Resumo
Este ensaio se propõe a fazer uma leitura de O perfeito cozinheiro das almas deste mundo (1918-1919) na condição de um laboratório do modernismo: escrita coletiva e diarística, colagem e montagem são ingredientes fundamentais desse experimento, cujas páginas exprimem uma dramaturgia da sedução. Por um lado, as condições materiais do diário permitem a aproximação de vestígios do mundo exterior que vão se moldando à plasticidade dos frequentadores e da frequentadora protegidos por pseudônimos. Por outro, esses elementos estabelecem, em parte, a constituição de uma nova sensibilidade na qual o “amor” e o “amar” se tornam um readymade. Sendo significantes flutuantes, eles aderem à dinâmica do humor, da paródia e até mesmo da dimensão lutuosa advinda com a morte da miss Cyclone. Essa leitura do diário da garçonnière segue fundamentalmente pelas materialidades que a edição fac-similar libera ao longo de suas páginas.
Palavras-chave:
diário; Oswald de Andrade; colagem; montagem; paródia