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LEVANTAMENTO DE PERCEVEJOS PENTATOMÍDEOS EM CINCO CULTIVARES DE SOJA [GLYCINE MAX (L.) MERRILL, 1917] NA REGIÃO DE ARAÇATUBA, SP

SURVEY OF STINKBUG PENTATOMIDS IN FIVE CULTIVARS OF SOYBEAN [GLYCINE MAX (L.) MERRILL,1917] IN DISTRICT OF ARAÇATUBA, SP, BRAZIL

RESUMO

Em um experimento de campo instalado em 30/11/2001 na Fazenda Santa Fé, Município de

Araçatuba, SP,utilizando como tratamentos as cultivares de soja: Conquista, IAC 18, Jataí, IAC 8-2 e Goiânia no delineamento estatístico de blocos casualizados com 5 repetições, foram avaliadas as populações de percevejos utilizando o pano de batida (5/parcela) e a rede de varredura (10/parcela). Os resultados mostraram as seguintes conclusões: - a cultivar IAC-18 apresentou menor preferência aos percevejos pragas da soja; - os percevejos apresentaram populações elevadas de meados de março ao início de abril, período do início da maturação a maturação plena da soja.

PALAVRAS-CHAVE:
Insecta; percevejos; pentatomideos; Glycine max ; Piezodorus guildinii ; Euschistus heros.

ABSTRACT

With a field experiment of installed on 30/11/2001 at Santa Fé Farm, district of Araçatuba, SP, the treatments soybean cultivars: Conquista, IAC 18, Jataí, IAC 8-2 and Goiânia sown at randomized blocks design, in 5 turns of repetitions,the populations of stinkbugs were evaluated using beating cloth (5/per parts) and fishnet (10/per parts). The results showed: - cultivar IAC-18 was least prefered by the soybean stinkbugs - the stinkbugs tend to increase in larger populations in mid March and early April, a period that goes from the beginning of maturation to full maturation.

KEY WORDS:
Insecta; stinkbug; pentatomids; Glycine max ; Piezodorus guildini ; Euschistus heros.

INTRODUÇÃO

A soja é uma cultura importante e geradora de divisas para o Brasil (HAJIKAM et al., 1992HAJIKAM M.; KITAMURA, K.; IGITA, K.; NAKAZAWA, Y. Genetic relationships among the genes for lipoxygenase-1, -2 and -3 isozymes in soybean [Glycine max(L.) Merrill] seed. Jpn. J. Breed., v.42, n.4, p.787-792, 1992.). Sua exploração econômica é prejudicada por problemas fitossanitários, destacando-se os percevejos pentatomídeos, considerados as principais pragas da cultura no Brasil (LUSTOSA et al., 1999LUSTOSA, P.R.; ZANUNCIO, J.C.; LEITE, G.L.D.; PICANÇO, M. Qualidade da semente e senescência de genótipos de soja sob dois níveis de infestação de percevejos (pentatomidae). Pesqui. Agropecu. Bras., v.34, n.8, p.1347-1351, 1999.; GAZZONI et al., 1998GAZZONI, D.; OLIVEIRA, E.D.; CORSO, I.C.; CORRÊA-FERREIRA, B.S.; VILLAS BÔAS, G.L.; MOSCARDI, F.; PANIZZI, A.R. Manejo de pragas de soja. Circ. Téc. EMBRAPA-CNPSo, n.5, 1998.). Entretanto, é nescessário aprofundar os estudos sobre o impacto que essas pragas causam a produção e a qualidade das sementes.

O número de artrópodes fitófagos na cultura da soja aumentou de maneira acentuada passando de menos de 10 espécies relatadas, no Brasil, como pragas principais no fim dos anos 60 para 25 reconhecidas como tais (PANIZZI & CORRÊA-FERREIRA, 1997PANIZZI, A.R. & CORRÊA-FERREIRA, B.S. Dynamics in the insect fauna adaptation to soybean in the tropics. Trend Entomol., v.1, p.71-88, 1997.). As plantas têm grande capacidade de recuperação dos danos causados pelos desfolhadores, entretanto os sugadores de sementes causam danos irreversíveis (GAZZONI & MOSCARDI, 1998GAZZONI, D.L. & MOSCARDI, F. Effect of defoliation levels on recovery of leaf area, on yield ans agronomic traits of soybeans. Pesqui. Agropecu. Bras., v.33, n.4, p.411-424, 1998.).

Os principais danos provocados pelos percevejos à soja são: aborto de sementes e/ou abscisão de vagens, quando a infestação ocorre durante o início de desenvolvimento das vagens, e enrugamento e deformação de sementes, para ataque no período de enchimento das sementes. As atividades de alimentação destes insetos à soja são responsáveis ainda por reduções no rendimento; na porcentagem de germinação (THOMAS et al., 1974THOMAS, G.D.; IGNOFFO, C.M.; MORGAN, C.E.; DICKERSON, W.A. Southern green stink bug: influence on yield and quality of soybean. J. Econ. Entomol., v.67, p.501-503, 1974.); alteração na qualidade das sementes (PANIZZI, 1990PANIZZI, A.R. Manejo integrado de pragas da soja no Brasil. In: CROCOMO, W.B. (Ed.). Manejo integrado de pragas.S ão Paulo: Ed. UNESP, 1990. p.293-321.); pela retenção foliar e transmissão de doenças às sementes (LINK et al., 1984LINK, D.; COSTA, E.C.; CARVALHO, S. Danos causados por ninfas e pentatomidae em soja. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE PESQUISA DE SOJA, 3., 1984, Campinas. Anais. Londrina: 1984. p.116-124.; KILPATRICK & HARTWIG, 1955KILPATRICK, R.A. & HARTWIG, E.E. Fungus infestation of soybean seed as influenced by stink bug injury. Plant Dis. Rep., v.39, n.2, p.177-180, 1955.).

Nas diferentes regiões produtoras de soja ocorre um complexo de espécies, sendo que Nezara viridula (Linnaeus, 1758) , Piezodorus guildinii (Westwood, 1837) e Euschistus heros (Fabricius, 1794) são consideradas as mais importantes (RAMIRO et al.,1988RAMIRO, Z.A.; BATISTA FILHO, A.; MACHADO, L.A.; SANTOS, J.C.C.; FARIA, A.M. Levantamento de pragas em quatro cultivares e duas linhagens de soja no Município de Orlândia, SP. I. Percevejos. An. Soc. Entomol. Bras., v.17, supl., p.5-16, 1988.). A predominância de uma dessas espécies de percevejos varia em função do local (LINK et al., 1984LINK, D.; COSTA, E.C.; CARVALHO, S. Danos causados por ninfas e pentatomidae em soja. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE PESQUISA DE SOJA, 3., 1984, Campinas. Anais. Londrina: 1984. p.116-124.), do clima (MESSENGER, 1959MESSENGER, P.S. Bioclimatic studies with insects. Annu. Rev. Entomol., v.4, p.183-206, 1959.), das cultivares (SALVATORI & GOMEZ, 1981SALVATORI, J.R. & GOMEZ, S.A. Abundância estacional de insetos pragas da soja e seus inimigos naturais em Dourados, MS. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE PESQUISA DE SOJA, 1., Londrina, 1981. Anais. Londrina: 1981. p.17-50.) e do estádio de desenvolvimento da cultura (FERREIRA & PANIZZI, 1981FERREIRA, B.S.C. & PANIZZI, A.R. Percevejos pragas da soja no Norte do Paraná: abundância em relação à fenologia da planta e hospedeiros intermediários. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE PESQUISA DE SOJA, 1., Londrina, 1981. Anais. Londrina: 1981. p.141-149.); da mesma forma a extensão dos danos depende, entre outros fatores, do estádio de desenvolvimento das plantas durante o período de infestação visto que estes ocorrem desde a fase vegetativa. Entretanto, são prejudiciais a partir do início da formação das vagens até a maturação dos grãos (GALILEO & HEINRICHS, 1978aGALILEO, M.H.M. & HEINRICHS, E.A. Avaliação dos danos causados aos legumes de soja (Glycine max (L.) Merril) por Piezodorus guidinii (Westwood, 1837) (Hemiptera, Pentatomidae), em diferentes níveis e épocas de infestação. An. Soc. Entomol. Bras., v.7, n.1, p.33-39, 1978a.; GALILEO & HEINRICHS, 1978bGALILEO, M.H.M. & HEINRICHS, E.A. Efeito dos danos causados por Piezodorus guidinii (Westwood, 1837) (Hemíptera: Pentatomidae), em diferentes níveis e épocas de infestação, no rendimento de grãos de soja. An. Soc. Entomol. Bras., v.7, n.1, p.20-25. 1978b.).

As espécies de percevejos, N. viridula, P. guildinii e E. heros apresentam variação na distribuição em abundância nas diferentes regiões produtoras de soja no Brasil. Desse modo, N. viridula tem ocorrido em maiores níveis populacionais no sul do país; P. guildinii é predominante numa grande extensão territorial que vai desde o Rio Grande do Sul até o Piauí, enquanto E. heros tem sido mais freqüente do Norte e Oeste do Paraná até o Brasil Central (PANIZZI & SLANSKY JR, 1985PANIZZI, A.R. & SLANSKY JR, F. Review of phytophagous pentatomids (Hemiptera: Pentatomidae) associated with soybean in the Americas. Fla. Entomol.,v.68, n.1, p.184-214, 1985.; GAZZONI et al., 1998GAZZONI, D.; OLIVEIRA, E.D.; CORSO, I.C.; CORRÊA-FERREIRA, B.S.; VILLAS BÔAS, G.L.; MOSCARDI, F.; PANIZZI, A.R. Manejo de pragas de soja. Circ. Téc. EMBRAPA-CNPSo, n.5, 1998.). Estas variações de populações dos percevejos nas diferentes regiões produtora de soja do país estão relacionadas ao clima, responsável em grande parte, pela abundância e distribuição dos insetos (MESSENGER, 1959MESSENGER, P.S. Bioclimatic studies with insects. Annu. Rev. Entomol., v.4, p.183-206, 1959.). Espécies como P. guildinii e E. heros são mais adaptadas às regiões onde predominam temperaturas elevadas e N. viridula tem menor adaptação a climas mais quentes (CIVIDANES, 1992CIVIDANES, F.J. Determinação das exigências térmicas de Nezara viridula (L.), Piezodorus guildinii (West.) e Euschistus heros (Fabr.) (Heteroptera: Pentatomidae) visando ao seu zoneamento ecológico. Piracicaba: 1992, 100p. [Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura "Luis de Queiroz", Univ. São Paulo].). Nas regiões produtoras de soja de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, os percevejos têm condições térmicas e hídricas que favorecem o desenvolvimento de um maior número de gerações. Entretanto, na região noroeste do Estado de São Paulo, as condições climáticas permitem que esse número de gerações seja ainda maior (CIVIDANES & PARRA, 1994CIVIDANES, F.J. & PARRA, J.R.P. Zoneamento ecológico de Nezara viridula(L.), Piezodorus guildinii (West.) e Euchistus heros (Fabr.)(Heteroptera: Pentatomidae) em quatro estados produtores de soja no Brasil. An. Soc. Entomol. Bras., v.23, n.2, p.219-226, 1994.).

Para os percevejos N. viridula e P. guildinii o habitat é potencialmente mais amplo, uma vez que estas espécies alimentam-se de mono e dicotiledôneas, podendo sobreviver em grande variedade de plantas, particularmente leguminosas. Para a localização da planta preferida o inseto se vale de estímulos químicos, tanto quanto características físicas provenientes do ambiente (DETHIER, 1982DETHIER, V.G. Mechanism of host-plant recognition. Entomol. Exp. Appl., s l, v.31, p.49-56, 1982; PROKOPY & OWENS, 1983PROKOPY, R.J. & OWENS, E.D. Visual detection of plants by herbivorous insects. Ann. Soc. Entomol., Jaboticabal, v.28, p.337-364, 1983.; PROKOPY et al., 1983PROKOPY, R.J.; COLLIER, R.H.; FINCH, S. Visual detection of host plant plants by cabbage root flies. Ent. Exp. Appl., s l, v.34, p.85-89, 1983.)

Os percevejos colonizam as plantas de soja em diversos estádios de desenvolvimento, mas a capacidade de causar danos está limitada a sua alimentação nas vagens e sementes, durante o subperíodo de formação até o amadurecimento das vagens e sementes.O s percevejos podem ocorrer durante o período vegetativo, aumentando progressivamente na fase reprodutiva, com crescimento exponencial e acelerado no final do ciclo da cultura, em especial, nas cultivares de ciclo médio ou tardio. O crescimento populacional é decorrente da intensa migração de insetos adultos, provenientes de lavouras recém-colhidas, em busca de melhores condições de abrigo, alimentação e reprodução (GAZZONI, 1998GAZZONI, D.L. Efeito de populações de percevejos na produtividade, qualidade da semente e características agronômica da soja. Pesqui. Agropecu. Bras., v.33, n.8, p.1229-1237, 1998.).

Este trabalho visa identificar os percevejos pentatomídeos que ocorrem em cinco variedades de soja na região de Araçatuba, SP.

MATERIAL E MÉTODOS

As cultivares de soja Conquista, IAC-18, Jataí, IAC 8-2 e Goiânia, foram plantadas na Fazenda Santa Fé, município de Araçatuba, SP, com delineamento inteiramente casualizado, com cinco repetições, em 30/ 11/2001. Cada parcela composta de 20 linhas com 10 m de comprimento, espaçamento de 0,5 m entre linhas e 2 m de bordadura.

Os levantamentos começaram a partir do início do florescimento das plantas de soja (R1) de acordo com descrição de FEHR et al. (1971)FEHR, W.R.; CAVINESS, C.E.; BURMOOD, D.T.; PENNINGTON, J.S. Stage of development descriptions for soybeans, Glycine max (L.) Merril. Crop Sci., v.11, p.929-931, 1971. utilizando rede de varredura e pano de batidas, com 10 redadas e 5 batidas de pano por parcela. No período de fevereiro a abril foram realizadas 8 avaliações nas seguintes datas: 13 e 26 de fevereiro; 5, 11, 18 e 25 de março e 1 e 8 de abril de 2002. Os insetos coletados com rede de varredura e pano de batida foram acondicionados em vidros contendo álcool 70%, devidamente etiquetados, separados e identificados no laboratório.

Durante todo o período de desenvolvimento das cultivares não foram utilizadas medidas de controle visando insetos e as ervas daninhas foram eliminadas através de capinas manuais.

Os dados foram transformados em x+1. As médias obtidas foram analisadas pelo teste de significância F e comparadas pelo teste de Tukey aos níveis de 5%, utilizando o programa SANEST (ZONTA & MACHADO, s/dZONTA, E.P. & MACHADO, A.A. Sanest: sistema de análise estatística. Piracicaba: ESALQ/Departamento de Zootecnia, S.d.ata).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 1 mostra que os percevejos infestaram as cultivares com exceção da IAC 8-2, a partir da segunda semana de fevereiro, quando todas as cultivares estavam no estágio R1, início do florescimento, levantamento do dia 13/2/02. Nas avaliações realizadas até a penúltima semana de março, os números médios das espécies de percevejos Acrosternum sp., Dichelops melacanthus (Dallas, 1851), Edessa meditabunda (Fabricius, 1794), E. heros e P. guildinii não apresentaram diferenças significativas entre as cultivares. Nas cinco avaliações, observa-se que as populações de percevejos demonstraram crescimento populacional muito semelhante entre as cinco cultivares enquanto na quarta semana de março as cultivares IAC 8-2 e Jataí apresentaram populações diferenciadas das demais. Nas avaliações relativas a 25/3 e 1/4/02, as populações de percevejos mostram diferenças significativas entre as cultivares. Na avaliação de 25/3/02, Conquista, Jataí e IAC 8-2 foram as mais infestadas. Na avaliação de 1/4/02 a cultivar IAC 18 mostrou menor preferência pelos insetos e na avaliação de 08/04/02 a cultivar IAC-18 já havia sido colhida e os números de percevejos não apresentaram diferenças significativas devido, provavelmente, ao estádio avançado de maturação das plantas nas quatro cultivares restantes. A ocorrência dos percevejos N. viridula, E. heros e P. guildinii tem sido registrada em diversas cultivares , variando a predominância de uma destas espécies em função da região e das cultivares nas quais os trabalhos foram realizados. LINK et al. (1981)LINK, D.; ESTEFANEL, V.; SANTOS, O.S. Efeito da cultivar e do local sobre o nível de dano de pentatomídeos em soja. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE PESQUISA DE SOJA, 2., 1981, Brasília. Anais. Londrina: 1981. v.2, p.79-91. observaram a predominância de N. viridula no Rio Grande do Sul. SALVATORI & GOMEZ (1981)SALVATORI, J.R. & GOMEZ, S.A. Abundância estacional de insetos pragas da soja e seus inimigos naturais em Dourados, MS. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE PESQUISA DE SOJA, 1., Londrina, 1981. Anais. Londrina: 1981. p.17-50. constataram as 3 espécies em 3 cultivares e 1 linhagem. RAMIRO et al. 1987RAMIRO, Z.A.; BATISTA FILHO, A.; MACHADO, L.A Levantamento de pragas e inimigos natuaris em seis cultivares de soja. Biológico, São Paulo, v.53, n.1/6, p.7-23, 1987. em levantamento constatou as 3 espécies em 6 cultivares.

Tabela l
Números médios de percevejos1 1 Espécies de percevejos: Acrosternum sp., Dichelops melacanthus, Edessa meditabunda, Euschistus heros, Piezodorus guildinii. coletados pelos métodos do pano de batidas e da rede de varredura em cinco cultivares de soja, em condições de campo. Araçatuba, SP, 2001/02.

Quando se relaciona os estádios de desenvolvimento da soja e a população de percevejos (Fig. 1) observa-se que ela foi menor e da mesma grandeza nos estádios de floração, desenvolvimento de vagens até o enchimento dos grãos (GALILEO & HEINRICHS, 1978aGALILEO, M.H.M. & HEINRICHS, E.A. Avaliação dos danos causados aos legumes de soja (Glycine max (L.) Merril) por Piezodorus guidinii (Westwood, 1837) (Hemiptera, Pentatomidae), em diferentes níveis e épocas de infestação. An. Soc. Entomol. Bras., v.7, n.1, p.33-39, 1978a.; GALILEO & HEINRICHS, 1978bGALILEO, M.H.M. & HEINRICHS, E.A. Efeito dos danos causados por Piezodorus guidinii (Westwood, 1837) (Hemíptera: Pentatomidae), em diferentes níveis e épocas de infestação, no rendimento de grãos de soja. An. Soc. Entomol. Bras., v.7, n.1, p.20-25. 1978b.). Esta população foi maior durante o estádio de maturação e apresentou diferenças significativas entre as cultivares. As cultivares Jataí, IAC 8-2 e Conquista foram as mais infestados enquanto IAC-18 foi pouco atacada pelos percevejos.

Fig. 1
Número de percevejos coletados pelos métodos da rede de varredura (10/parcela) e pano de batidas (5/ parcela) em cinco cultivares de soja, em condições de campo. Araçatuba/SP, 2001/02.

Comparando as médias relativas nas oito avaliações observa-se que a população de percevejos apresentou diferenças significativas entre as cultivares (Fig. 2). As cultivares Conquista, Jataí, IAC 8-2 e Goiânia foram as mais preferidas pelos percevejos e com diferença não significativa. A cultivar IAC-18 apresentou menor preferência dos insetos, confirmando os resultados observados (Tabela 1) nas avaliações realizadas em 25/3 e 1/4/02.

Fig. 2
Média de percevejos coletados pelos métodos do pano de batidas (5/parcela) e da rede de varredura (10/ parcela) em cinco cultivares de soja, em condições de campo.Araçatuba/SP, 2001/02.

CONCLUSÕES

Na região de Araçatuba os resultados obtidos em condições de campo mostram que:

  • A cultivar IAC 18 apresenta maior resistência aos percevejos pragas da soja enquanto que as cultivares IAC 8-2 e Jataí são altamente suscetíveis a estas pragas.

  • A população de percevejos é mais elevada nos períodos de início de maturação e maturação plena da soja.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Jun 2024
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2003

Histórico

  • Recebido
    28 Maio 2003
  • Aceito
    23 Set 2003
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