RESUMO
Contexto: A litíase biliar pode ser definida como a presença de cálculo ou barro biliar na vesícula e/ou nos ductos biliares. A doença pode ser assintomática ou sintomática, podendo levar a complicações e, consequentemente, a um pior prognóstico, como colecistite aguda, coledocolitíase, colangite e pancreatite aguda. O risco de complicações aumenta após o primeiro episódio de cólica biliar.
Objetivo: Avaliação clínica-epidemiológica dos pacientes internados em enfermaria de gastroenterologia de um hospital terciário, com complicações relacionadas à litíase biliar.
Métodos: Foram avaliados 158 pacientes internados no período de 1º de janeiro de 2013 a 24 de fevereiro de 2021, por meio de análise de relatório de alta e prontuário.
Resultados: Houve uma predominância do sexo feminino (76,6%), e a média de idade dos pacientes foi de 51,6 anos. Homens eram significativamente mais velhos que as mulheres (P=0,005). A maioria (57,6%) apresentava alguma comorbidade, sendo as mais frequentes: hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e obesidade. A média de tempo de internação foi de 24 dias, sendo significativamente maior para os homens (P=0,046), mas sem relação direta com a idade (P=0,414). A complicação mais frequente foi a coledocolitíase, e 55,7% dos pacientes sem colecistectomia prévia apresentaram relato de cólica biliar antes da internação, em média, 1,5 anos antes. Histórico de colecistectomia prévia estava presente em 17,1% dos avaliados. Ultrassonografia abdominal, seguida de colangiorressonância magnética foram os exames complementares mais frequentemente realizados para definição diagnóstica. Em relação às medidas terapêuticas, a colangiopancreatografia endoscópica retrógrada (CPRE) foi necessária em 47,3% dos pacientes sem colecistectomia prévia e 81,4% dos pacientes com colecistectomia prévia. Dos pacientes ainda não colecistectomizados, 84% deles puderam ser submetidos ao procedimento antes da alta.
Conclusão: Houve predomínio do sexo feminino. Os homens foram significativamente mais velhos do que as mulheres e tiveram uma permanência hospitalar consideravelmente mais longa. A complicação mais frequente foi a coledocolitíase, e cerca de metade dos pacientes relatou cólica biliar prévia. A CPRE foi necessária para a maioria dos pacientes.
Palavras-chave: Litíase biliar; colecistectomia; coledocolitíase