CONTEXTO: A Escherichia coli enteroagregativa está associada à diarréia persistente em vários países em desenvolvimento. Procedimentos in vivo empregando modelos animais como ratos, coelhos e alças intestinais de suínos gnotobióticos, e modelos in vitro com linhas celulares, tais como: T84, Caco 2, HT29, HeLa e HEp-2 e cultura de órgão in vitro são empregados no estudo desta bactéria e de sua patogenicidade. OBJETIVOS: Neste trabalho foram avaliadas as interações de três cepas de Escherichia coli enteroagregativa usando cultura de órgão in vitro, com o objetivo de observar e comparar as alterações em diferentes regiões do intestino: mucosa ileal e mucosa colônica. MÉTODOS: Este estudo empregou fragmentos de íleo terminal e cólon extraídos de pacientes submetidos a colonoscopia. Os fragmentos intestinais infectados in vitro foram fixados para avaliação em microscopia eletrônica de transmissão. Cada cepa bacteriana foi testada com três fragmentos intestinais de cada região. RESULTADOS: As cepas estudadas colonizaram e provocaram efeitos citotóxicos no íleo e no cólon. Alterações na mucosa ileal, tais como: destruição parcial ou total das vilosidades, vacuolização do citoplasma basal dos enterócitos, destacamento do epitélio e desarranjo da estrutura com extrusão de células epiteliais poderiam explicar a perpetuação do processo diarréico. Agregados bacterianos foram vistos no lúmen intestinal associados a muco e restos celulares e nos espaços intercelulares do epitélio destruído sugerindo invasão bacteriana que pareceu ser secundária à destruição do tecido. CONCLUSÃO: A patogênese da diarréia persistente deve incluir alterações no intestino delgado aonde ocorrem as funções digestivo-absortivas. Na mucosa colônica as lesões inflamatórias observadas justificariam a ocorrência de colite.
Escherichia coli; Diarréia; Microscopia eletrônica de transmissão