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Células supressoras mieloides derivadas dois anos após a erradicação do vírus da hepatite C usando antivirais de ação direta

RESUMO

Contexto:

As células supressoras derivadas de mieloides (CSDMs) possuem morfologia imatura, atividade fagocítica relativamente fraca e algumas funções imunossupressoras. A capacidade das CSDMs de inibir respostas imunológicas mediadas por células T é sua característica funcional mais notável. A expansão e ativação das CSDMs contribuem significativamente para a ocorrência e progressão de tumores, regulando negativamente a vigilância imunológica antitumoral. Níveis aumentados de CSDMs em pacientes com infecção crônica pelo vírus da hepatite C (HCV) poderiam suprimir respostas das células T, promovendo a fuga viral e a progressão da hepatite. Isso pode tornar os indivíduos infectados pelo HCV mais vulneráveis a infecções graves, tumores hepáticos e extra-hepáticos, e a uma capacidade diminuída de reagir à imunização. Ainda não se sabe se a erradicação eficaz do HCV com antivirais de ação direta (AAD) pode restaurar as funções imunológicas e a capacidade de vigilância imunológica.

Objetivo:

O objetivo deste estudo foi observar a frequência de M-CSDMs (CD33+, CD11b+ e HLA-DR-) em pacientes com histórico anterior de HCV, 2-3 anos após a erradicação do vírus usando terapia com AADs.

Métodos:

Este estudo foi realizado em 110 indivíduos: 55 indivíduos sem cirrose hepática que foram tratados com AADs para HCV e atingiram resposta virológica sustentada (SVR) por um período de 2-3 anos e 55 controles saudáveis pareados por idade e gênero. O estudo foi conduzido no período de janeiro a julho de 2022. Os pacientes foram recrutados da Unidade Nacional de Tratamento de Hepatites Virais, da clínica ambulatorial de Hepatologia da Universidade de Alexandria e da clínica ambulatorial de Medicina Tropical da Universidade de Alexandria. As frequências de CSDMs (CD33+CD11b+HLA-DR-) foram avaliadas por citometria de fluxo.

Resultados:

Mesmo após a erradicação do vírus por mais de dois anos, os níveis de CSDMs em indivíduos tratados para HCV foram consideravelmente mais altos. No grupo tratado para HCV, o número mediano de CSDMs foi de 5, com um intervalo interquartil (IQR) de 3,79-7,69. Em contraste, a mediana para o grupo controle foi de 3,1, com um IQR de 1,4-3,2 (P<0,001).

Conclusão:

A terapia bem-sucedida com AADs leva a uma reconstituição imunológica lenta e parcial, como demonstrado pela falha em atingir níveis normais de CSDMs 2 anos após a erradicação bem-sucedida do HCV, apesar da normalização dos parâmetros laboratoriais e da ausência de fibrose hepática. As implicações clínicas desses achados devem ser estudadas minuciosamente.

Palavras-chave:
Hepatite C; hepatite viral; fígado; células supressoras derivadas de mieloides; antivirais de ação direta

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