RESUMO
Contexto:
Doença de Chagas compromete principalmente o coração e o aparelho digestivo. No esôfago ocorre destruição do plexo mientérico, com alterações radiológicas e manométricas semelhantes às da acalásia idiopática.
Objetivo:
Avaliar a influência do comprometimento radiológico do esôfago, alterações cardíacas, contrações esofágicas distais e queixas de disfagia e constipação na pressão dos esfíncteres superior (EES) e inferior (EEI) do esôfago.
Métodos:
Foram avaliados 99 pacientes com exame sorológico positivo para doença de Chagas, com exame radiológico do esofâgo normal (n=61) ou retenção esofágica sem dilatação (n=38), e 40 voluntários normais. A pressão do esfíncter superior e inferior foi medida em triplicata pelo método da retirada rápida do cateter com perfusão de água, em quatro direções dos esfíncteres. Os pacientes foram questionados sobre disfagia e constipação, e foram realizados eletrocardiograma e radiografia de tórax.
Resultados:
A amplitude da contração distal foi de maior valor dos controles para pacientes com retenção esofágica; a proporção de contrações falhas e simultâneas aumentou em pacientes com exame radiológico anormal (P=0,01). Não houve diferença entre os grupos nas pressões do EES e do EEI. Pacientes com cardiomegalia apresentaram pressão do EES similar (n=27, 126,5±62,7 mmHg) a pacientes sem cardiomegalia (n=72, 144,2 ±51,6 mmHg, P=0,26). Pacientes com constipação apresentaram menor pressão do EEI (n=23, 34,7±20,3 mmHg) do que pacientes sem constipação (n=76, 42,9±20,5 mmHg, P<0,03).
Conclusão:
Os pacientes com doença de Chagas avaliados não apresentaram alteração significativa na pressão basal do EES e do EEI. Houve associação da queixa de constipação com diminuição da pressão basal do EIE.
Palavras-chave:
Doença de Chagas; acalásia esofágica; transtornos da deglutição; esfíncter esofágico superior; esfíncter esofágico inferior