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A antiga técnica em um novo estilo: desenvolvendo habilidades procedimentais em paracentese em simulador de baixo custo

RESUMO

CONTEXTO:

A paracentese é um procedimento médico de rotina bastante relevante na prática clínica. Devido à sua importância na assistência médica diária e seus riscos de complicações, o treino do procedimento é essencial em currículos médicos reconhecidos.

OBJETIVO:

Descrever a construção de um simulador de paracentese de baixo custo, destacando a percepção de estudantes sobre o seu uso para treinamento na graduação em Medicina.

MÉTODOS:

Um modelo de baixo custo foi desenvolvido pelo Programa de Educação Tutorial para treinamento de estudantes de Medicina durante três edições de um curso teórico-prático de procedimentos invasivos à beira do leito. Os autores construíram um modelo a partir de materiais comuns e de fácil acesso, como manequim comercial e suportes de madeira e plástico para representar o abdômen, tecido de couro sintético para a pele, esponja revestida com filme plástico para representar a parede abdominal e luvas de procedimento com água misturada com tinta para simular o líquido ascítico e outras estruturas abdominais. Para avaliar o modelo, aplicou-se um questionário semiestruturado com aspectos quantitativos e qualitativos para médicos especialistas e estudantes.

RESULTADOS:

O modelo para paracentese tem orçamento inicial de US$22.00 / R$70,00 para 30 simulações e US$16.00 / R$50,00 para cada 30 simulações adicionais. Foi testado por oito especialistas (clínico geral, cirurgião geral e gastroenterologista), dos quais quatro são gastroenterologistas, e todos concordaram plenamente que o procedimento deve ser realizado no manequim antes de ser feito no paciente real, e todos eles aprovaram o modelo para o ensino de graduação. Durante as edições do curso, um total de 87 estudantes de graduação em Medicina (56% homens) realizaram individualmente o procedimento. Em relação às etapas do procedimento, do total de alunos avaliados, 80,5% identificaram o local apropriado para a punção e 75,9% procederam com a técnica Z ou tração. Ao final, 80,5% dos alunos conseguiram aspirar ao conteúdo ascítico, com 80,5% realizando o curativo e finalizando o procedimento. Todos os alunos concordaram plenamente que o treinamento com paracentese simulada deve ser feito antes de se realizar o procedimento em um paciente real.

CONCLUSÃO:

A elaboração de um modelo de ensino em paracentese proporcionou experiência única a autores e participantes, permitindo uma visível correlação da anatomia humana com materiais sintéticos, aprofundando o conhecimento desta ciência básica e desenvolvendo habilidades criativas, o que potencializa a prática clínica. Não há dados sobre o uso de modelos de simulação de paracentese em universidades brasileiras. No entanto, o procedimento é bastante realizado nos serviços de saúde e precisa ser treinado. O modelo descrito acima foi apresentado como de qualidade, baixo custo e de fácil reprodutibilidade, sendo inédito no cenário da educação médica nacional, mostrando-se uma ferramenta complementar de ensino na graduação e preparando os alunos para o procedimento in vivo.

DESCRITORES:
Educação médica; Simulação; Paracentese

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