INTRODUÇÃO: As fístulas liquóricas otológicas espontâneas (FLOEs) são entidades raras. Geralmente manifestam-se em crianças com meningite e perda sensorioneural profunda e em adultos com quadro de otite média com efusão. OBJETIVO: Descrever o quadro clínico, o diagnóstico e o tratamento cirúrgico de uma paciente com FLOE. RELATO DO CASO: Paciente do sexo feminino, 57 anos, com história de hipoacusia, plenitude aural e tinnitus à direita há 10 anos. Após colocação de tubo de ventilação à direita em outro serviço, iniciou otorreia líquida, transparente e constante em grande quantidade. O diagnóstico foi realizado através da cisternocintilografia, sugestiva de fístula liquórica; e da isternotomografia que mostrou área de deiscência óssea em região de tegmen tympani à direita, velamento parcial de células mastóideas e de orelha média à direita, além concentração do meio de contraste no espaço sub-aracnoídeo à direita menor em relação ao lado esquerdo. Através de via transmastoídea foi localizada fístula liquórica e meningoencefalocele na região de tegmen tympani à direita. O fechamento da fístula foi realizado através do uso de retalho de músculo temporal, cola de fibrina e Surgicel®. COMENTÁRIOS FINAIS: Em adultos com história clínica sugestiva de otite média com efusão recorrente, a hipótese diagnóstica de fístula liquórica deve ser levantada. A investigação deve prosseguir com exames de imagem, destacando-se a cisternotomografia. O tratamento cirúrgico nesta paciente, através da técnica transmastoídea, se revelou eficaz a curto e a longo prazo.
otorreia de líquido cefalorraquidiano; fistula; meningite