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Variação espacial, mais que a ontogenética, explica a dieta de Bryconamericus exodon em dois rios do Pantanal

Resumo

Objetivo

O estudo das variações naturais na dieta dos peixes permite, por sua vez, uma melhor compreensão das alterações ambientais ao longo do ciclo hidrológico que podem afetar os recursos e, consequentemente, a conservação da biodiversidade. Com isso em mente, o presente estudo teve como objetivo compreender como os aspectos espaciais e ontogenéticos (usando o Comprimento padrão como proxy) definem a composição da dieta, posição trófica e amplitude de nicho trófico para um pequeno caracídeo (Bryconamericus exodon) em riachos localizados em dois rios do Pantanal brasileiro. Também avaliamos se as diferenças espaciais influenciam na estruturação das redes tróficas.

Métodos

Os peixes foram amostrados mensalmente na estação chuvosa (Outubro/2017 a Março/2018) em quatro tributários dos rios Negro e Apa, utilizando diferentes métodos de amostragem. Em laboratório, os peixes foram medidos e pesados, seguido de excisão do estômago para posterior análise.

Resultados

Foram analisados 211 indivíduos, sendo 126 do Apa (Comprimento padrãomin= 11,28mm; Comprimento padrãomax= 43,53mm) e 85 do Negro (Comprimento padrãomin= 13,26mm; Comprimento padrãomax= 40,05mm), que consumiram principalmente insetos aquáticos (Índice alimentarTotal= 87,97%), seguidos de insetos terrestres (Índice alimentarTotal=9,02%). A composição da dieta foi influenciada principalmente pela variação espacial (Pseudo-F1,194=12,21; p<0,001), seguida da variação ontogenética (Pseudo-F1,190=7,23; p<0,001), no entanto, para amplitude de nicho trófico, detectamos uma maior importância da variação espacial (t=4,71; p<0,001) e ausência de variação ontogenética (t=1,24; p=0,213). Não foi detectada variação espacial para especialização complementar (p=0,998); apenas a conectância obteve uma variação significativa (p=0,047), com valores médios maiores no rio Negro (C= 0,27 ± 0,016) quando comparados aos das populações do rio Apa (C=0,22 ± 0,019). Além disso, a posição trófica não foi influenciada por variações espaciais (t=-1,77; p=0,077) ou ontogenéticas (t=0,69; p=0,494).

Conclusões

B. exodon é considerada uma espécie insetívora, cuja composição da dieta pode ser explicada mais pela variação espacial do que pela variação ontogenética.

Palavras-chave:
amplitude de nicho trófico; ecologia trófica; posição trófica; redes complexas

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