RACIONAL: A desnutrição é freqüente em cirróticos, mas sua avaliação é difícil. A predição do gasto energético basal pela equação de Harris-Benedict não está validada neste grupo. A alternativa seria mensurá-la através da calorimetria indireta. OBJETIVOS: Realizar avaliação nutricional em cirróticos, aferir o gasto energético basal pela calorimetria indireta e compará-lo ao estimado pela equação de Harris-Benedict. MATERIAL E MÉTODOS: Estudaram-se 34 adultos com cirrose pelo vírus da hepatite C, em acompanhamento ambulatorial, classificados de acordo com Child-Pugh e escore "model of end-stage liver disease". O gasto energético basal foi estimado pela equação de Harris-Benedict e medido pela calorimetria indireta. Avaliação nutricional foi realizada por antropometria, avaliação nutricional subjetiva global, dinamometria e inquérito recordatório. RESULTADOS: Em relação à classificação de Child-Pugh, 15 (44,2%) eram A, 12 (35,3%) B e 7 (20,6%) C e 33 (97,1%) apresentaram valores inferiores a 20 no escore "model of end-stage liver disease". O gasto energético basal estimado foi maior do que o medido (Harris-Benedict 1404,5 ± 150,3 kcal; calorimetria indireta 1059,9 ± 309,6 kcal). A prevalência de desnutrição variou entre os métodos (índice de massa corpórea, circunferência muscular do braço, avaliação nutricional subjetiva global, prega cutânea do tríceps e dinamometria: 0%; 5,9%; 17,6%; 35,3% e 79,4%, respectivamente). A ingestão calórica e protéica foi de 80% e 85% do recomendado, com inadequação na ingestão de cálcio, magnésio, ferro e zinco. CONCLUSÕES: A desnutrição foi freqüente. A dinamometria parece ser o melhor método para o diagnóstico. A ingestão foi inadequada. Considerando que o gasto energético basal estimado foi superior ao medido e a necessidade de maior aporte calórico, a utilização da equação de predição talvez possa substituir a calorimetria indireta.
Cirrose hepática; Hepacivírus; Desnutrição; Avaliação nutricional; Metabolismo energético; Calorimetria indireta; Força da mão