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Efeitos alelopáticos da macrófita aquática Ceratophyllum demersum L. sobre espécies fitoplanctônicas: efeitos contrastantes entre cianobactérias e clorófitas

Resumo

Objetivo

Avaliar os efeitos alelopáticos da macrófita submersa Ceratophyllum demersum sobre quatro cepas de espécies fitoplanctônicas: duas cianobactérias (Microcystis aeruginosa - produtora de microcistinas e M. panniformis - não produtora) e duas clorófitas (Ankistrodesmus falcatus e Raphidocelis subcapitata).

Métodos

Foi realizado um experimento de coexistência entre C. demersum e as quatro cepas, durante seis dias, com oito tratamentos e três réplicas. As cepas foram cultivadas em meio ASM1, sob condições laboratoriais controladas. Foram designados dois tratamentos para cada cepa, um com 6 g.L-1 da macrófita, e um controle sem a planta. Biomassas e taxas de crescimento das cepas foram avaliadas a cada dois dias e comparadas pelo teste-T e ANOVA two-way, respectivamente.

Resultados

Os resultados variaram entre as cepas, sendo a cepa tóxica de M. aeruginosa intensamente inibida por C. demersum, com uma redução de 99,5% na sua biomassa (p<0,001), enquanto a cepa não tóxica de M. panniformis foi menos afetada pelos aleloquímicos, com uma redução de 86,2% (p<0,001). Ankistrodesmus falcatus retardou seu crescimento em coexistência com a macrófita, reduzindo sua biomassa em 50,4% (p<0,01), enquanto que R. subcapitata não foi afetada (p>0,05). Em coexistência com C. demersum, M. aeruginosa apresentou as menores taxas de crescimento (-0,65 d-1), seguida de M. panniformis (-0,15 d-1), A. falcatus (0,19 d-1) e R. subcapitata (0,34 d-1), com diferenças significativas entre todas as cepas (p<0,001). Microcystis aeruginosa apresentou maiores taxas de inibição que Microcystis panniformis (p<0,001), bem como, A. falcatus foi mais inibida que R. subcapitata (p<0,05).

Conclusões

A presença de microcistinas pode afetar as respostas alelopáticas de C. demersum, que pode liberar mais aleloquímicos em coexistência com cepas tóxicas de M. aeruginosa. Portanto, C. demersum pode ser utilizada em estratégias de biomanipulação para controle de florações de cianobactérias tóxicas e não tóxicas, sem causar danos às demais espécies fitoplanctônicas, como as clorófitas.

Palavras-chave:
alelopatia; biomanipulação; experimentos de coexistência; controle de cianobactérias; macrófitas submersas

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