O artigo analisa os desdobramentos de um tipo de delito perseguido pela Inquisição portuguesa: o crime de solicitação, quando os padres confessores incorriam no assédio às suas filhas espirituais no confessionário ou em torno do sacramento da Confissão. A partir de denúncias feitas ao Santo Ofício, discute a teia de misoginia e racismo que, por vezes, transparecia nas palavras dos homens chamados para testemunhar sobre o crédito, o comportamento e a reputação das mulheres solicitadas. Busca analisar ainda como, no contexto do colonialismo escravista, se difundiu uma visão estigmatizada sobre a conduta sexual das mulheres negras e suas descendentes.
inquisição; solicitação; mulheres; misoginia; racismo