Open-access O TEMPO LÓGICO LACANIANO COMO AGENTE TRANSFORMATIVO NA CLÍNICA PSICANALÍTICA

LACANIAN LOGICAL TIME AS A TRANSFORMATIVE AGENT IN THE PSYCHOANALYTIC CLINIC

Resumo:

A partir da importância do texto O tempo lógico e a asserção de certeza antecipada, de Jacques Lacan, para o campo psicanalítico, este artigo pretende analisar como essa tese pode vir a fundamentar o exercício da função de psicanalista na direção de tratamento, sobretudo em relação ao manejo transferencial com vistas à transformação subjetiva que se espera na clínica psicanalítica. Conclui-se que a modulação do tempo lógico subjetivo, engendrada pelo laço social e sustentada pela transferência, funciona como um centro norteador da direção de tratamento na clínica psicanalítica, possibilitando ao sujeito experiências transformativas para além da clínica.

Palavras-chave: tempo lógico; transferência; clínica psicanalítica

Abstract:

Based on the importance of Jacques Lacan’s text The logical time and the assertion of anticipated certainty for psychoanalysis, this article intends to analyze how this thesis can support the exercise of the psychoanalyst’s function in the direction of treatment, especially in its relation to the transference management aiming at the subjective transformation that is expected in the psychoanalytic clinic. It is concluded that the modulation of subjective logical time, engendered by the social bond and sustained by the transference, works as a guiding center for the direction of treatment in the psychoanalytic clinic, providing the subject transformative experiences beyond the clinic.

Keywords: logical time; transference; psychoanalytic clinic

INTRODUÇÃO

O tempo lógico e a asserção de certeza antecipada foi escrito por Lacan em 1945, no pós-guerra, publicado na revista Cahiers d’Art, uma revista importante na época por trazer expoentes da arte e intelectualidade. A revista foi fundada em 1926 por Christian Zervos, um filósofo grego e também editor. Essa edição de 1945 foi uma publicação de muita relevância porque vinha logo após a interrupção da publicação durante os 4 anos de guerra. O convite a Lacan veio do próprio Zervos para que escrevesse um texto especialmente para essa edição.

Esse fato é relevante porque a escrita do artigo se deu muito antes do início dos seminários, que se iniciaram 8 anos após a escrita d’O tempo lógico, em novembro de 1953. Então, é possível notar nesse texto um Lacan muito mais preocupado em formalizações teóricas, mais próximo da escrita de sua tese publicada em 1932, escrita essa em que já demonstrava algum interesse na relação da temporalidade com as diversas formas de doenças mentais, inclusive trabalhando autores da fenomenologia. Mesmo antes da publicação de sua tese, Lacan já havia publicado um artigo1 em que tecia elaborações acerca da percepção da temporalidade relacionada a estados paranoicos.

Além disso, a temática do tempo lógico nunca foi abandonada por Lacan, se destacando até hoje como um traço distintivo da psicanálise lacaniana, pois sua conceituação está indissoluvelmente ligada à introdução de um artifício técnico que era polêmico à época: a sessão de tempo variável, ou seja, uma prática em que a duração da sessão não é um intervalo de tempo fixo e o momento de encerrar uma sessão não é governado pelo relógio (Wine, 2021, p. 78).

Ao defender o conceito de tempo lógico, Lacan persistia em praticar sessões de duração variável, não se submetendo, portanto, às diretrizes mantidas pela IPA (The International Psychoanalytical Association). O preço que ele pagou por sua insistência foi sua exclusão da IPA (Barredo, 2013, p. 83). O uso do tempo lógico por Lacan como operador na práxis foi o aspecto mais controverso de suas inovações.

O texto passou por uma revisão em 1966 para a publicação nos Escritos, mas esse tempo específico, de escansões e modulações peculiares e subjetivas, é tema referenciado por Lacan em todo seu corpus teórico e conceitual. Não há dúvidas quanto à importância deste texto na obra de Jacques Lacan, e muito já se tem estudado quanto à sua relação com os fenômenos de massa e a coletividade (Schrans, 2018; Porge, 1994), como também a hipótese de que Lacan teria a intenção de imprimir uma sofisticação topológica (Araújo, 2016, p. 104) à elaboração da temporalidade na psicanálise desde Freud.

A psicanálise não se posiciona apenas como uma terapêutica do sujeito, mas como um campo teórico-clínico da relação dele com o mundo, com o laço social (Freud, 1921/2020, p. 137; Porge, 1994, p. 184); assim, o sintoma é sempre social. No texto em exame, a noção de reconhecimento é o ponto central para se pensar as relações do sujeito com o Outro: é no campo social que o sujeito se constitui, pois “não há sujeito senão para um sujeito” (Lacan, 1959/2016, p. 398). Aqui, a relação do sujeito ao Outro era pensada em termos da teoria da intersubjetividade, ou seja, como uma relação entre sujeitos. Apesar de tal teoria ter sido abandonada depois por Lacan, acreditamos que existe presente, desde o início da sua obra, uma preocupação com o laço social.

Partindo das concepções de que o tempo lógico de Lacan teria como função uma compreensão da tensão sobre as relações do sujeito com o laço social e uma asserção de si a partir desta relação, e que esta função constituiria um centro norteador da clínica psicanalítica, se evidencia de extrema importância uma investigação de como esta tese de Lacan pode vir a fundamentar o exercício da função de psicanalista no que concerne à direção de tratamento.

Assim, o objetivo principal deste artigo é articular as possibilidades de um manejo transferencial sustentado na elaboração de Lacan em seu texto sobre o tempo lógico, quanto à transformação que se espera na clínica psicanalítica. Para tanto, em um primeiro momento, realizou-se uma pesquisa bibliográfica que tomou como ponto de partida as clássicas formulações freudianas sobre a temporalidade na experiência analítica, e se estendeu até as elaborações lacanianas sobre o tempo lógico. Na sequência, investigou-se de que forma o manejo da transferência tem relação com o tempo lógico, considerando sobretudo comentadores das obras de Freud e Lacan cujos trabalhos focalizem a experiência clínica, e que enfatizem o modo como a operação do analista produz efeitos na experiência de análise quanto aos movimentos das instâncias temporais de ver, compreender e concluir.

Temporalidade em psicanálise e o tempo lógico de Lacan

Em seu texto Sobre o início do tratamento, de 1913, Freud já demonstrava preocupação com a questão do tempo no que concerne à extensão do tratamento e à duração das sessões, considerando ser uma questão incômoda normalmente formulada pelos pacientes: “Quanto tempo durará o tratamento? Quanto tempo o senhor precisa para aliviar meu sofrimento?” (Freud, 1913/1996; Freud 1913/2020). Embora Freud declare que uma sessão de psicanálise deva ter a duração de um atendimento clínico qualquer, sua posição sobre a duração do tratamento é a de que é impossível precisar um tempo exato.

Assim, ao preocupar-se com o tempo, aqui entendido como duração tanto das sessões quanto do tratamento, Freud demonstrava considerar relevante a questão do tempo-duração. O manejo do tempo é de extrema importância no que concerne à direção de tratamento, pois há que se considerar a “lentidão com que se realizam as mudanças profundas na mente” e também a “atemporalidade de nossos processos inconscientes” (Freud, 1913/1996, p 145).

Tanto nos trabalhos de Freud quanto em Lacan, estabelece-se que a constituição subjetiva é marcada pela linguagem e decorre de uma série de operações psíquicas. Freud, em seu artigo O inconsciente (1915), afirma que “Os processos do sistema inconsciente são atemporais, isto é, não são ordenados temporalmente, não se alteram com a passagem do tempo; não têm absolutamente qualquer referência ao tempo” (Freud, 1915/1996, p. 192). Em 1920, em seu artigo Mais além do princípio do prazer, Freud reitera a afirmação de 1915:

Aprendemos que os processos mentais inconscientes são, em si mesmos, “intemporais”. Isso significa, em primeiro lugar, que não são ordenados temporalmente, que o tempo de modo algum os altera e que a ideia de tempo não lhe pode ser aplicada. (Freud, 1920/1996, p. 39).

Lacan, no seminário Os escritos técnicos de Freud (1954), ressalta que o avanço de Freud foi elevar a escuta clínica à singularidade, ou seja, a essência da clínica psicanalítica é restituir a história do sujeito, o que convoca à rememoração de um passado (Lacan, 1954/2009, p. 22). O passado retorna no presente não apenas como lembrança verbalizada, mas principalmente como rememoração agida. Esse passado que retorna como algo indiscernível do presente é um sentido possível para a atemporalidade do inconsciente:

Encontramo-nos aqui no coração do problema do que Freud avança quando diz que o inconsciente se coloca fora do tempo. É e não é verdade. Ele se coloca fora do tempo exatamente como o conceito, porque é o tempo de si mesmo, o tempo puro da coisa, e pode como tal reproduzir a coisa numa certa modulação, de que qualquer coisa pode ser o suporte material. Não se trata de outra coisa no automatismo de repetição. (Lacan, 1954/2009, p. 315).

Conforme marcado por Lacan nesta passagem, a atemporalidade inconsciente enfatizada por Freud tem uma ligação íntima com o automatismo de repetição, pois há um enlace entre rememoração como restituição de um tempo passado e a repetição. O sujeito experimentará como algo presente uma situação que atualiza vivências passadas. Graças à repetição, o passado retorna como algo atual, sem que o sujeito justamente se dê conta disso. Nesse sentido, trata-se de um retorno do mesmo sob a máscara enganadora da diferença. No entanto, a relação da restituição do passado com a repetição “nos indica que a função-tempo é aqui de ordem lógica, e ligada a uma colocação do real em forma significante” (Lacan, 1964/1998b, p. 43).

A afirmação de Freud sobre a ausência de tempo no inconsciente refere-se à ausência de tempo cronológico, uma referência à impossibilidade de os afetos estarem posicionados segundo uma ordenação de passado, presente e futuro. Há tempo no inconsciente em termos de ordenamento, marcas, de estrutura. Não estruturação segundo uma ordem espaço-temporal, mas uma estrutura que se desvela em um tempo próprio de escansões, ritmos, em modulações de repetição que marca o sujeito em sua posição desejante. (Vernizi, 2020, p. 101).

Há, portanto, uma posição subjetiva que se repete insistentemente, de tal modo que o tempo do inconsciente é mais cíclico do que linear. Por outro lado, é possível afirmar que há tempo no inconsciente quando se considera outros aspectos da questão. Em inúmeros lugares, dentre os quais o caso do Homem dos Lobos (Freud, 1918/2021), Freud adverte que marcas relativas a momentos diferentes da história podem coexistir lado a lado no inconsciente como se fossem achados arqueológicos de épocas distintas. Lacan (1960-1961/2010) ressaltará que essas marcas da constituição subjetiva estão sempre referenciadas à relação com o Outro - o laço social, a coletividade, pois ninguém a atinge a não ser através dos outros - estabelecendo relações intrínsecas a instâncias temporais, e enfatizando ainda que a lógica tem aplicação na prática psicanalítica (Lacan, 1966/1998a, p. 212), ou seja, é possível ao sujeito em transferência chegar à verdade de si, a uma asserção antecipada, pois é da incerteza que se é possível a passagem à elaboração.

Lacan propõe um sofisma2 para trabalhar a função-tempo sob uma perspectiva lógico-temporal, em uma tentativa de esclarecer “a natureza da relação necessária entre o saber possível do sujeito do inconsciente e a experiência subjetiva do tempo” (Kehl, 2009, p. 113).

O problema de lógica apresentado por Lacan no texto O tempo lógico é o seguinte: em uma cela há três prisioneiros, e o diretor do presídio anuncia que libertará apenas um deles sob a condição de um jogo em que aquele que conseguir dar a resposta correta será libertado. O jogo é simples: o diretor dispõe de cinco discos, sendo 3 deles brancos e 2 deles pretos, os quais serão colocados aleatoriamente nas costas dos prisioneiros sem que eles possam ver o próprio disco, e nem conversar sobre qual disco veem nas costas dos outros. O diretor decide afixar 3 discos brancos nos 3 prisioneiros, ou seja, nenhum preto, comunicando que aquele que conseguir deduzir primeiro qual a cor do próprio disco, deverá caminhar até a saída e explicar sua conclusão fundamentada não em probabilidade, mas em lógica.

Na sequência, Lacan apresenta o que seria a solução perfeita: os prisioneiros se observariam por um tempo e depois os três juntos iriam simultaneamente até a porta e cada um deles afirmaria ser portador do disco branco. A justificativa para tal conclusão é que, ao ver os demais companheiros portando discos brancos, cada prisioneiro rapidamente aventaria a seguinte hipótese: se ele fosse preto, cada um deles poderia pensar que, se também fosse preto, o outro concluiria que o seu só poderia ser o branco - já que há apenas dois discos pretos - e sairia na hora. Como ninguém saiu, a hipótese é falsa e, portanto, se é branco (Lacan, 1966/1998a, p. 198).

Importante observar que a solução perfeita leva em conta cada um dos prisioneiros concluindo sozinho a própria solução, levando em consideração somente a espacialidade, em outros termos, o ver. Temos aqui uma solução perfeitamente lógica, apresentada por seres perfeitamente lógicos: seres que não hesitam e, portanto, não duvidam. No entanto, essa é uma solução impossível; primeiramente porque cada um por si irá observar não somente o círculo, mas o movimento do outro em termos de hesitação, pressa; pois, para poder formular sua conclusão lógica e assim endossar sua saída, é preciso que se movimente resoluto em direção à saída. O movimento é anterior à apresentação da resposta, e por modular a hesitação, a dúvida e a parada, a qual todos eles estão afetados, o movimento é parte inerente da resposta.

Desse modo, Lacan apresenta como primeiro ponto a ser observado nesse jogo o valor da dúvida, pois a asserção de uma certeza sobre si não é passível de ser demonstrada e sustentada unicamente por si, sendo sempre dependente do outro: como todos veem discos brancos, os três prisioneiros hesitam, param, pois “a hesitação estaria logicamente excluída para qualquer um que visse dois pretos” (Lacan, 1966/1998a, p. 200).

Cada um tem que formular uma explicação lógica (Lacan, 1966/1998a, p. 201) sobre sua própria cor, mas para que seja uma solução lógica, há que se levar em consideração os outros dois. Assim sendo, se um se detém na dúvida, os outros dois se deterão também. O movimento de verificação imposto pela necessidade de uma solução lógica faz com que o sujeito transforme “as três combinações possíveis em três tempos de possibilidade” (Lacan, 1966/1998a, p. 203): o instante de ver, o tempo para compreender e o momento de concluir.

É preciso “um progresso lógico realizado” (Lacan, 1966/1998a, p. 201) que faça com que a parada a que todos ficam submetidos ao hesitar pela dúvida leve a uma conclusão inequívoca, pois, tendo dois pretos, haveria um que não teria parado. Importa notar que, ainda que a pressa tenha um valor lógico na solução do sofisma - já que ela enfaticamente marcaria a solução a partir daquele que se adiantasse em direção à saída -, a pressa só se sustenta como valor em uma relação dialética com o instante de parada. Tomada isoladamente, ela só poderia ser a base para a solução do sofisma caso dois prisioneiros portassem discos pretos, outorgando assim a solução antecipada - e deliberada - ao diretor do presídio. Como a solução não está disponível no campo perceptual, o instante de parada acaba sendo fundamental para chegar à asserção de certeza antecipada sobre si.

A partir dessa lógica, nota-se que o instante de ver possibilitaria a conclusão do sofisma apenas caso dois prisioneiros portassem o disco preto, o que levaria à saída imediata daquele que os observa. Ele vê, ele sabe, ele sai. A ausência dessa situação inicial leva ao tempo para compreender, que aparece na modulação temporal marcada pelas moções suspensas de hesitação e parada em relação ao outro.

Há que se notar algo interessante, pois aqui é a ausência de um dado o que vai servir para fundamentar a conclusão. Em outras palavras, a ausência de ação dos outros companheiros, a pausa que se segue, será interpretada como um sinal de que não há dois discos pretos, autorizando o momento de concluir. Embora seu valor só apareça na conclusão, as moções suspensas são parte do movimento em ato.

Diferentemente disso, uma solução pelo instante de ver se daria no campo da espacialidade - dois discos pretos - e é justamente esse caminho que estará vedado aos prisioneiros do nosso dilema, pois a chave do problema não está dada de forma imediata no espaço perceptual. Sua resolução não se dá pela via espacial, mas sim por um desdobramento temporal: o que é decisivo aqui não é o que é visto, mas aquilo que não se vê, pois “a razão de elas - as moções suspensas - serem significantes, é constituída não por sua direção, mas por seu tempo de parada” (Lacan, 1966/1998a, p. 203).

A função da pressa na lógica está fundamentalmente atrelada aos fenômenos de espera - hesitação, dúvida, parada -, o que faz prevalecer a estrutura temporal e não a espacial do processo lógico:

O que as moções suspensas denunciam não é o que os sujeitos veem, mas o que eles descobriram positivamente por aquilo que não veem, a saber, o aspecto dos discos pretos. A razão de elas serem significantes é constituída, não por sua direção, mas por seu tempo de parada. (Lacan, 1966/1998a, p. 203).

É por isso que são necessárias 2 escansões - hesitação e parada -, dois lapsos de tempo, que se configuram como o motor do movimento do tempo lógico que leva a concluir, após a modulação temporal de ver e compreender. Deste modo, a determinação lógica dos tempos de parada constituída pelas instâncias temporais em suspenso na hesitação revelam-se subjetivamente para cada um em um tempo próprio de concluir, ou seja, instâncias de um tempo subjetivo - inconsciente - que permitem reconhecer um verdadeiro movimento lógico.

É só a partir desse tempo de parada, das moções suspensas de hesitação e parada, que é possível uma asserção subjetiva, antecipada, nesse valor lógico da pressa enquanto promotora de uma precipitação no Outro. Acrescente-se que somente assim será subjetivo, pois, se um deles para de fato ou se apressa de fato, estará “subordinando sua própria conclusão ao que evidencia a conclusão dos outros” (Lacan, 1966/1998a, p. 209). Ou seja, nesse caso, o sujeito vacila, e, se vacilar, perde, pois os outros se adiantarão à frente, confirmando que “a verdade do sofisma só vem a ser confirmada por sua presunção” (Lacan, 1966/1998a, p. 211).

A modulação do tempo no movimento do sofisma apresenta três momentos de evidência diferentes e crescentes, não há ordem cronológica, porém, são crescentes em termos de hierarquia não contínua, pois há uma modulação do tempo em que se é possível captar a função pela qual cada um desses momentos se reabsorve na passagem para o seguinte, apenas subsistindo o último que comporta a própria reabsorção: é este o movimento lógico modulado pelo instante do olhar, o tempo para compreender e o momento de concluir.

Estas instâncias do tempo dariam a gênese do movimento lógico: cada uma delas se realiza na passagem à seguinte, até que a última as absorve e precipita o sujeito numa asserção sobre si, que é sempre antecipada. [...] Estas operações lógicas constituem os tempos através dos quais, nos hiatos aí produzidos entre um e outro, um sujeito emerge. (Bernardino, 2004, p. 49-50).

Deste modo, as moções suspensas, ou seja, o tempo lógico na solução desse sofisma faz fracassar uma solução pela lógica clássica (Fink, 1998 p. 86), pois as instâncias do tempo se relacionam sincronicamente ao processo lógico de solução, se integrando em sua solução. O movimento de cada um retroalimenta o movimento do outro, pois “o momento de concluir não estabelece o fim do processo mental, [...] o tempo de concluir poderá ser o instante de ver de outro movimento lógico, ad infinitum, em uma busca sempre assintótica em direção à verdade do sujeito” (Jungk, 2018, p. 74).

Então, na asserção sobre si, o sujeito conclui o movimento lógico, mas essa asserção é antecipada em sua certeza, pois “o valor lógico do terceiro momento da evidência, que se formula na asserção pela qual o sujeito conclui seu movimento lógico” (Lacan, 1966/1998a, p. 207) marca que a asserção subjetiva que conclui o sofisma só pode ser portada pelo sujeito que formulou a asserção sobre si, ainda que sejam necessárias a visão e uma meditação sobre as possibilidades na relação com os outros.

A antecipação aqui existe porque o sujeito não tem nenhuma garantia que o leve à conclusão, já que ele precisa confiar estritamente na reação dos outros e na sua própria capacidade de raciocinar. Ainda que sem garantias, ele não pode se dar ao luxo de pensar por um tempo infinito, pois está pressionado pela urgência de sair. Importante frisar que esses sujeitos são transitórios, pois o movimento lógico é assumido um a um, subjetivamente, em cada momento temporal.

No entanto, há sempre a necessidade do outro para a asserção sobre si, em reciprocidade e reconhecimento, além de a dialética na relação com o observador enquanto Outro, a quem se deve prestar uma justificativa de si, é que possibilita nessa concorrência incitar o sujeito a concluir, à asserção sobre si, pois:

[...] um só se reconhece no outro e só descobre o atributo que é seu na equivalência do tempo próprio de ambos. O eu (je), sujeito da asserção conclusiva, isola-se por uma cadência de tempo lógico do outro, isto é, da relação de reciprocidade. Esse movimento de gênese lógica do [eu] por uma decantação de seu tempo lógico próprio é bem paralelo a seu nascimento psicológico. (Lacan, 1966/1998a, p. 207-208).

É o tempo lógico da constituição subjetiva que, em transferência na relação com o Outro, se presentifica em tempos lógicos de ver, compreender, concluir, levando a uma asserção de uma certeza antecipada da verdade do sujeito, que caracteriza os tempos e o manejo de uma direção de tratamento em psicanálise. Deste modo, há tempo na constituição subjetiva, traço de uma antecipação subjetiva da ordem de um reconhecimento.

A concepção do tempo lógico é uma contribuição fundamental de Lacan, sobretudo por possibilitar trabalhar os movimentos clínicos em uma análise, em uma modulação de tempo orientada pela posição discursiva do sujeito, pelo manejo da transferência em seus atos de interpretação, sempre em uma dialética na qual não é possível posição de neutralidade, mas uma posição ética quanto ao desejo do analista.

O tempo lógico como um agente de transformação

A psicanálise se consagrou como método no qual a fala é o pilar na condução da cura. Desde os primórdios de sua prática terapêutica, Freud e Breuer (Freud, 1893/1996) congregavam simultaneamente não só um desejo de compreender e desenvolver uma pesquisa a partir de uma questão que se apresentava a ambos, como também estavam implicados em ofertar um tratamento de afecções que não se mostravam sensíveis às técnicas já conhecidas pela medicina tradicional da época. Desde o momento em que foi nomeado talking cure por uma paciente de Breuer, o tratamento psicanalítico aponta para as virtudes terapêuticas da palavra, de tal modo que “a linguagem é, em si mesma, um agente transformativo, do mundo e do sujeito, na clínica e na política” (Dunker et al., 2016, p. 8).

Freud evitou ao máximo elencar regras protocolares que pudessem orientar, tal qual um manual, a direção de tratamento em uma análise, pois prezava pela escuta da singularidade via abertura inconsciente com base em uma única regra fundamental: a associação livre, ou seja, falar livremente. Para frisar bem a liberdade aqui em jogo, Freud “emprega o verbo einfallen, derivado de fallen, cair, para se referir àquilo que vem à tona, que não mais é retido, quando o analisante se entrega à associação livre” (Iannini; Tavares, 2020, p. 9).

Deste modo, um caso clínico em psicanálise ou mesmo frases e excertos passíveis de levantar uma questão a ser pesquisada no campo clínico são fragmentos de linguagem, fragmentos estes que se configuram como o objeto de investigação em psicanálise, ou seja, sustentam uma questão que se apresenta ao analista em transferência.

Frequentemente, a psicanálise recebe críticas quanto a seu lugar na ciência e a sua eficácia terapêutica, pois supostamente ela teria uma dificuldade em avaliar como se dá a supressão de um sintoma ou alívio de um mal-estar em termos de uma ação transformativa. Só que a dificuldade de avaliar a eficácia reside justamente no fato de que a transformação para a psicanálise depende do sujeito. Levando em consideração que a experiência psicanalítica lida com o sofrimento, com as nomeações do mal-estar e com os sintomas, é possível afirmar que a associação livre aliada à transferência é o ponto de partida da transformação que se espera de uma análise, pois a maneira como o sujeito enuncia seu sofrimento, como nomeia e se inclui em seus sintomas, já é parte de toda transformação possível, ou seja, “o objeto da transformação ‘inclui’ o sujeito” (Dunker et al., 2016, p. 26).

Ao longo de sua história, a psicanálise construiu e reformulou seus conceitos através da articulação entre os métodos clínicos e as práticas terapêuticas, produzindo uma experiência narrativa que se caracteriza como uma modalidade da linguagem que articula discurso e história, destacando o método psicanalítico como diametralmente dialético no que o ampara como uma proposta de transformação clínica, pois “a narrativização enquanto processo de formalização na clínica possibilita vislumbrar o caráter transformativo que a linguagem tem para a psicanálise” (Dunker et al., 2016, p. 153).

O tempo, enquanto marcas temporais, além de assinalar transformações significativas na cultura e na história, também opera transformações no sujeito. Clarice Paulon, em sua tese de doutorado, a partir de estudos de casos, assinala que “as marcas transformativas aparecem através de marcas temporais do caso como mudança de função [...] não como uma forma de precisar o tempo, mas de registrar suas transformações” (Paulon, 2017, p. 81-82). Em O tempo lógico e a asserção de certeza antecipada, Lacan, pela primeira vez,

[...] problematiza e traz uma solução lógica à questão da relação de sujeito(s) a sujeito(s), e de sujeito a si, articulando temporalmente a pluralidade dos sujeitos com a unicidade de um sujeito [...] uma solução lógica que tem a forma, a aparência de uma ficção. (Porge, 1994, p. 11).

A partir do texto do tempo lógico e de um quadro de referências mais amplo - Durkheim, Mauss e Lévi-Strauss -, Lacan passa a referenciar o sujeito em psicanálise a partir da lógica do coletivo (Schrans, 2018), sendo que “o paradoxo do tempo lógico dá conta de alguma coisa que faz liame social” (Porge, 1994, p. 184), ou seja, a contingência temporal da verdade do sujeito se dá em relação ao outro, em um processo transformativo que promove - via movimento lógico - a conjectura necessária à condução de uma análise, visto que a asserção da certeza antecipada viabilizada pelo processo lógico é inerente ao processo que dá acesso à verdade inconsciente do sujeito, e produz em uma temporalidade própria, não cronológica, uma transformação discursiva. Em outras palavras, a incorporação da experiência temporal em uma análise - em que se pressupõe um jogo a dois, mas, visto a posição do analista ser a de sujeito suposto saber, há que se considerar que o analisando joga com seu Outro (Goldenberg, 2002, p. 11) - comporta um tempo único no qual o analista não é expectador, pois de sua posição em transferência, ele é parte dessa lógica temporal, lógica essa sustentada na linguagem.

Embora o inconsciente não reconheça o tempo cronológico, a sessão psicanalítica opera com o tempo, pois o material discursivo, apresentado por meio de uma estrutura narrativa singular de sofrimento, é passível de ser trabalhado a partir da relação de um movimento lógico no qual as escansões, hesitações e paradas são conduzidas conforme a temporalidade narrativa na relação com os outros e o Outro.

Para chegar à verdade do sujeito, é imprescindível ao analista lidar com o tempo, marcando via interpretação os momentos de aparecimento do sujeito, o ritmo com que ele se desloca em suas identificações, ou seja, também a importância do tempo em termos de escansões, instantes de parada e de dúvida modulados pela associação livre, pois a eficácia de uma intervenção em psicanálise é correlata à descontinuidade que opera um corte no discurso.

Entende-se aqui como descontinuidade não somente as sessões breves ou cortes abruptos, mas uma descontinuidade que opere em uma lógica temporal própria da experiência analítica, sustentada pela transferência, sendo o analista parceiro imprescindível desta experiência, pois o discurso do analista atua na clínica como uma fissura, regendo o ritmo temporal “alternado de abre e fecha da pulsação temporal inconsciente” (Fingermann, 2009, p. 66).

A transferência é o que conduz e sustenta a associação livre, sendo que “este tempo lógico projeta a topologia do instante da fantasia, de modo que o enigma das faltas (do sujeito e do Outro) colide numa resposta defensiva que sutura a falta do Outro” (Lopes, 2019, p. 54). Assim, ao sustentar o instante de ver que comporta a fantasia, a transferência propicia terreno e alicerce para a passagem ao tempo de compreender e ao momento de concluir, pois, ao ocupar o lugar de sujeito suposto saber e não responder à demanda, o analista se coloca em uma posição temporal de espera; ao não suturar a falta em que opera o saber inconsciente do analisando, ele oportuniza ao sujeito se posicionar frente ao desejo.

É nesse sentido que Lacan afirma que a transferência é fundamental na clínica, em uma relação atrelada ao tempo e seu manejo:

A espera do advento desse ser em sua relação com o que designamos como o desejo do analista, no que ele tem de despercebido, pelo menos até hoje, por sua própria posição, é essa a última e verdadeira mola do que constitui a transferência.

Eis porque a transferência é uma relação essencialmente ligada ao tempo e a seu manejo. (Lacan, 1966/1998a, p. 858).

O analista se ocupa da transformação que ali se configura ao manejar a transferência, visando uma direção de cura em que tanto passagens de uma posição subjetiva a outra como as interrupções de cada posição expressem um ritmo temporal singularíssimo. As passagens lógicas transformadoras que compõem os movimentos do tempo lógico em psicanálise mostram que “a subjetivação da transformação faz parte da própria transformação” (Dunker, 2017, p. 583), atrelada aos movimentos do tempo lógico de ver, compreender e concluir.

No fim, o momento de concluir é ato do analisante. O momento de concluir interrompe a diacronia da associação livre [...] A interrupção da sua sucessão é da ordem do ato que se faz sem o saber suposto ao Outro e produz a sua suspensão. (Fingermann, 2009, p. 70).

Ao concluir, o analisando tem uma asserção da certeza antecipada, e é uma “asserção antecipada” justamente porque não ocorre uma transformação tal qual uma conversão ou em termos de finalidade, sucesso ou acerto, mas uma certeza de uma verdade sobre si, verdade inconsciente reconhecida a partir dos movimentos temporais dos três tempos do movimento lógico, uma experiência compartilhada de reconhecimento. O movimento de concluir é ato do analisante, como enfatizou Fingermann, viabilizado pela presença do analista como uma função de corte, ou seja, o ato analítico via interpretação tem por função modificar a posição inicial do sujeito que “deve renunciar à posição de narrador para reconhecer-se como efeito da narrativa por ele mesmo apresentada e desenvolvida; uma interpelação de sua posição de agente do discurso” (Goldenberg, 2002, p. 14).

Há, assim, pela transferência, o retorno da mensagem ao próprio narrador, via efeito das operações de alienação e separação ao Outro, sendo importante frisar que a separação não se dá em definitivo (Fink, 1998, p. 73), pois o sujeito não se separa de maneira conclusiva de sua alienação frente ao desejo do Outro, mantém-se atrelado ao simbólico (Zanola; Lustoza, 2019, p. 137), mas passa a portar um saber sobre si que o coloca em uma outra posição discursiva diante do que o faz sofrer.

Considerações finais

Em O tempo lógico e a asserção de certeza antecipada, Lacan propõe um sofisma em três possibilidades de tempo articuladas à lógica, indicando que a função-tempo em uma análise segue uma lógica que escapa ao tempo cronológico, além de trazer uma estruturação topológica à noção de temporalidade na clínica psicanalítica desde Freud.

É possível compreender que as elaborações que derivam do sofisma proposto por Lacan não preconizam somente evitar enquadrar as sessões ao tempo clínico de uma consulta, nem tampouco induzir analistas a priorizarem sessões curtas, mas, sobretudo, propõem uma determinação essencial na subjetividade: o sujeito marcado pela linguagem apresenta-se em análise em um tempo orientado por uma lógica na qual os movimentos das instâncias temporais de ver, compreender e concluir só podem ser trilhados “pelo contato com o mundo e os seres” (Lacan, 1932/1987, p. 133), ou seja, na relação com o laço social, com os outros e com o Outro.

A asserção antecipada de uma certeza sobre si não é possível de ser sustentada por um único sujeito isoladamente, há necessidade do outro e do Outro sustentado pelo analista em sua posição de sujeito suposto saber e na ética de seu desejo de analista. Amparados pela transferência, analista e analisando produzem uma relação em que há reciprocidade e reconhecimento, relação essa que, via interpretação, propicia ao analisando uma certeza antecipada sobre si, não em termos de uma resposta consciente, mas em uma transformação que revela a verdade do sujeito.

Essa verdade a que o sujeito passa a ter acesso é uma verdade inconsciente, não se conclui em uma verdade definitiva, mas revela o caráter transformativo que a linguagem via associação livre e o manejo da transferência têm para a psicanálise na supressão dos sintomas e alívio do sofrimento. Ao experienciar as modulações temporais de ver, compreender e concluir, o sujeito tem acesso a uma verdade que modifica sua posição inicial, reconhecendo-se como efeito da narrativa que o faz sofrer e modificando sua posição discursiva ao abdicar de ser apenas o narrador de suas adversidades, assumindo uma posição de sujeito desejante.

É justamente por não se apresentar como gran finale conclusivo que o processo transformativo de uma análise se configura como uma “certeza antecipada”, pois as instâncias temporais de ver, compreender e concluir se integram e se retroalimentam em um movimento lógico que leva a uma modificação da posição discursiva do sujeito: de submetido ao próprio discurso que o faz sofrer, passa a agente transformativo de sua própria vida.

Portanto, é possível constatar a importância dos tempos subjetivos enquanto instâncias temporais de ver, compreender e concluir que, engendrados pelo laço social e sustentados pela transferência, funcionam como um centro norteador da direção de tratamento na clínica psicanalítica e na função do psicanalista ao promover um movimento transformativo no que concerne às narrativas de sofrimento, possibilitando ao sujeito experienciar vivências transformativas para além da clínica.

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  • 1
    O problema do estilo e a concepção psiquiátrica das formas paranoicas da experiência foi publicado inicialmente no número 1 da revista Le Minotaure em junho de 1933, e depois incorporado ao final da edição impressa da tese de doutorado em psiquiatria sob a orientação de Gaëtan Gatian de Clérambault, concluída em 1932 e publicada em 1975.
  • 2
    Sofisma ou falácia se chama a uma refutação aparente, refutação sofística, e também a um silogismo aparente, ou silogismo sofístico, mediante os quais se quer defender algo falso e confundir o contraditor (verbete em Mora, 1994).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Dez 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    30 Maio 2024
  • Aceito
    12 Nov 2024
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