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Pressão de língua em crianças e adolescentes com osteogênese imperfeita

RESUMO

Objetivo

Investigar e correlacionar a pressão lingual da região anterior e posterior em contração isométrica e durante deglutição de saliva de indivíduos com osteogênese imperfeita.

Métodos

Estudo transversal observacional, do qual participaram 22 sujeitos, com média de idade de 12,09 anos, divididos em osteogênese imperfeita leve (tipo 1) (n=15) e osteogênese imperfeita moderada-grave (tipos 3, 4 e 5) (n=7). O Iowa Oral Pressure Instrument foi utilizado e foi aferida a pressão em isometria de língua da região anterior, da região posterior e durante deglutição. As análises estatísticas foram realizadas no programa SPSS, por meio dos testes Mann Whitney, correlação de Spearman e modelo de regressão linear simples. O nível de significância de p<0,05 foi utilizado.

Resultados

A pressão em isometria de língua foi maior na região anterior do que na região posterior na amostra total e no grupo com osteogênese imperfeita moderada-grave. A pressão da região anterior durante deglutição de saliva foi maior no grupo com osteogênese imperfeita leve. Também foi observada maior pressão de língua da região posterior nesse grupo.

Conclusão

Maior pressão da região anterior de língua correlaciona-se à maior pressão da região posterior de língua, porém, não há correlação significativa entre a capacidade isométrica de língua e a pressão de língua durante a função de deglutição de saliva.

Palavras-chave:
Fonoaudiologia; Sistema estomatognático; Língua; Osteogênese imperfeita; Criança; Adolescente

ABSTRACT

Purpose

To investigate and correlate the lingual pressure of the anterior and posterior region in isometric contraction and during saliva swallowing of individuals with Osteogenesis Imperfecta (OI).

Methods

This was an observational cross-sectional study, 22 subjects participated, with an average age of 12.09 years, divided into mild OI (OIL) (type 1) (n=15) and moderate/severe OI (OIMG) (types 3, 4 and 5) (n=7). The Iowa Oral Pressure Instrument (IOPI) was used and tongue isometry pressure was measured in the anterior region, posterior region and during swallowing. Statistical analyses was done with the SPSS program using the Mann Whitney test, Spearman correlation and simple linear regression model. The significance level of p<0.05 was used.

Results

Pressure in tongue isometry was greater in the anterior region than in the posterior region in the total sample and in the OIMG group. The pressure of the anterior region during saliva swallowing was higher in the OIL group. Greater tongue pressure was also observed in the posterior region in the OIL group.

Conclusion

Greater pressure in the anterior region of the tongue is correlated with greater pressure in the posterior region of the tongue, but there is no significant correlation between the isometric tongue capacity and the tongue pressure during the saliva swallowing function.

Keywords:
Speech-language pathology; Stomatognathic system; Tongue; Osteogenesis imperfecta; Child; Adolescent

INTRODUÇÃO

Osteogênese imperfeita (OI) é uma doença genética rara, de prevalência de 1:15.000 a 20.000 indivíduos, que afeta a síntese do tecido conjuntivo e apresenta ampla heterogeneidade fenotípica e molecular. A consequência mais comum associada a essa alteração é a fragilidade óssea, que pode levar a múltiplas fraturas e deformidades ósseas progressivas, incluindo arqueamento de ossos longos e escoliose(11 Sillence DO, Senn A, Danks DM. Genetic heterogeneity in osteogenesis imperfecta. J Med Genet. 1979;16(2):101-16. http://doi.org/10.1136/jmg.16.2.101. PMid:458828.
http://doi.org/10.1136/jmg.16.2.101...
,22 Bregou Bourgeois A, Aubry-Rozier B, Bonafé L, Laurent-Applegate L, Pioletti DP, Zambelli PY. Osteogenesis imperfecta: from diagnosis and multidisciplinary treatment to future perspectives. Swiss Med Wkly. 2016;146:w14322. http://doi.org/10.4414/smw.2016.14322. PMid:27346233.
http://doi.org/10.4414/smw.2016.14322...
). Outras manifestações extraesqueletais também são descritas, tais como a coloração azulada da esclera, a perda auditiva no adulto jovem e a hipermobilidade articular(33 van Dijk FS, Sillence DO. Osteogenesis imperfecta: clinical diagnosis, nomenclature and severity assessment. Am J Med Genet A. 2014;164(6):1470-81. http://doi.org/10.1002/ajmg.a.36545. PMid:24715559.
http://doi.org/10.1002/ajmg.a.36545...
,44 Lim J, Grafe I, Alexander S, Lee B. Genetic causes and mechanisms of Osteogenesis Imperfecta. Bone. 2017;102:40-9. http://doi.org/10.1016/j.bone.2017.02.004. PMid:28232077.
http://doi.org/10.1016/j.bone.2017.02.00...
).

Entre as alterações extraesqueletais, também foram descritas as musculares(55 Veilleux LN, Trejo P, Rauch F. Muscle abnormalities in osteogenesis imperfecta. J Musculoskelet Neuronal Interact. 2017;17(2):1-7. PMid:28574406.). Dentro das alterações musculares, podem-se considerar, também, alterações no sistema estomatognático e em suas funções. Distúrbios nas funções de deglutição e sucção, distúrbios respiratórios do sono, bem como nas articulações temporomandibulares foram observados em estudos recentes(66 Smoląg D, Kulesa-Mrowiecka M, Sułko J. Evaluation of stomatognathic problems in children with osteogenesis imperfecta (osteogenesis imperfecta - oi) - preliminary study. Dev Period Med. 2017;21(2):144-53. http://doi.org/10.34763/devperiodmed.20172102.144153. PMid:28796986.
http://doi.org/10.34763/devperiodmed.201...

7 Arponen H, Bachour A, Bäck L, Valta H, Mäkitie A, Waltimo-Sirén J, et al. Is sleep apnea underdiagnosed in adult patients with osteogenesis imperfecta? -a single-center cross-sectional study. Orphanet J Rare Dis. 2018;13(1):231. http://doi.org/10.1186/s13023-018-0971-7. PMid:30594215.
http://doi.org/10.1186/s13023-018-0971-7...
-88 Małgorzata KM, Małgorzata P, Kinga S, Jerzy S. Temporomandibular joint and cervical spine mobility assessment in the prevention of temporomandibular disorders in children with osteogenesis imperfecta: a pilot study. Int J Environ Res Public Health. 2021;18(3):1076. http://doi.org/10.3390/ijerph18031076. PMid:33530378.
http://doi.org/10.3390/ijerph18031076...
). Contudo, a literatura a respeito das questões musculares e funcionais estomatognáticas nessa população ainda é escassa. Considerando que o manejo multidisciplinar melhora a qualidade de vida dos pacientes com osteogênese imperfeita(22 Bregou Bourgeois A, Aubry-Rozier B, Bonafé L, Laurent-Applegate L, Pioletti DP, Zambelli PY. Osteogenesis imperfecta: from diagnosis and multidisciplinary treatment to future perspectives. Swiss Med Wkly. 2016;146:w14322. http://doi.org/10.4414/smw.2016.14322. PMid:27346233.
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), estudos que abordem as características oromiofuncionais nesses indivíduos são de relevante importância.

O efeito do tecido conjuntivo anormal da OI nas vias aéreas superiores, associado à desproporção do tamanho relativo entre a língua e a cavidade oral, já foi sugerido como um fator de risco para apneia do sono(77 Arponen H, Bachour A, Bäck L, Valta H, Mäkitie A, Waltimo-Sirén J, et al. Is sleep apnea underdiagnosed in adult patients with osteogenesis imperfecta? -a single-center cross-sectional study. Orphanet J Rare Dis. 2018;13(1):231. http://doi.org/10.1186/s13023-018-0971-7. PMid:30594215.
http://doi.org/10.1186/s13023-018-0971-7...
,99 Waltimo-Sirén J, Kolkka M, Pynnönen S, Kuurila K, Kaitila I, Kovero O. Craniofacial features in osteogenesis imperfecta: a cephalometric study. Am J Med Genet A. 2005;133A(2):142-50. http://doi.org/10.1002/ajmg.a.30523. PMid:15666304.
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). Assim, a língua é uma estrutura de contribuição fundamental no desempenho de todas as funções estomatognáticas, e suas regiões anterior e posterior apresentam constituição diferente de fibras e de tecido conjuntivo, que pode estar relacionada às distintas formas de desempenho das funções(1010 Sanders I, Mu L. A three-dimensional atlas of human tongue muscles. Anat Rec. 2013;296(7):1102-14. http://doi.org/10.1002/ar.22711. PMid:23650264.
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,1111 Sanders I, Mu L, Amirali A, Su H, Sobotka S. The human tongue slows down to speak: muscle fibers of the human tongue. Anat Rec. 2013;296(10):1615-27. http://doi.org/10.1002/ar.22755. PMid:23929762.
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). Para aferir de forma quantitativa a pressão da língua, o Iowa Oral Performance Instrument (IOPI) é o instrumento considerado padrão ouro(1212 Trawitizki LVV, Borges CGP, Grechi T. Fonoaudiologia em casos de cirurgia ortognática. In: Berretin-Felix G, editor. Interfaces e tecnologias em motricidade orofacial. São José dos Campos: Pulso; 2016. p. 59-70.,1313 Menezes LF, Rocha AM No, Paulino CEB, Laureano JR Fo, Studart-Pereira LM. Tongue pressure and endurance in patients with Class II and Class III malocclusion. Rev CEFAC. 2018;20(2):166-74. http://doi.org/10.1590/1982-0216201820210917.
http://doi.org/10.1590/1982-021620182021...
). Na literatura consultada, não foram encontrados estudos que tenham avaliado a pressão de língua na população com OI. Assim, o objetivo deste estudo foi investigar e relacionar a pressão lingual da região anterior e posterior em contração isométrica e durante deglutição de saliva de crianças e adolescentes com osteogênese imperfeita (OI).

MÉTODOS

Estudo transversal observacional, aprovado pelos comitês de ética em pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), CAAE 04448218.7.3001.5347 e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), CAAE 04448218.7.0000.5327, parecer de aprovação nº 3.526.427. Todos os participantes e seus responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Os participantes desta pesquisa foram recrutados no Centro de Referência em Osteogênese Imperfeita do HCPA, no Sul do Brasil. Os critérios de inclusão foram apresentar diagnóstico médico de OI e ter idade entre 6 e 19 anos. Os critérios de exclusão foram históricos de tratamento fonoaudiológico nos últimos seis meses e de cirurgia, tumores ou traumas na região de cabeça e pescoço.

A amostragem foi de conveniência, com base nos critérios de inclusão. A estimativa de tamanho amostral, a partir dos pacientes cadastrados, identificou que 70 pacientes poderiam participar do estudo, sendo 67,14% (47) com OI tipo 1 e 32,85% (23) com OI tipos 3, 4 e 5. Realizou-se um agrupamento dos casos de OI, sendo OI leve (grupo OIL) participantes com classificação clínica OI tipo 1, e OI moderada e grave (grupo OIMG) participantes com classificação clínica de OI tipos 3, 4 e 5(33 van Dijk FS, Sillence DO. Osteogenesis imperfecta: clinical diagnosis, nomenclature and severity assessment. Am J Med Genet A. 2014;164(6):1470-81. http://doi.org/10.1002/ajmg.a.36545. PMid:24715559.
http://doi.org/10.1002/ajmg.a.36545...
).

Para o cálculo amostral, foi utilizada uma base estimativa de prevalência nos dois grupos (OIL vs. OIMG) e adotou-se significância 5% (α) e erro amostral (d) 0,16. Por se tratar de uma doença rara, também se utilizou fórmula para correção de população finita. Resultou em tamanho mínimo de amostra de 22 casos, implicando 15 casos no grupo OIL e sete casos no grupo OIMG.

Após a consulta de rotina no ambulatório, os pacientes que aceitaram participar foram direcionados para a avaliação do estudo. Para avaliação da pressão da língua, foi utilizado o IOPI, aparelho portátil, composto de um transdutor de pressão conectado a um bulbo com ar. Ao pressionar o bulbo pela língua contra o palato duro, a mudança de pressão gerada é captada e visualizada em sua tela Liquid Crystal Display (LCD)(1414 Magalhães HV Jr, Tavares JC, Magalhães AAB, Galvão HC, Ferreira MAF. Characterization of tongue pressure in the elderly. Audiol Commun Res. 2014;19(4):375-9. http://doi.org/10.1590/S2317-64312014000400001401.
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). Os critérios de biossegurança foram seguidos e três medidas foram tomadas para cada prova, com intervalo de descanso de um minuto entre elas. Para posterior análise, foram considerados os maiores valores obtidos em cada uma das provas; somente para a prova de deglutição foi utilizado o valor médio dos três momentos(1515 Prandini EL, Totta T, Bueno M, Rosa RR, Giglio LD, Trawitzki LV, et al. Análise da pressão da língua em indivíduos adultos jovens brasileiros. CoDAS. 2015;27(5):478-82. http://doi.org/10.1590/2317-1782/20152014225. PMid:26648220.
http://doi.org/10.1590/2317-1782/2015201...
). As seguintes provas foram realizadas(1515 Prandini EL, Totta T, Bueno M, Rosa RR, Giglio LD, Trawitzki LV, et al. Análise da pressão da língua em indivíduos adultos jovens brasileiros. CoDAS. 2015;27(5):478-82. http://doi.org/10.1590/2317-1782/20152014225. PMid:26648220.
http://doi.org/10.1590/2317-1782/2015201...
,1616 Clark MH, Solomon NP. Age and sex differences in orofacial strength. Dysphagia. 2012;27(1):2-9. http://doi.org/10.1007/s00455-011-9328-2 PMid:21350818.
http://doi.org/10.1007/s00455-011-9328-2...
):

  1. a

    Pressão da região anterior de língua (Figura 1): elevar a língua em direção à região anterior do palato e pressionar o bulbo posicionado nessa região. Depois de o bulbo ser posicionado na região anterior do palato do participante pelo avaliador, aquele recebeu a seguinte instrução: “Pressione o balão de ar com a ponta da sua língua o máximo possível”. Após dois segundos, o avaliador sinalizou que deveria cessar a pressão. A sequência foi repetida três vezes, com intervalo de um minuto entre cada repetição(1515 Prandini EL, Totta T, Bueno M, Rosa RR, Giglio LD, Trawitzki LV, et al. Análise da pressão da língua em indivíduos adultos jovens brasileiros. CoDAS. 2015;27(5):478-82. http://doi.org/10.1590/2317-1782/20152014225. PMid:26648220.
    http://doi.org/10.1590/2317-1782/2015201...
    );

    Figura 1
    Posição do bulbo durante tarefas de pressão da região anterior de língua e pressão durante deglutição de saliva

  2. b

    Pressão da região posterior de língua (Figura 2): elevar o dorso da língua em direção ao palato e pressionar o bulbo posicionado nessa região. Depois de o bulbo ser posicionado na região do palato sobre o dorso da língua do participante pelo avaliador, aquele recebeu a instrução: “Pressione o balão de ar com o meio da sua língua o máximo possível, conforme mostrei anteriormente”. Após dois segundos, o avaliador sinalizou que deveria cessar a pressão. A sequência foi repetida três vezes, com intervalo de um minuto entre cada repetição(1616 Clark MH, Solomon NP. Age and sex differences in orofacial strength. Dysphagia. 2012;27(1):2-9. http://doi.org/10.1007/s00455-011-9328-2 PMid:21350818.
    http://doi.org/10.1007/s00455-011-9328-2...
    );

    Figura 2
    Posição do bulbo durante tarefa de pressão da região posterior de língua

  3. c

    Deglutição (Figura 1): deglutir saliva de forma habitual, com o bulbo posicionado na região anterior do palato, equivalente à prova de pressão da região anterior de língua. Após o bulbo ser posicionado na região anterior do palato do participante pelo avaliador, aquele recebia a instrução: “Engula a saliva”. Essa ação foi repetida três vezes, com intervalo de um minuto entre cada repetição(1515 Prandini EL, Totta T, Bueno M, Rosa RR, Giglio LD, Trawitzki LV, et al. Análise da pressão da língua em indivíduos adultos jovens brasileiros. CoDAS. 2015;27(5):478-82. http://doi.org/10.1590/2317-1782/20152014225. PMid:26648220.
    http://doi.org/10.1590/2317-1782/2015201...
    ).

O tratamento estatístico dos dados foi realizado com o auxílio do programa estatístico SPSS®, versão 20.0 para Windows®. Para todos os testes empregados, foi considerada significância de 5%, ou seja, a hipótese nula foi rejeitada quando p-valor foi menor ou igual a 0,05. A apresentação dos resultados ocorreu por meio das distribuições absoluta e relativa (n - %), bem como pelas medidas de tendência central (média e mediana) e de variabilidade (desvio padrão e amplitude), com estudo da simetria pelo teste de Shappiro Wilk. Na comparação das variáveis contínuas entre dois grupos independentes, foi utilizado o teste de Mann Whitney U. Relações de linearidade foram estimadas pelo coeficiente de correlação de Spearman. Não foram determinados grupos etários e, portanto, o modelo de regressão linear simples foi aplicado.

RESULTADOS

Participaram 22 indivíduos, sendo 15 grupo OIL e 7 grupo OIMG. A média da idade da amostra total foi 12,09 ± 4,3 anos; do grupo OIL 12,87 ± 3,6 e do grupo OIMG 10,43 ± 5,5. Na amostra total, 12 participantes (54,6%) eram do gênero feminino, sendo 6 (40%) do grupo OIL e 6 (85,7%) do grupo OIMG.

A região anterior da língua apresentou maior média de pressão na amostra total e no grupo OIMG. No grupo OIL, foi a região posterior de língua que apresentou maior média de pressão. Houve diferença entre as médias apresentadas na região posterior de língua entre os grupos, indicando o grupo OIL com maior média de pressão de língua na região posterior, do que o grupo OIMG (p=0,007). Durante a função de deglutição de saliva, ambos os grupos apresentaram médias semelhantes de pressão de língua para região anterior (p=0,881) (Tabela 1).

Tabela 1
Pressão de língua na região anterior, pressão de língua na região posterior e pressão de língua durante deglutição de saliva para o total da amostra e por grupo com osteogênese imperfeita

Houve correlação moderada entre a pressão de língua da região anterior e a pressão de língua da região posterior (p=0,001), evidenciando que, quanto maior a pressão da região anterior, também maior a da região posterior. Não houve correlação entre a pressão de língua da região anterior e pressão de língua da região anterior durante deglutição de saliva (p=0,988), indicando que, nesta amostra, a capacidade de pressão de língua da região anterior não apresentou correlação com a pressão da região anterior de língua exercida durante a função de deglutição de saliva. Já a pressão da região posterior de língua apresentou correlação moderada, mas não houve diferença (p=0,087) com a pressão da região anterior de língua durante a função de deglutição, apontando uma tendência de que, nesta amostra, a capacidade de pressão da região posterior seja relacionada a pressão exercida na região anterior durante a deglutição de saliva (Tabela 2).

Tabela 2
Análise de correlação entre pressão de língua durante as tarefas

Os resultados para o modelo de regressão linear simples apresentaram coeficiente de determinação (R Square) de 0,195 para a pressão de língua na região anterior, indicando que 19,5% dos resultados podem ser explicados em função da idade. Para a pressão de língua durante deglutição de saliva, o coeficiente de determinação (R Square) foi de 0,176, ou seja, 17,6% dos resultados podem ser explicados pela idade. Para a pressão de língua na região posterior, o coeficiente de determinação (R Square) foi de 0,285, ou seja, 28,5% dos resultados podem ser explicados em função da idade.

DISCUSSÃO

Com relação aos valores para pressão da região anterior de língua, um estudo verificou que jovens adultos saudáveis apresentaram valores de 63,94 kPa para homens e 50,27 kPa para mulheres(1515 Prandini EL, Totta T, Bueno M, Rosa RR, Giglio LD, Trawitzki LV, et al. Análise da pressão da língua em indivíduos adultos jovens brasileiros. CoDAS. 2015;27(5):478-82. http://doi.org/10.1590/2317-1782/20152014225. PMid:26648220.
http://doi.org/10.1590/2317-1782/2015201...
). Esses dados, bem como a média ponderada para a população jovem adulta informada pelo manual do IOPI(1717 Iowa Oral Performance Instrument. Iowa oral performance instrument: user’s manual [Internet]. Woodinville, WA: IOPI Medical; 2011 [citado em 2021 Maio 21]. Disponível em: https://iopimedical.com/normal-values/
https://iopimedical.com/normal-values/...
) são superiores aos achados do presente estudo. Em contrapartida, outro estudo constatou que um grupo de crianças entre 6 e 10 anos, sem necessidade de tratamento ortodôntico, apresentou 37,80 kPa, valor inferior, portanto aos observados na presente amostra(1818 Regalo S, Lima Lucas B, Díaz-Serrano KV, Frota N, Regalo IH, Nassar M, et al. Analysis of the stomatognathic system of children according orthodontic treatment needs. J Orofac Orthop. 2018;79(1):39-47. http://doi.org/10.1007/s00056-017-0117-x. PMid:29330612.
http://doi.org/10.1007/s00056-017-0117-x...
). Semelhante aos dados do atual estudo, encontrou-se que jovens adultos saudáveis apresentaram média de 48,7 kPa para a região anterior(1919 Reis VS, Araújo TG, Furlan RMMM, Motta AR. Correlation between tongue pressure and electrical activity of the suprahyoid muscles. Rev CEFAC. 2017;19(6):792-800. http://doi.org/10.1590/1982-021620171968617.
http://doi.org/10.1590/1982-021620171968...
). Logo, os indivíduos com média de idade de 12 anos, portadores de OI, apresentaram desempenho semelhante ao de adultos jovens da população brasileira.

A pressão da região posterior de língua foi observada em estudo com jovens adultos saudáveis e confrontou os dados desta pesquisa, ao verificar 38,4 kPa, valor inferior ao da presente amostra(1919 Reis VS, Araújo TG, Furlan RMMM, Motta AR. Correlation between tongue pressure and electrical activity of the suprahyoid muscles. Rev CEFAC. 2017;19(6):792-800. http://doi.org/10.1590/1982-021620171968617.
http://doi.org/10.1590/1982-021620171968...
). No entanto, outro estudo observou valor superior na faixa etária de 20 a 29 anos; os autores encontraram pressão para região posterior de língua de 56,15 kPa(2020 Lin WY, Chen YM, Wu KM, Chen PK, Hwu YJ. Age and sex-related differences in the tongue pressure generated during maximum isometric and swallowing tasks by healthy Chinese adults. Int J Environ Res Public Health. 2021;18(10):5452. http://doi.org/10.3390/ijerph18105452. PMid:34065170.
http://doi.org/10.3390/ijerph18105452...
). Estudo com crianças e adolescentes de 3 a 16 anos observou valores para as faixas a partir dos 6 anos de idade, em geral, superiores aos do presente estudo; apenas nas faixas de 6 anos e 10 anos – meninos – os valores estiveram próximos aos do atual estudo. Dessa forma, na região posterior de língua, foi observado que a força da língua pediátrica aumentou com a idade e não houve diferença geral significativa entre os gêneros. Apenas uma tendência foi observada, com as meninas apresentando maior força da língua do que os meninos, aos 10 anos, e meninos superando as meninas com maior força da língua aos 14 e 16 anos(2121 Potter NL, Short R. Maximal tongue strength in typically developing children and adolescents. Dysphagia. 2009;24(4):391-7. http://doi.org/10.1007/s00455-009-9215-2. PMid:19390891.
http://doi.org/10.1007/s00455-009-9215-2...
).

Em relação à tarefa de deglutição, dados da literatura apontam valores para pressão de língua superiores aos achados presentes. Em crianças entre 4 e 9 anos foi observada pressão de dorso durante deglutição de 53,73 kPa(2222 Santos V, Vieira A, Silva HE. Atividade elétrica dos músculos masseter e supra-hióideo durante a deglutição do paciente com esclerose múltipla. CoDAS. 2019;31(6):e20180207. http://doi.org/10.1590/2317-1782/20192018207. PMid:31800879.
http://doi.org/10.1590/2317-1782/2019201...
). Destaca-se que a posição do bulbo para o mencionado estudo(2222 Santos V, Vieira A, Silva HE. Atividade elétrica dos músculos masseter e supra-hióideo durante a deglutição do paciente com esclerose múltipla. CoDAS. 2019;31(6):e20180207. http://doi.org/10.1590/2317-1782/20192018207. PMid:31800879.
http://doi.org/10.1590/2317-1782/2019201...
) foi diferente da posição utilizada na presente amostra. Assim, não foi possível estabelecer uma comparação direta com este estudo, porém, os resultados dos autores apresentam valores muito discrepantes dos observados na população com OI(2222 Santos V, Vieira A, Silva HE. Atividade elétrica dos músculos masseter e supra-hióideo durante a deglutição do paciente com esclerose múltipla. CoDAS. 2019;31(6):e20180207. http://doi.org/10.1590/2317-1782/20192018207. PMid:31800879.
http://doi.org/10.1590/2317-1782/2019201...
).

A literatura mostra que a limitação de movimento nas articulações temporomandibulares pode estar presente na OI(88 Małgorzata KM, Małgorzata P, Kinga S, Jerzy S. Temporomandibular joint and cervical spine mobility assessment in the prevention of temporomandibular disorders in children with osteogenesis imperfecta: a pilot study. Int J Environ Res Public Health. 2021;18(3):1076. http://doi.org/10.3390/ijerph18031076. PMid:33530378.
http://doi.org/10.3390/ijerph18031076...
). Em participantes com disfunção temporomandibular na faixa etária de 18 a 28 anos, foi verificada média de 34,333 kPa para deglutição com o bulbo localizado na papila incisiva e os indivíduos deglutindo a saliva. Os autores também observaram que a pressão da língua na protrusão e na deglutição da saliva correlacionou-se negativamente com a função de deglutição para indivíduos com disfunção temporomandibular. Portanto, indivíduos com disfunção temporomandibular com redução da pressão na língua apresentam maior dificuldade em realizar a função de deglutição de forma adequada(2323 Rosa RR, Bueno M, Migliorucci RR, Brasolotto AG, Genaro KF, Berretin-Felix G. Tongue function and swallowing in individuals with temporomandibular disorders. J Appl Oral Sci. 2020;28:e20190355. http://doi.org/10.1590/1678-7757-2019-0355. PMid:32267377.
http://doi.org/10.1590/1678-7757-2019-03...
).

Os distúrbios de deglutição em crianças e adolescentes com OI já foram relatados em crianças e adolescentes com OI(66 Smoląg D, Kulesa-Mrowiecka M, Sułko J. Evaluation of stomatognathic problems in children with osteogenesis imperfecta (osteogenesis imperfecta - oi) - preliminary study. Dev Period Med. 2017;21(2):144-53. http://doi.org/10.34763/devperiodmed.20172102.144153. PMid:28796986.
http://doi.org/10.34763/devperiodmed.201...
), dados que podem sugerir, então, que os participantes do presente estudo, considerando os valores observados para pressão de língua durante deglutição, apresentavam dificuldade em realizar a função de deglutição de forma adequada ou realizavam a deglutição de forma adaptada.

Nas comparações entre os grupos de OI, foi observada maior pressão de língua da região posterior no grupo OIL. Estudo com análise cefalométrica em jovens adultos avaliou os efeitos da pressão da língua e dos lábios na morfologia dentofacial. O aumento da pressão da região anterior da língua aumenta à medida que a base posterior do crânio aumenta e que o overjet diminui. Além disso, quanto maior a distância do plano palatino ao dorso da língua, menor é o valor da pressão posterior da língua(2424 Lee YS, Ryu J, Baek SH, Lim WH, Yang IH, Kim TW, et al. Comparative analysis of the differences in dentofacial morphology according to the tongue and lip pressure. Diagnostics. 2021;11(3):503. http://doi.org/10.3390/diagnostics11030503. PMid:33809088.
http://doi.org/10.3390/diagnostics110305...
). Análises cefalométricas em sujeitos com OI encontraram medidas lineares sagitais e verticais inferiores às observadas nos grupos controles, sendo a base anterior do crânio nos tipos III e IV OI ainda menor do que no tipo I; em contrapartida, a base posterior do crânio não apresentava alongamento compensatório(99 Waltimo-Sirén J, Kolkka M, Pynnönen S, Kuurila K, Kaitila I, Kovero O. Craniofacial features in osteogenesis imperfecta: a cephalometric study. Am J Med Genet A. 2005;133A(2):142-50. http://doi.org/10.1002/ajmg.a.30523. PMid:15666304.
http://doi.org/10.1002/ajmg.a.30523...
). Assim, sendo as medidas lineares em OI tipo I maiores, poderia ser uma justificativa para a maior pressão da região anterior.

Em média, 57% da constituição das fibras musculares do corpo da língua, sendo este a região das papilas circunvaladas até o frênulo(1010 Sanders I, Mu L. A three-dimensional atlas of human tongue muscles. Anat Rec. 2013;296(7):1102-14. http://doi.org/10.1002/ar.22711. PMid:23650264.
http://doi.org/10.1002/ar.22711...
), são fibras de contração lenta(1111 Sanders I, Mu L, Amirali A, Su H, Sobotka S. The human tongue slows down to speak: muscle fibers of the human tongue. Anat Rec. 2013;296(10):1615-27. http://doi.org/10.1002/ar.22755. PMid:23929762.
http://doi.org/10.1002/ar.22755...
), enquanto na lâmina da língua esse percentual é de 46%(1111 Sanders I, Mu L, Amirali A, Su H, Sobotka S. The human tongue slows down to speak: muscle fibers of the human tongue. Anat Rec. 2013;296(10):1615-27. http://doi.org/10.1002/ar.22755. PMid:23929762.
http://doi.org/10.1002/ar.22755...
), sendo esta a região anterior ao frênulo(1010 Sanders I, Mu L. A three-dimensional atlas of human tongue muscles. Anat Rec. 2013;296(7):1102-14. http://doi.org/10.1002/ar.22711. PMid:23650264.
http://doi.org/10.1002/ar.22711...
). Estudo verificou que a lâmina ainda apresentou, entre outras diferenças, o tecido conjuntivo mais frouxo(1111 Sanders I, Mu L, Amirali A, Su H, Sobotka S. The human tongue slows down to speak: muscle fibers of the human tongue. Anat Rec. 2013;296(10):1615-27. http://doi.org/10.1002/ar.22755. PMid:23929762.
http://doi.org/10.1002/ar.22755...
), enquanto, o lado medial do corpo e a base apresentaram, entre outras características, menor tecido conjuntivo(1111 Sanders I, Mu L, Amirali A, Su H, Sobotka S. The human tongue slows down to speak: muscle fibers of the human tongue. Anat Rec. 2013;296(10):1615-27. http://doi.org/10.1002/ar.22755. PMid:23929762.
http://doi.org/10.1002/ar.22755...
).

Embora a razão para tais diferenças ainda não esteja totalmente elucidada, fibras musculares pequenas e a grande quantidade de tecido conjuntivo frouxo parecem relacionados ao grau em que essas áreas podem modificar sua forma. Sem esqueleto ósseo, são os músculos que fornecem a estrutura sobre a qual interagem mecanicamente e o movimento de um segmento requer suporte de outro. Essa função de suporte provavelmente requer a contração tônica, que é realizada por fibras musculares lentas(1111 Sanders I, Mu L, Amirali A, Su H, Sobotka S. The human tongue slows down to speak: muscle fibers of the human tongue. Anat Rec. 2013;296(10):1615-27. http://doi.org/10.1002/ar.22755. PMid:23929762.
http://doi.org/10.1002/ar.22755...
), e também o rearranjo, que é possibilitado graças à presença de tecido conjuntivo. Embora ainda não esteja claro o modo como as interconexões da matriz extracelular com o músculo transmitem as forças contráteis musculares, o colágeno tipo I anormal da OI provavelmente interrompe a organização do tecido conjuntivo e as interações que são críticas para a transmissão da força contrátil(2525 Phillips CL, Jeong Y. Osteogenesis imperfecta: muscle-bone interactions when bi-directionally compromised. Curr Osteoporos Rep. 2018;16(4):478-89. http://doi.org/10.1007/s11914-018-0456-6. PMid:29909596.
http://doi.org/10.1007/s11914-018-0456-6...
), o que poderia, então, ser outra explicação para a diferença de maior pressão de língua da região posterior no grupo OIL para o grupo OIMG. Pressupõe-se que, nos casos mais leves de OI na região da língua em que há menos quantidade de tecido conjuntivo, é possível alcançar maior pressão, pois as fibras de contração lenta sustentam essa força gerada e as outras regiões da língua conseguem realizar o rearranjo necessário, enquanto nos casos mais graves, essa reorganização é comprometida e não possibilita sustentar a contração de uma região com menos tecido conjuntivo frouxo disponível.

Na correlação entre as pressões de língua, observou-se que maior pressão da região anterior de língua está correlacionada à maior pressão da região posterior(2626 Yano J, Yamamoto-Shimizu S, Yokoyama T, Kumakura I, Hanayama K, Tsubahara A. Effects of anterior tongue strengthening exercises on posterior tongue strength in healthy young adults. Arch Oral Biol. 2019;98:238-42. http://doi.org/10.1016/j.archoralbio.2018.11.028. PMid:30522043.
http://doi.org/10.1016/j.archoralbio.201...
). Estudo que avaliou se exercícios de fortalecimento da musculatura da região anterior da língua afetariam a força da musculatura posterior da língua encontrou que a força da língua da parte posterior aumentou com o aumento da força do músculo anterior da língua, devido apenas ao exercício de fortalecimento do músculo anterior da língua. Os autores justificam que, devido à estrutura especial do músculo da língua, as partes anterior e posterior dos músculos da língua não podem se contrair independentemente, pois estão interligados para contração de uma maneira complicada(2626 Yano J, Yamamoto-Shimizu S, Yokoyama T, Kumakura I, Hanayama K, Tsubahara A. Effects of anterior tongue strengthening exercises on posterior tongue strength in healthy young adults. Arch Oral Biol. 2019;98:238-42. http://doi.org/10.1016/j.archoralbio.2018.11.028. PMid:30522043.
http://doi.org/10.1016/j.archoralbio.201...
).

No presente estudo, não foi observada correlação significativa entre maior pressão da região anterior e a pressão utilizada durante a deglutição; da mesma forma, a pressão da região posterior não apresentou correlação significativa com a deglutição, concordando com dados da literatura em análise semelhante, que também não observou diferenças estatisticamente significativas entre a pressão da região anterior e posterior da língua para pressão de língua e pressão de língua durante deglutição(2020 Lin WY, Chen YM, Wu KM, Chen PK, Hwu YJ. Age and sex-related differences in the tongue pressure generated during maximum isometric and swallowing tasks by healthy Chinese adults. Int J Environ Res Public Health. 2021;18(10):5452. http://doi.org/10.3390/ijerph18105452. PMid:34065170.
http://doi.org/10.3390/ijerph18105452...
). A deglutição é considerada uma tarefa lingual, cuja a execução não atinge a força máxima que a língua é capaz de alcançar e que demonstra maior variabilidade no padrão de execução(2020 Lin WY, Chen YM, Wu KM, Chen PK, Hwu YJ. Age and sex-related differences in the tongue pressure generated during maximum isometric and swallowing tasks by healthy Chinese adults. Int J Environ Res Public Health. 2021;18(10):5452. http://doi.org/10.3390/ijerph18105452. PMid:34065170.
http://doi.org/10.3390/ijerph18105452...
,2727 Peladeau-Pigeon M, Steele CM. Age-related variability in tongue pressure patterns for maximum isometric and saliva swallowing tasks. J Speech Lang Hear Res. 2017;60(11):3177-84. http://doi.org/10.1044/2017_JSLHR-S-16-0356. PMid:29114767.
http://doi.org/10.1044/2017_JSLHR-S-16-0...
). O efeito da idade na força máxima da língua tem sido descrito, contudo, a força da língua durante a deglutição permanece estável durante a maior parte da vida(2020 Lin WY, Chen YM, Wu KM, Chen PK, Hwu YJ. Age and sex-related differences in the tongue pressure generated during maximum isometric and swallowing tasks by healthy Chinese adults. Int J Environ Res Public Health. 2021;18(10):5452. http://doi.org/10.3390/ijerph18105452. PMid:34065170.
http://doi.org/10.3390/ijerph18105452...
,2828 Wu SJ, Wang CC, Lin FY, Tseng KY, Hwu YJ. Analysis of labial and lingual strength among healthy Chinese adults in Taiwan. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(21):7904. http://doi.org/10.3390/ijerph17217904. PMid:33126580.
http://doi.org/10.3390/ijerph17217904...
). Assim, destaca-se a importância de avaliar a estrutura oral durante sua função e não apenas sua capacidade em desempenhar determinada tarefa que não corresponde à função.

Diferentes avaliações em amostras significativas com populações de doenças raras são uma tarefa particularmente difícil. Este é o primeiro estudo a realizar avaliações quantitativas da deglutição em crianças e adolescentes com OI. A ausência de um grupo controle e o tamanho amostral foram limitações deste estudo. Sugere-se que pesquisa com amostra maior para realizar divisões etárias e que apresente um grupo controle poderia auxiliar a compreender os achados nessa população.

CONCLUSÃO

A correlação da pressão de língua demonstrou que maior pressão da região anterior de língua correlaciona-se à maior pressão da região posterior de língua. Não há correlação significativa entre a capacidade isométrica de língua da região anterior e posterior e a pressão de língua durante a função de deglutição de saliva.

AGRADECIMENTOS

Ao Fundo de Incentivo à Pesquisa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e a Decit/SCTIE/MS-CNPq-FAPERGS Nº 08/2020 21/2551-0000124-0 pelo financiamento que possibilitou o estudo.

Ao professor Dr. Eduardo Silveira Ferreira pelo auxílio para obtenção das imagens.

  • Trabalho realizado na Faculdade de Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS – Porto Alegre (RS), Brasil.
  • Financiamento:

    Fundo de Incentivo à Pesquisa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e Decit/SCTIE/MS-CNPq-FAPERGS Nº 08/2020 21/2551-0000124-0.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Out 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    05 Mar 2024
  • Aceito
    25 Jun 2024
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