SOROGRUPOS DE ESCHERICHIA COLI ISOLADOS DE FRANGOS COM DOENÇA RESPIRATÓRIA CRÔNICA

SEROGROUPS OF ESCHERICHIA COLI ISOLATED FROM BROILER WITH CHRONIC RESPIRATORY DISEASE

RESUMO

Foram isoladas 88 amostras de Escherichia coli de frangos com doença respiratória crônica (DRC), em granjas de produção comercial no Estado de São Paulo. As amostras foram submetidas a testes de soroaglutinação rápida com diferentes anti-soros monovalentes para o antígeno somático (O). Verificou-se que treze amostras (14,77%) pertenciam ao sorogrupo O2, três (3,4%) ao O21, seis (6,81%) ao O36, quatro (4,54%) ao O45, três (3,4%) ao O50, vinte e uma (23,86%) ao O78, três (3,4%) ao O88, quatro (4,54%) ao O119, treze (14,77%) não tiveram o sorogrupo identificado e dezoito (20,54%) foram auto aglutinantes. Os resultados obtidos neste estudo com Escherichia coli isoladas de DRC no Estado de São Paulo refletem uma tendência mundial de distribuição do padrão de sorogrupos da bactéria.

PALAVRAS-CHAVE:
Escherichia coli; frangos; doença respiratória crônica; sorogrupo.

ABSTRACT

Eighty-eight strains of Escherichia coli were isolated from broiler with chronic respiratory disease (CRD) in commercial poultry production farms in São Paulo State. E coli isolates were submitted to slide agglutination test with specific antiserum monospecific to O antigen. It was demonstrated that thirteen (14.77%), belonged to serotype O2, three (3.4%) to O21, six (6.81%) to O36, four (4.54%) to O45, three (3.4%) to O50, twenty one (23.86%) to O78, three (3.4%) to O88, four (4.54%) to O119, thirteen (14.77%) didn’t belong to serotypes know and eighteen were auto-agglutinate. These results obtained in this study reflects the worldwide trends in distribution patterns of E coli seroproups from broilers with CRD.

KEY WORDS:
Escherichia coli; broiler; chronic respiratory disease; serogroup.

INTRODUÇÃO

Escherichia coli é um importante patógeno na avicultura moderna, pois provoca grandes perdas econômicas na produção de frangos e perus em todo o mundo (BARNES & GROSS, 1997). Em aves, E. coli geralmente infecta o trato respiratório, podendo tornar-se uma doença sistêmica quando há fatores predisponentes, como infecção viral e/ou bacteriana, alterações ambientais, deficiências nutricionais e imunossupressão (DHO & LAFONT, 1982; GONZÁLES et al., 1990; NAKAMURA et al., 1992).

Diferentes patologias estão associadas à E. coli, como a colisepticemia, coligranuloma (doença de Hajarre), doença respiratória crônica (DRC), celulite aviária, síndrome da cabeça inchada, peritonite, salpingite, osteomielite, sinovite, panoftalmia e onfalite (BARNES & GROSS, 1997). Dentre os sorotipos isolados de galinhas, observou-se que a maioria deles é patogênico somente para aves e não são reconhecidos como causa de infecção em mamíferos, incluindo o homem.

Entre as amostras de E. coli isoladas de aves, verificou-se que os sorogrupos O1, O2 ou O78 eram os mais freqüentemente isolados e que estes não ocorriam entre as amostras isoladas de outros animais (CHEVILLE & ARP, 1978; HEMSLEY & HARRY, 1965; SATO et al., 1972; WATANABE et al., 1983).

O objetivo deste trabalho foi a detecção de sorogrupos de E. coli isolada de frangos com doença respiratória crônica de amostras isoladas em granjas de produção comercial de frangos no Estado de São Paulo.

MATERIAL E MÉTODOS

Aves e coleta de amostras

Analisou-se em granjas do Estado de São Paulo, SP, no período de 1990-1992, a presença de Escherichia coli em frangos que apresentavam problemas respiratórios (n=88 granjas/frangos/bactéria). Os frangos foram sacrificados e suabes de saco aéreo, fígado, coração e traquéia foram obtidos e submetidos ao exame bacteriológico.

Isolamento e identificação de Escherichia coli

Os suabes oriundos de saco aéreo, fígado, coração e traquéia foram cultivados em meio LB (caldo Luria) a 37 ºC por 18 horas. Após este período, foram semeadas em ágar MacConkey a 37 ºC por 18 horas para a seleção de colônias lactose positivas. Em seguida, estas foram submetidas a série bioquímica utilizando-se o Entero Kit C (Probac do Brasil, São Paulo, SP).

Para a realização da reação de soroaglutinação rápida as amostras foram cultivadas no ágar LB a 37 ^oC por 18 horas.

Determinação do antígeno "O"

Os sorogrupos foram identificados através da reação de soroaglutinação rápida descrita por EWING (1986) usando um kit comercial fornecido pelo Dr. J. Blanco (Departamento de Microbiología y Parasitología, Universidad de Santiago de Compostela, Lugo, Espanha).

RESULTADOS

Observou-se a necropsia que os animais apresentavam um quadro sugestivo de doença respiratória crônica por Escherichia coli. Das 88 amostras de E. coli, foram caracterizados os seguintes sorogrupos: treze amostras (14,77%) pertenciam ao sorogrupo O2, três (3,4%) ao O21, seis (6,81%) ao O36, quatro (4,54%) ao O119, treze (14,77%) não tiveram o sorogrupo identificado e dezoito (20,54%) foram auto-aglutinantes (Tabela 1).

Tabela 1
Sorogrupos de E. coli isoladas de frangos com DRC.

Sorogrupos	Número de amostras	Porcentagem (%)
O2	13	14,77
O21	3	3,4
O36	6	6,81
O45	4	4,54
O50	3	3,4
O78	21	23,86
O88	3	3,4
O119	4	4,54
Não tipado 13 Auto-aglutinantes 18		14,77 20,54

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

Estudos realizados, em diversas regiões, com o objetivo de caracterizar os sorogrupos de E. coli de aves doentes têm demonstrado uma grande concentração destas em poucos sorogrupos e ainda amostras não tipadas em grande quantidade (GLANTZ et al., 1962; HARRY, 1964; HEMLEY et al., 1967; CLOUD et al., 1985; IKE et al., 1990; ALLAN et al., 1993).

Na península de Delmarva (EUA), CLOUD et al. (1985) isolaram 177 amostras de E. coli de frangos com aerosaculite e encontraram 37 sorogrupos diferentes, no entanto mais de 50% destas amostras pertenciam aos sorogrupos O2, O78 ou O35, não determinaram o sorogrupo de 28,2% (n=50) delas. IKE et al. (1990) isolaram 151 amostras de E. coli em frangos com colisepticemia no Japão e observaram a predominância dos sorogrupos O2 (23,2%) ou O78 (15,9%) e não caracterizaram o sorogrupo de 17,22% amostras analisadas. ALLAN et al. (1993) observaram no Canadá que das 44 amostras de E. coli isoladas de colibacilose aviária, 10 pertenciam aos sorogrupos O1, O2 ou O78 (23%), não sendo possível caracterizar 39% (n=17) das amostras.

Os resultados encontrados neste estudo corroboram com aqueles descritos na literatura, ou seja, 14,77% (n=13) amostras não tiveram o sorogrupo determinado e ocorreu uma maior concentração destas em poucos sorogrupos, pois 21 amostras (23,86%) pertenciam ao sorogrupo O78 e 13 delas (14,77%) pertenciam ao sorogrupo O2. Não observou-se isolamento do sorogrupo O1 descrito por HEMSLEY et al. (1967), HELLER et al.(1977) e por ALLAN et al. (1993) como de maior ocorrência nos casos de colibacilose aviária. No entanto, encontrou-se os sorogrupos O21 (3,4%), O36 (6,81%), O88 (3,4%) ou O119 (4,54) estes sorogrupos também foram caracterizados por BLANCO et al. (1998) em aves septicêmicas. Houve isolamento do sorogrupo O45 (4,54%) em um número menor de amostras, este resultado está de acordo com aquele encontrado por GLANTZ et al. (1962), HEMLEY et al. (1967) e por CLOUD et al. (1985). Apesar do sorogrupo O50 não ter sido descrito na literatura, como foi isolado em 3,4% de aves com doença respiratória crônica este constituí-se um importante sorogrupo causador desta patologia. Os resultados obtidos neste estudo com Escherichia coli isoladas de DRC no Estado de São Paulo reflete uma tendência mundial de distribuição do padrão de sorogrupos da bactéria.

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Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  20 Set 2024
• Data do Fascículo
  Oct-Dec 2002

Histórico

• Recebido
  15 Maio 2002
• Aceito
  11 Out 2002