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PRIMEIRA OCORRÊNCIA DO PARASITÓIDE CONURA SP. (HYMENOPTERA: CHALCIDIDAE) EM PUPAS DE TUTA ABSOLUTA (MEYRICK, 1917) (LEPIDOPTERA: GELECHIIDAE) EM CULTIVAR DE TOMATE EM LAVRAS, MINAS GERAIS, BRASIL

FIRST OCCURRENCE OF THE PARASITOID CONURA SP. (HYMENOPTERA: CHALCIDIDAE) IN PUPAE OF TUTA ABSOLUTA (MEYRICK, 1917) (LEPIDOPTERA: GELECHIIDAE) IN TOMATO IN LAVRAS, MINAS GERAIS, BRAZIL

RESUMO

Este trabalho teve o objetivo de relatar a primeira ocorrência do parasitóide Conura sp. (Hymenoptera: Chalcididae) em pupas Tuta absoluta (Meyrick, 1917) (Lepidoptera: Gelechiidae) em cultura de tomate em Lavras, Minas Gerais, no período de agosto de 2001 a fevereiro de 2002. Foram coletados 13 espécimens de Conura sp. em 500 pupas de Tuta absoluta. A taxa de parasitismo foi de 2,6%.

PALAVRAS-CHAVE:
Regulador natural; tomate; traça-do-tomateiro; controle biológico.

ABSTRACT

This paper has the objective of relating the first occurrence of the parasitoid Conura sp. (Hymenoptera: Chalcididae) in pupae of Tuta absoluta (Meyrick, 1917) (Lepidoptera: Gelechiidae) in tomato in Lavras, Minas Gerais, during the period from August 2001 to February 2002. Thirteen specimens of Conura sp. were recovered from 500 pupae of T. absoluta. The rate of parasitism was 2.6%.

KEY WORDS:
Natural regulator; tomato; leafminer; biocontrol.

O tomate, uma das principais hortaliças cultivadas no Brasil, tem importância sócio-econômica significativa, envolvendo grandes áreas e a utilização de considerável mão-de-obra (MICHEREFF FILHO & VILELA, 2000). A expansão da área de cultivo do tomateiro, Lycopersicon esculentum Mill., favoreceu o desenvolvimento de várias pragas que afetam consideravelmente a sua produção, destacando-se a traça-do-tomateiro, Tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera: Gelechiidae) (GONÇALVES-GERVÁSIO et al.,1999GONÇALVES-GERVÁSIO, R.C.R.G.; CIOCIOLA, A.I; SANTA CECÍLIA, L.V.C.; MALUF, W.R. Aspectos biológicos de Tuta absoluta (Meyrick, 1917) (Lepidoptera: Gelechiidae) em dois genótipos de tomateiro contrastantes quanto ao teor de 2-tridecanona nos folíolos. Ciênc. Agrotec., Lavras, v.23, n.2, p.247-251, 1999.).

T. absoluta apresenta um grande potencial destrutivo, podendo atacar órgãos da planta em qualquer fase do desenvolvimento (SOUZA & REIS, 1992SOUZA, J.C. & REIS, P.R. Traça do tomateiro: histórico, reconhecimento, biologia, prejuízos e controle. Belo Horizonte: EPAMIG, 1992. 20 p.; MICHEREFF FILHO & VILELA, 2000). No Brasil, nenhuma informação disponível mostra claramente a entrada da traça-do-tomateiro, porém acredita-se que tenha vindo de algum país vizinho, pois foi coletada em Mendonza, na Argentina (NAKANO & PAULO, 1983NAKANO, O. & PAULO, A.D. As traças do tomateiro. Agroquímica, v.20, n.1, p.8-12, 1983.).

Devido aos aspectos negativos do uso de inseticidas, muitos pesquisadores têm se preocupado com formas alternativas no controle dessa praga. Em relação ao controle integrado, foram feitos relevantes progressos a partir de 1991, com a utilização do controle biológico (UCHOA-FERNANDES & CAMPOS, 1993UCHOA-FERNANDES, M.A. & CAMPOS, W.G. Parasitóides de larvas e pupas da traça-do-tomateiro, Scrobipapuloides absoluta (Meyrick, 1917) (Lepidoptera, Gelechiidae). Rev. Bras. Entomol., Curitiba, v.37, n.3, p.339-402, 1993.; MICHEREFF FILHO & VILELA, 2000). O objetivo deste estudo foi verificar a ocorrência de Conura sp. em estágios imaturos de T. absoluta em cultura de tomate em Lavras, Minas Gerais.

O estudo foi realizado em casa de vegetação do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais. Os parasitóides foram obtidos de pupas de T. absoluta coletadas em 120 plantas de tomate L. esculentum variedade Santa Clara. Os tomateiros foram plantados em vasos de PVC e mantidos em casa de vegetação. Quando as plantas atingiram cerca de 40 dias, as folhas com presença de pupas foram cortadas utilizando-se uma tesoura e transferidas para o laboratório de controle biológico. As pupas foram retiradas com o auxílio de uma pinça, contadas e individualizadas em frasco de vidro até a emergência dos Lepidoptera e/ou dos parasitóides. Os insetos emergidos foram identificados com auxílio de um microscópio esteroscópio e, posteriormente, conservados em álcool 70%.

Os Lepidopteras foram identificados pelo professor MSc. Aílton Pinheiro Lobo, da Universidade Federal de Lavras, MG. Os lepidópteros foram depositados no Laboratório de Controle Biológico da Universidade Federal de Lavras e os parasitóides no Laboratório de Hymenoptera Parasitica da Universidade Federal de São Carlos.

No período de agosto de 2001 a fevereiro de 2002 foram obtidos 500 pupas de T. absoluta, das quais emergiram 13 espécimens de Conura sp. A porcentagem de parasitismo foi de 2,6%. A infestação dos tomateiros dentro da casa de vegetação deveu-se a aberturas existentes nesta que possibilitou a entrada tanto do inseto praga quanto a dos parasitóides.

No Brasil, o Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semi-Árido tem feito relevantes progressos no controle da praga com a utilização do controle biológico com Trichogramma pretiosum (FRANÇA, 1993FRANÇA, F.H. Por quanto tempo conseguiremos conviver com a traça-do-tomateiro? Hortic. Bras., Brasília, v.11, n.2, p.176-178, 1993.). A constatação desse resultado é importante, uma vez que tal recurso poderá ser utilizado em futuros programas de controle biológico. Como Conura sp. e Trichogramma atacam a praga em estágios diferentes, a utilização de ambos de forma integrada poderá ser vantajosa, considerando que, quando os ovos da praga escapam do parasitismo por Trichogramma, Conura sp. poderão complementar o controle parasitando as pupas. É importante que se tenha agentes de controle biológico em todas as fases de desenvolvimento da praga, para evitar ao máximo uso de inseticidas.

A ocorrência natural de Conura sp. na casa de vegetação sugere a existência de interação entre esse grupo e a traça-do-tomateiro, no entanto, a natureza dessa relação deve ser melhor estudada para que se possa avaliar o impacto desses parasitóides no inseto praga. Este trabalho relata a primeira ocorrência do parasitóide Conura sp. em estágios imaturos de T. absoluta em Lavras, Minas Gerais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • FRANÇA, F.H. Por quanto tempo conseguiremos conviver com a traça-do-tomateiro? Hortic. Bras., Brasília, v.11, n.2, p.176-178, 1993.
  • GONÇALVES-GERVÁSIO, R.C.R.G.; CIOCIOLA, A.I; SANTA CECÍLIA, L.V.C.; MALUF, W.R. Aspectos biológicos de Tuta absoluta (Meyrick, 1917) (Lepidoptera: Gelechiidae) em dois genótipos de tomateiro contrastantes quanto ao teor de 2-tridecanona nos folíolos. Ciênc. Agrotec, Lavras, v.23, n.2, p.247-251, 1999.
  • MICHEREFF FILHO, M. & VILELA, E.F. Traça-do-tomateiro, Tuta absoluta (Lepidoptera: Gelechiidae). In. VILELA, E.F.; ZUCCHI, R.A.; CANTOR, F. Pragas introduzidas São Paulo: Holos Editora, 2001. 173 p.
  • NAKANO, O. & PAULO, A.D. As traças do tomateiro. Agroquímica, v.20, n.1, p.8-12, 1983.
  • SOUZA, J.C. & REIS, P.R. Traça do tomateiro: histórico, reconhecimento, biologia, prejuízos e controle Belo Horizonte: EPAMIG, 1992. 20 p.
  • UCHOA-FERNANDES, M.A. & CAMPOS, W.G. Parasitóides de larvas e pupas da traça-do-tomateiro, Scrobipapuloides absoluta (Meyrick, 1917) (Lepidoptera, Gelechiidae). Rev. Bras. Entomol, Curitiba, v.37, n.3, p.339-402, 1993.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Set 2024
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2003

Histórico

  • Recebido
    18 Set 2002
  • Aceito
    28 Nov 2002
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