Resumo
Objetivos
Neste trabalho investigamos como fatores espaciais e dinâmica sazonal influenciaram a comunidade de diatomáceas em um reservatório tropical, profundo e de baixa produtividade no Brasil.
Métodos
Nós usamos as características físicas e químicas da água e as diatomáceas presentes no plâncton em 9 estações de amostragem durante os períodos seco (inverno austral) e chuvoso (verão austral) (N = 18) como base para avaliação da qualidade da água, e das características espaciais e dos padrões sazonais do reservatório. Para avaliar espacialmente e temporalmente os eventos integrados do passado recente (aproximadamente 5 anos antes da data de amostragem), e as espécies provenientes dos diversos hábitats do ecossistema, foram analisadas diatomáceas presentes nos sedimentos superficiais (primeiros 2 cm, N = 9). A amostragem sazonal do sedimento não foi necessária, já que os 2 cm de sedimento superficial utilizados contêm as carapaças de diatomáceas depositadas no passado recente do reservatório.
Resultados
durante a estação seca, diatomáceas longas, coloniais e altamente silicificadas, associadas com aumento da profundidade de mistura, pH e transparência da água, dominaram o ambiente planctônico, enquanto na estação úmida, o reservatório se tornou estratificado, favorecendo diatomáceas planctônicas solitárias com alta razão superfície volume. No sedimento superficial, um padrão geral foi observado, onde espécies planctônicas foram dominantes nas amostras de regiões mais profundas da represa, enquanto a abundância de espécies bentônicas aumentou nas estações mais rasas, próximas aos tributários.
Conclusões
A assembleia de diatomaceas foi influenciada principalmente pela sazonalidade e regime de mistura. O sedimento superficial forneceu informação de longo prazo, e revelou que a comunidade de diatomáceas é moldada de acordo com a diferenciação de hábitats. No geral, a espécie planctônica, cêntrica e pequena Aulacoseira tenella (Nygaard) Simonsen destacou-se como a mais abundante do reservatório tanto no plâncton como no sedimento, indicando que tamanho e forma provavelmente servem como estratégias adaptativas favorecendo flutuabilidade e absorção de nutrientes, e representam vantagem competitiva em ambientes profundos de baixa produtividade.
Palavras-chave:
Sistema Cantareira; espécies de diatomáceas oligotróficas; fitoplâncton; sedimento de superfície; reservatório tropical profundo