RACIONAL: O esôfago de Barrett, principal fator de risco para o adenocarcinoma do esôfago, é uma complicação da doença por refluxo gastroesofágico de longa duração, sendo detectado em, aproximadamente, 10%-14% dos indivíduos submetidos a endoscopia digestiva alta para avaliação de sintomas relacionados à doença por refluxo gastroesofágico. Estudos de prevalência do esôfago de Barrett em indivíduos sem sintomas típicos de doença por refluxo gastroesofágico mostram taxas oscilando entre 0,6% e 25%. OBJETIVO: Determinar a prevalência do esôfago de Barrett em indivíduos maiores de 50 anos sem os sintomas clássicos da doença por refluxo gastroesofágico. MÉTODOS: Foram recrutados 104 pacientes (51 homens e 53 mulheres), idade média 65 anos, com indicação de se submeterem a endoscopia digestiva alta, porém sem sintomas de pirose e/ou regurgitação ácida (certificados através de questionário validado). Foram excluídos indivíduos com exame endoscópico prévio nos últimos 10 anos ou que fizeram uso de medicação anti-secretora nos últimos 6 meses. Durante o exame endoscópico foi realizada cromoscopia com azul de metileno, para facilitar a identificação do epitélio metaplásico. RESULTADOS: O esôfago de Barrett foi diagnosticado por endoscopia e confirmado pela histologia em quatro pacientes, todos do sexo masculino. Os segmentos metaplásicos eram curtos (inferior a 3 cm) e livre de displasia em todos os pacientes. A prevalência encontrada foi de 7,75% na população masculina e 3,8% na população geral avaliada. CONCLUSÃO: Diante da baixa prevalência do esôfago de Barrett encontrada no presente estudo, associada ao achado de segmento curto de Barrett em todos os casos diagnosticados e ausência de displasia no material analisado, rastreamento endoscópico para o esôfago de Barrett em pacientes acima de 50 anos sem os sintomas clássicos da doença por refluxo gastroesofágico não se justificaria na população brasileira.
Esôfago de Barrett; Refluxo gastroesofágico; Endoscopia gastrointestinal