RESUMO
CONTEXTO:
Disfagia é o mais frequente sintoma digestivo da doença de Chagas; entretanto, outros sintomas podem ser referidos. Esses sintomas podem ser associados ao grau de comprometimento radiológico do esôfago e à duração da disfagia.
OBJETIVO:
Avaliar os sintomas e o tempo de disfagia relacionados com os diferentes graus de megaesôfago em pacientes com doença de Chagas.
MÉTODOS:
Participaram da investigação 29 pacientes com idades entre 48 e 73 anos, todos com disfagia e teste sorológico positivo para doença de Chagas. Eles foram submetidos à avaliação de sintomas e exame radiológico do esôfago para avaliar o grau de megaesôfago, que variou de I (alteração discreta) a IV (alteração intensa). Disfagia foi quantificada pelo método Eating Assessment Tool (EAT-10).
RESULTADOS:
Doze (41%) pacientes apresentaram grau I de megaesôfago, 9 (31%) grau II, e 8 (28%) graus III/IV. A intensidade da disfagia não foi relacionada com o resultado do exame radiológico, com a mediana do EAT-10 de 5,5 para o grau I, 9,0 para o grau II, e 5,5 para os graus III/IV (P>0,25). Engasgo (14%), regurgitação (21%), queixa vocal (21%), perda de peso (17%), e odinofagia (17%) não foram relacionados ao grau de megaesôfago. Houve relação entre alteração vocal e odinofagia com o tempo que os pacientes tinham disfagia. Houve relação entre frequência de sintomas e valores do EAT-10 com a duração da disfagia.
CONCLUSÃO:
Quanto mais longo o tempo que o paciente tem disfagia maior a frequência de sintomas referidos pelos pacientes. Não há relação entre graus de megaesôfago com os sintomas e a intensidade da disfagia.
Palavras-chave:
Doença de Chagas; acalasia esofágica; transtornos da deglutição; doenças do esôfago; tripanossomíase