RESUMO
Contexto: O tratamento da pancreatite crônica não resolve de forma consistente as anomalias intestinais e, apesar da implementação de várias medidas terapêuticas, os pacientes muitas vezes continuam a apresentar diarreia persistente. Portanto, é imperativo reconhecer que a diarreia pode resultar de fatores além da insuficiência pancreática, e a inflamação intestinal surge como um potencial fator contribuinte.
Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar os níveis fecais de lactoferrina e calprotectina como indicadores de inflamação intestinal em pacientes com pancreatite crônica com diarreia persistente.
Métodos: Neste estudo, 23 pacientes do sexo masculino com pancreatite crônica atribuída principalmente ao consumo de álcool e apresentando diarreia (classificada na escala de fezes de Bristol tipo 6 ou 7), foram submetidos a uma avaliação abrangente de seu estado clínico e nutricional. Os níveis fecais de lactoferrina e calprotectina foram medidos utilizando técnicas de imunoensaio.
Resultados: A idade média dos participantes foi de 54,8 anos, 43,5% tinham diabetes e 73,9% eram fumantes. Apesar de receber terapia de reposição enzimática e abster-se de álcool por mais de 4 anos, todos os participantes apresentaram diarreia persistente, acompanhada por níveis elevados de calprotectina e lactoferrina, indicativos de inflamação intestinal contínua.
Conclusão: Os achados deste estudo ressaltam que a inflamação intestinal, evidenciada pelos biomarcadores fecais elevados calprotectina e lactoferrina, pode contribuir para explicar a persistência da diarreia em pacientes com pancreatite crônica.
Palavras-chave: Biomarcadores; biomarcadores fecais; lactoferrina; calprotectina; insuficiência pancreática exócrina; pancreatite crônica; inflamação intestinal; diarreia