Resumo
O presente artigo propõe uma leitura do poema “O Bolo” com base no Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens com o qual Baudelaire discute. Convocará igualmente uma passagem muito significativa do Emílio (que nunca chamou a atenção dos críticos para a interpretação desse poema) em que Rousseau retrata a mesma situação que Baudelaire imagina no “Bolo”. Até que ponto este sentiu a importância das teses Rousseau e dele foi tributário, é o que deveria impedir de ver no poema “O Bolo” apenas uma crítica ideológica superficial do autor dos Devaneios do caminhante solitário. Baudelaire, e a existência deste grande poema basta para atestá-lo, reflete com Rousseau sobre a condição humana, é na sua esteira que se questiona sobre a necessidade e as possibilidades, naquele momento, de uma palavra de poesia. De modo que ouvir suas objeções tanto quanto sua aprovação ao pai do romantismo permitirá tomar a medida de sua imensa influência na escrita do Spleen.
Palavras-chave
Baudelaire; Rousseau; O Spleen de Paris; O Bolo