Acessibilidade / Reportar erro

ENTERITE EM URU CATIVO (ODONTOPHURUS CAPUEIRA CAPUEIRA) SPIX, 1825

ENTERITIS IN CAPTIVE WILD FOWLS (ODONTOPHURUS CAPUEIRA CAPUEIRA) SPIX, 1825

RESUMO

Descreve-se um quadro de enterite grave observado em aves silvestres, uru (Odontophurus capueira capueira Spix, 1825), mantidas em cativeiro. Quatro exemplares morreram após manifestarem diarréia sangüinolenta. O exame anatomopatólogico efetuado a partir dos materiais coletados, fígado e intestino, possibilitou observar quadro de entero-hepatite de característica necrótica tendo sido isolado o Clostridium perfringens a partir das amostras de conteúdo intestinal. Assinalou-se ainda a presença de parasitas intestinais (Heterakis fariai, Travassos, 1913). Considerase a presença dos parasitas, a porta de entrada para a instalação da infecção. Algumas considerações sobre enterite ulcerativa são também abordadas.

PALAVRAS-CHAVE:
Enterite necrótica; Clostridium perfringens; Odontophurus capueira; Heterakis fariai.

ABSTRACT

A severe case of enteritis in wild fowls, uru (Odontophurus capueira capueira, Spix, 1825) mantained in captivity is described. Four birds died after showing bloody diarrhoea. Liver and intestines collected from those animals and submitted to histological examination showed hepatitis and enteritis, both necrotic. C. perfringens was isolated from the intestines. In the intestinal content were observed roundworms of Heterakis fariai (Travassos, 1913). It is considered that the disease was installed by the worms' presence. Some aspects of ulcerative enteritis are discussed.

KEY WORDS:
Necrotic enteritis; Clostridium perfringens; Odontophurus capueira; Heterakis fariai.

O hábito de se manter aves silvestres cativas, determina nas mesmas um estado maior ou menor de estresse, na dependência de fatores variados como: condições de captura e de transporte, qualidade da habitabilidade, tipo de alimento oferecido, qualidade da água de bebida, densidade de aves por área, esquema geral de manejo adotado, localização das gaiolas e dos viveiros, proximidade com outros animais, entre outros.

Com exceção dos modernos parques zoológicos, onde se procura minimizar os efeitos negativos que o cativeiro impõe aos animais, a captura e o aprisionamento de espécimes silvestres resulta quase sempre em grandes prejuízos para os mesmos, visto que tal prática, tão difundida entre leigos, objetiva exclusivamente o comércio ilegal e nunca está investida de conhecimentos técnicos que possam vir a favorecer os animais capturados.

No presente trabalho são abordados alguns que determinaram o surgimento de um quadro grave de enterite que acometeu quatro exemplares de uru (Odontophurus capueira) alojados em recinto inadequado quanto à área, condições higiênicas e alimentação, após captura.

O proprietário, ornitólogo amador, observou estado de inquietação nas aves manifestado por forte agitação à aproximação de qualquer pessoa, fato por ele considerado incomum visto que as aves já estavam habituadas à presença humana. Posteriormente passaram a rejeitar o alimento, sobrevindo quadro de apatia, eriçamento das penas e descoloração progressiva das áreas não emplumadas da cabeça.

Seguiu-se quadro de diarréia no qual as fezes se apresentavam de tonalidade branco-amarelada com presença de estrias de sangue e exalando forte odor fétido. A morte das aves sobreveio entre o terceiro e quarto dias a contar do início dos sintomas.

À necropsia visualizou-se acentuada distensão intestinal com áreas hemorrágicas intercaladas por pequenos pontos claros. A abertura do órgão permitiu evidenciar quadro de enterite hemorrágica caracterizada por mucosa com pequenas e múltiplas ulcerações de aspecto lenticular, com leve depressão central, algumas delas perfuradas. Em outras áreas do órgão, as úlceras eram maiores, circundadas por uma zona clara e, por vezes, a confluência dessas determinava o aparecimento de necrose, onde se observava a presença de placas de fibrina (Fig.1). Toda a extensão do intestino apresentava muco sangüinolento (Fig.2). Registrou-se ainda a presença de grande quantidade de parasitas redondos.

O fígado mostrava-se aumentado de volume, congesto e com área de necrose em sua superfície.

O ceco exibia sua mucosa edemaciada, congesta e igualmente com pontos de necrose (Fig.3).

Fragmentos do fígado bem como do intestino foram coletados e conservados em formol neutro a 20%, dos quais se obteve, pelas técnicas habituais, cortes de 5 micrômetros que foram submetidos à coloração pela técnica da Hematoxilina-eosina (HE).

Raspados das áreas lesadas da mucosa intestinal foram destinados a exames bacteriológicos, que constaram do cultivo em ágar sangue de carneiro em condições de aerobiose e anaerobiose. As colônias isoladas em ambas as atmosferas foram identificadas bioquimicamente de acordo com COWAN & STEEL (1974)COWAN, S.T. & STEEL, K. J. Manual for the identification of medical bacteria.2.ed. London: Cambridge University Press, 1974. 238p. e os parasitas coletados, encaminhados para identificação parasitológica.

Os parasitas coletados foram identificados como sendo Heterakis fariai, Travassos, 1913. Os exames histopatológicos revelaram quadro de enterite e hepatite necrótica focal onde se distinguiam os seguintes aspectos:

Fígado: observou-se total desarranjo da estrutura do órgão, notadamente nas trabéculas de Remak. Estava presente um infiltrado leucocitário discreto e, por vezes, a região centro lobular encontrava-se tomada por material necrótico (Fig.4).

Intestinos: observou-se áreas de necrose com conseqüente destruição celular, notadamente na mucosa. Em alguns pontos eram visíveis, junto à área necrosada, massas bacilares que se apresentavam coradas em roxo. Visualizou-se, ao redor dessas áreas, um infiltrado inflamatório, onde predominavam células mononucleares, que abrangiam a mucosa e o tecido conjuntivo adjacente (Fig.5).

A bacteriologia ofereceu os seguintes resultados: nos cultivos em condições de aerobiose constatou-se a presença de Escherichia coli hemolítica e Proteus mirabilis. Em anaerobiose, colônias com duplo halo de hemólise foram caracterizadas como Clostridium perfringens (Fig.6).

As enterites determinadas por agentes bacterianos anaeróbios gram-positivos estão limitadas ao gênero Clostridium e têm sido objeto de estudo de inúmeros pesquisadores, quer em ocorrências naturais quer em trabalhos experimentais.

Comumente conhecida como "Quail disease", as enterites de aves são assim denominadas por terem sido diagnosticadas inicialmente em codornas.

Entretanto, a partir de então foram descritas em diversas espécies de aves domésticas e silvestres. O primeiro relato foi creditado a MORSE, 1907 nos Estados Unidos (apud PECKHAN, 1984PECKHAM, M.C. Ulcerative enteritis (Quail disease) In: Diseases of poultry. HOFSTAD, M. S.(Ed.).8 ed. Ames, Iowa: Iowa. State Univ. Press, 1984. p.242-250.) que alertava para os graves danos observados em codornas e galos silvestres, na Inglaterra. Nesse mesmo trabalho, sobre enterite ulcerativa, o autor divulga extensa lista de aves domésticas e silvestres nas quais observou a ocorrência natural desta doença, além de enfocar a reprodução experimental.

Seqüencialmente, novas assinalações foram sendo registradas em outros países, acometendo inúmeras espécies de aves: codornas (DURANT & DOLL, 1941DURANT, A.J. & DOLL, E.R. Ulcerative enteritis in Quail. Res. Bull. Mo. Agric. Exper. Stn.., n.325: 27, 1941.; PECKHAM, 1959PECKHAM, M.C. An anaerobe, the cause of ulcerative enteritis. (Quail disease). Avian Dis. v.3, p.471, 1959.), pombos (GLOVER, 1951GLOVER, J.S. Ulcerative enteritis in pigeons. Can. J. Comp. Med., v.15, p.295-297, 1951.), galinhas (GARDNER, 1967GARDNER, M.R. Clostridial infections in poultry in western Australia. Aust. Vet. J., v.43, p.359-360, 1967.), uru (NOBRE,1973NOBRE, D.; PORTUGAL, M.A.S.C.; CHAP.ELLARO,C.E.M.P.M.; NAKANO, M.; CHIARELLI,V. Enterite ulcerative em Uru (Odontophorus capueira) In: CONFERÊNCIA ANUAL DA SOCIEDADE PAULISTA DE MEDICINA VETERINÁRIA, 28., 1973, São Paulo, SP. Resumos. Atual. Vet., v.2, n.9, p.48, 1973.), tordo americano (WINTERFIELD & BERKHOFF, 1977WINTERFIELD, R.W. & BERKHOFF, G. A. Ulcerative enteritis in robins. Avian Dis., v.2l, n.2, p.327-329, 1977.) e pombo correio (CHALMERS, 1990CHALMERS, G.A. An ulcerative enteritis of racing pigeons. Can. Vet. J., v.21, p.165-166, 1990.).

Com referência a enterite necrótica, esta parece ser mais freqüente, a julgar pela riqueza bibliográfica existente. Face às dificuldades, por vezes encontradas, na confirmação laboratorial dos dois tipos de enterites bacterianas determinadas pelo gênero Clostridium, estabeleceu-se inicialmente, certa confusão entre as enterites necrótica e ulcerativa. A primeira é atribuída ao C. perfringens enquanto que a segunda ao C. colinum. Entretanto, a distinção laboratorial dessas duas espécies bacterianas é sutil e está na dependência da realização de provas específicas como o uso de indicadores biológicos especiais para a caracterização deste último (DAVIS et al., 1971DAVIS, R.B.; BROWN,J.;D AWE, D.L. Quail - biological indicators in the differentiation of ulcerative and necrotic enteritis of chickens. Poult. Sci., v.50, p.737-740, 1971.). Um grande número dos diagnósticos iniciais baseavam-se unicamente nas lesões observadas no fígado e intestinos, durante a execução das necropsias, fato gerador de dúvidas e controvérsias.

As lesões intestinais vão desde uma enterite hemorrágica de mediana intensidade até ao comprometimento da mucosa em grau mais grave que é representado pelo aparecimento de pequenas úlceras, até a formação de extensas áreas necróticas. Em ambos os casos, com a complicação do quadro poderá haver o estabelecimento de uma peritonite pois, muitas vezes, as úlceras com características perfurantes podem determinar quadros agudos e superagudos.

Os sintomas iniciais são habitualmente vagos e a ave poderá apresentar-se apenas apática e de cabeça pendente. A presença de diarréia não é uma constante em todos os momentos da doença e está sempre na dependência do grau de sua evolução.

GOUGH & PETTIT (1975)GOUGH, A.W. & PETTIT. J. R. Ulcerative enteritis in poultry. Poult. Digest., v.34, n.40, p.406, 1975. consideraram que na enterite ulcerativa, a simples presença do C. colinum é suficiente para o desencadeamento da doença, enquanto que, nos casos de enterite necrótica, outros fatores podem contribuir para o quadro clínico, como por exemplo, a presença de parasitas intestinais.

Fig. 1
Área de necrose da mucosa intestinal com depósito de fibrina.

Fig. 2
Intestino exibindo áreas hemorrágicas e presença de muco sangüinolento.

Fig. 3
Cecum exibindo mucosa edemaciada, com pontos de congestão e áreas de necrose.

Fig. 4
Corte de fígado mostrando total desarranjo de suas estruturas e, na região centro lobular, a presença de massa necrótica. Coloração H.E. (aumento 260 vezes).

Fig. 5
Corte de intestino com ampla área de necrose junto à mucosa. Observa-se infiltrado leucocitário e massas bacterianas coradas em roxo. Coloração H.E. (aumento 400 vezes).

Fig. 6
Aspecto de dupla hemólise ao redor das colônias de C. perfringens. Cultivo em meio de ágar sangue.

Na enterite ulcerativa, as úlceras são habitualmente pequenas e circunscritas por um nítido espessamento da mucosa e, por vezes, ocorre a sua coalescência comprometendo porções maiores da mucosa, podendo originar então áreas de necrose e o surgimento de enterite membranosa. Estes últimos aspectos da complicação do quadro anatomopatológico são mais freqüentes quando ocorrem associações com outras doenças como verminose ou coccidiose intestinal, fato que pode ser igualmente estendido à enterite necrótica. KWATRA & CHAUDHURY (1976)KWATRA, M.S. & CHAUDHURY, B. A presumptive diagnosis of avian necrotic enteritis in the fowl (Gallus gallus domesticus) from Assam (India). Avian Dis., v.20, n.2, p.401-406, 1976. publicaram trabalho com diagnóstico presuntivo de enterite necrótica associada à coccidiose.

AL-SHEIKHLY & AL-SAIEG (1980)AL-SHEIKHLY, F. & AL-SAIEG, A. Role of coccidia in the occurrence of necrotic enteritis of chickens. Avian Dis., v.24, p.324-333, 1980. observaram a associação da enterite necrótica com a presença de Eimeria acervulina e Eimeria necatrix.BROUSSARD et al. (1986)BROUSSARD, C.T.;HOFACRE, C.L.; PAGE, R.K.; FLETCHER, O. J. Necrotic enteritis in cage-reared commercial layer pullets. Avian Dis., v.30, n.3, p.617-618, 1986. referem a mesma associação de agentes para poedeiras alojadas em gaiolas, porém destacam ampla distensão das alças intestinais motivada pela presença do gás resultante da multiplicação bacteriana e a importância dos antibióticos e coccidiostáticos no tratamento. GAZDZINSKI & JULIAN (1992)GAZDZINSKI, P. & JULIAN, R.J. Necrotic enteritis in turkeys. Avian Dis., v.36, n.3, p.792-798, 1992. descreveram a presença de vários oocistos de Eimeria sp., em perus que apresentavam quadro de enterite necrótica. BALDASSI et al. (1995)Baldassi, L.; Castro, A.G..M.; Guerra, J.L.; Portugal, M.A.S.C.; Calil E.M.B.; MACRUZ, R. Necrotic enteritis on broilers in São Paulo State. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.62, n.1/2, p.37-43, 1995. também fizeram a mesma observação em surto de enterite ocorrido em frangos de corte de uma importante região avícola do Estado de São Paulo. BILDFELL et al. (2001)BILDFELL, R.J.; ELTZROTH, E.K. SONGER, J.G. Enteritis as a cause of mortality in the western bluebird (Sialia mexicana). Avian Dis., v.45, n.3, p.760-763, 2001. encontraram em quatro de oito pássaros com enterite necrótica, submetidos à necropsia, a presença de parasitas acantocéfalos.

Em grande parte dos casos verifica-se o comprometimento hepático que poderá resultar em hepatite necrótica de pequenos focos ou, assumindo aspecto mais amplo, determinando lesões extensas na superfície do órgão, como na presente ocorrência.

Em seus estudos sobre as enterites das aves, BERKHOFF et al. (1973 aBERKHOFF, G.A.; CAMPBELL, S.G.; NAYLOR, H.B. Etiology and pathogenesis of ulcerative enteritis (Quail disease) isolation of a causative anaerobe. Avian Dis., v.18, n.2, p.186-194, 1973a.,bBERKHOFF, G.A.; CAMPBELL, S.G.; NAYLOR, H.B.; SMITH, L.D.S. Etiology and pathogenesis of u1cerative enteritis (Quail disease) characterization of the causative anaerobe. Avian Dis., v.18, n.2, p.195204, 1973b.) publicaram trabalhos nos quais discutem, com detalhes, a etiopatogenia desses processos entéricos e caracterizam a presença constante de um agente do gênero Clostridium, para o qual propuseram a denominação de C. colinum, nos casos de enterite ulcerativa. Posteriormente, BERKHOFF & CAMPBELL (1973)BERKHOFF, G.A. & CAMPBELL, S.G. Etiology and pathogenesis of ulcerative enteritis (Quail disease) - The experimental disease. Avian Dis., v.18, n.2, p.205-212, 1973., lograram a reprodução experimental da doença. Finalmente, BERKHOFF (1975)BERKHOFF, G.A.Ulcerative enteritis - Clostridial antigens. Am. J. Vet. Res., v.36, p.583-585, 1975. estudou as características antigênicas discutindo os aspectos diferenciais entre aa enterites necrótica e a ulcerativa, reforçando, dessa forma, a proposta para a distinção entre as duas espécies responsáveis pelo comprometimento dos intestinos das aves, o C. perfringens e o C. colinum.

Nesses trabalhos, os autores destacam ainda o fato de que com os recursos usuais de diagnóstico disponíveis na época, havia dificuldade para uma perfeita diferenciação entre estas duas entidades bacterianas e, conseqüentemente também para a separação clínica dessas duas doenças. HELMBOLDT & BRYANT (1971)HELMBOLDT, C.F. & BRYANT, E.S. The pathology of necrotic enteritis in domestic fowl. Avian Dis., v.15, p. 775-780, 1971., estudaram a patologia da enterite necrótica avícola e LONG (1973)LONG, J.R. Necrotic enteritis in broiler chickens I- A revew literature and prevalence of the disease in Ontário. Can. J. Comp. Med., v.37, n.3, p.302-312, 1973 realizou detalhada revisão da literatura sobre a doença em frangos de corte, determinando a prevalência da mesma na região de Ontário. Em complementação aos seus estudos, LONG et al. (1974)LONG, J.R.; PETTIT, J.R.; BARNUM, D. A. Necrotic enteritis in broiler chickens. II Pathology and proposed pathogenesis. Can. J. Comp. Med., v.38, p.467-474, 1974. publicaram, um ano após, trabalho no qual discutiram a patologia e a patogenia da enterite necrótica nesse tipo de ave.

Ainda devem ser lembrados os trabalhos experimentais com enterites aviárias determinadas por anaeróbios. PARISH (1961 aPARISH, W.E. Necrotic enteritis in the fowl (Gallus gallus domesticus) I. Histopathology of the disease and isolation of a strain of Clostridium welchii. J. Comp. Pathol., v.71, p.377-393, 1961a.,bPARISH. W.E. Necrotic enteritis in the fowl. II. Examination of the causal C1ostridium welchii. J. Comp. Pathol., v.71, p.394-404, 1961b.,cPARISH, W.E. Necrotic enteritis in the fowl. III. The experimental disease. J. Comp. Pathol., v.71, p.405-413, 1961c.) induziu enterite necrótica em aves; BERKHOFF & CAMPBELL (1973)BERKHOFF, G.A. & CAMPBELL, S.G. Etiology and pathogenesis of ulcerative enteritis (Quail disease) - The experimental disease. Avian Dis., v.18, n.2, p.205-212, 1973. reproduziram enterite ulcerativa em codornas; TRUSCOTT & AL-SHEIKHLY (1977)TRUSCOTT, R.B. & AL-SHEIKHLY, F. Reproduction and treatment of necrotic enteritis in broilers. Am. J. Vet. Res., v.38, p. 857-861, 1977. estudaram seu controle, em frangos de corte, através da antibioticoterapia; AL-SHEIKHLY (1977)AL-SHEIKHLY, F. Studies on the pathogenesis of necrotic enteritis in chickens. Diss. Abs. Int.B Sci. Eng., v.38-B, n.1, p.69-72, 1977. fez estudos sobre a patogenia da em galinhas, considerando-a como enterotoxemia grave e, a seguir, AL-SHEIKHLY & TRUSCOTT (1977 aAL-SHEIKHLY, F. & TRUSCOTT, R.B.The pathology of necrotic enteritis of chickens following infusion of crude toxins of Clostridium perfringens into duodenum. Avian Dis., v. 21, p. 241-255, 1977a.,bAL-SHEIKHLY, F. & TRUSCOTT, R.B. The interation of C1ostridium perfringens and its toxins in the prodution of necrotic enteritis of chickens. Avian Dis., v.21, p.256-263, 1977b.) realizaram estudos das toxinas do C. perfringens introduzindo-as diretamente no duodeno de galinhas para observação das lesões produzidas; COWEN, et al. (1987)COWEN, B.S.; SCHWARTZ, L.D.; WILSON, R.A.; AMBRUS, S.I. Experimentally induced necrotic enteritis in chickens. Avian Dis., v.31, p.904-906, 1987. igualmente lograram induzir o desenvolvimento da enterite necrótica em galinhas.

Quanto ao tratamento das enterites aviárias por agentes anaeróbicos, diversos esquemas e fármacos têm sido experimentados. ROSEN & BISCHOFF (1949)ROSEN, M.H. & BISCHOFF A.I. Field trials of sulfamezathine and sulfaquinozaline in the treatment of quail ulcerative enteritis. Cornell Vet., v.39, p.195-198, 1949. utilizaram a associação de duas sulfonamidas no tratamento da enterite ulcerativa. KIRKPATRICK et al. (1950KIRKPATRICK, C.M.; MOSES, H.E.; BALDINI, J.T. Streptomycin studies in ulcerative enteritis in Bobwhite Quail I Results of oral administration of the drug to manually exposed birds in the fall. Poultry Sci., v.29, p.561-569, 1950., 52KIRKPATRICK, C.M.; MOSES, H.E.; BALDINI, J.T. Streptomycin studies in ulcerative enteritis in Bobwhite Quail II Concentration of streptomycin in drinking water. Suppresing the experimental disease. Am. J. Vet. Res., v.13, n.46, p.102-104, 1952.) estudaram o tratamento baseado no uso da estreptomicina administrada individualmente ou pela água de bebida. NAIRN & BAMFORD (1967)NAIRN, M.E. & BAMFOR, V. W. Necrotic enteritis of broiler chickens in western Australia. Aust. Vet. J., v.43, p.4954, 1967. obtiveram sucesso com a utilização da associação de penicilina e bacitracina. MAXEY & PAGE (1977)MAXEY, B.W. & PAGE, R.K. Efficacy of lincomycin feed medication for the control of necrotic enteritis in broilertype chickens. Poult. Sci., v.56, p.1909-1913, 1977. provaram a eficácia da lincomicina administrada com o alimento para o controle desta enfermidade. MILLER (1983)MILLER, C. R. Necrotic enteritis control with virginiamycin. In: WESTERN POULTRY DISEASE CONFERENCE, 32., 1983, Davis, CA USA. Proceedings. Coop. Ext. Service Univ. California, 1983. p.67-68. propôs o controle da enterite necrótica aviária pelo uso da virgomicina e KONDO et al. (1988)KONDO, F.; T OTTORI, J.; SOKI. K. Ulcerative enteritis in broiler chickens caused by Clostridium colinum and in vitro activity of 19 antimicrobial agents in tests on isolates. Poult. Sci., v.67, p.1424-1430, 1988. estudaram a ação in vitro de diversos agentes antimicrobianos especificamente contra o C. colinum.

Esta é, sobretudo neste país, mais uma contribuição ao estudo da enterite necrótica em aves.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • AL-SHEIKHLY, F. Studies on the pathogenesis of necrotic enteritis in chickens. Diss. Abs. Int.B Sci. Eng., v.38-B, n.1, p.69-72, 1977.
  • AL-SHEIKHLY, F. & TRUSCOTT, R.B.The pathology of necrotic enteritis of chickens following infusion of crude toxins of Clostridium perfringens into duodenum. Avian Dis, v. 21, p. 241-255, 1977a.
  • AL-SHEIKHLY, F. & TRUSCOTT, R.B. The interation of C1ostridium perfringens and its toxins in the prodution of necrotic enteritis of chickens. Avian Dis, v.21, p.256-263, 1977b.
  • AL-SHEIKHLY, F. & AL-SAIEG, A. Role of coccidia in the occurrence of necrotic enteritis of chickens. Avian Dis, v.24, p.324-333, 1980.
  • Baldassi, L.; Castro, A.G..M.; Guerra, J.L.; Portugal, M.A.S.C.; Calil E.M.B.; MACRUZ, R. Necrotic enteritis on broilers in São Paulo State. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.62, n.1/2, p.37-43, 1995.
  • BERKHOFF, G.A.; CAMPBELL, S.G.; NAYLOR, H.B. Etiology and pathogenesis of ulcerative enteritis (Quail disease) isolation of a causative anaerobe. Avian Dis, v.18, n.2, p.186-194, 1973a.
  • BERKHOFF, G.A.; CAMPBELL, S.G.; NAYLOR, H.B.; SMITH, L.D.S. Etiology and pathogenesis of u1cerative enteritis (Quail disease) characterization of the causative anaerobe. Avian Dis, v.18, n.2, p.195204, 1973b.
  • BERKHOFF, G.A. & CAMPBELL, S.G. Etiology and pathogenesis of ulcerative enteritis (Quail disease) - The experimental disease. Avian Dis, v.18, n.2, p.205-212, 1973.
  • BERKHOFF, G.A.Ulcerative enteritis - Clostridial antigens. Am. J. Vet. Res, v.36, p.583-585, 1975.
  • BILDFELL, R.J.; ELTZROTH, E.K. SONGER, J.G. Enteritis as a cause of mortality in the western bluebird (Sialia mexicana). Avian Dis., v.45, n.3, p.760-763, 2001.
  • BROUSSARD, C.T.;HOFACRE, C.L.; PAGE, R.K.; FLETCHER, O. J. Necrotic enteritis in cage-reared commercial layer pullets. Avian Dis, v.30, n.3, p.617-618, 1986.
  • CHALMERS, G.A. An ulcerative enteritis of racing pigeons. Can. Vet. J, v.21, p.165-166, 1990.
  • COWAN, S.T. & STEEL, K. J. Manual for the identification of medical bacteria2.ed. London: Cambridge University Press, 1974. 238p.
  • COWEN, B.S.; SCHWARTZ, L.D.; WILSON, R.A.; AMBRUS, S.I. Experimentally induced necrotic enteritis in chickens. Avian Dis, v.31, p.904-906, 1987.
  • DAVIS, R.B.; BROWN,J.;D AWE, D.L. Quail - biological indicators in the differentiation of ulcerative and necrotic enteritis of chickens. Poult. Sci, v.50, p.737-740, 1971.
  • DURANT, A.J. & DOLL, E.R. Ulcerative enteritis in Quail. Res. Bull. Mo. Agric. Exper. Stn., n.325: 27, 1941.
  • GARDNER, M.R. Clostridial infections in poultry in western Australia. Aust. Vet. J, v.43, p.359-360, 1967.
  • GAZDZINSKI, P. & JULIAN, R.J. Necrotic enteritis in turkeys. Avian Dis., v.36, n.3, p.792-798, 1992.
  • GLOVER, J.S. Ulcerative enteritis in pigeons. Can. J. Comp. Med, v.15, p.295-297, 1951.
  • GOUGH, A.W. & PETTIT. J. R. Ulcerative enteritis in poultry. Poult. Digest, v.34, n.40, p.406, 1975.
  • HELMBOLDT, C.F. & BRYANT, E.S. The pathology of necrotic enteritis in domestic fowl. Avian Dis, v.15, p. 775-780, 1971.
  • KIRKPATRICK, C.M.; MOSES, H.E.; BALDINI, J.T. Streptomycin studies in ulcerative enteritis in Bobwhite Quail I Results of oral administration of the drug to manually exposed birds in the fall. Poultry Sci, v.29, p.561-569, 1950.
  • KIRKPATRICK, C.M.; MOSES, H.E.; BALDINI, J.T. Streptomycin studies in ulcerative enteritis in Bobwhite Quail II Concentration of streptomycin in drinking water. Suppresing the experimental disease. Am. J. Vet. Res, v.13, n.46, p.102-104, 1952.
  • KONDO, F.; T OTTORI, J.; SOKI. K. Ulcerative enteritis in broiler chickens caused by Clostridium colinum and in vitro activity of 19 antimicrobial agents in tests on isolates. Poult. Sci, v.67, p.1424-1430, 1988.
  • KWATRA, M.S. & CHAUDHURY, B. A presumptive diagnosis of avian necrotic enteritis in the fowl (Gallus gallus domesticus) from Assam (India). Avian Dis, v.20, n.2, p.401-406, 1976.
  • LONG, J.R. Necrotic enteritis in broiler chickens I- A revew literature and prevalence of the disease in Ontário. Can. J. Comp. Med, v.37, n.3, p.302-312, 1973
  • LONG, J.R.; PETTIT, J.R.; BARNUM, D. A. Necrotic enteritis in broiler chickens. II Pathology and proposed pathogenesis. Can. J. Comp. Med, v.38, p.467-474, 1974.
  • MAXEY, B.W. & PAGE, R.K. Efficacy of lincomycin feed medication for the control of necrotic enteritis in broilertype chickens. Poult. Sci, v.56, p.1909-1913, 1977.
  • MILLER, C. R. Necrotic enteritis control with virginiamycin. In: WESTERN POULTRY DISEASE CONFERENCE, 32., 1983, Davis, CA USA. Proceedings. Coop. Ext. Service Univ. California, 1983. p.67-68.
  • NAIRN, M.E. & BAMFOR, V. W. Necrotic enteritis of broiler chickens in western Australia. Aust. Vet. J, v.43, p.4954, 1967.
  • NOBRE, D.; PORTUGAL, M.A.S.C.; CHAP.ELLARO,C.E.M.P.M.; NAKANO, M.; CHIARELLI,V. Enterite ulcerative em Uru (Odontophorus capueira) In: CONFERÊNCIA ANUAL DA SOCIEDADE PAULISTA DE MEDICINA VETERINÁRIA, 28., 1973, São Paulo, SP. Resumos. Atual. Vet, v.2, n.9, p.48, 1973.
  • PARISH, W.E. Necrotic enteritis in the fowl (Gallus gallus domesticus) I. Histopathology of the disease and isolation of a strain of Clostridium welchii. J. Comp. Pathol, v.71, p.377-393, 1961a.
  • PARISH. W.E. Necrotic enteritis in the fowl. II. Examination of the causal C1ostridium welchii. J. Comp. Pathol., v.71, p.394-404, 1961b.
  • PARISH, W.E. Necrotic enteritis in the fowl. III. The experimental disease. J. Comp. Pathol, v.71, p.405-413, 1961c.
  • PECKHAM, M.C. An anaerobe, the cause of ulcerative enteritis. (Quail disease). Avian Dis v.3, p.471, 1959.
  • PECKHAM, M.C. Ulcerative enteritis (Quail disease) In: Diseases of poultry. HOFSTAD, M. S.(Ed.).8 ed. Ames, Iowa: Iowa. State Univ. Press, 1984. p.242-250.
  • ROSEN, M.H. & BISCHOFF A.I. Field trials of sulfamezathine and sulfaquinozaline in the treatment of quail ulcerative enteritis. Cornell Vet, v.39, p.195-198, 1949.
  • TRUSCOTT, R.B. & AL-SHEIKHLY, F. Reproduction and treatment of necrotic enteritis in broilers. Am. J. Vet. Res., v.38, p. 857-861, 1977.
  • WINTERFIELD, R.W. & BERKHOFF, G. A. Ulcerative enteritis in robins. Avian Dis, v.2l, n.2, p.327-329, 1977.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Jul 2024
  • Data do Fascículo
    Apr-Jun 2003

Histórico

  • Recebido
    09 Jan 2003
  • Aceito
    01 Abr 2003
Instituto Biológico Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1252 - Vila Mariana - São Paulo - SP, 04014-002 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: arquivos@biologico.sp.gov.br