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Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica
Ágora (Rio J.)
1516-1498
1809-4414
Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
Abstract:
This article aims to present some ideas by Thomas Ogden on the importance given to feelings of vitality and devitalization, as a fundamental measure for understanding what happens in the analytical process. With the use of two clinical vignettes by one of the authors, the intention was to articulate with Ogden’s ideas, highlighting the referral to a vitalized encounter between the analyst and the patient through a living language, aiming at the search for connected emotional truth to the vitality of the session.
A única verdade é que vivo.
Sinceramente, eu vivo.
Quem sou? Bem, isso já é demais.
Clarice Lispector (1980, p. 50)
PALAVRAS PARA INICIAR
Na introdução do livro Leituras Criativas (2014), Thomas Ogden1 compartilha com os leitores a maneira como se apropria das ideias de outros autores da psicanálise, destacando que a leitura é, para ele, uma experiência: ele escreve o que vive ao lê-los. Trata-se de uma experiência em que se faz algo ativamente com o texto, “tornando-o (o texto) nosso, interpretando de modo a acrescentar-lhe algo que não estava ali antes de eu ler” (OGDEN, 2014, p. 22). Um pouco mais adiante, acrescenta que tenta ser tomado pela obra do escritor: ao ler um texto de Melanie Klein, torna-se kleiniano; ao realizar uma releitura do Medo do colapso de Winnicott (1963/1994), como apresentamos ao final deste artigo, ele se apresenta winnicottiano. É, pois, a partir desse lugar que desenvolve suas próprias ideias.
Adverte, porém, que, ao mesmo tempo em que se mostra fiel às ideias de cada autor, não tem como objetivo expressar o “que ele realmente queria dizer”: “Estou muito mais interessado no que esses autores sabiam, mas não sabiam que sabiam - e na riqueza que esses textos expõem sem que seus autores tivessem intenção nem compreensão consciente” (OGDEN, 2014, p. 24).
Nesta perspectiva, nos centramos, neste artigo, em um Ogden “bioniano”, sem nos preocuparmos em discernir os limites entre os raciocínios de ambos; afinal, “Ideias não vêm etiquetadas com o nome do seu proprietário” (OGDEN, 2014, p. 26) - afirmativa que denota sua liberdade de pensamento e seu modo de se apropriar criativamente de conceitos seminais das obras de Bion (1977/2015)2, que, inclusive, serve de inspiração a Ogden quando fala de pensamentos à procura de pensadores:
Ainda que as palavras sobre a página permaneçam as mesmas, o que muda, quando faço uma leitura criativa bem-sucedida, são os significados das palavras e das sentenças, significados que aguardavam o momento de serem descobertos, mas que até então jamais encontraram um leitor que os descobrisse, que fosse modificado por eles, e que mudasse esses significados possíveis no processo de descobri-los. (OGDEN, 2014, p. 32).
Ao compormos este texto, apostamos então que a nossa leitura dos autores que nos inspiram tenha transcorrido de modo criativo: que tenhamos nos apropriado, ao nosso modo, de Ogden, como este fez com Bion e com tantos outros. Esperamos que nosso leitor igualmente se disponibilize a uma leitura criativa; ou seja, não passiva e que seja vivida como uma experiência.
Seguimos então explorando o tema aqui proposto - vitalidade, desvitalização e linguagem vitalizadora do analista no processo analítico - iniciando com uma vinheta clínica de uma das autoras.
Katherine: a fragilidade é vizinha da delicadeza
Por que saí de onde estava, se não
estava em casa de ninguém?
Beckett (1958/2006, p. 29)
Já estamos há alguns anos juntas: Katherine, nome fictício, e eu. Patinamos tantas vezes em redemoinhos sem destino: o quanto de vivo e o quanto de inumano habita nossos encontros? O que a mantém na análise? Qual busca a torna assim determinada a prosseguir, enquanto eu, do meu lado, me sinto arrastada por correntezas de desvitalização que acabam desembocando em águas paradas?
Katherine, mesmo com idade avançada, preza pelo corpo esguio, com músculos tonificados. Podia ser bela, mas as roupas sempre escuras, a postura, o cabelo muito curtos inibem uma possível exuberância que se ocultaria por trás dos olhos azuis e dos traços finos. Uma rigidez esculpida na forma como se apresenta e como se comunica (através de excessivas intelectualizações) se contrapõe ao meu estilo mais leve de falas e de recebê-la em roupas coloridas, as quais ela segue com o olhar atento, curiosa frente ao contato com a diferença.
Filha mais velha de vários irmãos, ficara a seu encargo deles cuidar. A mãe, imigrante de país frio, tomara-a como confidente. Entre falas, diz-me palavras da língua materna, modos de chamar a mãe, embora em tom arrogante que oculta desde sempre algo de frágil. Era mãe da mãe - dizia - mas estava tudo certo: não se sentia sobrecarregada com essa inversão de papéis. Tudo fora como tinha de ser: filhos, netos e um marido - um homem bastante retraído, sendo ela sua ponte com o mundo - a levava a declarar, insistentemente, o quanto lhe era insuportável se sentir insubstituível. Quando se tornou mãe, me conta que chegou a tomar remédio para secar o leite e “escapar” de amamentar seus bebês. Desse modo, defende com veemência o apreço pela independência conquistada precocemente.
Encontrara algo em mim, minha existência fazendo eco à sua secreta solidão - mostra prazer em me encontrar; entretanto, o pormenorizado relato do cotidiano e o excesso de racionalizações que se repetiam nas sessões, me fazia sentir que percorríamos territórios áridos, terras estéreis. Também nós duas fizemos o leite secar?
Procurava alcançá-la, encontrar a palavra viva, que pudesse trazê-la para fora desse invólucro que a distanciava das emoções. Buscava um caminho que possibilitasse a ampliação do sentir-se humana para além das queixas e dores rarefeitas. Eu me sentia fracassando e, à semelhança de Sheherazade, contava a cada encontro uma história, para que a esperança de um destino fértil não fosse derrocada, assassinada, nesse cenário em que eu experimentava uma imitação da vida.
Até que Katherine foi se distanciando, me pediu um tempo, dizendo que se sentia dependente da análise e que, como sempre me dissera, não gostava de dependência. Não me lembro bem como lhe respondi na ocasião, talvez com palavras sem vida, adequadas, porém protocolares. Mas, ao mesmo tempo, pressentia que algo de novo se aproximava, escapando do script de anos. Algo a ameaçava, algo me fazia lançar-me ao seu encontro. Falo para ela da importância de continuarmos, e completo: “Tem algo delicado aí”.
Na verdade, pensara em qualificar o momento com o termo “frágil”, mas, seguindo Ogden, como veremos adiante, percebi que escolhera “delicado”, porque a maneira como as palavras são enunciadas é tão importante quanto o conteúdo da mensagem. A ideia de fragilidade parecia e parece ser seu maior temor - daí falar-lhe de forma cifrada, ou melhor, sutil. A fragilidade é vizinha da delicadeza: alcançar um paciente exige, muitas vezes, um simples “tocar” com palavras sutis que podem ser ouvidas, fazendo florescer possibilidades de um vir a ser mais humano e vitalizado. Aquilo que brota na experiência entre analista e paciente requer cuidados.
Após curto silêncio, Katherine me contou que vinha gostando de assistir a documentários sobre animais. Num destes, o casco de uma tartaruga fora perfurado, deixando à vista seu pulmão. Espontaneamente, num esgar de desconforto e susto, exclamei: “Que horror!”. Seria uma fala viva? Ela seguiu contando que a veterinária fizera, numa impressora 3D, uma prótese para cobrir o buraco no casco.
A esperança do cuidado e da cura possível pareceu emergir através dessa fértil narrativa, remetendo-nos ao seu drama pessoal e à manutenção do vínculo analítico comigo. Sua comunicação me alcançou, pavimentando o caminho de compreensão que eu já vinha tateando: Katherine precisava abrigar-se de ameaças de deslizar da casca para o núcleo do ser, que deve se manter indecifrável. Sua fragilidade constituía solo instável, algo muito amolecido, que, se agarrássemos desastradamente, poderia se esfacelar: um susto subjaz à tamanha rigidez, um íntimo frágil e delicado. Muitas vezes, faltavam-me fábulas, então escorriam águas turvas, paradas e sem vida. Parecia, então, um extremo de desvitalização vivido pela dupla analítica, momento no qual nada acontecia.
Ressalto que desvitalização e vitalidade são dimensões que dizem respeito à dupla e não somente à condição psíquica da paciente. Quando me conectei com a fragilidade de Katherine, precisei estar de posse de meus aspectos mais primitivos, concluindo com essa afirmativa que a experiência analítica se dá no “entre” da dupla analista e analisanda.
Depois da sessão, lembrei-me de uma paciente de Winnicott (1963a/1979, p. 228) que, independente, se tornou, em um sonho, extremamente dependente. E sonhou, justamente, que tinha uma tartaruga com o casco mole, de modo que estava desprotegida e podia sofrer. Então, matou a tartaruga para salvá-la do destino intolerável que a aguardava. Desde sempre, esse caso me impressionou: como conceber a existência de uma tartaruga sem casco? Que impensável! Que algo próximo da agonia primitiva! E que horror o pulmão revelado! Essa transparência aterrorizadora, essa ameaça de chegar ao núcleo inviolável do ser.
Ficamos assim, Katherine e eu, bem próximas de uma verdade emocional: o mais vulnerável se protege com mil roupagens, cascas e cascos para não ser alcançado. Tocar minha paciente seria como esbarrar no pulmão, órgão que nos mantém vivos. Após essa sessão, Katherine interrompeu a análise, mas, para minha surpresa, retornou dois meses depois.
Penso que a comunicação que se estabeleceu entre nós, fincada num solo de confiabilidade, foi a experiência em que mais nos sentimos vivas e conectadas. Katherine, através de seu relato do casco aberto da tartaruga, se aproximara de algo muito verdadeiro: toda a plastificação, a aparente restrição de seus objetivos da análise - “autoconhecimento e ter insights” - ocultavam o temor de se aproximar de uma experiência emocional muito dolorida, mas que poderia torná-la mais humana.
Quando retornou às sessões, reconheci que a separação fora necessária. E me lembrei de Ogden, quando afirma que “uma análise deve ser livre para ‘exercitar-se’, para modelar-se e ser modelada de qualquer jeito que os participantes tenham condições de inventar” (OGDEN, 2013, p. 25). Essa foi a invenção possível e necessária de Katherine, pois supus um temor de que pudéssemos nos aproximar de um modo fusional, algo ligado às experiências de origem com a mãe - dependência para ela equivalente a perder-se no outro. O intervalo dado fora um respiro para fora da ameaça de perder as fronteiras e misturar-se a mim. De qualquer modo, acredito que o que experimentamos juntas, anteriormente à sua partida, não desfizera o contato com a verdade, também servindo para preparar sua volta com maior vitalidade e abertura ao inusitado. Eis aí o resultado criativo de nossa parceria.
Na introdução do livro Reclaiming for the unlived life (2016a), Ogden diz, após um estudo extenso da obra de Bion, que no centro do processo analítico situa-se a busca da verdade: estar em contato com ela - intuir a verdade - conecta-se intimamente com o fenômeno da vitalidade da sessão, com a experiência viva que envolve o par analítico. Para ele, o inconsciente não tem apenas a função de busca de significado, mas também de busca da verdade, que não precisa ser apontada via confronto. O autor conta que vive com o paciente até que ele seja capaz de experimentá-la por conta própria, expressa de maneira verbal ou não-verbal. Aqui, começamos a destacar a importância que ele atribui à linguagem: “A linguagem não é apenas uma cesta em que as ideias são transmitidas: a maneira pela qual a linguagem é usada para declarar uma ideia é inseparável do conteúdo da mesma” (OGDEN, 2016a, p. 8). Pontua, ainda, a fundamental diferença entre “explicar” e “entender”, sendo que a primeira objetiva o paciente.
Nesta perspectiva, voltando ao encontro com Katherine, penso que se eu tivesse lhe dito algo como: “Percebo uma fragilidade em você”, teria sido desastroso e romperia nosso vínculo de confiança. Neste caso, o analista fala do e não com o paciente. Se me comunicasse com Katherine em termos de “explicação”, incorreria no grande erro de acirrar sua tendência à intelectualização, ao encastelamento em suas racionalizações; lançando-a cada vez mais longe da experiência emocional e da verdade. Procuro evitar, como adverte Ogden, as leis de causa e efeito ou do tempo sequencial.
Diferentemente da explicação, o entendimento começa com o par analítico vivendo uma experiência comum. A compreensão implica uma forma primitiva, um tanto indiferenciada, de sentimentos entre paciente e analista e entre mãe e bebê, o que nos leva a um paradoxo: a compreensão é uma forma de comunicação muito mais íntima que a explicação, mas, ao se desenvolver, dá paulatinamente lugar à consciência da separação entre paciente e analista. Assim, unificação e separação são simultâneas.
Compreender e não explicar constitui uma tarefa difícil: uma direção técnica como possibilidade de salvaguardar o alcance do paciente e a abertura para a aproximação da verdade emocional num cenário em que pode despontar a vitalidade necessária para o avançar de uma análise viva. Trata-se de um trabalho constante para um analista que tem em seu horizonte a busca do humano e da vitalidade:
“Compreender”, nesse sentido, é um fenômeno ontológico, uma experiência na qual um aspecto do ser essencial é reconhecido por outra pessoa. Isso pode ser alcançado apenas em um relacionamento em que existe, tanto para o paciente quanto para o analista, um sentimento de profunda confiança. Na ausência de tal confiança, ser compreendido é aterrorizante. (OGDEN, 2016, p. 10).
Algo de vitalidade e de humano emergiu no meio de cenários plásticos: uma flor, tal qual a flor de Drummond (1967, p. 140), fertilizou o concreto, furou o tédio, o asfalto. Katherine, que saíra de lugar nenhum, outrora despossuída de si mesma, encontrara por ora a casa possível, mesmo que efêmera palafita.
Vitalidade, desvitalização e linguagem vitalizadora na sala de análise
Quando foi a última vez que analista e paciente sentiram a análise com vida? É com essa pergunta que Ogden inicia seu texto Analisando formas de vitalidade e desvitalização (2013), pontuando que ambos os sentimentos se fazem presentes na transferência-contratransferência, sendo vistos como medida central para a percepção do que ocorre no processo analítico.
O autor destaca a necessidade de liberdade criativa e espontaneidade, de modo a responder ao analisando a partir de suas próprias experiências. Análise viva, linguagem viva possibilitam a vitalização do paciente - na verdade, da dupla analítica -, constituindo contraponto à linguagem morta, a um encontro analítico plastificado por dogmas ou paralisias do par. Uma análise viva requer que o analista esteja livre para experimentar, abandonando o caminho estagnado das formas prescritas: uma variedade de tentativas deve ocorrer, movidas pela curiosidade que une os participantes na perspectiva ativa e móvel de se exercitar. A abertura para o inédito garante o que Ogden destaca como manutenção do experimento, quando os caminhos são imprevisíveis, cambiantes, e a monotonia não tem lugar. Devemos, pois, evitar as paralisias e a condução para lugar nenhum, quando, de modo extremamente estéril, o conhecimento é transmitido do analista para o paciente. No dizer de Ogden: “a forma de uma análise não deve ser fixada de antemão” (2013, p. 25).
Essa advertência do autor nos remete a outro episódio clínico, vivido com um paciente adolescente. Certa vez, ele compartilhou com sua analista a canção Fake plastic trees, da banda Radiohead; em troca, dela recebeu poemas. A canção parecia relacionar-se à experiência familiar do adolescente, aos pais afetivamente distantes, à hipocrisia dominante, à revolta por terem descoberto a homossexualidade do filho; enfim, a falsos encontros e simulacros de vida:
A green plastic watering can
For a fake Chinese rubber plant
In the fake plastic earth
That she bought from a rubber man
In a town full of rubber plans
To get rid of itself
3
Árvores de plástico compradas de um homem de borracha, numa cidade de borracha, para livrar-se de si mesmo nos levam a imaginar uma família plastificada. Assim também, muitas vezes, o processo analítico se extravia quando se plastifica, quando as palavras surgem “encapadas”, quando analista e paciente giram em redemoinhos, ou se acidentam como carros derrapados, perdendo o rumo do que seria uma análise viva.
Mas o que constitui uma análise viva? Como encaminhar o processo analítico nessa direção? De que modo estaremos aptos a acompanhar os movimentos de vitalidade e desvitalização acontecendo na sessão? Estas são questões cruciais que nos fazem despertar ética e tecnicamente para a maneira de lidarmos com períodos de “banho-maria”, “água morna”, como vimos com Katherine; enfim, extravios da vitalidade necessária, tanto para o encaminhar do encontro quanto para o que Ogden assinala como principal objetivo terapêutico:
Acredito que cada forma de psicopatologia representa um tipo específico de limitação da capacidade pessoal de estar plenamente vivo como ser humano. Deste ponto de vista, o objetivo da análise vai muito além da resolução de conflitos intrapsíquicos, da diminuição da sintomatologia, do aumento da subjetividade reflexiva e autocompreensão e do aumento do sentimento da competência pessoal. Ainda que se sentir vivo esteja intimamente entremeado com cada uma das capacidades acima mencionadas, a experiência de se sentir vivo é uma capacidade superior às outras e deve ser considerada como um aspecto da experiência analítica em si mesma. (OGDEN, 2013, p. 39).
Auxiliar o paciente na ampliação de sua experiência de se sentir vivo (considerando que alguns sequer alcançam tal capacidade) constitui, assim, o principal horizonte da análise, não desconsiderando as outras conquistas. Complementando de modo singular tal objetivo, Ogden destaca o trabalho do par analítico para ajudar o paciente a tornar-se mais humano do que ele tem sido até então: “é a exigência da espécie humana, tão básica quanto a necessidade de alimento e de ar” (OGDEN, 2013, p. 31) - e vai além da sobrevivência. Estar vivo liga-se, portanto, a tornar-se humano, o que é bem diferente de simplesmente sobreviver.
O apreço do autor pela literatura nos conduz às eloquentes palavras de Fausto de Goethe , aproximando-nos do sentido de estar vivo e da busca de um lugar dentro da experiência humana:
E quero que meu ser mais profundo compartilhe o destino de toda a humanidade, que eu entenda seus altos e baixos, preencha meu coração com todas as suas alegrias e tristezas, e amplie meu ser com o deles e, como eles, sofra naufrágios também (GOETHE, 1808/1984, p. 46).
A capacidade de estar vivo comporta, portanto, a possibilidade da experiência dos vários modos de estar no mundo e de acessar as várias facetas de nosso ser, alegrias e tristezas; inclusive sobreviver, saber submergir e emergir de naufrágios. É o que nos conduz ao pertencimento à espécie humana: ligamos aqui o sentir-se vivo com o experimentar o mais amplamente possível as emoções humanas.
Ogden ressalta, entretanto, que faz parte de toda humanidade a incapacidade de sermos plenamente humanos; desesperados, fazemos “silenciosos pactos” (OGDEN, 2013, p. 32) - na maior parte, inconscientes - que seriam soluções patológicas. Deixamos assim, em grande medida, de nos tornar humanos, podendo mergulhar no inumano - substituindo a vida por modos de existir nem humanos, nem vivos. Modos plásticos de viver: eis o cerne da psicopatologia pensada pelo autor, assim compreendemos. O resultado não é vida, mas imitação da vida e da experiência humana: “uma forma de autolimitação inconsciente da capacidade de vivenciar estar vivo como ser humano” (OGDEN, 2013, p. 33).
Um analista em busca de sua voz própria
Cultivar o deserto
como um pomar às avessas
então, nada mais
destila; evapora;
onde foi maçã
resta uma fome.
onde foi palavra (potros ou touros contidos)
resta a severa
forma do vazio.
(MELO NETO, 2003, p. 97)
Reconhecemos em Ogden4 a importância que este atribui à linguagem como caminho para a apreensão e transmissão do sentido da vitalidade no cenário analítico.
Sugiro que o analista deva lutar ativamente com a linguagem no empenho de criar ideias e frases e voz própria para pronunciá-las. A luta para transmitir a própria experiência com palavras, e com voz própria, é grande parte do que constitui estar vivo na relação analítica. (OGDEN, 2013, p. 202).
Para que a análise se configure como um acontecimento humano, é preciso que tanto nós quanto nossos analisandos façamos uso da palavra simples e viva - aquela que emerge a partir de nossa própria voz, não sendo determinada pelos dogmas, prescrições analíticas, filiação a técnicas ou escolas. Mas reconhecemos, assim como Ogden, que não é fácil falar com simplicidade, com uma voz que soe espontânea, humana, não “terapêutica” (OGDEN, 2013, p. 28), de modo que possamos abarcar os inúmeros modos de sentir e ser, transitando entre altos e baixos da emoção humana, beirando precipícios. Afinal, como bem diz Fausto (1808, p. 46), citado anteriormente: nada que seja humano escapa do risco de naufrágios. É preciso muito treino e experiência para conquistarmos a capacidade de usar uma comunicação viva e vitalizadora com nossos analisandos.
Mas o que constitui uma comunicação viva? Entendemos que se trata de habitar um campo de imprecisões, de não fixidez de significados, de movimento constante, de modo que a palavra se apresente diferentemente no decorrer dos encontros, mostrando-se, a cada momento, nova, cambiante, tal qual a vida. Assim devem transcorrer os encontros terapêuticos, libertos de qualquer paralisia e facilitados por uma linguagem de incertezas5 sempre mutável. Só assim podemos habitar um lugar de lucidez, sempre precária, lusco-fusco; entretanto, capaz de constituir oferta de possível abrigo fértil na precariedade do existir; paradoxalmente no que não se fecha nem se conclui, no que se sabe pouco.
De modo contrário, a linguagem estagnada, vinculada à ideologia de escolas analíticas, perde sua principal tarefa, que é transmitir o sentido da experiência humana viva, sobressaindo a falta de vitalidade. No dizer de Ogden: “A linguagem analítica ideológica já não está mais viva, porque decide desde o início a resposta às perguntas que já são conhecidas pelo analista e a função da linguagem reduziu-se a demonstrar esse conhecimento para o analisando” (OGDEN, 2013, p. 198). Nesse tipo de fala teórica interpretativa, falta a imaginação do analista, que perdeu sua capacidade de pensamento original, delegando sua mente e seu uso de linguagem a outro (real ou imaginário), frequentemente sem perceber: “Esse tipo de comunicação, de tão assustadora, pode levar o analisando a esconder do analista o reconhecimento de que em certo sentido esse perdeu sua mente” (OGDEN, 2013, p. 199).
O autor contrapõe, portanto, à palavra viva, a linguagem morta, a retórica terapêutica seca: “A fala do analista deve ser criação de uma pessoa viva. A fala humana viva é tão difícil de adquirir na linguagem falada do analista quanto na prosa ou no verso escrito” (OGDEN, 2013, p. 28-29).
Estamos cada vez mais adentrando no pensamento de Ogden sobre a importância da linguagem como meio de trazer a vitalidade ao encontro analista-analisando: o acontecimento de uma experiência humana, assim como o contato com a verdade emocional. “A linguagem não é um pacote em que se embrulham as comunicações, mas o meio pelo qual se traz a vivência à vida no processo de ser dita ou escrita” (OGDEN, 2013, p. 183).
É preciso, pois, a salvaguarda da imprecisão, de não dar respostas pré-fabricadas, não chegar (ao significado exato), não saber demais. Estamos no campo do humano, do que está em constante movimento - nós, seres inexatos e imprecisos. Para acessar essa experiência de natureza instável, faz-se necessário o desenvolvimento de uma linguagem que a revele, que a traga para a vida:
O discurso analítico exige do par o desenvolvimento de uma linguagem metafórica adequada à criação de sons e significados que reflitam como é pensar, sentir, e vivenciar fisicamente (em resumo, estar vivo enquanto ente humano na sua capacidade máxima) em um dado momento: o analista, quando cria afirmações metafóricas que constituam interpretações, não deve ser invasivo no intuito de demonstrar destreza com as palavras. (OGDEN, 2013, p. 189).
Em suma, devemos desenvolver a capacidade de “criar sentimentos por meio das palavras, no lugar de exibir sentimentos por palavras” (OGDEN, 2013, p. 189). Fica claro que o acontecer no setting analítico, em termos de vitalidade e desvitalização, exige que nos esquivemos da palavra árida, “desmetaforizada”, explicativa, causalista, investindo em palavras irrigadoras capazes de criar e captar a experiência humana, que possibilitem o emergir de uma ampla gama de emoções: isto é vitalidade/vitalização.
Portanto, assim como Ogden, entendemos que a linguagem tem importância central na psicanálise; principalmente se temos como objetivo “ajudar o analisando a efetuar mudança psíquica que lhe permita ser mais plenamente humano” (OGDEN, 2013, p. 195), descrevendo inclusive os medos mais urgentes (a dor psíquica) que o impedem de experimentar o encontro.
Voltando à Katherine e ao momento de extrema fragilidade que vinha atravessando - uma ansiedade relacionada ao pavor frente à dependência e ao risco de ser invadida. As palavras dirigidas, à semelhança de uma fábula, estavam vivas, próximas de uma verdade muito dolorida, e convocaram a analista a ir ao seu encontro de um modo que possibilitou a experiência transformadora.
No início, ela se apresentara com rigidez (exposta inclusive no corpo), sustentando-se precariamente em suas intelectualizações, crenças a respeito de si carregadas de certeza, por meio das quais criava ilusões de permanência e de extrema imobilidade do self e de seus objetos internos. Ogden (2016) pontua também a função da linguagem para desarrumar tais crenças e certezas, destacando que ela adquire seu poder máximo não na oferta de insights, mas ao criar possibilidades, “ondas” que ajudam analista e analisando a saírem do redemoinho em que estão presos. Empreitada, assim afirma o autor, nem sempre bem sucedida.
Neste sentido, pensamos que a concisa fala na sessão com Katherine tenha bagunçado seus rígidos arranjos internos. O resultado fora o relato vivo, encarnado na tartaruga ferida, de suas próprias dores disfarçadas na frase que sempre repetia: “No final, tudo se ajeita” - forma com a qual expressava alguma esperança, mas que dizia da invariabilidade dos finais felizes, da defesa frente à possibilidade de contato com a novela humana, esta que inclui finais infelizes, desastres e naufrágios.
Reconhecemos a estreita ligação entre vitalização e vitalidade à linguagem viva, à manutenção da capacidade imaginativa do analista e de sua mente própria, à criação da própria fala e da própria voz; criação esta vista por Ogden (2013, p. 202) como um “ato de liberdade”: linguagem morta, estereotipada, a fala sendo emitida apenas através de lugares-comuns: é assim que as interpretações perdem a vitalidade, “pré-embaladas enviadas a ninguém em especial por ninguém em especial” (OGDEN, 2013, p. 199).
Assim como falamos de “imitação da vida”, assistimos aqui à “imitação da análise” (OGDEN, 2013, p. 201). Uma análise encapada, plastificada, que prioriza a certeza e o conhecimento em oposição ao provisório, ao sentido instável, ou seja, paralisia e fixidez em oposição a movimento, à mudança, ao que surpreende.
Não podemos nos esquecer, pois, de que a fala com cada paciente é única: diferentes tons de voz, afinações, volume, cadências, sintaxe, escolha de palavras ganham ressonância na sala de análise. Com Katherine, como vimos, em um certo momento, a escolha foi pela palavra “delicadeza”; talvez diante de outro paciente “fragilidade” soasse mais justo ao sentido que buscávamos precisar em nossos encontros. Conversa verdadeira e íntima caminham pari passu: “E tal conversa é uma criação que somente esse paciente e esse analista (o analista que estou me tornando na análise) poderia trazer à vida dessa maneira particular” (OGDEN, 2016, p. 3).
O uso de linguagem metafórica e poética, em oposição a uma linguagem decodificadora, traz à vida emoções ainda não experienciadas (OGDEN, 2001), ou seja, cria um elemento novo entre analista e analisando, ampliando, dessa forma, a área de intimidade da dupla analítica.
Os grifos do autor apontam para o ineditismo de cada conversa analítica. Se a análise não se dá para esse paciente em particular, ela se torna genérica e impessoal para ambos os participantes. Esse modo especial de a dupla se encontrar é condição de manutenção de vitalidade no setting analítico; caso contrário, o tédio e a aridez podem dominar o cenário.
Mas, afinal, o que fazemos com as pessoas que nos procuram para análise? - pergunta o autor. E responde: - Cada paciente traz para a análise a sensação de que em um importante sentido “morreu” na infância, ou em uma fase posterior, e espera que o analista o auxilie a restaurar “sua vida não vivida”. Também Winnicott adverte que a fonte da morte psíquica é uma série de eventos ocorridos na infância, que envolveram “agonias primitivas” (WINNICOTT, 1963/1994, p. 72), as quais o paciente não pode suportar. Ameaçado por tais vivências de terror, o “paciente se ausenta de sua vida”, protegendo-se assim de um colapso psíquico e de uma psicose. Paradoxalmente, quando os eventos aterradores não podem ser experimentados, acabam por gerar um estado psíquico tal que uma “vida não vivida” persiste.
Ogden destaca que todos nós temos aspectos não vividos de nossa vida que foram muito dolorosos de serem experimentados. O “não vivido” permanece como formas de limitações em nossa personalidade. O autor ressalta que estamos sempre envolvidos no trabalho inconsciente de sonhar - acordados ou dormindo - sozinhos ou com os outros - com o objetivo de integrar os aspectos não vividos de nossas vidas. Tais ideias nos interessam na medida em que nos colocam como tarefa analítica o desenvolvimento de uma linguagem viva que possibilite o trabalho de restauração da vida não vivida do paciente.
No texto O medo do colapso e a vida não vivida (2016), Ogden estabelece uma fértil interlocução com o texto de Winnicott intitulado O medo do colapso (1963), destacando que é própria do existir humano, como já foi dito acima, a persistência de porções da vida que ainda não foram vividas e que clamam por integração com o fim de o indivíduo completar-se - de vir a ser o que se é. Fazendo sua própria interpretação do conceito de breakdown de Winnicott, Ogden (2016) refere-se à ruptura do vínculo mãe-bebê, sendo este lançado em uma condição extrema de desamparo e ameaçado de não existência; porém, adverte que não se trata de um surto psicótico, pois a psicose constitui uma defesa contra a experiência de ruptura. Quando isolado de sua mãe, o bebê lança mão da defesa psicótica de desintegração, como recurso paradoxal para livrar-se da agonia que surge por não conseguir se organizar, produzindo então um estado de autoaniquilamento.
Como não tinha constituição psíquica suficiente para experimentar a quebra do vínculo mãe-bebê que ocorreu na infância, o indivíduo vive com medo de um colapso que já aconteceu, mas que não experimentou. Ogden (2016) amplia o pensamento de Winnicott, supondo que o que mobiliza o paciente para encontrar a fonte do medo do breakdown é o sentimento de que partes dele estão em falta e que precisa encontrá-las para tornar-se inteiro: o que resta de sua vida é principalmente uma vida não vivida.
Aqui, reconhecemos o que Ogden destaca como uma das mais importantes tarefas da análise: o indivíduo, não tendo experimentado partes do que aconteceu na primeira infância, clama por reivindicar essas partes, de modo a completar-se por meio da integração do máximo possível de sua vida não vivida (não experienciada). Esta é uma necessidade universal - a necessidade de ter a oportunidade de tornar-se a pessoa com o potencial de ser, que lhe é próprio. Devemos ressaltar que a hipótese de Winnicott (1994) é a de que o medo do breakdown é um medo de um colapso que já aconteceu, mas não foi experimentado. Ampliando esse pensamento, Ogden (2016) destaca que todos nós passamos, em diferentes graus, por breakdowns relevantes no vínculo mãe-bebê e nos defendemos deles através da ativação de organizações defensivas psicóticas.
Retornamos aqui à importância da capacidade de estar vivo e, a partir desta ideia, da necessidade de o analista auxiliar o analisando a sentir-se mais plenamente vivo através da integração de aspectos da vida não vivida. Permanecer vivo em nossas experiências constitui a base para o começo de um existir pleno. Entretanto, todos nós em alguns momentos perdemos tal capacidade, nos tornando incapazes de sentir que estamos vivos dentro de nós ou para o mundo que nos cerca. Limitações (da capacidade de sentir alegria, de amar um ou todos nossos filhos, de sermos generosos, de perdoar alguém) constituem aspectos de nossa vida não vivida e se referem ao que não pudemos ou continuamos incapazes de experienciar. A busca do não vivido é condição universal: o retomar as partes perdidas de nós mesmos.
Assim, o objetivo da análise, responde Ogden (2016), é ajudar o paciente a viver sua vida não vivida na transferência-contratransferência. Porém, sentir-se vivo pode ser demasiadamente dolorido para pacientes com formas agudas de medo de um breakdown, pois isto aponta para o quanto de sua vida não puderam viver: a vida lhes foi tirada, o que gera extrema dor.
Ogden (2016) identifica, como atitude analítica fundamental, o reconhecimento e a valorização dos caminhos mais sutis e surpreendentes buscados pelo paciente com o intuito de experimentar, pela primeira vez, eventos não vividos de seu passado. É o que podemos reconhecer nas intervenções construídas junto à Katherine, enunciadas de um modo o menos estereotipado possível, abrindo campo para que o mais verdadeiro surgisse: o terror de se sentir dependente.
Palavras para um desenlace
Palavra prima
Uma palavra só, a crua palavra
Que quer dizer
Tudo
Anterior ao entendimento, palavra
Palavra viva
Palavra com temperatura, palavra
Que se produz
Muda
Feita de lua mais que de vento, palavra
Chico Buarque, 1997
Ogden (2013) nos aconselha (e o demonstra através de sua própria experiência clínica) a afinar nossa escuta, olhar e sons da fala para movimentos do paciente que poderiam ser interpretados como adoecimentos, reação terapêutica negativa, resistência etc.
São vários os exemplos clínicos deste autor em que nos é apresentado o atravessamento de momentos de desvitalização até que se alcance ou se recupere a vitalidade momentaneamente perdida pela dupla. Somos aqui remetidos de modo particular à história com Katherine, e ainda a qualquer atendimento em que emergem ameaçadoras vivências estéreis, desprovidas de mudança e movimento. Uma atenção desatenta aqui requerida, já que, seguindo o pensamento de Ogden (2016), é condição universal a busca de aspectos da “vida não vivida”.
A palavra grávida, prenhe de (des)caminhos férteis, inexata, de atalhos imprevistos, que promove compreensão e não explicação, deve fazer parte do repertório anímico de todo analista; estando este de posse de sua imaginação e liberdade criativa. Mesmo que atravessemos desertos de desvitalização (e isso é certo de acontecer), o retorno aos territórios férteis deve se manter no horizonte de toda análise que se pretende viva. Para isso, como adverte Ogden, é preciso treino e experiência: “Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho” (LISPECTOR, 1977/2017, p. 47).
REFERÊNCIAS
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ANDRADE
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LISPECTOR, C. A hora da estrela(1977). Rio de Janeiro: Rocco, 2017.
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LISPECTOR, C. Perto do coração selvagem (1943). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
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OGDEN
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Analisando formas de vitalidade e de desvitalização
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Reverie e interpretação: captando algo humano
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OGDEN, T. Leituras criativas: ensaios sobre obras analíticas seminais. São Paulo: Escuta, 2014.
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OGDEN, T. O medo do colapso e a vida não vivida. São Paulo: Escuta, 2016. (Livro Anual de Psicanálise, XXX-1)
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O medo do colapso e a vida não vivida
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OGDEN, T. Reclaiming for the unlived life: experiences in psychoanalysis. New York: Routledge, 2016a.
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OGDEN, T. Sobre a arte da psicanálise. In: OGDEN, T. Reverie e interpretação: captando algo humano. São Paulo: Escuta, 2013.
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Sobre a arte da psicanálise
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Reverie e interpretação: captando algo humano
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Escuta
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OGDEN, T. Sobre o uso da linguagem em psicanálise. In: OGDEN, T. Reverie e interpretação: captando algo humano. São Paulo: Escuta, 2013.
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Reverie e interpretação: captando algo humano
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OGDEN, T. The Music of What Happens in Poetry and Psychoanalysis. In: OGDEN, T. Conversations at the Frontier of Dreaming. London: Routledge, 2001.
OGDEN
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The Music of What Happens in Poetry and Psychoanalysis
OGDEN
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Conversations at the Frontier of Dreaming
London
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RADIOHEAD, Fake plastic trees. In: The bends, 1995. CD.
RADIOHEAD
Fake plastic trees
The bends
1995
CD
WINNICOTT, D. W. Dependência no cuidado do lactente, no cuidado da criança e na situação psicanalítica (1963a). In: WINNICOTT, D. W. O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1979.
WINNICOTT
D. W
Dependência no cuidado do lactente, no cuidado da criança e na situação psicanalítica
1963a
WINNICOTT
D. W
O ambiente e os processos de maturação
Porto Alegre
Artes Médicas
1979
WINNICOTT, D. W. O medo do colapso(1963). In: WINNICOTT, D. W. Explorações Psicanalíticas. Porto Alegre: Artes Médicas , 1994.
WINNICOTT
D. W
O medo do colapso
1963
WINNICOTT
D. W
Explorações Psicanalíticas
Porto Alegre
Artes Médicas
1994
1
Neste livro em particular, Ogden propõe uma leitura criativa de obras importantes de Freud, Fairbairn, Isaacs, Winnicott, Loewald, Searles e Bion.
2
Se um pensamento sem pensador aparece, pode tratar-se de um ‘pensamento extraviado’ ou pode vir a ser um pensamento com o nome e endereço de um proprietário colado nele, ou pode ser um simples ‘pensamento selvagem’” (BION, 1977/2015, p. 20).
3
Um regador de plástico verde / Para uma fábrica de borracha chinesa falsa / Na terra de plástico falso / Que ela comprou de um homem de borracha / Em uma cidade cheia de planos de borracha / Para se livrar de si mesmo (tradução nossa).
4
Reconhecemos também a possível inspiração de Ogden na proposta de Bion (1970) de uma linguagem de êxito ou de alcance, ou seja, de uma linguagem bem-sucedida na sessão, a linguagem vitalizada e vitalizadora.
5
Permanecer em um campo analítico de incertezas e dúvidas refere-se ao conceito de capacidade negativa de Bion (1977/2019).
8
*O outro (e não o Outro), para Laplanche, se refere concretamente à outra pessoa e, ainda, ao inconsciente, no sentido freudiano, do estrangeiro em nós. Mas, não se pode negar certa influência de Lacan, de quem Laplanche foi analisando e discípulo.
Authorship
FÁTIMA FLÓRIDO CESAR
Universidade de São Paulo (IPUSP). São Paulo/SP, Brasil.Universidade de São PauloBrazilSão Paulo, SP, BrazilUniversidade de São Paulo (IPUSP). São Paulo/SP, Brasil.
Universidade de São Paulo (IPUSP). São Paulo/SP, Brasil.Universidade de São PauloBrazilSão Paulo, SP, BrazilUniversidade de São Paulo (IPUSP). São Paulo/SP, Brasil.
Fátima Flórido Cesar - Psicanalista. Pós-doutoranda em Psicologia Clínica no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). fatacesar@gmail.com
2
Marina Ferreira da Rosa Ribeiro - Psicanalista, professora doutora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). marinaribeiro@usp.br
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Universidade de São Paulo (IPUSP). São Paulo/SP, Brasil.Universidade de São PauloBrazilSão Paulo, SP, BrazilUniversidade de São Paulo (IPUSP). São Paulo/SP, Brasil.
How to cite
CESAR, FÁTIMA FLÓRIDO and RIBEIRO, MARINA FERREIRA DA ROSA. The analyst’s vitalizing function and the living word in the analysis room: from Thomas Ogden. Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica [online]. 2022, v. 25, n. 1 [Accessed 19 March 2025], pp. 18-26. Available from: <https://doi.org/10.1590/1809-44142022001003>. Epub 17 June 2022. ISSN 1809-4414. https://doi.org/10.1590/1809-44142022001003.
Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJInstituto de Psicologia UFRJ, Campus Praia Vermelha, Av. Pasteur, 250 - Pavilhão Nilton Campos - Urca, 22290-240 Rio de Janeiro RJ -
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