I. D. Material complementar de pesquisa sobre métricas espaciais do crescimento urbano: Apêndice A. São Carlos, 05 abr. 2024. Disponível em: Disponível em: http://dx.doi.org/10.13140/RG.2.2.14671.09125 . Acesso em: 5 abr. 2024.
http://dx.doi.org/10.13140/RG.2.2.14671....
, p. 3). No Quadro 2, são apresentadas as estratificações usadas para as medidas correlacionais, junto a suas interpretações.

Considerando a natureza dos dados, a correlação de Pearson foi apropriada para avaliar as associações lineares entre as variações de aspectos geométricos, uma vez que os dados não são composicionais, ou seja, as variações percentuais observadas não somam 100% não sendo recalculadas como proporções dessa soma (Kynčlová; Hron; Filzmoser, 2017KYNČLOVÁ, P.; HRON, K.; FILZMOSER, P. Correlation between compositional parts based on symmetric balances. Mathematical Geosciences, v. 49, p. 777-796, 2017.). É importante ressaltar que a correlação de Pearson não requer distribuição normal dos dados e pode ser aplicada a partir de três amostras (Weaver; Koopman, 2014WEAVER, B.; KOOPMAN. An SPSS Macro to compute confidence intervals for Pearson's correlation. The Quantitative Methods for Psychology, v. 10, n. 1, p. 29-39, 2014.). Os resultados correlacionais foram considerados como parte das estatísticas descritivas, ajudando a resumir as relações mais relevantes entre as variações das métricas calculadas a partir das décadas analisadas. Essas correlações auxiliam na identificação dos aspectos espaciais relacionados ao fenômeno de espraiamento urbano e a padrões de crescimento oscilatórios que possam estar relacionados à teoria da Difusão-Coalescência.

Devido à variedade de métricas aplicadas e para uma melhor compreensão dos resultados, as comparações entre as medidas foram organizadas usando a análise de Boxplot, conforme Menzori (2024MENZORI, I. D. Material complementar de pesquisa sobre métricas espaciais do crescimento urbano: Apêndice A. São Carlos, 05 abr. 2024. Disponível em: Disponível em: http://dx.doi.org/10.13140/RG.2.2.14671.09125 . Acesso em: 5 abr. 2024.
http://dx.doi.org/10.13140/RG.2.2.14671....
, p. 4). Essa análise permite extrair a tendência central dos resultados por meio da amplitude interquartílica, além de identificar graus de dispersão e assimetria nos valores. A amplitude representa a faixa de variação anual observada nas medidas de Compacidade, Fragmentação, Complexidade e Dispersão. A assimetria de caixa (esperada, pois os dados não seguem distribuição normal), pode destacar discrepâncias entre os períodos analisados. É importante observar que as variações de Agregação (MPS e LPI) foram consideradas com inversão de sinal nas análises de Fragmentação, enquanto as variações de Compacidade do tipo “figura de referência” (DCM) também contemplaram inversão de sinal nas análises de Dispersão, devido a seu caráter de favorecer reduções ou variações menores nos resultados.

Quadro 2 -
Estratificações adotadas para interpretação do Coeficiente de Correlação de Pearson e do Coeficiente de Determinação

Resultados e discussões

Os resultados completos das análises podem ser consultados em Menzori (2024MENZORI, I. D. Material complementar de pesquisa sobre métricas espaciais do crescimento urbano: Apêndice A. São Carlos, 05 abr. 2024. Disponível em: Disponível em: http://dx.doi.org/10.13140/RG.2.2.14671.09125 . Acesso em: 5 abr. 2024.
http://dx.doi.org/10.13140/RG.2.2.14671....
). As Tabelas 1, 2, 3 e 4 descrevem as variações anuais (CAGR) por período e aspecto geométrico, enquanto a Tabela 5 mostra as taxas CAGR da Densidade Populacional Urbana (DU). A métrica DU é tratada separadamente, pois não está relacionada aos aspectos geométricos. PSSD e PSCOV não estão nessas tabelas, mas auxiliaram na análise e discussão dos resultados, à medida que métricas focadas nas manchas secundárias estão incluídas, pois descrevem agrupamentos nas periferias.

O primeiro período analisado, de 1966 a 1976, revela variações anuais das métricas indicando um padrão de crescimento urbano difuso. Durante esse período, observa-se aumento acentuado na Fragmentação urbana, com impacto negativo na Compacidade. Além disso, registram-se discretas reduções na Dispersão e Complexidade, enquanto a densidade populacional urbana sofre significativa queda.

Entre 1976 e 1986, ocorre uma transição nos padrões de crescimento urbano. Nesse período, há redução na Fragmentação e Dispersão, aumento na Compacidade e variações quase nulas na Complexidade da mancha urbana total. Entretanto, a Complexidade nas manchas secundárias aumenta, sugerindo que o aumento da Compacidade se relaciona ao adensamento das novas áreas construídas nas periferias criadas anteriormente. A densidade populacional também cresce.

O intervalo de 1986 a 2006 é marcado por reduções na Fragmentação e Dispersão, com aumento na Compacidade e variações quase nulas na Complexidade da mancha urbana total. Complexidade nas manchas secundárias também cresce, e a densidade populacional urbana mantém sua trajetória ascendente.

No período de 2006 a 2016, observam-se aumentos na Fragmentação e Complexidade da mancha urbana total, bem como reduções na Dispersão e, em certa medida, na Compacidade. A Complexidade nas manchas secundárias também cresce, embora em menor intensidade em relação aos dois períodos anteriores. A densidade populacional apresenta variações anuais próximas a zero.

Tabela 1 -
Taxas CAGR por aspecto por métrica, entre as décadas de 1966 e 1976
Tabela 2 -
Taxas CAGR por aspecto por métrica, entre as décadas de 1976 e 1986
Tabela 3 -
Taxas CAGR por aspecto por métrica, entre a década de 1986 e ano de 2006
Tabela 4 -
Taxas CAGR por aspecto por métrica, entre os anos de 2006 e 2016

Tabela 5 -
Crescimento populacional observado entre a década de 1960 e o ano de 2016

Apesar de não se enquadrarem nas quatro propriedades geométricas analisadas, o Desvio Padrão (PSSD) e o Coeficiente de Variação (PSCOV) das manchas secundárias evidenciam taxas CAGR positivas em todos os períodos, com maior destaque entre 1966 e 1976; e 1976 e 1986. Assim, o crescimento urbano nesses períodos resultou em diferenças maiores nos tamanhos das manchas periféricas, uma distribuição espacial relativamente menos homogênea e com menor relevância da mancha principal no ambiente construído como um todo, principalmente entre 1966 e 1976.

Esses resultados indicam que houve uma maior difusão do crescimento urbano em manchas periféricas menores no primeiro período, mas essas partes foram sendo adensadas pela agregação de novas áreas construídas na periferia. Há, ainda, diferenças estatisticamente significativas entre o primeiro (1966 - 1976) e os demais intervalos analisados. Esses resultados sugerem que maiores densidades populacionais e Compacidades urbanas estão associadas a menores Fragmentações, e vice-versa. Assim como a Compacidade urbana estava relacionada a maior Complexidade nas manchas secundárias.

Dessa forma, padrões distintos de crescimento urbano e densidade populacional se destacam no período de 1966 a 1976, conforme discutido por Gonçalves (2022GONÇALVES, L. M. Os vazios urbanos como elemento estruturador do planejamento urbano. In: ROSA, N.C. et al. (org.). Open Science Research XI. São Paulo: Editora Científica, 2022.) e Peres (2012PERES, R. B. O planejamento regional e urbano e a questão ambiental: análise da relação entre o plano de bacia hidrográfica Tietê-Jacaré e os planos diretores municipais de Araraquara e São Carlos, SP. São Carlos, 2012. 370 f. Tese (Doutorado em Engenharia Urbana) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2012.). Nos trinta anos seguintes (1976 - 1986 e 1986 - 2006), foi observada uma mudança significativa, com redução da Fragmentação e aumento da Compacidade, indicando uma transição desses padrões. Já no último período avaliado (2006 - 2016), as variações indicam uma possível retomada do crescimento mais espraiado, com Fragmentação e Complexidade em ascensão e reduções em Compacidade e Dispersão. As diminuições na Dispersão podem estar relacionadas ao adensamento das manchas secundárias que, embora representem um crescimento não contíguo à mancha principal, podem influenciar positivamente na Compacidade geral do ambiente construído.

Essa transição nos padrões de crescimento urbano pode estar relacionada à teoria de Difusão-Coalescência de Dietzel et al. (2005DIETZEL, C. et al. Diffusion and coalescence of the Houston Metropolitan Area: evidence supporting a new urban theory. Environment and Planning B: Planning and Design, v. 32, p. 231-246, 2005.), explicitada anteriormente. Ademais, nas cidades brasileiras, esses padrões de crescimento são frequentemente atribuídos à especulação imobiliária, na qual a criação de novas áreas urbanas mais afastadas resulta na formação de reservas de valor (vazios urbanos). Inicialmente subutilizadas, essas áreas aguardam melhorias, muitas vezes iniciadas pelo poder público, na infraestrutura e nos serviços urbanos. Isso as torna mais atrativas e valorizadas para o setor imobiliário (Gonçalves, 2022GONÇALVES, L. M. Os vazios urbanos como elemento estruturador do planejamento urbano. In: ROSA, N.C. et al. (org.). Open Science Research XI. São Paulo: Editora Científica, 2022.).

Em Araraquara, observou-se uma dispersão do ambiente construído urbano entre 1966 e 1976, seguida por uma transição para formas mais compactas até 2006. Entre 2006 e 2016, os resultados são ambíguos, indicando uma possível retomada do ciclo com processos de expansão/difusão, possivelmente associados ao Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) e às práticas de implementação dos planos espaciais pelas administrações municipais (Menzori; Sousa; Gonçalves, 2021MENZORI, I. D.; SOUSA, I. C. N.; GONÇALVES, L. M. Local government shift and national housing program: Spatial repercussions on urban growth. Land Use Policy, v. 126, 106548, 2023.; 2023). No entanto, os processos de crescimento urbano após a implementação do PDPDA de 2005 foram mais moderados do que na fase de difusão observada entre 1966 e 1976. Em suma, há evidências de transição nos processos de crescimento urbano em Araraquara, conforme a teoria de Difusão-Coalescência de Dietzel et al. (2005DIETZEL, C. et al. Diffusion and coalescence of the Houston Metropolitan Area: evidence supporting a new urban theory. Environment and Planning B: Planning and Design, v. 32, p. 231-246, 2005.), representados por processos de crescimento não contíguos à mancha urbana principal, seguidos por sucessivos adensamentos dessas áreas. Deste modo, a discussão sobre a ocorrência de espraiamento urbano em Araraquara é válida sob a ótica das métricas espaciais, porém restrita ao primeiro período analisado (1966-1976).

Com relação às métricas espaciais em questão, as análises indicaram relações claras entre as métricas de Compacidade, Densidade Populacional Urbana, Dispersão, Fragmentação e Complexidade. No entanto, também foram identificadas limitações em algumas métricas incapazes de descrever de forma mais precisa essas quatro propriedades geométricas. Isso inclui as métricas da paisagem NP, MPS, PD, LPI, FD, AWMPFD, LSI, SI, AWMSI, MSI, ED, MPAR e EIR - adotadas por Dietzel et al. (2005DIETZEL, C. et al. Diffusion and coalescence of the Houston Metropolitan Area: evidence supporting a new urban theory. Environment and Planning B: Planning and Design, v. 32, p. 231-246, 2005.) -, que possuem limitações na descrição da Dispersão, em que multipartes idênticas (mas com diferentes afastamentos entre fragmentos) podem ser descritas por resultados idênticos - o mesmo ocorre para CI, CR e IPQ. Alternativamente, CCM e DCM são sensíveis à Dispersão, porém limitadas na descrição de Fragmentação e Complexidade.

Ademais, em uma revisão da literatura sobre espraiamento urbano, Chettry (2023CHETTRY, V. A critical review of urban sprawl studies. Journal of Geovisualization and Spatial Analysis, v. 7, n. 28, p. 1-13, 2023.) discute a inexistência de uma definição universalmente aceita, em que diversas medidas são utilizadas para avaliar tal fenômeno, dificultando a comparação e generalização de resultados. Além disso, há poucos estudos abrangentes que sintetizam as tendências e padrões emergentes deste fenômeno. Nesse sentido, as métricas espaciais M1, M2 e M3 (Menzori, 2021MENZORI, I. D.; SOUSA, I. C. N.; GONÇALVES, L. M. Urban growth management and territorial governance approaches: a master plans conformance analysis. Land Use Policy, v. 105, 105436, 2021.), elencadas neste estudo, podem ser uma contribuição valiosa pois abordam Compacidade a partir das propriedades de Fragmentação, Complexidade e Dispersão simultaneamente, minimizando as limitações inerentes a métricas comumente reproduzidas na literatura.

Conclusões

A análise dos padrões espaciais e aspectos geométricos do crescimento físico-territorial é de grande relevância no contexto do desenvolvimento urbano. Neste estudo, foram empregadas métricas espaciais (restritas à geometria bidimensional) para quantificar a forma urbana. Essa abordagem possibilitou uma representação quantitativa dos principais aspectos físico-espaciais relacionados ao crescimento urbano em Araraquara. No entanto, é importante destacar as precisões dos dados para as décadas de 1960, 1970 e 1980 (e ausência de um cenário para 1990) como limitações, sendo que esses anos foram representados como 1966, 1976 e 1986, a fim de manter a padronização nos intervalos de análise.

Os resultados indicam que o período de 1966 a 1976 foi caracterizado por um crescimento físico-territorial difuso, com declínios significativos na compacidade e densidade populacional, ou seja, aspectos relacionados ao fenômeno do espraiamento urbano. Nos períodos seguintes, entre 1976-1986, e 1986-2006, embora tenha havido um crescimento urbano em direção às periferias (agregação em manchas secundárias), as medidas espaciais apontam para uma tendência oposta, com compacidade e densidade populacional maiores, menor fragmentação, dispersão e complexidade na mancha urbana total. Isso sugere um padrão mais consistente com a teoria da Difusão-Coalescência. No entanto, o período de 2006 a 2016 apresentou variações mais contrastantes, com mudanças na compacidade urbana, fragmentação e complexidade, indicando que o crescimento urbano pode ter sido influenciado tanto por estratégias locais de planejamento urbano (PDPDA) quanto por fatores intervenientes externos como o PMCMV.

Em resumo, as métricas espaciais mostraram potencial para descrição das dinâmicas físico-territoriais ao longo das décadas, proporcionando uma análise detalhada dos aspectos geométricos de Compacidade, Fragmentação, Complexidade e Dispersão. Isso oferece uma perspectiva significativa sobre os processos de crescimento urbano e suas semelhanças com o fenômeno de espraiamento urbano, bem como suas transições à luz da teoria da Difusão-Coalescência. Como próximo passo, sugere-se estender a aplicação das métricas espaciais de Compacidade para diferentes cidades, permitindo uma análise mais abrangente das dinâmicas territoriais de crescimento urbano ao longo do tempo - preferencialmente de forma automatizada e adaptada para bases de dados mais abrangentes, como o MapBiomas, que disponibiliza dados públicos de uso e cobertura da terra no Brasil.

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  • 1
    Nesse sentido, Araraquara é um objeto de estudo relevante pois já foi demonstrado em pesquisas anteriores que a cidade passou por uma transição de padrões mais compactos para formas urbanas mais espraiadas no decorrer de seu crescimento urbano (Peres, 2012PERES, R. B. O planejamento regional e urbano e a questão ambiental: análise da relação entre o plano de bacia hidrográfica Tietê-Jacaré e os planos diretores municipais de Araraquara e São Carlos, SP. São Carlos, 2012. 370 f. Tese (Doutorado em Engenharia Urbana) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2012.; Gonçalves, 2022GONÇALVES, L. M. Os vazios urbanos como elemento estruturador do planejamento urbano. In: ROSA, N.C. et al. (org.). Open Science Research XI. São Paulo: Editora Científica, 2022.). Todavia, o uso de métricas espaciais como indicadores, nesta cidade, ainda não foi realizado com o aprofundamento aqui proposto.
  • 2
    Inicialmente proposta a partir de quatro métricas da paisagem e aprofundadas para doze métricas espaciais, aplicadas sobre dados matriciais. Das doze métricas utilizadas por Dietzel et al. (2005DIETZEL, C. et al. Diffusion and coalescence of the Houston Metropolitan Area: evidence supporting a new urban theory. Environment and Planning B: Planning and Design, v. 32, p. 231-246, 2005.), apenas três não foram utilizadas neste estudo, em função da utilização de dados vetoriais (ao invés de matriciais) e suas especificidades inerentes.
  • 3
    Neste estudo, as análises de crescimento urbano se concentram na geometria do crescimento físico-territorial, sem considerar os aspectos econômicos, sociais, ambientais, etc.
  • 4
    O Grupo Cutrale, localizado em Araraquara, se tornou proeminente na década de 1960 quando geadas constantes prejudicaram a produção de laranja na Florida (EUA). Uma estimativa recente indicou que o Grupo Cutrale detinha aproximadamente 1/3 do mercado mundial de suco de laranja (Parra-Bernal, 2014PARRA-BERNAL, G. Cutrale-Safra eleva proposta para adquirir Chiquita. Época Negócios, São Paulo, 6 nov. 2014. Disponível em: Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Informacao/Acao/noticia/2014/10/cutrale-safra-eleva-proposta-para-adquirir-chiquita.html . Acesso em 15 dez. 2020.
    https://epocanegocios.globo.com/Informac...
    ).

Editora:

Karin Regina de Castro Marins

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Jun 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    06 Jul 2023
  • Aceito
    24 Nov 2023
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