Acessibilidade / Reportar erro

AVALIAÇÃO SOROLÓGICA COMPARATIVA ENTRE DOIS ESQUEMAS DE VACINAÇÃO CONTRA D.I.B (DOENÇA INFECCIOSA DA BURSA)

EVALUATION SOROLOGIC COMPARED BETWEEN TWO VACCINATION SCHEMES AGAINST B.I.D. (BURSA INFECTED DISEASE)

RESUMO

A D.I.B. (Doença Infecciosa da Bursa) é de etiologia viral e afeta aves na faixa etária de 3-6 semanas. A Bursa de Fabricius é o órgão alvo do vírus. A imunidade passiva é transmitida pelas reprodutoras à progênie protegendo contra infecções precoces. Através de análise sorológica foram avaliados dois diferentes esquemas de vacinação e a necessidade de vacinação contra D.I.B. no primeiro dia de idade. Foram avaliados 20 lotes de pintos, representados por 20 pintos cada lote. No incubatório, 10 lotes receberam vacina contra D.I.B. e os outros 10 não foram vacinados. No primeiro dia de idade foram determinados os títulos de anticorpos maternais e no décimo dia de idade avaliou-se a queda dos títulos de anticorpos. As análises sorológicas foram feitas através do teste ELISA. Considerandose idades semelhantes das matrizes foram obtidos parâmetros semelhantes de títulos de anticorpos no primeiro dia de vida, tanto nos lotes vacinados como nos não vacinados. No décimo dia de idade, os títulos de anticorpos de ambos os lotes tiveram uma redução semelhante, não apresentando diferença significativa entre os lotes. Através dos resultados obtidos concluiu-se que os altos títulos de imunidade passiva tornam desnecessária a vacinação contra D.I.B. em pintos no primeiro dia de idade.

PALAVRAS-CHAVE:
Aves; gumboro; vacinação; imunidade.

ABSTRACT

The B.I.D. (Bursa infected diseases) is the viral etiology infecting chickens range 3-6 weeks of age. The Fabricius bursa is the target organ of this virus. The passive immunity is transmitted by the female to the offspring protecting from early infections. Trough sorologic analysis of different schemes of vaccination and necessity of vaccination against B.I.D. on the first day of age, 20 batches of chicks, with 20 chicks in each, were evaluated. In the incubatory 10 batches were vaccinated and 10 others were not. On the first day of age we evaluated the mother antibody titles and on the tenth day we evaluated anti-body titles. The analysis were done through ELISA. Considering the similar ages of the parental, we observed similar parameters of titles of anti-body in both batches, on the first day of age. On the tenth day of age the titles of anti-body were seduced by the same amount, no significative changes were observed between them. Therefore we concluded that high titles of passive immunity make it unnecessary vaccination of chicks on the first day of age.

KEY WORDS:
Poultry; gumboro; vaccination; immunity.

INTRODUÇÃO

Doença transmissível de etiologia viral, família Birnavírus (BROWN et al., 1986BROWN, F. The classification and nomenclature of viruses: Summary of results of meetings of the International Commitee on Taxonomy of Viruses in Sendai. Intervirology, v.25, p.141-143, 1986.), acomete aves jovens alterando a morfofisiologia do sistema imunológico (SKEELES et al., 1980SKEELES, J.K.; SLAVIK, M.F.; BEASLEY, J.N.; BROWN, A.H.; MEINECKE, C.F.; MARUCA, S.; WELCH, S. An age-related coagulation disorder associated with experimental infection with infections bursal disease virus. Am. J. Vet. Res., v.41, p. 1458-1461, 1980.).O genoma deste vírus consiste em dois segmentos com dupla fita de RNA (DOBOS et al., 1979DOBOS, P.; HILL, B.J.; HALLET, R.; KELLS, D.T.C.; BETCHT, H.; TENINGES, D. Biofhsycal and bichemical characterization of five animal viruses with Bisegmented doublestranded genomes. J. Virol., v.32, p.593-605, 1979.; LUKERT et al.,1991).

A Doença Infecciosa da Bursa (D.I.B.) tem distribuição mundial e o primeiro relato desta doença foi feito por COSGROVE (1962)COSGROVE, A.S. An apparently new disease of chickensavian nephrosis. Avian Dis., v.6, p.385-389, 1962. nos Estados Unidos; no Brasil o primeiro diagnóstico foi realizado em 1972 (NAKANO et al., 1972NAKANO, M.; PORTUGAL, M.A.S.C.; SALIBA, A.M.; NOBRE, D.; NARIMATSU, M.N. A ocorrência de doença de Gumboro no Brasil. Diagnóstico anatomopatológico. Biológico, São Paulo, n.38, p.60-66, 1972.). Duranteváriosanos, foiconfundidacomvariantesdevírus de “Bronquite Infecciosa” (WINTERFIELD & HITCHNER, 1962WINTERFIELD, R.W. & HITCHNER, S.B. Etiology of infectious nephritis-nephrosis syndrome of chickens. Am. J. Vet. Res., v.23, p.1273-1279, 1962.), devido às lesões renais observadas no campo, sendo posteriormenteestabelecidosagentesetiológicosdistintos.

O vírus que provoca a D.I.B. ou Doença de Gumboro é classificado em dois sorotipos distintos 1 e 2. Somente o sorotipo 1 é capaz de causar a doença em galinhas (MCFERRAN et al., 1980MCFERRAN, V.B.; MCNULTY, M.S.; MCKILLOP, E.R.; CONNOR, J.T.; MCCRACKEN, R.M.; COLLINS, D.S.; ALLAN, G. Isolation and serological studies with infectious bursal disease viruses from fowl, turkes and ducks: demostration of a second serotype. Avian Pathol., v.9, p.395-404, 1980.).

A patogênia é de grande importância econômica na avicultura industrial pois causa severa imunodeficiência, destruindo os precursores de anticorpos produzidos pelas células B na Bursa de Fabricius (B.F.) (KIBENGE et al., 1988KIBENGE, F.S.B.; DHILLON, A. S.; RUSSELL, R.G. Biochemistry and immunology of infectious bursal disease virus. J. Gen. Virol., v.69, p.1757-1775, 1988.; LUKERT et al., 1991; TSUKAMOTO, et al. 1995). A Bursa de Fabricius é o órgão alvo do vírus da D.I.B. (LUKERT & SAIF, 1991LUKERT, P.D. & SAIF, Y.M., Infectious bursal Disease. In: CALNAK, B.W.; BARNES, H.J.; BEARD, C.W.; YODER, H.W. Diseases of poultry. 9.ed. Ames: Iowa State University Press, 1991. p.648-663.). Animais bursectomizados apresentam-se altamente refratários à infecção (KAUFER & WEIS, 1980KAUFER, I. & WEIS, E. Significance of bursa of Fabricius as target organ in infections bursal disease of chickens. Infec. Immun., v.27, n.2, p.364-367, 1980.), o que explica a resistência de aves adultas, onde a Bursa de Fabricius está fisiologicamente atrofiada.

A D.I.B. é uma enfermidade altamente contagiosa com rápida disseminação entre lotes infectados e susceptíveis. Considera-se que o período de susceptibilidade das aves está entre 3 e 6 semanas de idade (LUKERT & SAIF, 1991LUKERT, P.D. & SAIF, Y.M., Infectious bursal Disease. In: CALNAK, B.W.; BARNES, H.J.; BEARD, C.W.; YODER, H.W. Diseases of poultry. 9.ed. Ames: Iowa State University Press, 1991. p.648-663.).

Os efeitos imunodepressivos causados pela doença clínica induzem a morbidade e mortalidade das aves (ALLAN et al., 1972ALLAN, W.H.; FARAGHER, J.F.; CULLEN, G.A. Imunossupression by the infecctions bursal agent in chickens immunited against Newcastle disease. Vet. Rec., v.90, p.511-512, 1972.; FARAGHER et al., 1974FARAGHER, J.T.; ALLAN, W.H.; WYETH, C.J. Imnusuppressive effect of infectious bursal agent on vaccination agaist Newcastle disease. Vet. Rec., v.95, p.385-388, 1974.; HUDSON et al., 1975HUDSON, L.; PATTISON, M.; THANTREY, N. Specific B lymphocytes suppression by infectious bursal agent (gumboro vírus) in chickens. Eur. J. Immunol., v.5, p.675-679, 1975.; IVANYI & MORRIS, 1976IVANYI, J. & MORRIS, R. Immunodeficiency in the chicken. Iv. Na immunological study of Infectious bursal disease. Clin. Exp. Immunol., v.23, p.154-165, 1976.; LUKERT et al., 1991).

As seqüelas associadas à imunossupressão incluem: dermatite gangrenosa, corpos de inclusão na Sídrome de hepatite-anêmica, infecção por E.coli e falhas na vacinação. O vírus não acomete humanos e não tem importância na saúde pública (LUKERT & SAIF, 1991LUKERT, P.D. & SAIF, Y.M., Infectious bursal Disease. In: CALNAK, B.W.; BARNES, H.J.; BEARD, C.W.; YODER, H.W. Diseases of poultry. 9.ed. Ames: Iowa State University Press, 1991. p.648-663.).

A incidência da infecção provocada pelo vírus da D.I.B. encontra-se em áreas de produção de aves. Todos os lotes estão expostos ao vírus durante os primeiros estágios de vida (JONES, 1986JONES, B.A. Infections bursal disease serology in New Zealand poultry flocks. N. Z. Vet. J., p.34-36, 1986.).

A resposta imune-humoral contra o vírus desafio ou vacinal da D.I.B. vem sendo pesquisada intensamente (HOWIE & THORSEN, 1981HOWIE, R. & THORSEN, J. Na enzyme-linked imunusorbent assay (ELISA) for infectious bursal disease virus. Can. J. Comp. Med., v.45, p.51-55, 1981.; LUKERT et al., 1979; MARQUARDT et al., 1980MARQUARDT, W.W.; JOHNSON, R.B.; ODENWALD, W.F.; SCHLOTTHOBER, B.A. Na indirect enzymelinked immunosorbent assay (ELISA) for measuring antibodies in chickens infected with infectious bursal disease virus. Avian Dis., v.24, p.375-385., 1980.; SKEELES et al., 1979SKEELES, J.K.; LUKERT, P.D.; FLETCHER, O. J.; LEONARD, J.D. Immunization studies with a cell-culture-adapted infections bursal disease virus. Avian Dis., v.23, p.456465, 1979.; WINTERFIELD et al., 1980WINTERFIELD, R.W.; DHILLON, A.S.; THACKER, H.L.; ALBY, L.J. Immune response of white Lighorn chicks from vaccination with different strains of infectious bursal disease virus and in the presence of maternal antibodies. Avian Dis., v.24, p.179-188, 1980.). As respostas de anticorpos para D.I.B. eram medidas inicialmente através do teste de Precipitação em ágar Gel (AGP) (CURSIEFEN et al., 1979CURSIEFEN, D.; VIELITZ, E.; LANDEGRAF, H.; BEATCH, H. Evaluation of a vaccine against infectious bursal disease in field trials. Avian Pathol., v.8, p.341-351, 1979.; WEISMAN & HITCHNER, 1978WEISMAN, J. & HITCHNER, S.B. Infections bursal disease virus infection attempts in turkey and coturnix quail. Avian Dis., v.22, p.604-609, 1978.), teste de Vírus Neutralização (VN) (GIAMBRONE, 1980GIAMBRONE, J.J. Microculture neutralization test for sorodiagnosis of three avian viral Infections. Avian Dis., v.24, p.284-287, 1980.; GIAMBRONE, 1983GIAMBRONE, J.J. Gumboro vaccines: hard-hitting advice! Broiler Ind., v.40, p.80-87, 1983.; SNYDER et al., 1984SNYDEER, D.D.; MARQUARDT, W.W.; MALLINSON, E.T.; SAVAGE, P.K.; ALLEN, D.C. Rapid serological profiling by enzimelinked immuno-sorbent assay. III. Simultaneous measurementes of antibody titers to infections bronchitis, infections bursal disease, and Newcastle disease viruses in a single serum diluition. Avian Dis., v.28, p. 12-24, 1984.); atualmente o teste mais utilizado é o ELISA (Enzime Linked Imunosorbent Assay) que é um teste sensível, quantitativo e eficiente no diagnóstico de D.I.B. (LUCIO & HITCHNER, 1979LUCIO, B. & HITCHNER, S.B. Infections bursal disease emulsifield vaccine: Effect upon neutralizing-antibody levels in the dam and subsequent protection of progeny. Avian Dis., v.23, p.466-478, 1979.). Com os resultados destes estudos tem-se desenvolvido programas de vacinação mais eficientes. Os títulos séricos de anticorpos produzidos pela vacinação são menores que aqueles produzidos por uma infecção de campo (HITCHNER, 1976HITCHNER, S.B Immunization of adults hens against infectons bursal disease virus. Avian Dis., v.20, p.611-613, 1976.).

A imunidade passiva é transmitida pelas reprodutoras à progênie, através da gema, e protege contra infecções precoces da D.I.B. resultando em proteção contra o efeito imunossupressor do vírus. A meia vida dos anticorpos maternais contra D.I.B. é de três a cinco dias (SKEELES et al., 1979SKEELES, J.K.; LUKERT, P.D.; FLETCHER, O. J.; LEONARD, J.D. Immunization studies with a cell-culture-adapted infections bursal disease virus. Avian Dis., v.23, p.456465, 1979.).

LUCIO & HITCHNER (1979)LUCIO, B. & HITCHNER, S.B. Response of sesceptible versus immune chicks to Killed, Livemodified, and wild infectious bursal disease virus vaccine. Avian Dis., v.23, p.1037-1050, 1979. indicaram que reprodutoras vacinadas com vacinas oleosas apresentavam níveis mais elevados de anticorpos propiciando uma imunidade materna maior à sua progênie.

A imunização é o principal método usado para o controle da D.I.B. em aves (BAXENDALE et al., 1981BAXENDALE, W. & LUTTCKEN, D. The results of field trials with an inactivated Gumboro vaccine. Dev. Biol. Stand, v.51, p.211-219, 1981.).

Para obtenção de imunidade sólida e duradoura deve-se empregar um programa de vacinação adequado as condições locais, conhecer as condições ambientais e de manejo e avaliar os níveis de uniformidade dos anticorpos maternos transferidos a progênie. Estresse ambiental e manejo são fatores a serem considerados para o programa de vacinação ser efetivo. Monitoramento dos níveis de anticorpos das matrizes e da progênie são importantes para determinar o período ideal para a vacinação (LUKERT & SAIF, 1991LUKERT, P.D. & SAIF, Y.M., Infectious bursal Disease. In: CALNAK, B.W.; BARNES, H.J.; BEARD, C.W.; YODER, H.W. Diseases of poultry. 9.ed. Ames: Iowa State University Press, 1991. p.648-663.).

SOLANO et al. (1985)SOLANO, W.; GIANBRONE, J.J.; WILLIAMS, J.C.; LAUERMAN, L.H.; PANANGALA, V.S.; GARCES, C. Effect of maternal antibory on timing of initial vaccinacion of young white leghorn chickens against infectious bursal disease virus. Avian Dis., v.30, n.4, p. 648-652, 1985. referem que poedeiras comerciais vacinadas ou não no primeiro dia de vida no incubatório, quando analisadas, não apresentavam diferenças significativas em suas quantidades de anticorpos.

MATERIAL E MÉTODOS

Divisão dos lotes e vacinação:

Foram avaliados vinte lotes de pintos de um dia de idade com a mesma procedência e de matrizes de mesma idade, com vinte pintos em cada lote. Dez desses vinte lotes receberam no incubatório somente vacina de Marek (LOTE A) e outros dez, vacina de Marek associada à vacina de Gumboro estirpe intermediária (LOTE B). Com dez dias de idade estes lotes novamente foram avaliados para mensuração de seus títulos de anticorpos.

Colheita das amostras:

No incubatório foram colhidas vinte amostras de soro, em cada um dos lotes pesquisados, para avaliar títulos maternais através do teste de ELISA. Após dez dias, foram efetuadas novas colheitas de vinte amostras de soro em cada um dos lotes para novos testes de ELISA (teste Imumenzimático, método indireto, utilizado para quantificar anticorpos). Essa análise está delineada para medir a concentração relativa de anticorpos contra o vírus de Gumboro presente nos soros das aves.

A placa utilizada para o teste da empresa IDEXX Inc. contém 96 orifícios recobertos com o antígeno viral.

Os soros analisados foram diluídos 1:500 (1 microlitro de soro para 500 microlitros de diluente). Foram utilizados 100 microlitros desse soro diluído. Após a adição do soro diluído nos 96 orifícios da placa sensibilizada com o antígeno, esperou-se 30 minutos, tempo necessário para haver reação antígeno-anticorpo. Após esse tempo, lavou-se a placa com água destilada por três vezes consecutivas. Depois de lavar adicionou-se o Conjugado (anticorpo de coelho antígeno IgG de galinha marcados com enzima Peroxidase), aguardou-se 30 minutos e lavouse novamente com água destilada por três vezes. Depois de lavar, adicionou-se aos 96 orifícios o Substrato Cromogênio, reativo que será degradado pela enzima Peroxidase presente no Conjugado, que, ao ser degradado, emitirá cor que será mais intensa quanto maior for a degradação. A quantidade desse complexo depende da quantidade de anticorpos presentes no soro que está sendo analisado.

A prova foi lida em leitora MICROPLATE - EL 310 a uma intensidade de luz a 610 nm.

Os resultados foram analisados estatisticamente com nível de significância de 5%, através do teste de Tukey (ELFAKI et al., 1992ELFAKI, M.G.; KLEVEN, S.H.; JIN, L.H.; RACLAND, W.L. Sequential intracoelomic and intabursal immunization of chickens with inactivated Mycoplasma gallisepticum bacterin and iota carrageenan adjuvant. Vaccine, v.10, p.655662, 1992.).

RESULTADOS

Os resultados foram obtidos através de método experimental e avaliados estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Os soros dos lotes de aves no primeiro dia de idade não apresentaram diferenças significativas (P>0,05) na quantidade de anticorpos, quando avaliados através do título médio de anticorpos dos lotes (Gmean) obtidos pelo teste imunoenzimático indireto (ELISA) nos lotes vacinados (Lote A) e lotes não vacinados (LoteB) (Tabela 1 e Fig. 1).

Aos dez dias de idade os lotes foram novamente testados sorologicamente através do teste de ELISA para acompanhar a queda dos anticorpos maternais e não foram encontradas diferenças significativas (P>0,05) quando avaliados através do teste de Tukey (Tabela 2 e Fig. 2).

DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

A imunização é o principal meio para o controle da D.I.B. (doença infecciosa da bursa) (BAXENDALE et al., 1981BAXENDALE, W. & LUTTCKEN, D. The results of field trials with an inactivated Gumboro vaccine. Dev. Biol. Stand, v.51, p.211-219, 1981.) e a vacinação das aves assume um importante papel na criação de frangos de corte, tanto na parte de sanidade como no custo desta criação.

A imunidade passiva dos pintos é um fator de grande importância tendo uma meia vida de três a cinco dias (SKEELES et al., 1981) o que pode conferir uma segurança aos lotes em que se baseia na não vacinação no primeiro dia de idade. Na ave, a imunidade passiva é muito importante e é transferida à progênie através da gema, ou seja, via vertical.

A escolha do tipo de vacina e do esquema de vacinação dependem da virulência do vírus da D.I.B. e também do nível de anticorpos maternais (GIAMBRONE, 1984GIAMBRONE, J.J. IBD spray vaccination. If water fails, try it. Broiler Ind., v.46, p.52-54, 1984.).

Estudos realizados por SOLANO et al., 1985SOLANO, W.; GIANBRONE, J.J.; WILLIAMS, J.C.; LAUERMAN, L.H.; PANANGALA, V.S.; GARCES, C. Effect of maternal antibory on timing of initial vaccinacion of young white leghorn chickens against infectious bursal disease virus. Avian Dis., v.30, n.4, p. 648-652, 1985., demonstraram que a eficácia da imunização através de vacinas de estirpe intermediária, determinam um incremento à resposta de anticorpos (conversão sorológica) ao vírus da D.I.B. quando os anticorpos maternais diminuem.

Tabela 1
Títulos médios dos lotes (Gmean), obtidos pelo teste de ELISA de lotes vacinados (Lote A) e não vacinados (Lote B) no primeiro dia de idade.
Tabela 2
Títulos médios dos lotes (Gmean), obtidos pelo teste de ELISA de lotes vacinados (Lote A) e não vacinados (Lote B) no décimo dia de idade.

Fig. 1
Gráfico comparativo entre os títulos médios de anticorpos (Gmean) de pintos de um dia, lotes vacinados e lotes não vacinados.

A indústria avícola consiste em um setor significativo no mundo da avicultura. Nos Estados Unidos mais de oito bilhões de aves são produzidas anualmente e a prevenção da doença com vacinação é uma parte integral deste controle (SHARMA, 1999SHARMA, J.M. Introduction to poultry vaccines and immunity. Adv. Vet. Med., v.41, p.481-494, 1999.).

Programas de vacinação são importantes para a estratégia do controle da imunossupressão causada pela D.I.B. pois esta imunossupressão deixa as aves suscetíveis a infecções secundárias e podem ocorrer falhas na vacinação (LUTTICKEN, 1997LUTTCKEN, D. Viral diseases of the immune system and strategies to control infectious bursal disease by vaccination. Acta. Vet. Hung., v.45, n.3, p.239-249, 1997.). As indústrias avícolas baseiam-se nestes programas de vacinação para minimizar custos e problemas com a D.I.B. (FUSSELL, 1998FUSSELL, L.W. Poutry industry strategies for control of immunosuppressive diseases. Poultry Sci., v.77, n.8, p.1193-1196, 1998.).

Este trabalho demonstrou que não se faz necessário a vacinação dos pintos de um dia de idade, desde que sejam avaliados os títulos de anticorpos maternais.

SOLANO et al. (1985)SOLANO, W.; GIANBRONE, J.J.; WILLIAMS, J.C.; LAUERMAN, L.H.; PANANGALA, V.S.; GARCES, C. Effect of maternal antibory on timing of initial vaccinacion of young white leghorn chickens against infectious bursal disease virus. Avian Dis., v.30, n.4, p. 648-652, 1985. demonstrou que poedeiras vacinadas ou não no primeiro dia de vida não apresentavam diferenças significativas nos títulos de anticorpos.

Programas de vacinação bem elaborados em conjunto com um monitoramento sorológico (ELISA) (SHARMA, 1999SHARMA, J.M. Introduction to poultry vaccines and immunity. Adv. Vet. Med., v.41, p.481-494, 1999.) resultam em uma economia para a indústria avícola, onde a minimização de custos e melhora dos índices zootécnicos e sanitários são fundamentais para a otimização dos resultados.

Fig. 2
Gráfico comparativo entre os títulos médios de anticorpos (Gmean) de pintos com dez dias de idade, lotes vacinados e lotes não vacinados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • ALLAN, W.H.; FARAGHER, J.F.; CULLEN, G.A. Imunossupression by the infecctions bursal agent in chickens immunited against Newcastle disease. Vet. Rec, v.90, p.511-512, 1972.
  • BAXENDALE, W. & LUTTCKEN, D. The results of field trials with an inactivated Gumboro vaccine. Dev. Biol. Stand, v.51, p.211-219, 1981.
  • BROWN, F. The classification and nomenclature of viruses: Summary of results of meetings of the International Commitee on Taxonomy of Viruses in Sendai. Intervirology, v.25, p.141-143, 1986.
  • COSGROVE, A.S. An apparently new disease of chickensavian nephrosis. Avian Dis., v.6, p.385-389, 1962.
  • CURSIEFEN, D.; VIELITZ, E.; LANDEGRAF, H.; BEATCH, H. Evaluation of a vaccine against infectious bursal disease in field trials. Avian Pathol., v.8, p.341-351, 1979.
  • DOBOS, P.; HILL, B.J.; HALLET, R.; KELLS, D.T.C.; BETCHT, H.; TENINGES, D. Biofhsycal and bichemical characterization of five animal viruses with Bisegmented doublestranded genomes. J. Virol, v.32, p.593-605, 1979.
  • ELFAKI, M.G.; KLEVEN, S.H.; JIN, L.H.; RACLAND, W.L. Sequential intracoelomic and intabursal immunization of chickens with inactivated Mycoplasma gallisepticum bacterin and iota carrageenan adjuvant. Vaccine, v.10, p.655662, 1992.
  • FARAGHER, J.T.; ALLAN, W.H.; WYETH, C.J. Imnusuppressive effect of infectious bursal agent on vaccination agaist Newcastle disease. Vet. Rec, v.95, p.385-388, 1974.
  • FUSSELL, L.W. Poutry industry strategies for control of immunosuppressive diseases. Poultry Sci., v.77, n.8, p.1193-1196, 1998.
  • GIAMBRONE, J.J. Microculture neutralization test for sorodiagnosis of three avian viral Infections. Avian Dis, v.24, p.284-287, 1980.
  • GIAMBRONE, J.J. Gumboro vaccines: hard-hitting advice! Broiler Ind., v.40, p.80-87, 1983.
  • GIAMBRONE, J.J. IBD spray vaccination. If water fails, try it. Broiler Ind., v.46, p.52-54, 1984.
  • HITCHNER, S.B. Infectivity of infections bursal disease virus for embrionating egg. Poultry Sci, v.49, p.511-516, 1970.
  • HITCHNER, S.B Immunization of adults hens against infectons bursal disease virus. Avian Dis, v.20, p.611-613, 1976.
  • HOWIE, R. & THORSEN, J. Na enzyme-linked imunusorbent assay (ELISA) for infectious bursal disease virus. Can. J. Comp. Med, v.45, p.51-55, 1981.
  • HUDSON, L.; PATTISON, M.; THANTREY, N. Specific B lymphocytes suppression by infectious bursal agent (gumboro vírus) in chickens. Eur. J. Immunol., v.5, p.675-679, 1975.
  • IVANYI, J. & MORRIS, R. Immunodeficiency in the chicken. Iv. Na immunological study of Infectious bursal disease. Clin. Exp. Immunol, v.23, p.154-165, 1976.
  • JONES, B.A. Infections bursal disease serology in New Zealand poultry flocks. N. Z. Vet. J., p.34-36, 1986.
  • KAUFER, I. & WEIS, E. Significance of bursa of Fabricius as target organ in infections bursal disease of chickens. Infec. Immun., v.27, n.2, p.364-367, 1980.
  • KIBENGE, F.S.B.; DHILLON, A. S.; RUSSELL, R.G. Biochemistry and immunology of infectious bursal disease virus. J. Gen. Virol, v.69, p.1757-1775, 1988.
  • LUCIO, B. & HITCHNER, S.B. Infections bursal disease emulsifield vaccine: Effect upon neutralizing-antibody levels in the dam and subsequent protection of progeny. Avian Dis., v.23, p.466-478, 1979.
  • LUCIO, B. & HITCHNER, S.B. Response of sesceptible versus immune chicks to Killed, Livemodified, and wild infectious bursal disease virus vaccine. Avian Dis, v.23, p.1037-1050, 1979.
  • LUKERD, P.D.; LEONARD, J.; DAVIS, R.B. Infectious bursal diseaseantigen production and immunity. Am. J. Vet. Res, v.36, p.539-540, 1975.
  • LUKERT, P.D. & SAIF, Y.M., Infectious bursal Disease. In: CALNAK, B.W.; BARNES, H.J.; BEARD, C.W.; YODER, H.W. Diseases of poultry 9.ed. Ames: Iowa State University Press, 1991. p.648-663.
  • LUTTCKEN, D. Viral diseases of the immune system and strategies to control infectious bursal disease by vaccination. Acta. Vet. Hung., v.45, n.3, p.239-249, 1997.
  • MCFERRAN, V.B.; MCNULTY, M.S.; MCKILLOP, E.R.; CONNOR, J.T.; MCCRACKEN, R.M.; COLLINS, D.S.; ALLAN, G. Isolation and serological studies with infectious bursal disease viruses from fowl, turkes and ducks: demostration of a second serotype. Avian Pathol., v.9, p.395-404, 1980.
  • MARQUARDT, W.W.; JOHNSON, R.B.; ODENWALD, W.F.; SCHLOTTHOBER, B.A. Na indirect enzymelinked immunosorbent assay (ELISA) for measuring antibodies in chickens infected with infectious bursal disease virus. Avian Dis, v.24, p.375-385., 1980.
  • NAQI, S.A.; MARQUEZ, B.; SAHIN, N. Maternal antibody and its effect on infectious bursal disease immunizations. Avian Dis, v.27, p.623-631, 1983.
  • NAKANO, M.; PORTUGAL, M.A.S.C.; SALIBA, A.M.; NOBRE, D.; NARIMATSU, M.N. A ocorrência de doença de Gumboro no Brasil. Diagnóstico anatomopatológico. Biológico, São Paulo, n.38, p.60-66, 1972.
  • SHARMA, J.M. Introduction to poultry vaccines and immunity. Adv. Vet. Med., v.41, p.481-494, 1999.
  • SOLANO, W.; GIANBRONE, J.J.; WILLIAMS, J.C.; LAUERMAN, L.H.; PANANGALA, V.S.; GARCES, C. Effect of maternal antibory on timing of initial vaccinacion of young white leghorn chickens against infectious bursal disease virus. Avian Dis, v.30, n.4, p. 648-652, 1985.
  • SKEELES, J.K.; LUKERT, P.D.; FLETCHER, O. J.; LEONARD, J.D. Immunization studies with a cell-culture-adapted infections bursal disease virus. Avian Dis., v.23, p.456465, 1979.
  • SKEELES, J.K.; SLAVIK, M.F.; BEASLEY, J.N.; BROWN, A.H.; MEINECKE, C.F.; MARUCA, S.; WELCH, S. An age-related coagulation disorder associated with experimental infection with infections bursal disease virus. Am. J. Vet. Res, v.41, p. 1458-1461, 1980.
  • SNYDEER, D.D.; MARQUARDT, W.W.; MALLINSON, E.T.; SAVAGE, P.K.; ALLEN, D.C. Rapid serological profiling by enzimelinked immuno-sorbent assay. III. Simultaneous measurementes of antibody titers to infections bronchitis, infections bursal disease, and Newcastle disease viruses in a single serum diluition. Avian Dis., v.28, p. 12-24, 1984.
  • TSUKAMOTO, K.; TANIMURA,N.; MASE, M.; IMAI, K. Comparison of virus replication efficiency in lymphoid tissues among three infections bursal disease virus strains. Avian Dis., v.39, p.844-852, 1985.
  • WEISMAN, J. & HITCHNER, S.B. Infections bursal disease virus infection attempts in turkey and coturnix quail. Avian Dis, v.22, p.604-609, 1978.
  • WINTERFIELD, R.W.; DHILLON, A.S.; THACKER, H.L.; ALBY, L.J. Immune response of white Lighorn chicks from vaccination with different strains of infectious bursal disease virus and in the presence of maternal antibodies. Avian Dis, v.24, p.179-188, 1980.
  • WINTERFIELD, R.W. & HITCHNER, S.B. Etiology of infectious nephritis-nephrosis syndrome of chickens. Am. J. Vet. Res, v.23, p.1273-1279, 1962.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Set 2024
  • Data do Fascículo
    Jul-Dec 2000

Histórico

  • Recebido
    10 Mar 2000
Instituto Biológico Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1252 - Vila Mariana - São Paulo - SP, 04014-002 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: arquivos@biologico.sp.gov.br