RESUMO:
O artigo em tela tem como finalidade articular a dialética inerente à constituição do eu a partir do encontro com o outro com as noções de ferida narcísica e sentimento oceânico. Em seguida, apresenta-se um caso-problema que interroga os limites da construção identitária dos sujeitos subalternizados, marcados pelo discurso colonial, o qual opera a partir de uma distribuição ontológica hierárquica promotora da divisão entre nós e eles, e cujo pressuposto é a noção de falta como atributo fundamental dos colonizados. Tal distribuição ontológica repousa, portanto, na pressuposição de uma hierarquia dos saberes e discursos que tanto reprime a produção de conhecimentos e dos sistemas de signo dos dominados quanto mitifica àquela dos dominadores. O caso em tela coloca em evidência o colonialismo interno em sua dupla determinação: do ser e do saber, e nos leva a problematizar os processos de identificação entre a autofagia e a antropofagia, bem como ao questionamento dos modos pelos quais é possível articular uma fala de resistência que não esteja comprometida pelo discurso e pelos poderes dominantes.
Palavras-chave: alteridade; identidade; colonialidade; dominação epistêmica; antropofagia