RESUMO
Contexto
O impacto da doença é um indicador relacionado ao estado de saúde. Dados epidemiológicos norte-americanos e europeus mostraram que, nas últimas décadas, o impacto da doença hepática crônica tem aumentado significativamente. Não há estudos que avaliem o impacto das descompensações da doença hepática crônica na lista de espera para transplante hepático (TxH) com doador falecido.
Objetivo:
Determinar o impacto clínico e econômico das descompensações da doença hepática nos pacientes em lista de espera sob a perspectiva do centro transplantador.
Métodos
Foram analisados, retrospectivamente, os prontuários de 104 pacientes incluídos em lista de espera para TxH com doador falecido entre outubro de 2012 e maio de 2016 e acompanhados integralmente no centro transplantador. Dados clínicos foram obtidos do prontuário eletrônico, enquanto dados econômicos foram coletados através de software de gestão hospitalar. A apropriação dos custos médicos diretos foi realizada sob duas metodologias: custeio por absorção pleno e microcusteio.
Resultados:
A descompensação com maior incidência foi a ascite refratária (20,2%) seguida de encefalopatia portossistêmica (12,5%). A média de internações por paciente foi de 1,37±3,42. A hemorragia digestiva alta varicosa foi a descompensação com maior tempo mediano de internação (18 dias), seguida da síndrome hepatorrenal (13,5 dias). A descompensação mais onerosa foi a síndrome hepatorrenal (custo médio de US$ 3.565), seguida encefalopatia portossistêmica (US$ 2.576) e a hemorragia digestiva alta varicosa (US$ 1.530).
Conclusão
O impacto da doença hepática crônica inclui um custo importante para os sistemas de saúde. Além disso, é provável que seja ainda maior em decorrência do curso insidioso da doença.
Palavras-chave:
Cirrose hepática; custos e análise de custo; encefalopatia hepática; síndrome hepatorrenal; listas de espera; custo da doença