Acessibilidade / Reportar erro

STREPTOCOCCUS SUIS TIPO II EM SUÍNOS E PERFIL DE SUSCEPTIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS

STREPTOCOCCUS SUIS TYPE II IN SWINE AND ITS PROFILE OF SUSCEPTIBILITY TO ANTIMICROBIALS

RESUMO

Estudou-se a prevalência do Streptococcus suis tipo II em suínos da região de Botucatu, Estado de São Paulo. Utilizou-se nove propriedades, totalizando 331 animais provenientes do cruzamento de Large White e Landrace, sendo 164 (49,55%) machos e 167 (50,45%) fêmeas, com idades variando de quatro a seis semanas. As amostras foram obtidas a partir de swabs estéreis de tonsilas palatinas, cultivados em meios de MacConckey e Ágar Sangue Bovino 10%. As placas foram cultivadas a 37oC por até 72 horas. A classificação bioquímica foi realizada a partir dos testes: produção de ácido a partir da inulina, lactose, rafinose, manitol, salicina, sorbitol, e trealose, hidrólise da esculina, hipurato de sódio e crescimento em solução salina a 6,5%. O Streptococcus suis tipo II foi isolado em 34 (10,27%) das amostras. Utilizou-se ampicilina, oxacilina, penicilina, cloranfenicol, tetraciclina, sulfazotrim, gentamicina e cefalotina para se determinar sua sensibilidade. Os resultados do antibiograma, de acordo com sua sensibilidade e resistência, respectivamente, são expressos a seguir: cloranfenicol (92,86% e 3,57%), cefalotina (92,86% e 3,57%), oxacilina (92,86% e 7,14%), ampicilina (85,72% e 7,14%), penicilina (71,43% e 3,57%), gentamicina (45,43% e 35,71%), tetraciclina (7,14% e 85,72%) e sulfazotrim (7,14% e 85,72%).

PALAVRAS-CHAVE:
Streptococcus suis tipo II; zoonose; portador; sensibilidade; antimicrobianos.

ABSTRACT

A study was carried out concerning the prevalence of Streptococcus suis type II in swines in Botucatu region, São Paulo State. Nine properties were studied, in a total of 331 animals of Large White X Landrace breeding, being 164 (49.55%) males and 167 (50.45%) females, with ages ranging from 4 to 6 weeks. The samples were obtained by sterile swabs from tonsils and were cultivated in MacConkey and 10% Bovine Blood Agar media. The plates were incubated at 37oC till 72 hours. The following tests were performed for the biochemical classification: acid production from inulin, lactose, raffinose, manitol, salicin, sorbitol and trehalose, aesculin hydrolysis, sodium hipurate and growth in saline solution 6.5%. Streptococcus suis type II were isolated in 34 (10.27%) samples. Ampicilin, oxacilin, penicillin, cloramphenicol, tetracycline, sulfazotrim, gentamicin and cephalotine were used to determine sensitivity. The results of the antibiogram, according to its sensitivity and resistance, respectively, are expressed as follow: cloramphenicol (92.86% and 3.57%), cephalotine (92.86% and 3.57%), oxacilin (92.86% and 7.14%), ampicilin (85.72% and 7.14%), penicillin (71.43% and 3.57%), gentamicin (45.43% and 35.71%), tetracycline (7.14% and 85.72%) and sulfazotrim (7.14% and 85.72%).

KEY WORDS:
Streptococcus suis type II; zoonoses; carrier; susceptibility; antimicrobial

INTRODUÇÃO

O Streptococcus suis é relatado como um importante patógeno para a suinocultura (WINDSOR & ELLIOT, 1975WINDSOR, R.S. & ELLIOT, S.D. Streptococcal infection in young pigs. IV. An outbreak of streptococcal meningitis in weaned pigs. J. Hyg., v.75, p.69-78, 1975.). A infecção por S.suis capsular tipo II tem sido diagnosticada com freqüência em vários países, causando prejuízos econômicos, como por exemplo, mortalidade, perda de peso, gastos com medicamentos para animais enfermos, bem como o trabalho para tratá-los (CLIFTON-HADLEY et al., 1986CLIFTON-HADLEY, F.A.; ENRIGHT, M.R.; ALEXANDER, T.J.L. Survival of Streptococcus suis type 2 in pigs carcases. Vet. Rec., v.118, p.275, 1986.).

A enfermidade afeta animaisjovens, porém, a maioria dos casos ocorre entre três e 12 semanas, especialmente sob condições de alta densidade populacional. A incidência da doença varia entre os rebanhos, sendo que a proporção de leitões afetados é usualmente menor que 5%. A maior fonte de disseminação da doença são os próprios suínos portadores, que albergam o agente nas amígdalas e, ocasionalmente, na mucosa nasal. Quando infectados estes animais podem permanecer portadores por até seis meses (CLIFTON-HADLEY, 1983CLIFTON-HADLEY, F.A. Streptococcus suis type II infections. Br.Vet.J., v.139, p.1-5, 1983.).

A fonte de infecção é representada por animais portadores (CLIFTON-HADLEY, 1983CLIFTON-HADLEY, F.A. Streptococcus suis type II infections. Br.Vet.J., v.139, p.1-5, 1983.). Nos rebanhos fechados a fonte de infecção é desconhecida, mas desde que o homem pode ser infectado pelo S.suis tipo II, é possível que portadores humanos possam introduzir este agente (LAMONT et al., 1980LAMONT, M.H.; EDWARDS, P.T.; WINDSOR, R.S. Streptococcal meningitis in pigs: results of a five-year survey. Vet.Rec., v.107, p.467-469, 1980.).

Os sinais clínicos desta enfermidade em suínos variam de meningite aguda severa, morte súbita, septicemia e artrite. Em casos menos agudos, observa-se depressão, rubor da pele, incoordenação e febre. Há sinais nervosos que incluem paralisia, pedalagem, opistótono e tetania (CLIFTON-HADLEY, 1983CLIFTON-HADLEY, F.A. Streptococcus suis type II infections. Br.Vet.J., v.139, p.1-5, 1983.). Outros sinais clínicos, como endocardite valvular (LAMONT, 1984LAMONT, M.H.; HUNT, B.; MERCER, R. Valvular endocarditis associated with Streptococcus suis type 2. Vet.Rec., v.115, p.22, 1984.) e laminite decorrente de séria artrite (CHENNELS, 1996CHENNELLS, D. An unusual outbreak of Streptococcus suis type 2. Pig J., v.36, p.203-207, 1996.), também são citados. Alterações na esfera reprodutiva também podem ocorrer, uma vez que o agente foi isolado de muco cervical, fetos abortados, leitões vivos e mortos e de líquido amniótico (MARTELLI et al., 1992MARTELLI, P.; MELONI, S.; LUCIDI, E.; CAVIRANI, S.; CABASSI, S.; BOTTARELLI, E. Clinical and Microbiological findings in endemic low fertility in sows. Sel.Vet., v.33, p.809-814, 1992.). O agente não foi isolado no trato reprodutivo masculino, exceto por um isolamento de S.suis tipo II de vesícula seminal, sugerindo que a transmissão venérea do agente seja improvável (ROBERTSON & BLACKMORE, 1989ROBERTSON, I.D. & BLACKMORE, D.K. Prevalence of Streptococcus suis type 2 in domestic pigs in Australia and New Zealand. Vet.Rec., v.124, p.391-394, 1989.).

O estudo realizado por KATAOKA et al. (1993)KATAOKA, Y.; SUGIMOTO, C.; NAKAZAWA, M.; MOROZUMI, T.; KASHIWAZAKI, M. The epidemiological studies of Streptococcus suis infection in Japan from 1987 to 1991. J.Vet.Med.Sci., v.55, p.623-626, 1993., no Japão, enfocando os aspectos epidemiológicos da infecção por Streptococcus suis, revelou o isolamento de S.suis sorotipo 2 em 28,2% das 380 amostras de Streptococcus suis isoladas de suínos. A maioria dos isolados era proveniente de casos de meningite, pneumonia e endocardite. PRIETO et al. (1993)PRIETO, C.; PENA, J.; JUAREZ, P.; IMAZ, M.; CASTRO, J.M. Isolation and distribution of Streptococcus suis capsular types from diseased pigs in Spain. Zentralbl. Veterinaermed. B, v.40, p.544-548, 1993. obtiveram 65 isolamentos de Streptococcus suis de suínos doentes, sendo que deste 96% foram tipificados em vários sorotipos, onde o sorotipo 2 representou 53,8% dos isolados, obtendo-se o seu isolamento de meninges, pulmões e outros órgãos.

O S.suis tem sido amplamente isolado de infecções em outras espécies animais, como bovina, eqüina, ovina, caprina, bisão, cães e gatos. As aves podem também ser infectadas, como os psitacídeos, canários e patos (DEVRIESE et al., 1994DEVRIESE, L.A.; HAESBROUCK, F.; DEHERDT, P. Streptococcus suis infection in birds. Avian Pathol., v.23, p.721-724, 1994.). Este agente também foi isolado de porco selvagem, com 30 dias de idade, apresentando sinais de pneumonia (HIGGINS et al., 1997HIGGINS, R.; LAGACÈ, A.; MESSIER, S.; JULIEN, L. Isolation of Streptococcus suis from a young wild boar. Can.Vet.J., v.318, p.114, 1997.).

KATSUMI et al. (1997)KATSUMI, M.; KATAOKA, Y.; TAKAHASHI, T.; KIKUCHI, N.; HIRAMUNE, T. Bacterial isolation from slaughterhouse pigs associated with endocarditis specially the isolation of Streptococcus suis. J.Vet.Med.Sci., v.59, p.75-78, 1997., em suínos de abate com endocardite, verificaram que de 495 animais examinados, em 127 (25,7%) foi isolado o Streptococcus suis.

O S.suis foi isolado de suínos enfermos em diferentes regiões do Brasil (REIS et al., 1980REIS, R.; NASCIMENTO, E.F.; COELHO, A.M.B.; LEITE, R.C. Meningoencefalite estreptocócica em leitões desmamados. Arq. Esc.Vet. Univ. Fed. Minas Gerais, v.32, p.375-381, 1980.; FARINHA et al., 1981FARINHA, F.B.N.; BERSANO, F.J.; RODRIGUES, F.M.; GENICOLO, L.; REITTER, S.C. Meningite em suínos causada por Streptococcus suis tipo R. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.48, p.91-95, 1981.; BARCELLOS et al., 1984BARCELLOS, D.E.S.N.; OLIVEIRA, S.J.; BOROWSKI, S.M. M. Infecção de suínos por Streptococcus suis tipo II em Santa Catarina. Rev.Bras.Med.Vet., v.6, p.128-129, 1984.), entretanto, não há registros nacionais de estudos visando o seu isolamento de amígdalas, para se inferir sobre o estado de portador.

O caráter zoonótico da enfermidade é um fator adicional para indicar a importância deste estudo, pois têm sido relatados vários casos de infecção humana por S.suis tipo II, principalmente na Europa. A maioria das pessoas afetadas desenvolviam atividades ligadas à suinocultura, como os criadores de porcos, peões, magarefes e médicos veterinários, sendo a doença considerada de caráter ocupacional (CLIFTON-HADLEY, 1983CLIFTON-HADLEY, F.A. Streptococcus suis type II infections. Br.Vet.J., v.139, p.1-5, 1983.). Os sinais clínicos observados em humanos são septicemia e meningites (ARENDS & ZANEN, 1988ARENDS, J.P. & ZANEN, H.C. Meningitis caused by Streptococcus suis in humans. Rev.Infec.Dis., v.10, p.131-137, 1988.), surdez devido à seqüela de meningite (DUPAS et al., 1992DUPAS, D.; VIGNON, M.; GERAUT, C. Streptococcus suis meningitis. A severe no compensated occupational disease. J.Occup.Med., v.34, p.1102-1105, 1992.), miocardite e endocardite (KOHLER et al., 1989KOHLER, W.; QUEISSER, H.; KUNTER, E.; SAWITZKI, R.; FRACH, G. Type 2 Streptococcus suis (R-Streptococci) as pathogens of occupational diseases. Report of a case and review of the literature. Z.Gesamte.Inn.Med.Grenzgeb, v.44, p.144-148, 1989.).

A principal via de contaminação para o homem é a cutânea, principalmente por lesões da pele durante o trabalho com suínos, ou por instrumentos cortantes. O risco de transmissão do S.suis para os magarefes e para os consumidores de produtos de origem suína é ponderado por JEMMI & LUETHI (1991)JEMMI, T. & LUETH, E. Occurrence of Streptococcus suis in pork products. Mitt.Geb. Lebensmittelunters.Hyg., v.82, p.290-295, 1991., os quais observaram a contaminação de lingüiças pelo referido patógeno. HANTSON et al. (1991)HANTSON, P.; VEKEMANS, M.C.; GAUTIER, P.; MAHIEU, P.; SINDIC, C.J.; GUERIT, J.M.; WAUTERS, G.; NANNAN, M. Fatal Streptococcus suis meningitis in man. Acta Neurol.Belgrado, v.93, p.165-168, 1991. referem caso fatal de meningite por Streptococcus suis em paciente de 39 anos de idade, que trabalhava em indústria de processamento de carne.

Quanto à susceptibilidade a antimicrobianos, é sensível à penicilina, ampicilina, cefalotina, gentamicina e sulfa+trimetoprim e resistente à estreptomicina (TURGEON et al., 1994TURGEON, P.L.; HIGGINS, R.; GOTTSCHALK, M.; BEAUDOIN, M. Antimicrobial susceptibility of Streptococcus suis isolates. Br.Vet.J., v.150, p.263-269, 1994.). HARIHARAN et al. (1989)HARIHARAN, H.; BRYETON, J.; ST. ONGE, J.; MCNAIR, N.; LONG, J.R. Antimicrobial drug susceptibility of Streptococcus suis type 2. Irish Vet.J., v.42, p.113-114, 1989. obtiveram sensibilidade para penicilina e ampicilina e resistência a gentamicina, nitrofurantoína, tetraciclina, eritromicina e para a associação sulfa+trimetoprim. CLIFTON-HADLEY (1983)CLIFTON-HADLEY, F.A. Streptococcus suis type II infections. Br.Vet.J., v.139, p.1-5, 1983. reforça a susceptibilidade do S.suis tipo 2 à penicilina e JOHNSTON et al. (1992)JOHSTON, P.I.; HENRY, M.; DE BOER, R.R.; BRAIDWOOD, J.C. Phenocymethyl penicillin potassium as an in field medication for pigs with streptococcal meningitis. Vet.Rec., v.130, p.138-139, 1992. a ampicilina e penicilina.

TARRADAS et al. (1994)TARRADAS, M.C.; ARENAS, A.; MALDONADO, A.; VICENTE, S.; MIRANDA, A.; PEREA, A. Susceptibility of Streptococcus suis to various antimicrobials agents. Zentralblat Veterinaermed. B, v.41, p.685-688, 1994. referem-se a uma melhor atividade dos beta-lactâmicos frente ao Streptococcus suis, sugerindo drogas com ação in vitro para este microrganismos a associação do trimetoprimsulfametoxazol.

Considerando-se a importância deste agente como causador de prejuízos para a suinocultura e pelo seu caráter zoonótico, este trabalho teve por objetivo avaliar a prevalência do Streptococcus suis tipo II em rebanhos suínos, em propriedades localizadas na região de Botucatu, SP, bem como verificar seu perfil de susceptibilidade antimicrobiana.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados 331 suínos, com idades variando entre 30 e 60 dias, provenientes do cruzamento das raças Landrace e Large White, sendo 164 (49,55%) machos e 167 (50,45%) fêmeas, procedentes de nove propriedades rurais da região de Botucatu, SP.

Após contenção e abertura da cavidade oral, introduziu-se swab estéril, friccionando-o bilateralmente nas tonsilas palatinas. Quando da retirada cuidadosa, as amostras foram mantidas sob refrigeração até o momento de serem processadas no laboratório, onde foram cultivadas em meios Ágar Sangue Bovino 10% e MacConckey. Os cultivos foram incubados a 37oC por até 72 horas, sendo realizadas leituras a cada 24 horas. As colônias isoladas foram avaliadas quanto às características tintoriais e morfológicas pelo método de Gram e repicadas em caldo BHI para estudo taxonômico utilizando-se das seguintes provas bioquímicas: produção de ácido a partir da inulina, lactose, manitol, rafinose, salicina, sorbitol e trealose, bem como hidrólise da esculina, hipurato de sódio e crescimento em solução salina a 6,5% (QUINN et al., 1994QUINN, P.J.; CARTER, M.E.; MARKEY, B.; CARTER, G.R Clinical veterinary microbiology., London: Wolfe, 1994, p.127136.).

A partir do isolamento positivo para S.suis tipo II, as amostras foram submetidas a antibiograma pelo método de KIRBY & BAUER (1966)BAUER, A.W.; KIRBY, W.M.M.; SHERRIS, J.C. Antibiotic susceptibility testing by a standardized single disk method. Am.J.Clin.Pathol., v.45, p.493-496, 1966., adaptado pela utilização de meio Ágar Cérebro Coração, testando-se as seguintes drogas: ampicilina (AP - 10 mcg), oxacilina (OX - 5 mcg), penicilina (PN - 10 UN), cloranfenicol (CO - 30 mcg), tetraciclina (TT - 30 mcg), sulfazotrim (SFT - 25 mcg), gentamicina (GN - 10 mcg) e cefalotina (CF - 30 mcg).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A prevalência de infecção pelo Streptococcus suis tipo II pode ser observada na Tabela 1.

Tabela 1
Prevalência de infecção tonsilar pelo Streptococcus suis tipo II em suínos procedentes de nove propriedades da região de Botucatu, SP, 1999.

CLIFTON-HADLEY (1983)CLIFTON-HADLEY, F.A. Streptococcus suis type II infections. Br.Vet.J., v.139, p.1-5, 1983. relatou que a proporção de leitões afetados em um rebanho é usualmente inferior a 5,0%, o que difere da presente pesquisa, que mostra resultados superiores na maioria das propriedades estudadas, oscilando entre zero a 33,33%.

Os resultados obtidos por BARCELLOS et al. (1995)BARCELLOS, D.E.S.N.; BOROWSKI, S.M.; OLIVEIRA, S.J. Swine infection with Streptococcus suis type II in State of Rio Grande do Sul: Determination of carrier rate by bacteriological examination of tonsils of slaughter pigs. Arq.Fac.Vet.Univ.Fed.Rio Grande Sul, v.23, p.101-106, 1995., no Rio Grande do Sul, reforçam a importância dos resultados encontrados neste estudo (10,27%), pois obtiveram 15,48% de positividade entre as amídalas examinadas.

A prevalência de S.suis tipo II foi 10,36% em fêmeas e 10,18% nos machos não havendo, portanto, diferença significativa quanto ao sexo, como pode ser apreciado pela análise da Tabela 2.

Tabela 2
Prevalência de infecção tonsilar pelo Streptococcus suis tipo II em suínos procedentes de nove propriedades da região de Botucatu, SP, segundo o sexo. 1999.

ROBERTSON & BLACKMORE (1989)ROBERTSON, I.D. & BLACKMORE, D.K. Prevalence of Streptococcus suis type 2 in domestic pigs in Australia and New Zealand. Vet.Rec., v.124, p.391-394, 1989., ponderaram que provavelmente não ocorram diferenças quanto a infecção entre machos e fêmeas devido ao sistema de criação e manejo entre eles, ser muito semelhante.

Os resultados de sensibilidade microbiana podem ser apreciados na Tabela 3.

Tabela 3
Susceptibilidade microbiana das amostras de Streptococcus suis tipo II isoladas em suínos provenientes da região de Botucatu, SP, 1999.

TURGEON et al. (1994)TURGEON, P.L.; HIGGINS, R.; GOTTSCHALK, M.; BEAUDOIN, M. Antimicrobial susceptibility of Streptococcus suis isolates. Br.Vet.J., v.150, p.263-269, 1994. observaram resultados semelhantes a esta pesquisa, quanto à susceptibilidade do agente à cefalotina e ampicilina, entretanto, a resistência do agente à gentamicina foi inferior àquela por nós observada. As amostras testadas por HARIHARAN et al. (1989)HARIHARAN, H.; BRYETON, J.; ST. ONGE, J.; MCNAIR, N.; LONG, J.R. Antimicrobial drug susceptibility of Streptococcus suis type 2. Irish Vet.J., v.42, p.113-114, 1989., também mostraram-se sensíveis à penicilina e ampicilina e resistentes à gentamicina e tetraciclina, o que corrobora os resultados do presente estudo.

Os resultados da pesquisa de susceptibilidade in vitro das amostras de Streptococcus suis a vários agentes antimicrobianos, conduzida por TARRADAS et al. (1994)TARRADAS, M.C.; ARENAS, A.; MALDONADO, A.; VICENTE, S.; MIRANDA, A.; PEREA, A. Susceptibility of Streptococcus suis to various antimicrobials agents. Zentralblat Veterinaermed. B, v.41, p.685-688, 1994. revelaram melhor atividade dos betalactâmicos, e sugere como droga alternativa para quimioprofilaxia a associação do trimetoprimsulfatiazol. Quanto aos beta-lactâmicos, obteve-se nesta pesquisa boa ação dos mesmos, entretanto, no que se refere ao sulfazotrim (trimetoprim + sulfametoxazol), os resultados encontrados contrariam os de TARRADAS et al. (1994)TARRADAS, M.C.; ARENAS, A.; MALDONADO, A.; VICENTE, S.; MIRANDA, A.; PEREA, A. Susceptibility of Streptococcus suis to various antimicrobials agents. Zentralblat Veterinaermed. B, v.41, p.685-688, 1994., pois revelou 85,72% de resistência entre as amostras examinadas.

CONCLUSÕES

Os resultados deste estudo demonstram a presença do Streptococcus suis tipo II na maioria das propriedades estudadas, reforçando sua importância como patogênico para suínos e os riscos para a saúde pública.

O cloranfenicol, a cefalotina, a ampicilina e a penicilina foram as drogas mais efetivas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • ARENDS, J.P. & ZANEN, H.C. Meningitis caused by Streptococcus suis in humans. Rev.Infec.Dis., v.10, p.131-137, 1988.
  • BARCELLOS, D.E.S.N.; BOROWSKI, S.M.; OLIVEIRA, S.J. Swine infection with Streptococcus suis type II in State of Rio Grande do Sul: Determination of carrier rate by bacteriological examination of tonsils of slaughter pigs. Arq.Fac.Vet.Univ.Fed.Rio Grande Sul, v.23, p.101-106, 1995.
  • BARCELLOS, D.E.S.N.; OLIVEIRA, S.J.; BOROWSKI, S.M. M. Infecção de suínos por Streptococcus suis tipo II em Santa Catarina. Rev.Bras.Med.Vet., v.6, p.128-129, 1984.
  • BAUER, A.W.; KIRBY, W.M.M.; SHERRIS, J.C. Antibiotic susceptibility testing by a standardized single disk method. Am.J.Clin.Pathol., v.45, p.493-496, 1966.
  • CHENNELLS, D. An unusual outbreak of Streptococcus suis type 2. Pig J., v.36, p.203-207, 1996.
  • CLIFTON-HADLEY, F.A. Streptococcus suis type II infections. Br.Vet.J., v.139, p.1-5, 1983.
  • CLIFTON-HADLEY, F.A.; ENRIGHT, M.R.; ALEXANDER, T.J.L. Survival of Streptococcus suis type 2 in pigs carcases. Vet. Rec., v.118, p.275, 1986.
  • DEVRIESE, L.A.; HAESBROUCK, F.; DEHERDT, P. Streptococcus suis infection in birds. Avian Pathol., v.23, p.721-724, 1994.
  • DUPAS, D.; VIGNON, M.; GERAUT, C. Streptococcus suis meningitis. A severe no compensated occupational disease. J.Occup.Med., v.34, p.1102-1105, 1992.
  • FARINHA, F.B.N.; BERSANO, F.J.; RODRIGUES, F.M.; GENICOLO, L.; REITTER, S.C. Meningite em suínos causada por Streptococcus suis tipo R. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.48, p.91-95, 1981.
  • HANTSON, P.; VEKEMANS, M.C.; GAUTIER, P.; MAHIEU, P.; SINDIC, C.J.; GUERIT, J.M.; WAUTERS, G.; NANNAN, M. Fatal Streptococcus suis meningitis in man. Acta Neurol.Belgrado, v.93, p.165-168, 1991.
  • HARIHARAN, H.; BRYETON, J.; ST. ONGE, J.; MCNAIR, N.; LONG, J.R. Antimicrobial drug susceptibility of Streptococcus suis type 2. Irish Vet.J., v.42, p.113-114, 1989.
  • HIGGINS, R.; LAGACÈ, A.; MESSIER, S.; JULIEN, L. Isolation of Streptococcus suis from a young wild boar. Can.Vet.J., v.318, p.114, 1997.
  • JEMMI, T. & LUETH, E. Occurrence of Streptococcus suis in pork products. Mitt.Geb. Lebensmittelunters.Hyg., v.82, p.290-295, 1991.
  • JOHSTON, P.I.; HENRY, M.; DE BOER, R.R.; BRAIDWOOD, J.C. Phenocymethyl penicillin potassium as an in field medication for pigs with streptococcal meningitis. Vet.Rec., v.130, p.138-139, 1992.
  • KATAOKA, Y.; SUGIMOTO, C.; NAKAZAWA, M.; MOROZUMI, T.; KASHIWAZAKI, M. The epidemiological studies of Streptococcus suis infection in Japan from 1987 to 1991. J.Vet.Med.Sci., v.55, p.623-626, 1993.
  • KATSUMI, M.; KATAOKA, Y.; TAKAHASHI, T.; KIKUCHI, N.; HIRAMUNE, T. Bacterial isolation from slaughterhouse pigs associated with endocarditis specially the isolation of Streptococcus suis. J.Vet.Med.Sci., v.59, p.75-78, 1997.
  • KOHLER, W.; QUEISSER, H.; KUNTER, E.; SAWITZKI, R.; FRACH, G. Type 2 Streptococcus suis (R-Streptococci) as pathogens of occupational diseases. Report of a case and review of the literature. Z.Gesamte.Inn.Med.Grenzgeb, v.44, p.144-148, 1989.
  • LAMONT, M.H.; EDWARDS, P.T.; WINDSOR, R.S. Streptococcal meningitis in pigs: results of a five-year survey. Vet.Rec., v.107, p.467-469, 1980.
  • LAMONT, M.H.; HUNT, B.; MERCER, R. Valvular endocarditis associated with Streptococcus suis type 2. Vet.Rec., v.115, p.22, 1984.
  • MARTELLI, P.; MELONI, S.; LUCIDI, E.; CAVIRANI, S.; CABASSI, S.; BOTTARELLI, E. Clinical and Microbiological findings in endemic low fertility in sows. Sel.Vet., v.33, p.809-814, 1992.
  • PRIETO, C.; PENA, J.; JUAREZ, P.; IMAZ, M.; CASTRO, J.M. Isolation and distribution of Streptococcus suis capsular types from diseased pigs in Spain. Zentralbl. Veterinaermed. B, v.40, p.544-548, 1993.
  • QUINN, P.J.; CARTER, M.E.; MARKEY, B.; CARTER, G.R Clinical veterinary microbiology, London: Wolfe, 1994, p.127136.
  • REIS, R.; NASCIMENTO, E.F.; COELHO, A.M.B.; LEITE, R.C. Meningoencefalite estreptocócica em leitões desmamados. Arq. Esc.Vet. Univ. Fed. Minas Gerais, v.32, p.375-381, 1980.
  • ROBERTSON, I.D. & BLACKMORE, D.K. Prevalence of Streptococcus suis type 2 in domestic pigs in Australia and New Zealand. Vet.Rec., v.124, p.391-394, 1989.
  • TARRADAS, M.C.; ARENAS, A.; MALDONADO, A.; VICENTE, S.; MIRANDA, A.; PEREA, A. Susceptibility of Streptococcus suis to various antimicrobials agents. Zentralblat Veterinaermed. B, v.41, p.685-688, 1994.
  • TURGEON, P.L.; HIGGINS, R.; GOTTSCHALK, M.; BEAUDOIN, M. Antimicrobial susceptibility of Streptococcus suis isolates. Br.Vet.J., v.150, p.263-269, 1994.
  • WINDSOR, R.S. & ELLIOT, S.D. Streptococcal infection in young pigs. IV. An outbreak of streptococcal meningitis in weaned pigs. J. Hyg., v.75, p.69-78, 1975.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Set 2024
  • Data do Fascículo
    Jul-Dec 2000

Histórico

  • Recebido
    10 Mar 2000
Instituto Biológico Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1252 - Vila Mariana - São Paulo - SP, 04014-002 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: arquivos@biologico.sp.gov.br