RESUMO:
Nós propomos, neste artigo, uma interpretação da seguinte passagem do Abriss der Psychoanalyse de Freud: “As regras decisivas da lógica não têm validade no inconsciente, pode-se dizer que ele é o reino do ilógico”. Para tanto, procederemos em quatro etapas: 1) Delimitar o conceito de lógica a partir do Organon de Aristóteles. 2) Identificar quais são as regras decisivas da lógica e seu conteúdo. 3) Examinar em que sentido tais regras não possuem validade no inconsciente. 4) Problematizar a tese freudiana de que o inconsciente seria o reino do ilógico. A ideia de que esta tese freudiana é problemática surge de uma tese que Lacan apresenta no seminário XIV sobre a lógica da fantasia, a saber, que o inconsciente “está instalado no campo da lógica e que ele articula proposições”. Esta tese lacaniana nos permitirá chegar à conclusão de que o inconsciente não é totalmente o reino do ilógico.
Palavras-chave:
inconsciente; lógica; Freud; Lacan