IXODIDAE DE MAMÍFEROS SILVESTRES ATENDIDOS NO NÚCLEO DE REABILITAÇÃO DA FAUNA SILVESTRE, UFPEL

IXODIDAE FROM WILD MAMMALS ATTENDED IN THE CENTER FOR WILDLIFE RECOVERY, UFPEL, STATE OF RIO GRANDE DO SUL, BRAZIL

RESUMO

Os Autores registram a ocorrência dos carrapatos Amblyomma fuscum parasitando mulita (Dasypus septemcinctus), A. longirostre em ouriço-cacheiro (Coendou villosus), A. calcaraum em tamanduá-mirim (Tamandua tetradaetyla) e ninfas de Amblyomma em gambá de orelha branca (Didelphis albiventris), atendidos no Núcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre, UFPel, Pelotas, RS.

PALAVRAS-CHAVE:
Amblyomma fuscum; Amblyomma longirostre; Amblyomma calcaratum, carrapatos; mamíferos silvestres; Ixodidae.

ABSTRACT

The authors report the ocurrence of the ticks Amblyomma fuscum parasiting armadillo (Dasypus septemcinctus), A. longirostre from porcupine (Coendou villosus), A. calcaratum from anteater (Tamandua tetradactyla) and nymphs of Amblyomma from opossum (Didelphis albiventris), all attended in the Center for Wildlife Recovery, UFPEL, Pelotas, RS, Brazil.

KEY WORDS:
Amblyomma fuscum; Amblyomma longirostre; Amblyomma calcaratum, ticks; wild mammals; Ixodidae.

No Brasil, são conhecidas 56 espécies de carrapatos de duas famílias, distribuídas em nove gêneros, sendo que 33 espécies pertencem ao gênero Amblyomma (BARROS-BATTESTI & KNISAK, 1999). EVANS et al.(2000) relacionaram 20 espécies de carrapatos dos gêneros Amblyomma, Ixodes, Boophilus, Haemaphysalis e Ornithodoros, parasitando mamíferos no Rio Grande do Sul. Neste trabalho, os autores citaram que nove espécies têm ocorrência comprovada, nove necessitam de confirmação, uma é indicada como identificação errônea e uma outra espécie tem validade duvidosa. OLIVEIRA et al.(1997) registraram pela primeira vez no RS, a presença de A. longirostre parasitando ouriço-cacheiro na zona rural de Porto Alegre, apesar deste registro ser anterior, não consta da lista de EVANS et al.(2000).

Este trabalho objetivou identificar os carrapatos que parasitavam mamíferos silvestres trazidos para recuperação no Núcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre, e complementar as informações sobre a ocorrência de determinados gêneros e espécies de carrapatos para o Rio Grande do Sul.

Em 1998, o Instituto de Biologia da UFPel implantou, juntamente com o IBAMA, este Núcleo de Reabilitação para proceder a avaliação de animais silvestres apreendidos, visando sua posterior devolução à natureza. Durante o ano de 2001, dos mamíferos que chegaram para reabilitação no Núcleo, cinco estavam parasitados com carrapatos, a saber: duas mulitas (Dasypus septemcinctus), um gambá de orelha branca (Didelphis albiventris), um ouriço-cacheiro (Coendou villosus) e um tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), todos procedentes do Município de Pelotas ou arredores. Os carrapatos foram recolhidos por torção de seu eixo longitudinal, colocados em álcool 70° GL e levados ao laboratório de Entomologia e Acarologia do Instituto de Biologia da UFPel. Para a identificação específica foram utilizadas as chaves de ARAGÃO & FONSECA (1961) e de GUGLIELMONE & VIÑABAL (1994).

Foram identificadas as seguintes espécies de carrapatos nos animais examinados: mulitas, 17 machos e oito fêmeas de Amblyomma fuscum Neumann, 1907; no gambá de orelha branca, dez ninfas de Amblyomma; no ouriço-cacheiro, uma fêmea ingurgitada de Amblyomma longirostre (Koch, 1844) e no tamanduámirim, um macho de Amblyomma calcaratum Neumann, 1899. Confrontando estes resultados com a recente lista de carrapatos do Rio Grande do Sul (EVANS et al.,2000) verifica-se que em mulita existe apenas a citação de A. brasiliense, o que segundo os autores, a presença deste carrapato no Estado é improvável ou necessita de confirmação. Quanto aos car-rapatos de gambá, EVANS et al.(2000) reportam a ocorrência de Ixodes loricatus em Didelphis marsupialis e Didelphis sp., sendo esta, portanto, a primeira citação de ninfas de Amblyomma em D. albiventris no Rio Grande do Sul. O A. longirostre foi citado em ouriçocacheiro na região de Porto Alegre (OLIVEIRA et al., 1997) sendo este o primeiro registro deste carrapato na região de Pelotas. No tamanduá-mirim, EVANS et al., (2000) citam A.calcaratum na região de Vacaria e comentam que este é o primeiro reporte conhecido deste carrapato no estado e que esta localização é, possivelmente, a mais ao sul, conhecida; com o presente trabalho, demonstra-se que esta espécie de carrapato ocorre até o extremo sul do Rio Grande do Sul.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• ARAGÃO, H. DE B. & FONSECA, F. Notas de Ixodologia. VIII - Lista e chave para os representantes da fauna ixodológica brasileira. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v.59, n.2, p.115-129, 1961.
• BARROS-BATTESTI, D.M. & KNISAK, I. Catalogue of the brazilian Ixodes (Acari: Ixodidae) material in the mite collection of Instituto Butantan, São Paulo, Brazil. Papéis Avulsos Zool, São Paulo, v.41, n.3, p.41-57, 1999.
• EVANS, D.E.; MARTINS, J.R.; GUGLIELMONE, A. A. A review of the ticks (Acari: Ixodidae) of Braizil, their hosts and geographic distribution - 1 The state of Rio Grande do Sul, Southern Brazil. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v.95, n.4, p.453-470, 2000.
• GUGLIELMONE, A. A. & VIÑABAL, A. E. Claves morfológicas dicotomicas y información ecológica para la identificación de las garrapatas del gênero Amblyomma en Argentina. Rev. Invest. Agropec., Buenos Aires, v.25, p.39-67, 1994.
• OLIVEIRA, C.M.B.; R IBEIRO, V.L.S.; GONÇALVES, I.P.D. Amblyomma longirostre (Koch, 1844) parasitando ouciço-cacheiro no Rio Grande do Sul. Arq. Fac. Vet. UFRGS, Porto Alegre, v.25, n.2, p.103-104, 1997.

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  05 Jul 2024
• Data do Fascículo
  Apr-Jun 2003

Histórico

• Recebido
  27 Mar 2003
• Aceito
  24 Abr 2003