Resumo:
O que poderia causar um sentimento de estranheza maior, ao ser humano, do que seu inconsciente que lhe mostra os limites de sua capacidade de ver e dizer? Esse artigo procura demonstrar que o estrangeiro não está apenas inscrito no olhar, um olhar que não se restringe ao visível, mas que se encontra no âmago do sujeito. Sua irrupção, a cada evento ocasional, inclusive ao mudar de país, confronta o sujeito com o que o divide e se torna um enigma para ele. Esse enigma representa uma verdadeira prova que mobiliza a subjetividade do indivíduo e a necessidade de um recurso singular para lidar com ele. Essa prova não revela necessariamente uma psicopatologia. Ela pode dar origem à inventividade, como mostram as experiências artísticas e iniciáticas. Para embasar a sua abordagem, a autora toma, como ponto de apoio e como horizonte, os conhecimentos da psicanálise, principalmente a contribuição freudiana.
Palavras-chave:
estrangeiro; olhar; inconsciente; despersonalização; inventividade; experiência iniciática