NOVO HABITAT E HOSPEDEIRO PARA TRICHOPRIA SP. (HYMENOPTERA: DIAPRIIDAE) NO BRASIL

NEW HABITAT AND HOST FOR TRICHOPRIA SP. (HYMENOPTERA: DIAPRIIDAE) IN BRAZIL

RESUMO

Este estudo relata novo habitat e hospedeiro para o parasitóide Trichopria sp. (Hymenoptera: Diapriidae) coletados de pupas de Peckia chrysostoma (Wiedemann) (Diptera: Sarcophagidae) utilizando armadilhas contendo como isca rins bovinos no município de Lavras, MG, Brasil. No mês de dezembro de 2003 foram coletados 41 espécimes Trichopria sp. em 155 pupas de P. chrysostoma. A prevalência de parasitismo foi de 0,65%. Este estudo relata a primeira ocorrência de poliembrionia em Trichopria sp. em Minas Gerais.

PALAVRAS-CHAVE:
Diptera; Hymenoptera; Diapriidae; rins de bovinos; Lavras; Minas Gerais.

ABSTRACT

This study reports new habitat and host for the parasitoid Trichopria sp. (Hymenoptera: Diapriidae) which were collected from pupae of Peckia chrysostoma (Wiedemann) (Diptera: Sarcophagidae) by means of traps containing some bovine kidney baits in Lavras, Minas Gerais, Brazil, in December of 2003. A total of 41 specimens of the parasitoid Trichopria sp. were collected from 155 pupae of P. chrysostoma. The prevalence of parasitism was 0.65%. This study reports the first occurrence of poliembriony in Trichopria sp. in Minas Gerais, Brazil.

KEY WORDS:
Diptera; Hymenoptera; Diapriidae; bovine kidney; Lavras; Minas Gerais.

As moscas são de fundamental importância médica e veterinária, uma vez que podem produzir miíases e atuar na veiculação de patógenos ao homem e aos animais. (CHOW, 1940; GREENBERG, 1971).

No controle químico de insetos em ambiente urbano e rural existe o risco de contaminação do homem, animais e ambiente. Assim, o controle biológico de moscas com uso de microhimenópteros parasitóides vem ao encontro da busca de alternativas para o problema, por ser um método seguro, de fácil manuseio e baixo custo (CARVALHO et al., 2004).

As espécies do gênero Trichopria são usualmente parasitóides de estágios imaturos de Diptera (LEGNER et al., 1976). Trichopria sp. é considerada um importante parasitóide de Sarcophagidae, Sepsidae, Muscidae e Calliphoridae (FIGG et al., 1983; BLUME, 1984). DE SANTIS (1980) cita 11 espécies de Trichopria no Brasil encontradas nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Pará e Distrito Federal. MARCHIORI et al. (2000a) encontraram Trichopria sp. em Minas Gerais e Goiás, com isso ampliou-se o conhecimento da distribuição geográfica dessa espécie para o Brasil.

O objetivo deste estudo é relatar um novo habitat e hospedeiro para Trichopria sp. no Brasil.

O experimento foi realizado no Campus da Universidade Federal de Lavras (21º41'43"S - 44º59' 59"W). Procedeu-se a coleta de adultos de moscas através de armadilhas construídas com lata de coloração preta fosca, medindo 19 cm de altura por 9 cm de diâmetro, com duas aberturas tipo venezianas, localizadas no terço inferior, para permitir a entrada dos insetos. Na parte superior das latas foram acoplados funis de "nylon", abertos nas extremidades, com bases voltadas para baixo e envolvidos em sacos plásticos, cuja remoção permitiu a coleta das moscas. Serviu como isca rins de bovinos depositadas no interior das latas, sobre uma camada de terra. Utilizaram-se 10 armadilhas que foram penduradas em árvores a 1 metro do solo, a 2 metros uma das outras. As armadilhas permaneceram no campo por 15 dias.

Para a obtenção dos parasitóides, o conteúdo das armadilhas foi colocado em recipientes plásticos contendo uma camada de areia para servir de substrato à pupação das larvas e levados para o laboratório, para a extração das pupas pelo método de flutuação. As pupas foram retiradas com auxílio de peneira, contadas e depositadas individualmente em cápsulas de gelatina, até a emergência das moscas e/ou dos parasitóides.

A prevalência de parasitismo foi calculada dividindo o número de pupas parasitadas pelo número total de pupas coletadas, multiplicando o resultado por cem. O material testemunho foi depositado no Departamento de Biologia do Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara, Goiás.

Em dezembro de 2003, obtiveram-se 155 pupários de Peckia chrysostoma (Wiedemann) (Diptera: Sarcophagidae), das quais emergiram 41 espécimes do parasitóide Trichopria sp. (Hymenoptera: Diapriidae) de um único pupário. De acordo com ASKEW (1971), os Diapriidae são principalmente endoparasitóides gregários de pupas de Diptera. Trichopria sp. comportou-se como parasitóide gregário, isto é, quando várias larvas se desenvolvem até a maturidade em único hospedeiro (PARRA et al., 2002).

A prevalência de parasitismo obtida foi de 0,65%, provavelmente, devido às variações na qualidade e disponibilidade de recursos alimentares e ou pelas densidades dos hospedeiros.

Trichopria sp., em Minas Gerais e Goiás, foi encontrada parasitando Brontaea quadristigma (Thomson), (Diptera: Muscidae), Coproica sp. (Diptera: Sphaeroceridae), Haematobia irritans (L.) (Diptera: Muscidae), Palaeosepsis spp. (Diptera: Sepsidae) e S. occidua em fezes bovinas em pastagens comportando-se como parasitóide solitário (MARCHIORI & LINHARES, 1999; MARCHIORI et al., 2000a; MARCHIORI et al., 2000b; MARCHIORI et al., 2001; MARCHIORI, 2002; MARCHIORI et al., 2002).

Este estudo relata a primeira ocorrência de Trichopria sp. parasitando P. chrysostoma em rins de bovinos no Brasil e também poliembrionia em Trichopria sp. em Minas Gerais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  21 Jun 2024
• Data do Fascículo
  Apr-Jun 2004

Histórico

• Recebido
  12 Abr 2004
• Aceito
  25 Maio 2004